Tag: polícia

  • Odeio o anoitecer – Parte 2 de 2

    Odeio o anoitecer – Parte 2 de 2

    O clima estava pesado, Hector não é um tipo de vampiro dos mais tranquilos e eu não sou flor que se cheire, ainda mais quando me deixam puto por pouca bosta. Porém, quando o assunto é tacar a mão em alguns filhos da puta eu posso sempre contar com meus aliados/amigos.

    Eliot foi por terra usando sua velocidade vampiresca. Hector também utilizou sua agilidade sobrenatural, mas também estava invisível aos olhos humanos. Eu também usei minha velocidade acima da média humana, mas fui um pouco atrás e antes de chegar no lugar me transformei em névoa.

    Os dois caras da guarita certamente não viram o que lhes atropelou e os cães foram soltos do lado de fora do lugar. Seria muita sacanagem matar os bichos, que mal sabiam o que faziam naquele por ali. Eu ainda estava em forma de névoa quando adentrei galpão principal, consegui perceber que havia cerca de 20 pessoas entre homens e mulheres, sendo dois caras aparentemente os administradores.

    Desfiz minha transformação por trás de um deles e em coisa de uns 30 segundos eu o ataquei silenciosamente. Segurei sua boca para que não fizesse muito barulho e até tive vontade de lhe morder suas veias saltadas do pescoço, mas seria exposição desnecessária, sem falar das câmeras. Mesmo com os rostos cobertos seria bizarro demais para um humano ver outro sendo sugado ao seu lado.

    Então apliquei um desajeitado mata-leão e antes que o outro “administrador” percebesse o que estava acontecendo Eliot lhe deu uma coronhada certeira na têmpora direita. Neste momento os trabalhadores já estavam desesperados, outros suplicavam por suas vidas e decidimos uma abordagem mais simplista, amarramos todos, alguns tentaram resistir, inclusive uma garota havia conseguido escapar, mas Hector a achou em meio a mata com facilidade.

    Mandei o aviso de missão concluída para meu amigo da polícia federal e fizemos uma breve vistoria no local, atrás de coisas que nos fossem úteis. Havia dinheiro, havia algumas drogas que Hector insistiu em pegar uma parte. Eliot foi atrás da central de câmeras para apagar nossa “estadia no lugar” e eu aproveitei o tempo antes da chegada da polícia para dar uma boa olhada geral enquanto tentava contato com Claire, no qual não me respondeu de imediato.

    Em minhas andanças pelo lugar havia apenas um item que me despertou interesse, um medalhão de prata, que estava no pescoço de uma das garotas que trabalhavam no lugar. Não era nada muito trabalhado, mas ele parecia ter uma energia diferente, sem contar a pedra verde encrustada, que possuía um tom escuro quase negro.

    Ao conversar com ela sobre tal artefato, ela disse que era um presente de sua mãe e que antes tinha ganhado de sua vó. Inicialmente, fiquei receoso de lhe tomar aquilo, mas se não fosse eu provavelmente algum corrupto da policia o faria na hora que fosse presa. Ela obviamente resistiu, gritou como se fosse criança e acabei lhe fazendo dormir com uma coronhada. Peguei junto do colar sua carteira de motorista, assim poderia dar uma analisada em seus antepassados, como hobbie e quando me sobrasse um tempo.

    Fora isso tudo revisamos as amarras e saímos do lugar cerca de duas horas antes da polícia chegar. Ainda era madrugada e voltamos tranquilamente para o refúgio de Hector. Dado o tempo de chegada eu recebo uma mensagem amistosa de meu amigo: “Parabéns, trabalho até que limpo desta vez, mas está cada vez mais difícil explicar para eles esses trabalhos justiceiros. Vê se demora um pouco para me chamar de novo. Valeu!”

    Mostrei a mensagem para Hector, que ficou puto e reclamou mais um pouco, mas nada que mereça ser escrito aqui. Eliot estava feliz, tais missões sempre foram muito empolgantes para ele, mas depois da broxada do meu contato na policia, vamos ter de “navegar por outras águas”.

    Na noite seguinte eles dois voltaram as suas rotinas em algum lugar do planeta e eu fui atrás de Claire, que ainda não havia retornado meu contato e estava me deixando preocupado. Sobre o colar mandei pelo correio para Sebastian, que ficou de analisar sua procedência junto da Cláudia.

    E la estava eu com outros pensamentos, outras preocupações e anseios, mas quem não fica assim diante o anoitecer?

