Tag: instinto

  • Instinto – Final

    Olá amiguinhos das trevas e do mundo normal,

    Semana passada e essas as coisas ficaram meio ruim, muito trabalho. Tanto que nem pude ir no Elísio que havia sido remarcado para ontem.

    Em breve vou me dedicar mais ao meu hobbie de escritor, estive recebendo alguns comentários e tudo me leva a pensar que existe mesmo gente lendo o que eu escrevo. Irei mostrar também os meus dotes de desenhista além da fotografia. Portanto esperem uma versão em quadrinhos do Galego e do Doutor.

    Além disso quero mostrar aqui os meus mais sinceros agradecimentos ao meu amigo DOUTOR que muito me incentiva com seus contos macabros.

    E por falar em Doutor os deixo aqui com mais um conto do criatívo Doutor:

    Instinto – Parte Final

    Plim!.. Plim!… Plim!…”

    Á água escorria do corpo escultural de Alessandra enquanto ela saía do banho. O Doutor a observava com genuína admiração, seus instintos afiados de um autêntico predador morto-vivo lhe deram uma percepção de detalhes que um mortal jamais sonhara, de fato o Doutor sempre fora detalhista e meticuloso em tudo que fazia. Por esse motivo ele aguçou a visão ao observar a gotícula teimosa que pendia do mamilo esquerdo de Alessandra. A gota permanecia ali, enquanto ela, nua, penteava-se em frente ao espelho, o Doutor sabia que Alessandra precisaria de toda concentração para forçar sua imagem a aparecer no espelho, e sabia que para ela, estar bonita era tão importante quanto o que eles iriam fazer naquela noite. Houvera ocasiões que o Doutor reduzira Alessandra a um amontoado de carne rastejante e débil, e nessas ocasiões Alessandra implorara para morrer, mas de um modo geral o Doutor gostava de ver sua jovem criança bela como uma tigresa prestes a dar o bote, como gostava de compará-la.

    “Plim…!”

    A gotícula caiu no chão, tirando o Doutor de seu devaneio.

    _Já está pronta, minha menina? – Perguntou o Doutor, aproximando-se por trás de Alessandra, notando a pele de suas costas arrepiarem e pensando que era a mesma sensação que ele sentia toda vez que Hirma se aproximava dele. Uma mistura de pavor primal com amor verdadeiro e profundo. – Não podemos nos atrasar, você sabe que sou um homem educado. – Comentou ele de forma casual, tirando o pente das mãos de Alessandra, terminando ele mesmo de pentear os belos cabelos louros de sua aluna-amante. “Da cor da palha”. – Pensou.

    _Sim meu amor, eu sei que você não gosta de se atrasar, já estou terminando. – Disse Alessandra na defensiva, mas excitada com a proximidade que o Doutor permitia que acontecesse.

    Uma hora depois, para o desagrado do Doutor, eles estavam finalmente no Bairro de Fátima, novamente em Florianópolis, em frente à residência do homem que, a quatro dias atrás Alessandra deixara morto, com as braguilhas e a garganta aberta, dentro de um Palio Weekend, em um crime que chocara Florianópolis. O Doutor vestia-se em sua forma mais tradicional, calças sociais pretas, suspensórios vermelhos e camisa preta. Acompanhado de sua gravata borboleta vermelha que Alessandra insistira ser indigna de um homem como ele. Com seus óculos escuros de lentes arredondadas e um chapéu protegendo os cabelos ralos da chuva fina que caía já há alguns dias. Já Alessandra estava exuberante em um vestido preto e curto, e que casal formidável eram os dois.

