Tag: hibernação

  • Gone – Parte II

    Gone – Parte II

    Daniel POV

    Depois de um tempo afastado da Ordem eu achei que voltaria aqui por algum motivo bom, mas infelizmente não era isso que iria acontecer, a minha volta aqui talvez fosse uma das mais dolorosas da minha existência, hoje eu iria colocar minha pequena para hibernar e dessa vez o tempo era indefinido, só que alguma coisa me dizia ter algo muito errado acontecendo por aqui.

    Quando nós entramos na fortaleza fomos recebidos por alguns bons amigos, Trevor, Michael e para minha surpresa Jonathan havia acordado após 200 anos dormindo – Meus caros sejam bem-vindos mais uma vez! – Michael é sempre tão elegantemente chato e correto que meus olhos se reviram sozinhos com tamanha “elegância” – Obrigada Michael, é bom revê-los – disse em tom de poucos amigos até que senti uma mão em meu ombro – Meu caros desculpem a vinda repentina e a decisão de última hora, espero não estar atrapalhando nada – Lilian sempre tão educada e direta ao ponto, só faltou os palavrões rotineiros, talvez xingar o Trevor um pouco para levantar o humor.

    Lilian POV

    A Ordem, a minha primeira casa vampírica, minha família de vampiros me esperava na entrada da grande casa e pude ver que a minha decisão não era considerada uma das melhores mas ninguém era louco de se opor – Meu caros desculpem a vinda repentina e a decisão de última hora, espero não estar atrapalhando nada – Trevor me olhava como se a qualquer momento ele fosse desabar, Michael tinha aquela cara de paisagem intocada de sempre e Jonathan acabou de voltar da tumba então eu não tinha nenhum tipo de contato com o vampiro – Você é novo! Quem é você¿  – Ele me chamou atenção pela aparência, longos cabelos loiros platinados até o meio das costas, olhos cinzas e frios, o rosto intocado e a presença poderosa me deixavam admirada, com medo, com vontade de lamber o rosto dele pra ver se era de verdade ou se era ilusão  – Vejo que Trevor sabe bem quem escolher como cria… Minha cara eu sou mais velho do que você pensa e suas maneiras não me agradam… – Você deve ser mais velho que a Lua colega e mesmo assim eu to pouco me fudendo pra você, apesar de te achar um gato e se não fosse sua arrogância eu teria até te convidado pra um role por ai, jogado umas calcinhas minhas pra você e tal – Minhas maneiras¿ Estamos em que século¿ Cara você parece a porra de um elfo! Você é vampiro cruzado com elfo¿ Até parece que eu te vi em um filme do Peter Jackson!  – Daniel tentava não morrer de rir por dentro enquanto o vampiro loiro me olhava perplexo e parecia estar em um dilema interno – Ué minha maneiras ainda não te agradam¿ Deixa eu melhora pra você! Meu senhor, que honra conhecer um ser tão antigo como a Lua e o tempo, eu estou aqui de passagem, venho apenas para hibernar sei lá quanto tempo, se assim o meu Senhor loiro galã tirado do livro do Tolkien permitir. – Agora sim ele iria explodir – Minha cara nem se você hibernasse duzentos séculos você iria melhorar! Se você, minha cara, acha que fugindo da dor as coisas vão melhorar, acredite não vão! – A voz dele era tão potente que me dava arrepios bons e ruins, o vampiro devia ter dois metros de altura, dava pra ver ele a quilômetros de distancia – Eu vou hibernar, você não precisa me tolerar Senhor…. – ele sorriu e foi ai que eu tive medo  – Não Lilian, é o seu nome, certo¿ Você não vai hibernar e é por isso que eu estou aqui… Eles não aprovam e tão pouco eu! A morte do seu amigo não vai te enfraquecer minha cara, vai te tornar forte, tenho dito isso você vai ficar na Ordem por tempo indefinido, sem acesso ao mundo externo, aos eletrônicos e qualquer meio de comunicação. Você perdeu o seu auto-controle e como eu estava preparado para voltar, porque não treinar você novamente e mostrar que o meu trabalho é muito mais convincente do que de alguns vampiros.. – OI¿ Ele deve ta de brincadeira comigo – Você deve ta muito louco achando que vai conseguir isso de mim! Eu quero ver você tentar! – O vampiro elfo não parecia nem um pouco incomodado – Eu já consegui Lilian, ou você acha que a idéia maravilhosa de vir por livre e espontânea vontade foi apenas sua¿ Eu te induzi, sem isso você não viria, talvez fosse se abnegar algum tempo, mas depois voltaria para sua rotina de criança vampírica o que eu acho normal para alguém tão jovem e inconsequente  – ele falava enquanto me rodeava e tocava meu cabelo delicadamente – E digamos que seria uma perda muito grande ter algo tão belo dentro de um caixão daqueles, não acha minha querida¿ Nós vamos nos dar muito bem, talvez você perceba que eu faço isso apenas pelo seu bem minha cara – Ele deixou claro que havia me controlado, talvez até o Daniel e agora vindo aqui eu percebi que Trevor e Michael estavam de acordo já que não falaram nada, eu seria mantida aqui com o vampiro loiro e não teria acesso a nada e pior, eu não tenho escapatória, desobedecer um ancião da Ordem é dado como pedido de prisão ou morte e eu não quero nem um e nem outro,  pela primeira vez em anos eu fiquei sem palavras e apenas aceitei – Sem palavras minha querida¿ Ótimo já vemos uma melhora… – Jonathan estava próximo que eu conseguia sentir o toque dos lábios dele tocarem a minha orelha enquanto falou comigo através da telepatia – Não se preocupe Lili eu não vou fazer mal algum a você, muito pelo contrário, quando nós terminarmos você não vai ser uma mera vampira rebelde, vai ser mais do que isso e para melhorar todo enredo desta história, você vai ser minha! Eis a resposta que precisava e o motivo pelo qual eu acordei, tenho observado você nos últimos cinquenta anos então digo que é melhor se acostumar a me ver todos os dias de agora em diante e deve me chamar de Meu Senhor ou em sua língua, My Lord, eu prefiro! – O cara quer me arrumar¿ Ou me quer pra outra coisa¿ Ou os dois¿ Puta que pariu o que está acontecendo aqui¿