  • A vampira pin-up – pt3

    A vampira pin-up – pt3

    Algum tempo depois eu me lembro de estar jogado ao chão e com a cabeça em cima de uma almofada. Quando sinto um empurrão na perna direita. Era Eleonor que estava toda desarrumada, eu por outro lado ainda estava nu e com sangue por todo o corpo. – O que havia acontecido comigo – Pensei confusamente. Então minha bela morena me ajudou a se levantar, empurrou as roupas para meu colo e disse para se arrumar.

    Ao nosso redor todos ainda estavam pelo chão, porém vários estavam machucados, muitos gemiam de dor e até mesmo os vampiros se contorciam. Deu dó de ver uma das humanas com o pescoço quebrado num dos cantos e um dos caras aparentemente sem cabeça noutro. – Eles eram legais, o papo estava bom, puta que pariu, o que houve aqui Eleonor??? – Até mesmo a deliciosa Josephine estava tremendo num dos cantos.

    – El demonio dentro de ti se despertó en medio de la magia, me imagino que para la autodefensa, pero podría haber sido un efecto secundario del ritual … Recuerde que la conversación que tuvimos sobre usted hibernar durante un tiempo?

    O que dizer, o que pensar sobre aquilo? Ainda atordoado, apenas deixei Eleonor cuidar das cousas. Hoje eu teria agido de outra forma, mas é fácil imaginar quando tudo já passou, não é mesmo?

    Eleonor aproveitou que todos estavam fracos ou feridos e utilizou um ritual de sono aprendido com Suellen. Praticamente mandou eu me vestir mais rápido e sair correndo para a parte de cima do lugar antes que entrasse em transe também. Na minha cabeça ainda era dia e aparentemente iria me fuder subindo, mas ao abrir a porta percebi o maior breu. Nunca vou esquecer, eu apertava meu cinto quando sinto um calor imenso vindo do porão. Alguns gritos, resmungos e barulhos de batidas, socos, chutes… Pancadaria solta, mas que não durou mais do que alguns segundos, até que aparentemente o silêncio imperou. Preocupado eu abro a porta e algumas chamas saem ferindo parte do meu braço. O que diabos Eleonor havia feito???

    Desolado, procurei por baldes ou qualquer cousa que pudesse encher d’água. Mas até achar algo, o fogo já havia tomado à parte de cima do lugar e fui obrigado a sair. Corri para fora, naquele momento alguns vizinhos se acumulavam e acabei me escondendo em forma de névoa. Não foi a primeira vez que Eleonor agiu daquela forma, mas a situação de ser acordado do que até então era algo bom e havia se transformado naquilo, me deixou com os nervos a flor da pele.

    Minutos depois eu acompanhava tudo do alto na sacada de um prédio vizinho. Os bombeiros chegaram, começaram a apagar o fogo e alguns corpos começaram a ser retirados em macas de metal. Obviamente não criei expectativas com relação isso, pois quando um vampiro pega fogo ele vira cinzas rapidamente, e estava mais preocupado pensando em comop voltar para o lugar, pois ela poderia ter feito algum feitiço e se escondido.

    Três ou quatro horas depois eu tive de sair da varanda, pois os donos do lugar havia retornado. Neste momento o fogo já havia terminado, os bombeiros começavam a se retirar, deixando o lugar para os policiais. Voltei para o lugar em forma de névoa e para minha infelicidade ao voltar a forma humana, nem sinal da energia de minha hermosa  morena. Todos haviam aparentemente sucumbido a sua morte final…

    Chutei, empurrei, baguncei a bagunça e por fim desolado, cai de joelhos ao chão carbonizado…

  • O gari serial Killer – Parte 1

    O gari serial Killer – Parte 1

    Ferdinand o que tu fizestes no final do ano? Pois bem meus ávidos leitores… Segue parte do meu final de ano em meio a investigações e algunas cositas más

    Oswaldo sempre foi um cara do tipo festeiro, daqueles que sempre anda cheio de amigos e esbanjando sorrisos. O seu único problema, que inclusive pode ser visto em muitas pessoas, é aquela famosa falta de limite. Fato que inclusive lhe rendeu alguns boletins de ocorrência na adolescência. Cousas poucas eu diria: Pequenos furtos, direção perigosa e um outro mais ousado envolvendo violência doméstica contra uma de suas namoradas.

