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  • Índios, vampiros e lobisomens – pt1

    Índios, vampiros e lobisomens – pt1

    Noutra noite me encontrei com Carlos, aquele mesmo lobisomem (licantropo) que já apareceu por aqui em outras histórias. Estávamos num daquelas tradicionais botecos junto de alguns outros conhecidos e dentre um papo e outro ele nos apresentou uma bela história. Seus relatos chamaram a atenção de todos os presentes, inclusive alguns humanos que lá estavam o estimularam a contar mais e mais. Portanto, como a história agradou e Carlos permitiu sua publicação, vamos iniciar mais um conto repleto de mistérios e “causos” por aqui.

    “We’re crazy, all fall down
    We’re crazy, all fall down
    Sure to me
    Sure to me”

    No exato momento em que ouvi esta história, veio a minha mente o refrão de Crazy love do Gruntruck. Música que na minha cabeça parece um mantra e envolve o ambiente, assim como os personagens e os rituais deste conto. Carlos é considerado um sujeito pacato, suas habilidades e experiências indicam que lhe convém ser o próximo alpha de sua tribo. No entanto, o que seria de sua vida se ele apenas ficasse sentado esperando o futuro cair em suas mãos?

    Gosto desse meu amigo peludo, pois ele é daqueles que não fica parado. Sentar para ler ou escrever como eu faço, é algo inconcebível para sua cabeça irrequieta e isso sempre lhe trás os dois lados da moeda. Certa vez ele fazia uma ronda próximo dos limites de sua tribo e se deparou com um índio. O tal homem seminu usava apenas uma tanga feita de folhas trançadas, possuía os pés descalços, muitas pinturas corporais e emanava uma energia diferente.

    Meu amigo ficou curioso a respeito do índio e resolveu lhe seguir. Ele sabia que tal humanoide não era apenas um humano e com a maior atenção de todas, ficou na sua cola por um longo trecho. Alguns minutos em meio a mata fechada feito um predador silencioso e lá estava o índio mirando algo, sua concentração não era abalada nem mesmo pelas várias picadas Birigui, um dos mais famosos e irritantes mosquitos daquela região amazônica.

    Sssslap foi-se a flecha mata adentro e certeira no pescoço da pobre capivara, que teve uma morte tranquila a beira do igarapé. Prontamente, o esguio se aproximou do animal e abocanhou suas entranhas, sugando o mais rápido que pode todo o sangue do animal. Diante de tal fato, Carlos percebeu que o tal índio era na verdade um vampiro, um nômade e talvez solitário que vagava pelas redondezas.

    – Fiquei admirado, sempre ouvi histórias de sanguessugas que eram nômades, mas nunca imaginei que pudesse encontrar um nas noites atuais… Tentei uma aproximação…

  • Efeitos da lua maior

    Efeitos da lua maior

    Parque Vila Velha – PR, 23h57 – A central de polícia recebeu um chamado diferente:
    – Gente, pelo amor de Deus ajuda… Meu colega levou uma mordida na perna de um dos nossos cachorros. Ele estava muito arisco e atacou, mandem uma ambulância, rápido…

    No mesmo instante alguns vampiros captaram a frequência, um chamado de alerta geral foi emitido e em poucos instantes os caçadores rumaram para o local. Todos estavam atentos, pois sabíamos que algo iria acontecer e então não foi difícil ter alguém pronto para agir.

    As 00h12 uma perseguição de carro se inicia na rodovia do café próxima a entrada do parque. No carro da frente dois vampiros que se direcionavam ao parque são perseguidor por um famoso caçador de recompensas chamado simplesmente de “H2”. H2 é famoso pela morte de vários peludos e vampiros e quase sempre possui informações privilegiadas por seus homens infiltrados nas várias sociedades secretas.

    Várias marcas de pneus pintam as longas retas da tranquila rodovia. Bem que os vampiros tentaram, mas são poucos os que conseguiram continuar vivos depois de um encontro com o maligno H2. Uma guinada para a direita, uma ultrapassagem e BOOM! O carro em que eles estão capota duas vezes e cai dentro de um lago. H2 então para o seu carro próximo da colisão, confere a gravidade dos problemas dos dois mortos-vivos e continua sua viagem. Ele sabe que o acidente não vai detê-los por muito tempo, mas qualquer vantagem nesse momento é vital para os seus planos.