    Daniel POV

    Só podia ser brincadeira, eles queriam consertar a Lilian¿ No que¿ Ela nunca falhou com a Ordem! Espera….. Jonathan acordou justo agora¿ Ele tem mais idade que todos nós e não acordava faziam séculos e o porque agora, porque o tiraram do sono¿ Por que a Lilian, a Ordem tinha muito mais do que ela…

    A morte de Steven e tudo isso junto, alguma coisa não está certa e pela primeira vez eu vi ela e eu sem saída, pior eu vi a Lilian sem palavras e com medo, talvez medo do vampiro que a rodeava como um predador rodeando a sua presa, ele não estava analisando a vampira a sua frente, eu sou homem e sei, ele estava secando ela! Isso não está certo e eu preciso descobrir o que está acontecendo aqui, preciso ir atrás de ajuda antes que seja tarde demais.

    Ela não poderia sair daqui e também não deveria ter mais contato nenhum com o mundo lá fora, caso tivesse seria presa ou pior, por desobediência poderiam mata-la. Era a minha responsabilidade salvar ela dessa situação. Como, eu não sei, mas vou descobrir.

    In my city I’m a young god
    That pussy kill be so vicious
    My god white, he in my pocket
    He get me redder than the devil
    ‘Til I go nauseous
    She asked me if I do this every day
    I said often
    Ask how many times she rode the wave
    Not so often
    Bitches down to do it either way
    Often
    Baby I can make that pussy rain
    Often, often, often
    Girl I do this often
    Make that pussy poppin’
    Do it how I want it

  • A hibernação de Eleonor – 2 de 2

    A hibernação de Eleonor – 2 de 2

    Eleonor acordou melhor do que nas últimas noites. Estava falante, alegre e muito bem-disposta, tanto que me perguntei de imediato, será que ela havia desistido de hibernar?