    O que ninguém esperava aconteceu devagar e ao longo de mais de 30 anos. A barriga sarada de Oswaldo deu lugar uma bela pança, cultivada com vários litros de cerveja e em sua cara surgiu um belo bigode, daqueles de dar inveja a qualquer galã italiano da década de 60. Sua acomodação na vida foi tanta, que nem faculdade ele fez e parou os estudos depois do médio.

    Agora pai de quatro filhos com duas mulheres diferentes, ele precisa se virar como pode e quase sempre é visto em seus vários bicos diferentes. Inclusive nos últimos meses ele foi visto trabalhando como gari, algo que os radicais interpretaram como o famoso fim do poço…

    O caminho de Oswaldo cruzou o meu no início do mês de dezembro de 2012, quando recebi alguns relatórios contendo procurados pela policia civil e havia neles um tal serial killer que me intrigou. Alguém estava matando pessoas solteiras, que moravam sozinhas, de ambos os sexos e a mesma cena do crime já havia sido presenciada por 3 vezes: Um corpo vestido, muito bem arrumado em cima de uma cama, contendo sinais de esganadura e evidências de estupro. Os locais dos crimes eram as próprias casas das vítimas e nunca foram encontrados digitais, sinais de arrombamento ou furto.

    Inicialmente fui aos locais dos crimes, que ainda estavam lacrados pela policia e fiz aquela tradicional busca investigativa. Confesso que o novo seriado “Elementary” tem inspirado minhas investigações e cada vez que vejo algo aparentemente fora do lugar, imagino uma série de acontecimentos. Mesmo com o olhar um tanto quanto aguçado, no primeiro apartamento eu não encontrei nada anormal, nem mesmo no segundo.

    Só me restou a última casa, um sobrado no subúrbio da cidade, dois andares, grades na frente e se não fosse aquela mórbida fita amarela com preto, eu diria que o lugar parecia bem convidativo. Morava ali a terceira vítima, uma mulher de 32 anos, bonita, traços sulistas e longos cabelos loiros naturais. Devia ser daquelas que certamente trabalhou em eventos quando mais nova ou que fazia muito sucesso por onde passava. A cama onde ela foi encontrada ainda mantinha a forma daquele belo corpo, deixado ali por alguém que certamente agiu de forma metódica e sem escrúpulos. Ao lado na cabeceira, marcado na página 156 estava o livro “A entrevista com o vampiro”. Tomei-o em minhas mãos frias e nesta mesma página uma frase veio aos meus pensamentos como um pedido: “-Talvez você traga alguma sanidade a este lugar…”

    Depois disso, vasculhei os dois andares e o pequeno quintal dos fundos, porém nada me parecia diferente ou fora do lugar. Confesso que estava prestes a desistir, quando por fim vasculhei uma última vez o local onde o copo havia sido encontrado. No pequeno banheiro da suíte, havia uma lixeira ao lado do vaso sanitário e quando a removi do lugar abaixo estava o ralo. Prestes a cair por um dos buracos estava um pedaço de tecido verde rasgado, contendo parte do era o brasão da cidade.

    Naquela noite voltei para casa sem nada de muito concreto, a não ser o tal tecido com o brasão e aquele sentimento de que havia uma alma me pedindo ajuda. Seria aquilo parte de algum uniforme? Seria da vítima, do agressor, de algum namorado, parente ou amigo? Havia algum espírito me ajudando ou pedindo ajuda? Intrigado, chamei Sebastian e juntos começamos uma breve busca on-line. Sebastian vasculhou os arquivos em busca de mais semelhanças entre as vítimas e fiquei vagando em busca de algo que viesse como um estalo a minha mente hiperativa.

    Ao fim daquela noite chegamos a algumas conclusões baseados nas pesquisas e em tudo que a policia havia encontrado. Os peritos haviam achado algo interessante, pequenos pelos nas genitálias de uma das vítimas, sendo a vítima totalmente depilada, concluiu-se que se tratavam possivelmente dos pelos do agressor. Um dos peritos que analisou os tais pelos ainda informou nos laudos que os pelos provavelmente vieram de um bigode, haja vista os traços de nicotina encontrados. Na época da investigação, foram procurados parentes ou amigos da vítima que possuíssem o tal bigode, mas ninguém chegou a prestar depoimento.

