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Servidão – pt1

A The March Hare enviou-me mais algumas histórias do vampiro Ernst, no qual compartilho com vocês abaixo:

Servidão – Parte 1

O cemitério de Bom Descanso era um dos mais requisitados em todo o País. Suas lápides eram todas iguais e seguiam um padrão clássico, onde todas as cruzes, santos e vasos contidos alí deveriam ser da cor branca, de modo a trazer mais paz para os seus poucos visitantes. Stephen Ernst não se encontrava nem um pouco em paz. Enterrado a alguns palmos abaixo do chão, Ernst gritava a plenos pulmões, esperando que algum conhecido imortal o ouvisse ou, (mais provavelmente) sentisse a sua fraca presença dentro daquele caixão.

– Alguém me escute e me tire daqui! – Exclamou Ernst, o corpo dolorido devido ao longo tempo deitado na mesma posição.

Rapaz orgulhoso, não implorava nem em uma situação tão delicada como aquela. Pensando em ninguém mais do que em seu mestre e em como o mesmo o deveria estar procurando, Ernst mal sentiu a presença de um imortal parado em cima do seu caixão, a vários metros acima do solo.

– Me deixe sair! – Gritou Ernst, o som de sua voz a lhe machucar os ouvidos, o apertado caixão lhe proporcionando uma desagradável sensação de claustrofobia.

“Acalme-se, criança.” Sussurrou-lhe mentalmente o estranho que se encontrava em cima de sua lápide. “Eu te tiro daí, se permaneceres quieto…”

– Mestre! Abençoado seja! – Respondeu-lhe Ernst, os olhos cheios de lágrimas, o medo já começando a lhe tomar a razão.

“Criança Ingrata! Não podes nem cumprir uma simples ordem, logo tu, que me implorou por uma chance de se mostrar digno do presente que eu vos dei? Eu deveria deixá-lo aí, preso por toda a eternidade!”

Ygor Pietro se afastou da lápide e fingiu se encaminhar para a saída quando ouviu Ernst chorar, a voz baixa e subserviente que lhe dava tanto prazer:

– Por favor, mestre, eu lhe imploro. Tires-me daqui, e eu prometo que farei o possível para pagar pelos meus erros!

Ygor sorriu. Os alvos dentes à mostra, no rosto uma expressão mista de desdém e compaixão por aquela cria que havia apenas causado tumulto, mas que lhe era tão cara, tão amada.

“Pois bem, Ernst. Por ser um homem benevolente, vou tirá-lo daí e levá-lo de volta para casa, para junto de seus irmãos…”.

Ernst não teve tempo de responder, tendo uma sensação quente de paz, ao mesmo tempo em que sua consciência ia se apagando e caindo em um sono induzido, outra característica de seu mestre…

4 comentários

  1. Que legaaaaaaaal!!!!! Eu gostei! Já causou uma boa impressão para um começo!!! Quero a próxima parte logo!!

  2. Obrigada por postar a primeira parte, Ferdinand! Eu não sabia se o meu primeiro e-mail tinha sido enviado, então eu enviei de novo…Peço desculpas pelo transtorno.

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