    – Fê como andam os preparativos, tudo pronto?

    – Si-sim, claro tudo bem contigo? – Falei quase que gaguejando diante tal pergunta seca.

    – Ótimo, já separei umas duas malas, sabe, coisinhas simples de mulher. Quero ter tudo a mão para quando eu voltar daqui uns anos.

    – Humm sei, joia minha querida… – Respondi receoso e cheio de dúvidas.

    – Bom vou terminar de me arrumar, me avisa quando estiver pronto…

    A noite veio como uma faca que perfura a carne, destrói os tecidos e afana a vida das inofensivas células. Trouxe também movimento, pensamentos e intenções, daquelas que apenas dois seres muito próximos poderiam confidenciar diante a eminente hibernação.

    Sinceramente, estava surpreso pela vitalidade de minha doce morena. Será que ela estava ciente de tudo o que iria acontecer? Tentei não focar na desgraça da situação, deixei as dúvidas de lado e tomei todas as providências necessárias. Reuni os principais Ghouls da fazenda, informei o que aconteceria naquela noite e depois que eles se dispersaram em seus afazeres, pude contemplar por alguns instantes as estrelas e o bonito céu daquele momento.

    Fiquei por alguns instantes viajando, pensando no tudo e no nada, até que fui surpreendido sorrateiramente por Eleonor. Ela veio de mansinho e me abraçou carinhosamente. Tentei pronunciar alguma cousa, mas não cabeia mais nada entre nós. Ficamos nessa situação por alguns instantes, até que ela não aguentou e soltou o verbo:

    – Hey, não vai falar nada? Ai Fê para, não é o fim do mundo. Só vou digamos tirar umas férias. Nem sei se você vai sentir tanta falta assim, afinal nos últimos anos desde que acordou anda bem disperso. Focado na internet, nas suas leitoras e afins…. Nem vou comentar da Beth e das outras putinhas que você andou se envolvendo.

    – Caralho, guardou tudo e me solta só agora? aff

    – Deixa quieto mi amor…

    Ficou um clima chatíssimo, afinal Eleonor sempre teve um lugar especial no meu falecido coração, mas como bom geminiano eu sou resolvi dar um pouco mais de trela, afinal tudo o que ela me disse não poderia ir para o túmulo com ela….

    – Olha, eu até entendo e bastante o teu momento, entendo que nos afastamos de tudo o que vivemos antes da minha hibernação. Só que eu tô tentando algo novo. Sei que não posso mudar tudo o que fiz ou que aproveitamos juntos. Mas ao meu ver é para isso que o ritual de hibernação foi criado. Tu passas um tempo “off” e depois podes voltar com outras expectativas. É como se nós tivéssemos a chance de renascer, quase como a alma humana. Só que não vou entrar nessa discussão. Tenho feito sim uma aproximação gigantesca com o povo dessa época, mas isso faz parte do processo de reintegração na sociedade. Com certeza tu vai passar por isso quando voltar do teu sono. Não que eu esteja ignorando o teu amor, ciúmes ou como queira chamar, mas me deixa com os meus problemas e foca nos teus. Aliás, espero que eo teu inconsciente te de estas lições assim como o meu o fez quando hibernei. Aproveita essa chance e renasça como outra vampira quando voltar.

    Suponho que ela tenha absorvido pelo menos uma parte do que eu havia lhe dito, pois ela se calou e apenas me abraçou mais forte. Na verdade, acho que ela se perdeu por alguns instantes nos seus pensamentos e tive de dar o primeiro passo.

    – Tá desculpa, não queria soltar tanta cousa assim desta forma, mas foi tu quem começou. Foca nessa cousa que eu te disse que voltar como outra vampira daqui uns anos. O tempo que ficamos juntos foi muito divertido e tu sabes que és muito importante para mim. Somos irmãos, amantes, e além disso te vejo até como uma mãe as vezes…

    – Sim gosto muito de ti também, mi amor.