    Desconfiávamos então que o assassino era homem, com bigode, forte o suficiente para arrastar ou levantar um peso equivalente a 70 quilos. Todavia nos faltava ainda algo chave, qual a relação entre as três vítimas? Então na noite seguinte eu estava sozinho, concentrado com o pedaço de pano em minhas mãos, quando meus pensamentos foram interrompidos pelos barulhos das latas de lixo sendo derrubadas pelos garis. Como que por reflexo dei aquela olhada pela janela, a fim de comprovar o trabalho de limpeza e a luz de um dos postes iluminou as costas de um dos garis. Estava lá o tal brasão da cidade e o tom de verde do macacão era próximo do tecido em minhas mãos.

    Naquele instante peguei meu smartphone e acessei o Google imagens buscado alguma foto dos garis da cidade. Para minha alegria lá estava um gari dançando no carnaval e na manga de seu uniforme verde havia o mesmo símbolo do pedaço de tecido sujo em minhas mãos. Logo em seguida eu estava afoito e de imediato liguei para Sebastian que veio ao meu encontro minutos depois.

    Continua…

  • Caso policial: Sacrifícios diabólicos

    Caso policial: Sacrifícios diabólicos

    Na semana passada meu ex-cunhado, o delegado e irmão de Beth, me ligou contando sobre um novo caso. Sempre que vejo seu nome na tela do meu smartphone, meu lado investigativo se expande e inevitavelmente eu abro um “sorrisão”. Então de imediato atendi e deixei que ele falasse, pois nossa última ação juntos não havia sido muito boa.

    – Ferdinand, preciso da sua ajuda em um caso extra oficial… Tais aqui perto? Acho melhor falar contigo pessoalmente…

    O papo foi rápido, ele não tocou em assuntos passados, mas assim que me resumiu parte da ação, eu larguei tudo o que fazia e fui ao seu encontro. 20 minutos depois e lá estava eu encontrando o delgado no pub. Cumprimentamos-nos, fizemos aquela troca de palavras básicas: “Oi, como está, quanto tempo, tudo bem…” e depois de alguns minutos ele me apresentou uma pasta com fotos. Uma simples ação que bastou para que meu demônio começasse a dar o ar da graça. Nas imagens várias meninas mortas com idade aproximada de uns 5 anos e com indício de tortura. O pior é que não eram torturaras daquelas normais, mas sim algo que certamente envolvia o mundo sobrenatural.

    – Muitas delas foram marcadas com ferro quente e o que nossa inteligência descobriu é que estas marcações seguem uma continuidade. São na verdade letras gregas, que inclusive nos fizeram chegar à palavra “Typhon”, que significa algo como “A personificação de satanás”.

    Somente por ouvir tal nome meu corpo se estremeceu. Ainda mais depois de tudo o que houve com Eleonor e aqueles malditos seguidores das trevas. Dizem que atraímos certas coisas somente por pensar e lá estava eu, novamente envolto em mistérios relacionados a um bando de babacas, que curtem falsos ídolos diabólicos.

    Resumindo, eu peguei o máximo de informações que ele possuía e chamei Julie. A curiosa morena, não hesitou e depois de algumas horas apareceu num dos meus apartamentos. Trocamos aquelas deliciosas caricias e já perto do amanhecer lhe apresentei o caso das meninas torturadas.

    Ela ficou chocada com as fotos e ao ouvir o nome “Typhon”, também sentiu seu corpo se estremecer. Esta palavra, aliás, é muito abrangente e digamos que o corpo dela se arrepiou por inteiro em meus lençóis ceda… Então, depois das primeiras avaliações Julie ligou o notebook e fez alguns contatos e pesquisas, chegando inclusive há alguns suspeitos. Estes, aliás, próximos daqueles que o delegado havia me passado.

    Perto do meio dia decidimos descansar um pouco e na noite seguinte fizemos as primeiras buscas. Fomos de carro, pois não sabíamos o que iríamos encontrar e com um veículo blindado, afinal com segurança não se brinca. Dirigi por mais ou menos uma hora até uma cidade do interior e para nossa sorte, não havia nenhuma alma viva circulando por aquelas ruas geladas. Julie era minha navegadora e se deparar com uma rua ela me disse para ir mais devagar. Perguntei o que era e ela me disse que havia sentido alguma presença.

    Depois de ouvir sua descrição eu parei o carro próximo a um terreno baldio e lhe perguntei se dava para sentir de onde vinham tais sensações. Foi quando ela fechou os olhos por um instante e depois os reabriu, apontando de imediato para uma casinha modesta de dois pavimentos ao nosso lado. Por mais que nesses momentos meu demônio sempre me sugira entrar quebrando tudo, eu preferi abrir um pouco o vidro do carro para em forma de névoa.

