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  • A Vingança de Rebecca – Parte IV

    A Vingança de Rebecca – Parte IV

    Quando recuperei a consciência. Continuava amarrada, porém estava sentada em uma cadeira de frente para um espelho. Quando minha visão normalizou-se e eu pude me ver, não consegui suportar e chorei desesperadamente. Eu estava horrível! Erner havia raspado meu cabelo, meus longos e escuros cabelos. Após aquela noite, fui mantida naquele lugar por vários anos, sofrendo as piores torturas, dores físicas e emocionais, sem ver o mundo lá fora. Em outros momentos, eu era forçada a estudar trancada na biblioteca, sobre assuntos que Erner me designava, em seguida, era mantida novamente na maldita sala de tortura enquanto ele saia para fazer coisas que não eram do meu conhecimento… Tive pouquíssimos momentos de paz e tréguas durante esse período.

    Ao ouvir que a porta estava sendo aberta, disfarcei e mantive meu olhar fixo para frente como se olhasse para o nada. Erner trazia sangue para alimentar-me.  Naquele momento, pensei em como eu o odiava, cada vez que se aproximava de mim tudo o que eu sentia era nojo. Eu havia me tornado uma pessoa seca. Que alimentava o ódio e tinha sede de vingança. Evitava olhar para mim mesma e me perguntava quando aquele inferno terminaria. Mas, com o tempo descobri que o vampirismo havia trazido consigo alguns dons e poderes…

    Quando meu corpo se recuperava das dores e dos hematomas eu sabia que seria torturada novamente, mas após tantas torturas na qual sofri, descobri que era capaz de fazer algo inimaginável. Descobri o meu primeiro dom, que aparentemente parecia algo comum, mas não em minha situação. Com isso, após tanto tempo negando-me a alimentar-me resolvi beber todo o sangue que havia sido trazido alegando que já não suportava mais as dores que sentia. Meu corpo recuperou-se logo e Erner iniciaria mais uma “sessão”. Concentrei-me para “me desligar”. Erner pensaria que eu havia desmaiado ou que já estava inconsciente, e foi quando senti que minha alma caminhava pela sala vendo meu corpo jogado no chão.

    Erner saiu e fechou a porta. Eu o segui até seu quarto, pois em estado de espírito percebi que conseguia atravessar as paredes. Ele abriu uma gaveta e pegou um diário que estava junto a livros de rituais, para fazer suas anotações. Vi que ele realmente não percebia minha presença, ou melhor, a presença do meu espírito. Então, aproximei-me e pude ver o que escrevia:

    Alemanha, 1955

    É estranho olhar para ela e não saber o que se passa em seus pensamentos. E isso não é bom. Eu errei, pois, pensei que fosse submissa, mas seu gênio é forte. Preciso me preparar, pois logo ela poderá perceber que já não a domino. Sei que já não a assusto… Preciso tomar uma atitude. Preciso livrar-me dela, antes do meu “grande momento”, poderei ficar fraco, e vejo que as torturas e surras que lhe dou não adiantam, pois ela aprendeu a controlar-se e dominar-se, ela logo descobrirá o que é capaz de fazer por conta do vampirismo, ai será tarde demais, não conseguirei forçá-la a ficar, mesmo depois que nos casamos, e apesar de desejá-la não posso mais mantê-la viva.”

    Deixei-o com suas anotações, já havia visto o suficiente, mesmo sem entender o que era esse tal de “grande momento”. Eu precisava fazer algo. Ele já não podia mais me controlar e eu estava decidida a me libertar e a vingar-me daquele maldito de uma vez por todas.

  • Justiça?

    Justiça?

    Continuando o caso policial: Sacrifícios diabólicos…

    Desta vez não foram encontradas marcas na criança, e se não fossem as marcas de esganadura em seu frágil pescoço, muitos diriam que ela estava apenas  dormindo o sono dos inocentes. Meu ex-cunhado estava puto da vida e quando me ligou para informar de mais esta morte, ele também me perguntou se eu podia prever novamente onde que o próximo assassinato poderia acontecer. Me senti inútil dizendo que havíamos dado sorte neste, todavia, ele não se desanimou e foi a fundo na vida dos pais macabros da criança morta.