    – Bom, pensa no que eu te falei por mais um tempo, vou pagar tuas malas que está na hora de irmos…

    Eleonor ficou por mais um tempo sentada perto da cerca branca. Sabe-se lá se ao menos entendeu parte do que eu lhe disse.  Porém, depois de uns 20 minutos ela foi ao meu encontro na casa, eu estava mexendo no meu celular e sentado num dos sofás da grande sala. Seu olhar era fixo e disse-me apenas: “ Vamos? ” Consenti com a cabeça, pequei suas duas malas e fomos para a cripta.

    O lugar era o mesmo de sempre, com uma entrada repleta de armadilhas, os compartimentos, as portas e fechaduras…. Ao final de uma das salas estava a tumba que preparei para Eleonor e um lugar tipo “armário” com portas e mais fechaduras onde guardei suas malas. Feito isso me posicionei a sua frente e fui direto ao ponto:

    – Quais as tuas últimas palavras, minha doce morena?

    – Eu te amo – Disse ela olhando fixamente para os meus olhos.

    Seus lindos olhos azuis brilhavam como nunca e só me restou lhe dar um longo beijo. Cheguei a me excitar a ponto de querer algo a mais. Porém, ela me segurou em determinado momento, baixou a cabeça e disse sussurrando medrosamente:

    – Começa logo… por favor!

    Não pensei, nem refleti, apenas segui me instinto e aflorei as presas. Agarrei seus braços e cravei minha boca na maior de suas veias. Senti todo aquele turbilhão de pensamentos e emoções se transmitindo entre nossas almas. Agora estávamos mais próximos do que nunca e continuei até o ponto em que ela se amoleceu. Fiquei impressionado com o seu alto controle, pois nem um gemido ela soltou.

    Lá estava eu com seu corpo desfalecido e inerte. Cheguei inclusive a pensara que por um instante sua alma me tocou, mas deve ter sido apenas a emoção do momento…. Terminei o ritual, fiz tudo que era necessário para que ela não se fosse de vez e a enterrei. Cobri todo o seu corpo e a medida que ela sumia do meu campo de visão, diversos pensamentos vinham a minha mente. Lembrei-me do momento em que nos conhecemos em Desterro, do quanto ela me parece estranha e atraente desde o momento em que vi e de boa parte dos nossos momentos juntos.

    Inclusive ao final de todo o procedimento de hibernação eu me peguei sentado ao lado de sua tumba, sujo de terra e com uma pequena pá de jardinagem em mãos. A partir daquela noite eu estava afastado de meu criador e de minha maior tutora. O que viria pela frente teria apenas como testemunho o Franz, que apesar de também ter sido meu tutor, está num nível muito próximo do meu na hierarquia do clã. Clã? Espero que eu consiga manter essa nossa união…

  • A hibernação de Eleonor – 1 de 2

    A hibernação de Eleonor – 1 de 2

    Este não é um texto normal daqueles no qual eu gosto de gerar expectativas e apreensões em vocês. Tampouco, um daqueles textos em eu encho de firula ou figuras de linguagem  afim de satisfazer aqueles que procuram algo a mais além dos livros, filmes e seriado humanos. Este é portanto um texto baseado em fatos e situações reais. Ocorreu no final da semana passada, uma data que ficará por um bom tempo em minha mente: 16/07/15, a noite em que minha linda morena decidiu hibernar por pelo menos 50 anos.

    Sendo extremamente honesto, não estou com o menor saco (paciência) para descrever todo o o procedimento aqui. Ainda estou um pouco abalado e padecendo dos efeitos de todo o processo. No entanto, é fundamental eu deixar gravado aqui e nos meus arquivos pessoais o momento exato em que Eleonor decidiu deixar esse mundo de lado por uns anos. Isso vai ser bom para mim e mais ainda para ela quando retornar. Mesmo por que eu preciso ser realista e quem sabe nem mesmo eu esteja aqui daqui 50 anos.

    Pois bem, estávamos sentados no gramado e a beira da cerca branca, aquela no qual ficam os recém-nascidos da fazenda. Nesse ano tivemos sorte e quase todas as fêmeas reproduziram, as vacas, os porcas, as ovelhas e até mesmo as cadelas. Com certeza foram os “pequenos saltitantes” que motivaram uma de nossas conversas, em meio àquela primeira noite de lua nova.