    Esta forma de névoa em que eu me transformo é invisível aos olhos humanos e o máximo que um filho de adão pode sentir, é uma brisa um pouco mais quente, caso eu passe por perto de seus corpos. Geralmente é o meu melhor disfarce, salvo às vezes em que não estou lidando com algum sobrenatural, que possivelmente poderia me sentir ou ver…

    Adentrei a casa pela janela do banheiro e entre uma fresta ou outra eu chegue até um dos quartos. Um adolescente dormia e aparentemente não apresentava nenhum perigo. Sai então em busca de mais indivíduos e achei outro quarto onde estava uma menina naquela faixa dos 5 anos e que também não me transmitiu nada de estranho.

    Só me restava o que seria o quarto dos pais e lá fui eu, porém para minha surpresa me deparei com uma espécie de barreira mágica, que impediu minha entrada. Obviamente aquilo me deixou curioso, mas me contive e sai novamente da casa para tentar a janela. Para meu azar o tempo estava fechando, alguns raios insistiam em fazer muito barulho e ventos fortes começaram a dificultar minha locomoção. Mesmo assim usei toda minha força e consegui me aproximar da janela, fiquei por ali tentando achar alguma brecha entre as cortinas, quando levo um susto.

    Um homem com 40 anos aparentes e uma longa barba castanha escura abriu a janela. Ficou por alguns instantes olhando ao redor, como se estivesse procurando algo (eu) e na sequencia fechou tudo. Sua feição denotava preocupação ou raiva e de alguma forma sua imagem ficou gravada em minha memória.

    Tratei então de voltar rapidamente para o carro e lá estava Julie tremendo. Ela estava quente, algo praticamente impossível de ser ver num vampiro e depois de me ver novamente na forma humanoide, me falou para sairmos o mais rápido possível daquele lugar. Não hesitei e à medida que íamos nos afastando do lugar, Julie aparentava ficar melhor. Ela não soube dizer o que estava acontecendo, mas era claro que havia sido enfeitiçada por alguma magia de proteção.

    De volta ao meu apartamento mandei uma mensagem para o delegado, que me respondeu dizendo que iria mandar uma viatura vigiar o lugar. Em função de minha transformação e do ataque sofrido por Julie resolvemos descansar. Lembro que durante aquele dia eu não tive um sono muito agradável e inclusive fui acordado por uma ligação. Era novamente o irmão da Beth, que queria me informar mais uma morte… A menina que eu havia visto na casa durante a madrugada…

    Continua!

  • Adoro ver o sangue de traficantes

    Adoro ver o sangue de traficantes

    Nestas últimas noites vivi momentos interessantes junto de minha amada Beth. Momentos em que por vezes desejei ser mortal para poder passar um dia inteiro a seu lado, aproveitando cada segundo a seu lado. Claro que não fico me torturando por causa deste mísero detalhe, todavia achei legal falar disto, pois ouvi comentários aqui pelo blog com dúvidas a respeito do que Beth estaria fazendo.

    Enfim, deixando o lado humano de lado, este post é para falar de uma história interessante que me ocorreu a umas quatro semanas atrás, onde ajudei meu cunhado na perseguição e posterior prisão de alguns traficantes de drogas.

    Esta história teve início em uma noite no qual a Beth ligou para seu irmão, para felicita-lo por seu aniversário. Minha audição aguçada que sempre está ativada, me fez ouvir “sem querer querendo” ele comentar que estava em um caso de tráfico. Situação que obviamente me chamou atenção e no momento em que lhe felicitei inevitavelmente acabei lhe fazendo falar um pouco mais do que podia. Apesar dele ainda estar bravo comigo por causa da última vez que nos vimos…

    Descobri que a ação promovida pelos colegas do meu cunhado se passaria em um hotel e lá fui eu tentar dar uma de policial para combater o tal 290 (crime de tráfico). Meu cunhado me conseguiu um uniforme, armas e eu resolvi utilizar um novo poder chamado Maskharah que o Zé estava me ensinando antes de sua morte. Com este poder é possível imitar a face de outras pessoas com todos os seus detalhes e formas, utilizando-se de um pouco de ilusionismo e atuação, claro.

    Lembro que o grupo se reuniu próximo das 20h e la estava eu se passando por um recruta da entorpecentes. O plano discutido era simples, dar flagrante, apreender todos os materiais ilegais e elementos envolvidos.