    Confesso que esse tipo de situação, além de revoltante por envolver frágeis almas infantis, também instiga a minha eterna disposição ao aprendizado do ocultismo, ou como alguns chamam, magismo. Desde quando eu praticava alguns rituais com Suellen, a descoberta por novos rituais e feitiços atiça minha alma demoníaca e eu não poderia deixar de lado este caso. Qual era o feitiço que bloqueou minha entrada no quarto daquele casal? Por que a filhinha deles fora assassinada logo depois que eu a vi? Tantas perguntas e praticamente nenhuma resposta concisa…

    Duas noites haviam se passado e nenhuma novidade de qualquer parte. Julie estava ocupada, Franz também tinha algo por fazer e só restava minha cria Sebastian. Eu não podia ir sozinho, no entanto levar alguém sem experiência de briga como minha cria podia piorar as coisas. Apesar disso relutei e liguei para o meu querido professor nerd.

    – Boa noite professor, afim de uma boa briga hoje?

    – Herr di Vittore…

    – Hahaha fazia tempo que tu não me chamavas assim, mas e ai vamos dar uma de Indiana Jones esta noite?

    – Você sabe que prefiro “viajar” nos meus livros, a fazer algo pessoalmente. Porém, diga no que posso lhe ajudar meu senhor, você é meu mestre e lhe devo minha alma.

    Detesto quando Sebastian faz esse terror psicológico, mas às vezes eu sinto que preciso tirar um pouco a poeira de seus músculos…

    – Estás no lugar de sempre? Passo ai em 5 minutos, tudo bem?

    – ok ok herr di Vittore…

    Como eu já esperava, ele não demonstrou a mínima vontade para sair de sua rotina. Porém, como eu disse antes, eu precisava de alguém e nessas horas o negócio é por o manual de regras vampirescas embaixo do braço e ir atrás de quem pode te ajudar. Mesmo que seja preciso forçar um pouco a barra, como eu quase sempre faço com o preguiçoso Sebastian. Então para economizar tempo fui de moto e cerca de uns 6 minutos depois eu estava no estacionamento de uma das bibliotecas da cidade.

    Sendo a ligação entre senhor e cria algo extremamente poderoso, eu praticamente senti a presença de Sebastian logo que tirei o capacete e olhei melhor ao meu redor. Alguns passos depois e lá estava ele com seus óculos sem grau, sua camisa xadrez, barba por fazer e tudo mais que o pudesse disfarçar em meio aqueles acadêmicos.

    Cumprimentamos-nos rapidamente e depois de alguns minutos o convenci de ir para algum lugar, a fim de vermos as possibilidades com relação ao caso. Então, fui para casa, troquei de roupas, peguei o carro e cerca de 30 minutos depois estávamos voltando a casa onde toda esta investigação, ao menos para mim, havia iniciado.

    Antes mesmo de chegar ao local, vários carros da policia passaram por nós e como nunca fui de duvidar de minha intuição resolvi ligar para o delegado. Como o telefone tocou várias vezes e eu não tinha o contato de sua delegacia, eu apenas resolvi continuar nossa incursão. Já próximos do lugar, havia uma barreira policial e sim, os carros que passaram por nós faziam um cerco na tal casa, que visitamos outrora.

    Estacionei o carro a poucos metros do lugar, mas o meu telefone tocou em quanto pensávamos no que fazer. Era o irmão de Beth, contando que o tal pai da garota havia confessado o crime. Ele não resistiu e depois de ver as fotos de sua filhinha morta, disse que se arrependeu do que havia feito e que aquilo precisava parar. Dedurando em seguida todo o restante do grupo (culto).

    Confesso que para mim o crime contra crianças é algo imperdoável e eu queria muito por minhas presas no pescoço daquele infeliz. Me diga leitor, que justiça será feita apenas pondo tal assassino atrás das grades? Se ao menos esses marginais vagabundos trabalhassem ou fizessem algo de útil a sociedade… Humanos brasileiros e suas leis idiotas…