    – A vida se renova sempre e todas as gerações nos trazem aspectos do passado melhorados…

    – Não sei se essa é a teoria certa de Darwin, mas pode ser, minha querida!

    – Ai Fê, minha querida? Que deboche é esse?

    – Ahh ando tô em muitas cousas, inclusive escrevi lá no site sobre isso. Sobre o que está acontecendo contigo e comigo.

    – Eu sei que tu escreve lá frequentemente. É um bom passatempo humano, mas poxa tô aqui e temos tanto para conversar. Consegues focar o assunto aqui por favor?

    – Sabes que sou um pouco dispersivo nas conversas mas vamos lá então. E ai vais hibernar ou não.

    – Ahh para. Sabe que não é uma escolha fácil.

    – Eu sei que não, mas até quando vamos ficar nesse chove e não molha. Sabes que é complicado ter uma vampira Nômade no grupo.

    – Nômade? Hahaha de onde tirou isso? Estou me sentindo uma cigana…

    – Tirei daquele seriado Sons of Anarchy, sabe?

    – Ahn? Tá enfim, eu sei que não da pra ficar nessa Fê, mas relaxa, já tomei minha decisão.

    – E vai me enrolar até quando?

    – Eu quero hibernar!

    No momento em que ela pronunciou a palavra “hibernar”, senti um enorme vazio, meu corpo ficou adormecido e pareci que a mais dura das estacas havia perfurado meu coração duro e morto. Demorei para desenrolar os pensamentos, tanto que ela me “cutucou”.

    – Tá eu sei que não é do teu agrado mas , vai anda diz algo.

    – Olha para te ser bem honesto, não me imagino namorando ou tendo algo contigo de novo. Desbcobri depois da minha hibernação e com os estudo do mundo atual que cada um de nós é um ser completo e que não precisa da outra metade. Cousa bem diferente do eu fui no passado.

    – Para Fê, não me venha com os teus sermões filosóficos.

    – Não quero ir por esse lado, calma. Estou digerindo aqui essa situação. Tu estás comigo desde o inicio vou sentir falta de ti. Também não quero ser egoísta e vou tentar ser o mais objetivo possível…

    Fiz uma pausa, ponderei por mais alguns instantes e Eleonor me esperou.

    – Bom, vou me referir a situação como líder do nosso clã e te digo: ok, tens permissão para hibernar. Acredito que isso vai ser melhor para as tuas ideias e garantirá um ponto fraco a menos para o nosso clã. Inclusive já falei com os outros.

    – Não foi uma decisão fácil, sei que vou perder todas as mudanças atuais do mundo, mas como tu mesmo disse esses dias, o mundo atual está muito parado e estou sem objetivos para o momento.

    – Bom não vamos resumir isso. Volta lá para dentro e da mais uma pensada. Amanhã à noite resolvemos isso. Eu vou dar uma passada na cripta e deixar as cousas semi-prontas por lá. Como fizemos o procedimento com Georg a pouco tempo, vamos aproveitar algumas cousas e vai ser rápido contigo.

    Fiz a trilha que levava a cripta, um lugar de arbustos fechados e mata muito virgem. Fiz o ritual para achar a porta de entrada e cuidadosamente passei por todas as portas, fechaduras “armadilhas”, que levam ao salão principal.

    A nova iluminação funcionou muito bem e tratei de preparar a caixa de concreto que guardaria o corpo de Eleonor. Lubrifiquei algumas engrenagens, tive de usar um pouco da minha força sobrenatural e lá estava o túmulo, caixote ou como queira chamar. Um aparato com estrutura mista de concreto e aço e intensamente limpo. Como se tivesse sido limpo a poucos minutos.

    Tratei de encher com a terra que sobrou do ritual de Georg, por sorte foi o suficiente e fiz mais alguns procedimentos para adiantar o ritual de hibernação. Voltei para a sede da fazenda e não consegui dormir naquele dia. Na minha cabeça ocorreu um misto de ansiedade, com pensamento desconexos e ideias para o futuro. Inclusive liguei para Franz, que prontamente me atendeu e não quis bater muito papo. Não demonstrou muita afeição pela situação, mas também não quis entrar em detalhes. Preferiu uma saída a francesa, dando uma desculpa qualquer.