    Porém nem tudo é tão simples quanto se pensa e assim começava mais uma aventura em minha não-vida…

    1h – “Merda!!! De onde veio todo esse armamento?” Essa foi a última frase que ouvi do capitão antes dele ser baleado entre o pescoço e o colete e cair ao meu lado. Enquanto eu o puxava para o corredor senti de imediato que o grupo pensava em fugir, mas meu cunhado, que era o segundo no comando, tomou as rédeas da situação. Ele nos reagrupou então numa região segura no corredor daquele hotelzinho barato para reprogramar a ação.

    1h 10m – Chamamos reforços e o pessoal que estava do lado de fora lançou granadas de efeito moral e fumaça para dentro do apartamento. Não demorou muito para que eu ouvisse movimentação dentro do apartamento e ao avisar meu cunhado ele me chamou num canto e perguntou o que eu podia fazer. Até pensei em me transformar em algo ofensivo, mas não podia fazer aquilo em meio a tantos humanos. Na hora a melhor solução foi se esconder no andar de cima e virar névoa para invadir o apartamento na surdina.

    1h 17m – Combinei a ação e pouco tempo depois eu estava dentro do apartamento em forma de névoa, havia muita fumaça o que dificultou um pouco minha visão, todavia consegui ver os 5 elementos trancados em um dos quartos, programando suas próximas ações e recarregando suas potentes armas. Um deles inclusive possuía algumas granadas em uma cinturão. No quarto também haviam duas malas com cocaína e uma mochila com muito dinheiro, ou seja, tantos os vendedores como os compradores estavam ali.

    1h 25m – Meu cunhado estava tentando manter uma negociação com os elementos e por duas vezes ele falou em alto e bom tom “O prédio está cercado, se entreguem e vamos acabar logo com essa palhaçada!”. Porém os safados não se manifestavam e apenas um deles disse cochichou: “Cara só vou sair daqui morto”. Ao sentir tão demonstração de desapego diante de sua vida aparentemente inútil, meu lado sombrio começou a me instigar e meu demônio começava a implantar ideias em minha cabeça: “5, até que não é tão difícil”, “Cinco corações pulsando, lembra-se do gosto?”…

    Em momentos como esse é sempre difícil manter a concentração e mesmo com a vontade chicoteando minha mente eu consegui resistir bravamente por mais alguns minutos. Não demorou e minha audição aguçada me permitiu ouvir os dois grupos se manifestando para agir. A partir desse momento seriam poucos segundos para eu poder fazer qualquer coisa e acabei optando pelo belo e bom improviso.

    1h 34m – Já em forma humana usei minha velocidade para pegar algumas das granadas de fumaça que ainda expeliam o seu conteúdo, aproximei-me com a mesma rapidez do quarto onde eles estavam e as joguei dentro. Em segundos eles começaram a tossir e assustados saíram correndo do quarto.

    Puxei as pernas do primeiro e o arremessei contra as paredes do corredor em direção a sala. O segundo vinha logo atrás ficou assustado com o que presenciou e tentou atirar, mas não conseguiu pois fui mais rápido e lhe dei uma coronhada com minha pistola em seu pescoço. Logo atrás vinha o terceiro que me viu batendo no segundo e recuou. Encerrava ali minha sequencia pois levei dois tiros de escopeta que por sorte acertaram meu colete a prova de balas mas que me derrubaram direção a sala.

    Nesse instante vejo dois policiais invadindo a sala munidos de escudos e capacetes, logo atrás vinha meu cunhado que falou em claro e bom tom: “Rendam-se vocês não tem mais para onde ir”…”Joguem as armas e saiam com as mãos na cabeça”.

    1h 38m – Os três que restavam jogaram as armas no corredor e se renderam. Meu cunhado veio até mim me deu um capacete e sussurrou: “Tua máscara caiu”. Um pouco atordoado com o impacto do tiro eu me recompus e levantei. De imediato vejo o capitão se aproximar, sua ferida já estava protegida com uma gaze improvisada, mas mesmo estando fraco ele teve forças par ame dizer: “Aqui não existe lugar apara heroísmo garoto, pega tua sorte e volta pro colo da tua mãe, tu quase fudeu a operação”…

    3h 28m – Já em casa e no chuveiro revejo mentalmente meus passos. Nunca gostei muito do sistema policial e de toda aquela moralidade irrefutável. Será que eu realmente havia me precipitado? Bom, se fosse noutro lugar onde eu pudesse me transformar em minha forma de batalha seria o fim daqueles humanos…

    Fui dormir repensando minhas estratégias e em como as coisas mudaram hoje em dia. Concluí mais uma vez que minha intuição havia gerado mais problemas do que resultados positivos e com isso foi impossível não relacionar tudo aos 30 anos que perdi dormindo.