    A porta se abriu, uma mulher de meia idade, os olhos inchados de tanto chorar abriu. Um sorriso triste brotou em seus lábios, e o Doutor saboreou profundamente aquela tristeza, seus instintos de predador estavam mais aguçados do que nunca, e prevendo a orgia de sangue que ele e Alessandra teriam com a esposa e os filhos de João Pedro, ele disse, com um sorriso lupino nos lábios:

    _Boa noite, minha querida…

  • Dias de trabalho… Instinto – Parte 2

    Salve povo,

    Então, ainda estou cheio de trabalhos, e segue a continuação da história do doutor:

    Instinto – Parte 2

    Mas que merda cara, olha o estado desse cara! – Disse Carlos Eduardo Guimarães, investigador da Polícia Civil de Florianópolis ao seu parceiro, Ricardo Augusto dos Santos. Investigador Carlos entrara para a polícia há cinco anos atrás, e nesse meio tempo viu a cidade em que nasceu mudar radicalmente. Ele já fora baleado duas vezes, uma em uma operação conjunta com a Polícia Militar, quando eles desbarataram uma quadrilha de assaltantes, outra quando estourou um cativeiro durante um seqüestro. Da mesma forma, Carlos fora responsável por mandar pelo menos quatro marginais para a cova, coisa que o policial, bem quisto e admirado por seus colegas, se orgulhava em dizer.

    Seu parceiro, Investigador Ricardo tinha quatro anos a mais na polícia, e era igualmente respeitado. Mas mesmo assim os dois policiais tiveram de conter o vômito, que subiu até boa parte da garganta, quando desciam pela ribanceira, após cruzar o cordão de isolamento da polícia, e se depararam com um corpo.

    Era o de um homem de meia idade, talvez quarenta anos, em forma apesar do inchaço. Ele estava com metade do corpo para dentro da água de um córrego sujo e fedorento, e a outra metade estava sobre a margem. Carlos conteve o asco quando, ao se aproximar notou que três grandes ratazanas se fartavam na carne em decomposição do pobre coitado. _Puta que pariu cara, olha o tamanho desses bichos! Parece um Rotweiller! – Comentou Ricardo com o parceiro, mas Carlos não conseguia falar, em todos esses anos de Polícia ele nunca vira uma coisa dessas, talvez se servisse em São Paulo ou no Rio de Janeiro ele fosse ver, mas em Floripa? Era decididamente algo que iria tirar o sono de Carlos por muitas noites. Logo de cara, Carlos viu a garganta aberta do sujeito, um corte fundo e feio, de um lado ao outro, mais um pouco e teriam decepado a cabeça do coitado. O mais chocante não era a garganta cortada, Carlos já tinha visto dezenas de gargantas cortadas, muitas delas com o sujeito ainda vivo, o que mais perturbou o policial foi a língua pendendo pelo corte, arroxeada e rija, dando um aspecto grotesco ao corpo, pois a língua projetava-se como um apêndice canceroso ou algo parecido. “O filho da puta se deu ao trabalho de fazer uma gravata colombiana…” – Pensou Carlos já desejando colocar as mãos no assassino e dar-lhe uma surra de fazer com que ele implorasse para morrer. Era errado, claro, mas Carlos não era politicamente correto, não aceitava propina nem suborno porque acreditava na missão sagrada da Polícia, e fazia questão de deixar seu lugar bem claro na sociedade, ele era o mocinho, nunca o bandido. Mas Carlos era famoso na corporação por adorar bater em vagabundo, as vezes ele se excedia, mas suas surras eram tão eficazes que os marginais se quer tinham coragem de denunciá-lo, por medo de apanharem novamente. Estupradores eram seu tipo preferido, Carlos odiava estupradores e dois dos quatro bandidos que ele “mandou para a cova” foram estupradores. Carlos batia com satisfação nesses caras, sempre pensando em sua amada esposa Elizabete e em seus três filhos pequenos.

    Mas nesse caso Carlos pensou não em sua esposa, mas sim nele mesmo. Ele pensou que quando chegasse a sua hora, ele queria que fosse em uma cama quente, com seus entes queridos velando por sua passagem, depois um funeral digno de um policial, com salva de tiros e com o delegado Fonseca falando coisas legais sobre ele, todos estariam tristes é claro, mas Carlos iria dessa para uma melhor com a sensação de dever cumprido. Essa era a forma correta de um homem morrer, e não com a garganta cortada por um vagabundo cruel e sádico que abandona seu corpo para ser devorado por ratazanas do tamanho de rotweillers.

    _O legista já está vindo? – Perguntou Carlos, subindo o barranco enlameado que dava acesso à margem do rio.