    Finalmente, depois de algumas horas anoiteceu novamente……..

  • O que fazemos com a Eleonor?

    O que fazemos com a Eleonor?

    Muitos de vocês que acompanham meu blog e redes sociais, sabem ou deveriam ter visto que tenho passado por diversos altos e baixos em meu humor. Isso sem sombra de dúvidas se deve ao fato de que minha doce morena Eleonor, está numa fase complicada. Situação gerada por ela mesma, mas que piorou nos últimos meses com o rapto da garota no qual ela havia adotado. A questão da adoção foi discutida aqui em outros posts, mas irei resumir para os novos leitores do site.

    Eu tive um envolvimento com uma humana que se chamava Stephanie, um relacionamento relâmpago na verdade, onde nos aproximamos muito rápido e nos afastamos muito mais rápido ainda. Nos encontramos algumas vezes, criei uma certa proximidade com ela e sua filhinha… nos envolvemos. Até o momento em que percebi a cruel realidade e me afastei. O problema é que um dos meus “inimigos” soube desta proximidade e a transformou em vampira. Uma vampira adoradora das forças infernais, um tipo de ser impar e infelizmente desprezível. Situação que resultou em sua morte, tão logo meu clã soube dos ocorridos.

    Diante de tal situação, a filhinha de Stephanie acabou ficado órfã e Eleonor decidiu adotá-la. Nem Franz, nem eu gostamos da ideia, mas diante a teimosia de Eleonor acabamos permitindo. O problema é que uma das protegidas de Eleonor soube desta situação toda, decidiu agir como justiceira e agiu corretamente como eu ou Franz deveríamos ter feito. “Sequestrando” a garota e levando-a de volta para os seus parentes de sangue. Com isso Eleonor entrou numa fase extremamente complicada. Ela realmente havia se apegado a garotinha, eu também nutri muitos sentimentos por ela e até Franz agiu como se fosse humano em nossos momentos de plena tranquilidade “familiar”.

    Soube que algumas noites atrás até mesmo a Becky, uma das suas melhores amigas foi rejeitada, então decidimos levar este caso da forma mais séria que nos fosse possível. Eu passei por um momento delicado como este, obviamente em circunstâncias diferentes e acabei hibernando por uns 50 anos por indicação da própria Eleonor. Será que está chegando o momento de ela também adotar tal procedimento?

    A cada noite que passa tenho mais certeza que alguns anos de hibernação podem fazer muito bem a minha adorada amiga, irmã, mãe e por vezes amante… (pensativo)

    Já conversei pessoalmente sobre isso com Franz e falaremos com ela hoje à noite mesmo, espero que ela entenda todas as consequências de seus atos. Além de tudo o que ela vai ter de enfrentar se continuar agindo desta forma. Inclusive cabe a mim julgar no lugar do barão e ainda estou pensando como ele agiria neste momento. Prisão, tortura, banimento? Não sei, a cabeça dele também estava conturbada nas últimas décadas e é possível que Franz e eu também fossemos punidos diante tudo isso.

  • Encontro com o mestre

    Encontro com o mestre

    Estacionei o carro e fui em direção ao centro da praça. Este, aliás, é um belo lugar para se passear as madrugadas. Vazio, ar fresco e praticamente nenhuma alma viva, ao menos aos moldes humanos. Seria inclusive um belo lugar para se deitar a grama e ficar um tempo observando as estrelas, constelações, galáxias…

    Sentado em um banco estava um velhote muito bem vestido de terno completo, chapéu e bengala. Com uma das mãos ele segurava um Tablet e com a outra ele manuseava incansavelmente seu bigode centenário. Concentrado, obviamente ele sabia da minha presença, mas isso não me privou de ficar por um tempo lhe observando.

    160 anos haviam se passado desde que o conhecia naquela madrugada de carnaval e ele estava ainda melhor. Mais elegante e forte, parecia que os anos só o deixam melhor. Pensei comigo…

    “Nostálgico hoje meu filho?”