  • Poker e o desjejum do mês

    Poker e o desjejum do mês

    Aposto o teu e mais 100!
    Ok ok “all in”…
    Tá, pago pra ver, mostra ai.
    Só isso? Minha dupla de damas leva!

    Assim começava minha noite de sexta, ganhando do pessoal no poker, adoro esse jogo. Pelo menos garanti a grana para o conserto da minha câmera. Jogar com os amigos uma vez por mês é muito bom para distrair e não cair na rotina no relacionamento. É algo que sempre deixei claro com a patroa, cada um tem de ter o seu espaço se não o bixo pega, no nosso caso o vampiro rss…

    Apesar do momento “vida em casal” eu preciso contar como terminou minhas sexta.

    Depois que o poker terminou, lá pelas 11:30 eu sai em busca de algum pescoço. Ainda bem que terminou cedo, pois estava difícil ficar com fome em meio ao pessoal, nessas horas até um amigo pode virar um bom aperitivo, ainda mais se pegar carona junto na volta, ne Black…

    Enfim, liguei para meu cunhado e dei sorte dele estar na delegacia dando plantão naquela hora. No começo ele relutou em dizer se tinha algum vagabundo dando sopa por ai, mas depois de eu lhe informar que precisava muito ele me passou o endereço de um traficante. Era em um bairro afastado do centro chamado Rio vermelho, sugestivo eu sei. O bairro é longe do meu refugio em Floripa e precisei me apressar para chegar cedo no local, fazer o serviço e ainda voltar de moto para casa.

    Parei a moto em um quarteirão próximo, fui até um canto escuro da rua e me transformei em um morcego, não gosto muito disso, pois me transformo em uma criaturinha um pouco maior que o normal e por conseqüência fico mais visível. Por outro lado foi necessário, haja vista que eu não tinha energia reserva o suficiente para virar nevoa.

    Fui até a casa do infeliz, procurei por alguma janela aberta e achei uma que ficava na cozinha. Na volta que dei pela casa de dois pavimentos eu percebi apenas uma luz acessa, parecia ser um quarto e foi para lá que voei. Na medida em que eu me aproximava do quarto aumentava o cheiro de maconha e isso era um bom sinal, presa fácil.

    Chegando lá dei um susto no cidadão que fumava deitado na cama e felizmente sozinho, ele até tentou se soltar de mim, empurrando e socando minhas asas, mas não conseguiu e fiz um ótimo desjejum. Fácil, no entanto eu precisava fazer algo com corpo que ainda possuía muito sangue. (nota: um vampiro da minha idade não tem a necessidade de sugar todo o sangue de um humano para ficar satisfeito, com uns dois litros já garantimos umas duas semanas de energia).

    Coloquei as drogas que o infeliz traficava ao lado do seu corpo e com uma faca fiz algumas perfurações…

    “Hei cu pode ir pegar o pacote, já está quase embalado para viagem”. Nessas horas eu sempre penso: “Como é bom ter alguém da família na polícia” ^^

  • TPM, surge uma nova caçada!

    TPM, surge uma nova caçada!

    Humm esse perfume no ar… Os dias dela estão chegando, mais uma vez a Beth vai ter os seus “red days”. E o que isso importa? Bom, além do fato de que em breve ela vai estar super irritada, querendo bater em tudo que surgir no seu caminho, é também um momento em que um vampiro fica digamos mais “excitado”. Excitado, claro, no sentido de alimentar o seu demônio…

    Nesses dias é bom sair por algum tempo espairecer, trocar os ares e voltar quando a fera estiver mais calminha. Em virtude disso irei aproveitar para me encontrar com meu cunhado, segundo ele, que é uma pessoa da lei, um vagabundo que matou a esposa e seus dois filhos está foragido e a polícia não tem a mínima idéia de onde o cara possa estar. Ok, mais um lanchinho? Não não não, as vezes eu até ajudo eles para passar o tempo, mas sabe como é as vezes me passo ou me fazem passar dos limites e o meu outro eu assume.

