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O totem desaparecido – Parte 4

– Ao menos podias ter me avisado que iríamos começar assim, matando nossa primeira fonte de informação! – Foi o meu primeiro comentário diante a atrocidade cometida por Carlos, ao mesmo tempo em que eu cutucava aquele resto humano com o pé direito.

Diante tais palavras, o velho Wairwulf desfez sua transformação e suas feições até então animalescas, deram lugar a um olhar fixo e combinado com um debochado sorriso cínico. Segundos depois ele começava seu discurso (no qual traduzirei para o português). – Fica tranquilo jovem Wampir, antes de liberar a fúria de meus antepassados sobre sua carne podre, eu obviamente absorvi tudo o que era possível desta cadela. E fique de olhos bem abertos há mais deles próximos daqui, esta reserva é uma espécie de oásis, cuja fonte de energia é o totem desaparecido.

Naquele momento eu confesso que me senti um completo inútil. Meu amigo em poucos minutos havia matado alguém, que escapara facilmente de minhas mãos e descoberto a utilidade de tal item roubado. – Maldita leitura da mente, no qual nunca consegui dominar… – Pensei comigo.

Então depois de jogar os restos da “cadela” no porta-malas do carro e fornecer algo para cobrir as partes íntimas de Carlos, adentramos na mansão. – Belo ritual de proteção este que tu fez aqui, porém de nada adiantaria se algum deles resolvesse entrar. – Ok, duas vezes inútil, pensei comigo, mas sem reclamar entramos na casa e o sábio peludo fez os procedimentos necessários.

Entre ervas, pedras e rabiscos no chão, diz ele ter selado o local. Sendo eu apenas um aprendiz de tais prática, confesso que esperava ver alguma entidade, espírito ou pelo menos algumas “coisinhas piscando”. – Tudo bem, devo estar vendo filmes demais. – Pensei comigo…

Depois de tudo limpo, voltamos ao carro onde Carlos comentou: – Que tal sairmos os dois mata a dentro como lupus? Eu realmente gostaria de descobrir mais alguns detalhes desta tribo e essa sua ligação com tais seres profanos. – Naquele instante eu sentia que podia ser útil novamente e não pensei duas vezes quando aceitei seu convite.

Minutos depois estávamos ambos na forma de lupus caninus em meio àquela mata úmida e completamente escura aos olhos humanos. Nós no entanto, víamos muito bem a ponto de desviar sorrateiramente de mais dois “vigias”. Nesta forma há uma maior agilidade com relação a movimentação e o faro (olfato) nos permite sentir cousas a muitos metros de distância. Tanto que foi fácil achar a porta de entrada para o oásis.

Quando o assunto envolve Wairwulfs, há muita magia e principalmente misticismo envolvidos. Um oásis, por exemplo, é uma espécie de refúgio oculto aos olhos mundanos e somente alguém com a devida chave, habilidade ou mapas para localizar suas entradas. É nesse local que a maioria das tribos ou clãs se encontra para suas reuniões, pois dentre outros detalhes a utilização de quaisquer poderes é permitida e oculta aos olhos dos humanos.

Deixando o papo cultural de lado vamos a ação… Carlos é um exímio rastreador e guerreiro, porém suas habilidades abrangem muito mais que isso. Ele não foi escolhido o Xamã de sua tribo a toa e adentrar universos paralelos é sua grande especialidade. Cabe aqui uma breve explicação, somente a alma do indivíduo adentra em um oásis, então antes de iniciar quaisquer procedimentos, tivemos de ocultar nossos corpos. Tendo em vista, meus recentes aprimoramentos na arte de ocultação na terra, essa foi a opção escolhida.

De volta a forma primordial, nos concentramos e Carlos deu o início ao procedimento. Com uma faca ele derramou um pouco de sangue e tive de me concentrar novamente, pois o sangue Wairwulf é um dos mais apetitosos. Algumas palavras ao vento e ele me deu o sinal… Era minha vez de parecer útil e sem pestanejar iniciei o ritual. Pedi para Carlos segurar minha mão, concentrei-me, mordi um pouco os lábios como quem faz força e em instantes começamos a sentir as folhas, depois a terra e por fim era como se afundássemos… – Finalmente, fiz algo que presta – Pensei comigo e ao mesmo tempo em que a escuridão total nos envolveu.

É difícil explicar a sensação, mas a escuridão foi dando lugar a uma espécie de conforto quente e maternal, onde alguns poucos barulhos se tornaram aos poucos estalos longos, que ecoavam infinitamente em todo o ambiente. Na sequência, como num piscar de olhos o lugar começou a esfriar e se iluminar novamente. De início vi meu corpo, depois entendi que os estalos vinham de alguns pingos de chuva que caiam sobre meu rosto. Então, percebi que eu utiliza uma roupa antiga e estava sobre o que parecia ser uma rua calçada de pedras lisas, que de imediato me lembrou uma Londres antiga e perdida no espaço/tempo.

Como nem tudo são flores e em meio a minha “viagem” sinto algo puxando meu braço esquerdo. Era Carlos, que também trajava uma roupa de época, parecia um pouco nervoso e dizia algo que não pude entender de início…

16 comentários

  1. Tá cada vez melhor! Ansiosa para os próximos posts. (^.^)

  2. E eu tola, achando que o conto havia acabado!
    Fantastico Sr. Ferdinand! Ja disse q o Sr. tem que escrever livros, pq sabe mesmo como prender a atencao de seus leitores!
    Abracos,

  3. Ai ai ai que torrrrrtura…rsss o que foi que ele falou??? Assim voce me mata de curiosidade viuuu 😉

  4. enlouquecida aqui…….uau,bem que me disseste que ias colocar algo sobre os portais,mas ainda estou curiosa,e eu já lhe reenviei aquele e-mail querido,aguardo a resposta,bjs.

  5. Hum….Ferdinand, Ferdinand…
    Estonteante como sempre my honey….Well, Londres antiga…velhos e bons tempos^^
    Beautiful my dear…ps:(i miss you) 🙂
    Kiss.

  6. Momento em que exponho minha ignorância: Vampiros têm alma?
    Estou adorando. Continue. (\*-*/)

  7. Obrigada Ferdinand, estou indo agora mesmo ler a nova parte desta história facinante. 🙂

  8. Só agora tive um tempinho para ler a parte 4 e está ótimo obviamente!Poucos tem um dom de escrever tão bem e fazer com que os leitores viagem dessa forma.

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