    Eis que surge o pensamento telepático em minha mente e ao piscar os olhos não havia mais ninguém no banco da praça. No entanto, senti a energia de meu mestre vindo de outro lado e ao olhar para trás lá estava Georg sorrindo e indo em direção ao meu carro.

    – Vamos Ferdinand, temos muito o que conversar ainda hoje!

    O Barão e seu jeito excêntrico, mas que sempre tem tudo sob o seu controle.

    Voltamos para a fazenda e Georg foi me contado da viagem de volta. Novos tempos, muita tecnologia e os tais nanochips que revolucionaram tudo que havia antes do inicio de sua hibernação nos anos 60. Seis meses acordado e muitos teriam inveja de sua interação com tudo que existe de mais avançado na atualidade. Está certo que Sebastian o ajudou muito, porém sua mente sempre fora atemporal e avant garde.

    Sebastian, Franz, Eleonor, Julie, H2, Georg e eu. Todos reunidos naquela velha sala da casa grande. Joseph estaria feliz aqui hoje à noite, pensei comigo… Fora uma noite em que meus pensamentos vagavam por todos os cantos do globo, mas que foram interrompidos mais uma vez por Georg. Ele vinha do porão trazendo consigo um cálice de prata e foi logo iniciando o tão esperado ritual.

    – Meus filhos, apesar da inestimável perda de Joseph, nosso clã aumentou nos últimos anos. H2 trouxe sua fé e Julie seu sangue. Ambos não entraram neste clã ao acaso, h2 já era observado há muitos anos por Franz e Julie… Julie é alguém que tenho muito apreço, que surgiu em nosso clã depois daquela maldita guerra e me deixou feliz, ao aceitar meu convite. Independente de todos os laços afetivos que circundam suas cabeças, Gutta cavat lapidem¹ (risos), eu quero deixar implícito antes do festim que nós somos os Wulffdert e me sinto honrado em tê-los comigo.

    Sabe aquele discurso motivacional que você precisa ouvir em determinados momentos de sua vida? Georg o estava fazendo muito bem…

    – Apesar das revoluções tecnológicas e de comunicação deste século, tudo continua muito tranquilo. Nenhuma força nos ameaça, apesar da instabilidade econômica de alguns países, não há motivo eminente para nenhuma guerra humana ou Wampir. Sendo assim, eu irei cochilar por mais alguns anos como já havíamos conversado, lembram? Tá deu de encher o saco de vocês, é assim que se fala? (risos)

    Depois desse momento mais descontraído, nos concentramos novamente e ele iniciou o ritual. Algumas palavras em latim, algumas ervas mascadas maceradas dentro do cálice e um a um fomos despejando gotas de nosso sangue dentro do cálice. Tudo foi misturado a mais ou menos um copo de sangue de Georg e Franz foi o primeiro a beber, seguido por mim e todos os outros, sendo Georg quem consumiu o último gole.

    O que dizer das reações de tal ritual? Simples. Amizade, amor, carinho, respeito e confiança. Estes sentimentos e muitos outros afloraram ainda mais entre todos os presentes. Depois de 100 anos nossos laços haviam se renovado e mais uma vez o clã se sentiu unido na presença do mestre.

    Nas semanas que se seguiram tratamos da hibernação de Georg e para minha alegria Sebastian retomou o seu lugar ao meu lado. Julie e H2 andam mais receptivos que o normal, obviamente em função do ritual e finalmente eu pude sentar novamente em meu computador para retomar meus escritos.

    A nostalgia é importante de tempos em tempo. Por causa dela aprendemos a dar valor ao que temos e isso é importante para que a sanidade de nossos espíritos se mantenha intacta. Talvez algum dia meu companheiro demônio me domine, talvez algum dia eu o expulse. Porém o que importa mesmo é o equilíbrio entre o céu e o inferno, não é mesmo?

    ¹ Essa expressão em Latim, seria o equivalente ao ditado: “Água mole, pedra dura, tanto bate até que fura.”