    Então, sem mais muito que fazer por aqui eu vou começar mais uma investigação. Nada muito intrigante, não existe nenhum imortal no meio disso (eu espero), mas pelo menos equilibro a conta. Quem sabe assim no final das minhas noites eu vá para um lugar melhor.

    Kuss ^^

  • Dias de trabalho… Instinto – Parte 2

    Salve povo,

    Então, ainda estou cheio de trabalhos, e segue a continuação da história do doutor:

    Instinto – Parte 2

    Mas que merda cara, olha o estado desse cara! – Disse Carlos Eduardo Guimarães, investigador da Polícia Civil de Florianópolis ao seu parceiro, Ricardo Augusto dos Santos. Investigador Carlos entrara para a polícia há cinco anos atrás, e nesse meio tempo viu a cidade em que nasceu mudar radicalmente. Ele já fora baleado duas vezes, uma em uma operação conjunta com a Polícia Militar, quando eles desbarataram uma quadrilha de assaltantes, outra quando estourou um cativeiro durante um seqüestro. Da mesma forma, Carlos fora responsável por mandar pelo menos quatro marginais para a cova, coisa que o policial, bem quisto e admirado por seus colegas, se orgulhava em dizer.

    Seu parceiro, Investigador Ricardo tinha quatro anos a mais na polícia, e era igualmente respeitado. Mas mesmo assim os dois policiais tiveram de conter o vômito, que subiu até boa parte da garganta, quando desciam pela ribanceira, após cruzar o cordão de isolamento da polícia, e se depararam com um corpo.

    Era o de um homem de meia idade, talvez quarenta anos, em forma apesar do inchaço. Ele estava com metade do corpo para dentro da água de um córrego sujo e fedorento, e a outra metade estava sobre a margem. Carlos conteve o asco quando, ao se aproximar notou que três grandes ratazanas se fartavam na carne em decomposição do pobre coitado. _Puta que pariu cara, olha o tamanho desses bichos! Parece um Rotweiller! – Comentou Ricardo com o parceiro, mas Carlos não conseguia falar, em todos esses anos de Polícia ele nunca vira uma coisa dessas, talvez se servisse em São Paulo ou no Rio de Janeiro ele fosse ver, mas em Floripa? Era decididamente algo que iria tirar o sono de Carlos por muitas noites. Logo de cara, Carlos viu a garganta aberta do sujeito, um corte fundo e feio, de um lado ao outro, mais um pouco e teriam decepado a cabeça do coitado. O mais chocante não era a garganta cortada, Carlos já tinha visto dezenas de gargantas cortadas, muitas delas com o sujeito ainda vivo, o que mais perturbou o policial foi a língua pendendo pelo corte, arroxeada e rija, dando um aspecto grotesco ao corpo, pois a língua projetava-se como um apêndice canceroso ou algo parecido. “O filho da puta se deu ao trabalho de fazer uma gravata colombiana…” – Pensou Carlos já desejando colocar as mãos no assassino e dar-lhe uma surra de fazer com que ele implorasse para morrer. Era errado, claro, mas Carlos não era politicamente correto, não aceitava propina nem suborno porque acreditava na missão sagrada da Polícia, e fazia questão de deixar seu lugar bem claro na sociedade, ele era o mocinho, nunca o bandido. Mas Carlos era famoso na corporação por adorar bater em vagabundo, as vezes ele se excedia, mas suas surras eram tão eficazes que os marginais se quer tinham coragem de denunciá-lo, por medo de apanharem novamente. Estupradores eram seu tipo preferido, Carlos odiava estupradores e dois dos quatro bandidos que ele “mandou para a cova” foram estupradores. Carlos batia com satisfação nesses caras, sempre pensando em sua amada esposa Elizabete e em seus três filhos pequenos.

    Mas nesse caso Carlos pensou não em sua esposa, mas sim nele mesmo. Ele pensou que quando chegasse a sua hora, ele queria que fosse em uma cama quente, com seus entes queridos velando por sua passagem, depois um funeral digno de um policial, com salva de tiros e com o delegado Fonseca falando coisas legais sobre ele, todos estariam tristes é claro, mas Carlos iria dessa para uma melhor com a sensação de dever cumprido. Essa era a forma correta de um homem morrer, e não com a garganta cortada por um vagabundo cruel e sádico que abandona seu corpo para ser devorado por ratazanas do tamanho de rotweillers.

    _O legista já está vindo? – Perguntou Carlos, subindo o barranco enlameado que dava acesso à margem do rio.