    H2 continua a viagem com sua caminhonete preta e em poucos minutos chega à sede do parque. Os portões estavam abertos, ninguém guardava a guarita e bastou seguir em frente para ver ao longe a sede iluminada pelas luzes vermelhas da ambulância que socorria o pobre guarda. Ele estaciona próximo a uma capoeira, camufla o veículo e começa sua busca a pé. Neste momento o jogo havia virado e H2 estava sendo perseguido ao longe pelos dois vampiros.

    A chuva que caia escondia a maior lua dos olhos humanos, mesmo com sua extrema proximidade a luz não era suficiente e o ambiente estava escuro. No entanto H2 parecia não ter problemas, pois utiliza tecnologia de ponta que lhe permite ver ao longe como se estivesse de dia através de óculos especiais desenvolvidos pela CIA. Há quem diga que ele faça parte de um grupo especial bancado por várias ONG’s espalhadas pelo mundo, mas isso são apenas boatos e há quem diga inclusive que ele já foi um padre.

    Iniciava-se ali uma perseguição que com certeza iria causar problemas a uma das três partes envolvidas. Os vampiros pensaram inicialmente em acabar com a festa de H2 logo de início, mas resolveram deixá-lo atrair para si o peludo novato. Dessa forma eles poderiam conseguir dois troféus de uma só vez.

    Algumas horas se passaram e lá estava o peludo se contorcendo em uma moita enquanto ocorria sua primeira transformação em humano. Cabe aqui um detalhe importante sobre os lobisomens. O vírus que ativa o lado bestial desses seres pode ficar oculto nos genes dos animais e dos humanos e mesmo com o passar de várias gerações ele permanece adormecido esperando o momento certo para “avacalhar” com a vida de seu portador. Felizmente nos últimos séculos muitos foram caçados e mortos e é extremamente raro encontrá-los acordando fora de suas “matilhas”.

    H2 foi o primeiro a avistá-lo e preparou sua pistola tranquilizante. Mirou e disparou acertando certeiramente a barriga do pobre coitado que nos instantes seguintes adormeceu. Os vampiros iniciaram então seu ataque, um ao alto sobre as formações rochosas e o outro pela frente. H2 percebendo os seus inimigos esquivou-se para trás de uma árvore e escapou por pouco do primeiro golpe, mas não foi rápido o suficiente para se livrar do vampiro que se aproximava pelo alto e que caiu sobre ele. Com o impacto o óculos do caçador caiu ao chão junto de seu chapéu, deixando a mostra parte da suástica que ele possui tatuada na cabeça.

    Dois vampiros certamente acabariam facilmente com um humano, mas H2 não o era e quando eles menos esperam o forte caçador joga um deles contra uma árvore e perfura o peito do outro com uma faca que ele mantinha na cintura. O vampiro agonizou de dor, caiu ao chão e ficou se contorcendo, pois seu coração fora atingido.  H2 foi em direção do outro que ainda se levantava e com uma velocidade anormal cortou a garganta do outro sanguessuga que ainda se levantava.

    Com os seus inimigos incapacitados foi fácil pegar o peludo, um jovem pastor alemão de 1 ano e seguir viagem, obviamente indo em direção ao seu pagamento. Depois de algumas horas um dos vampiros conseguiu se recuperar, levou o seu parceiro para uma caverna e ficaram até hoje no começo da noite quando retornaram para a sua cidade e espalharam a história na rede. Obviamente alguns instantes mais tarde ela chegou até mim e aqui estou eu fazendo o meu papel de dedo duro… Afinal isso tem de servir de lição aos babacas novatos que querem bancar os heróis e nem ao menos conhecem um pouco a história de seus inimigos!

    Muitas ocorrências de ataques foram vistas na noite de ontem, mas nada publico ou que comprometesse o andamento normal da vida de todos.