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  • Numa noite qualquer…

    Numa noite qualquer…

    Numa noite qualquer, daquelas que o tédio se sobressai, resolvi dar uma de minhas voltas sobre a luz da lua, e para não parecer poético demais, sobre a luz dos postes também… Era madrugada, e enquanto grande parte dos humanos se encontrava em sonos pesados lá estava eu, caçando confusão e bons pescocinhos para morder.

    A verdade é que me encontrava em uma daquelas fases “revolts” onde o desejo de arrancar a cabeça de alguém se torna mais forte. E sim, me sinto muuuuuito mais legal assim. Lorenzo que era um pouco devagar para me acompanhar, sabiamente preferiu ficar em casa. Naquela noite, não sai apenas para uma caminhada noturna. Eu queria fazer o mal. “-Mas Becky, você é uma vampira tão querida e gentil com todos, não acredito que faça maldades por ai.” Pois é, assim como muitos não acreditam em vampiros e nós estamos aqui! E… Não, meus queridinhos, vampiros não são bonzinhos, não brilham e não se alimentam de bichinhos na floresta. Essa piada já está velha, não está?E nós vampiras, nem de perto somos donzelas em perigo… Nós somos o perigo! (Imaginem minha risada sarcástica, enquanto escrevo isso!)

    Usava o habitual para a noite. Um vestido de veludo preto, botas over-the-knee e uma jaquetinha de couro bordô, a dica de usar vermelho para disfarçar o sangue é super válida! Meus cabelos soltos ao vento faziam movimentos em onda enquanto eu curtia um som da banda Oomph, Yes, my favorite band!. Dirigindo meu conversível novo em alta velocidade pelas amplas avenidas da cidade. Ao mesmo tempo, pensava em algumas questões, como sempre, meus pensamentos não param sequer um instante e viajam em ideias como um turbilhão. Mas, o momento não era propicio para isso e sim, eu deveria procurar me divertir um pouco, depois de tanto tempo cuidando de Lorenzo, de meus negócios e de problemas alheios nas quais eu não deveria me importar realmente.

    Parei o conversível em uma esquina qualquer, próximo a um dos meus lugares favoritos. Era noite de show, alguma banda cover pelo que percebi ao entrar. Havia uma grande quantidade de pessoas, no entanto, não havia sentido a presença de nenhum ser sobrenatural por lá. Enrolei, observando o lugar com uma bebida em mãos, que mal toquei nos lábios.

    – Quem será minha vitima esta noite… – falei baixinho.

    No entanto, acabei me misturando aos humanos que dançavam freneticamente, alguns podres de bêbados tinham o prazer de sentir o ardor de minha mordida discreta, seguida da tradicional “lambida” para cicatrização. Bem alimentada e após me divertir fazendo alguns humanos de marionetes, para treinar meus poderes de manipulação decidi que era hora de voltar. Mas eu não estava satisfeita… Ainda… Tudo estava muito tedioso de certa forma.

    Quando chegava onde havia estacionado meu carro, percebi uma movimentação estranha, uma mulher que provavelmente saia da festa, atravessava a rua caminhando apressada e logo quase correndo. Estava sendo seguida, ou melhor, perseguida por dois caras. Resolvi segui-los sorrateiramente para ver até onde tudo aquilo chegaria, essas situações parecem tão comuns em nosso caminho…  Destino? Acaso? Ou sempre atraímos confusão? Naquele momento eu desejava saber me transformar em névoa, ou mudar de forma, como Ferdinand, mas tinha meu “jeitinho” para não ser vista. Vi nos pensamentos dos caras, imagens obscenas, desejos sórdidos sobre aquela pobre coitada, que por que raios estavam na rua durante a madrugada, sozinha? As mulheres deveriam ter essa liberdade, mas não, elas não têm.  Mas, aquela era a minha chance de fazer o mal que tanto desejava para aquela noite, mesmo que ajudando uma senhorita em apuros.

    Os caras a encurralaram em uma esquina, jogando-a na escuridão de um beco, parecia até uma abordagem típica dos filmes. Fiquei assistindo eles tentando fazê-la ficar quieta, até deixá-los ouvir o barulho de meu salto naquela rua esburacada dos infernos, sabem bem como é andar de salto em um lugar desses, isso é difícil até para mim. Olharam para trás, viram apenas meu vulto desaparecer. Olharam para o lado, e sentiram o vento de minha passada rápida sobre suas costas. A mulher respirava ofegante, pensando em uma forma de escapar e ao mesmo tempo com medo do que estava acontecendo.  Esperei alguns segundos, quando os malditos se voltaram para a garota puxei os dois pela gola de suas camisas afastando-os e jogando-os em um monte de lixo.

    -Vá embora agora garota. A madrugada não é feita para moças indefesas… Vá!- Falei com os olhos cheios de malicia enquanto sem perder tempo, ela corria.

    Voltei-me para os caras ainda tontos, mas que se erguiam do chão:

    -Hey gostosões do bairro! Venham mexer com alguém da laia de vocês! – Falei me divertindo.

    Os caras investiram contra mim nervosos. Estufei o peito “como se ganhasse fôlego” e fui direto para o ataque, enquanto segurava um deles pelo pescoço preso à parede, mordia o outro até o sangue acabar em todo seu corpo. A beira de perder a consciência, aquele a quem segurava em minhas mãos, perdeu bons pedaços de seu corpo nojento, apenas pelo meu prazer de ver o sangue escorrer e, para poder lambê-lo em seguida. Não houve muito barulho, nem bagunça, só uma sujeirinha, na qual dei um jeito depois.  Mas, em certo ponto senti que perdia o controle e vi suas vidas se acabarem em minhas mãos de um jeito doentio. Passei alguns minutos observando meu feito, deixei-os ali, próximos as latas de lixo, virei às costas e voltei para casa sem olhar para trás….

    Numa outra noite qualquer…

    -Hey Becky, viu essa noticia? “Dois homens são brutalmente assassinados no bairro… Policia conclui que ação foi vingança do tráfico…”

    É, digamos que foi… Refleti sobre a palavra “vingança”. De quem? Do que, afinal?

  • É impressionante como eu nunca faço nada

    É impressionante como eu nunca faço nada

    É impressionante como eu nunca faço nada.
    É sempre a confusão que vem até aqui.
    Falo isso para o meu psiquiatra,
    Mas é claro, ele não entende….

    Estava eu naquelas minhas noites de desapego, sabe aquelas onde você sai mal arrumado, com cara de sono ou de poucos amigos? Pois bem, às vezes faço isso simplesmente para não ficar em “casa” e acumulando poeira. Claro que eu poderia fazer um milhão de outras coisas, mas colocar uma motoca na estrada, carregando uma mochila cheia traquinagens é sempre a melhor opção para mim.

    Parei num prostíbulo de estrada, aquelas casinhas com luz vermelha e que fazem a alegria dos caminhoneiros. Eu já tinha passado uma vez por aquelas bandas e até se engraçado com uma pequena. Uma mulatinha, nada demais, porém jeitosa e com uma boca carnuda, de dar inveja as gingas.

    Não, este relato não foi feito pelo Hector e tudo o que vocês precisam saber da minha “vida sexual” parou aqui. O negócio é que naquela noite qualquer eu estava de folga. Sem investigações ou terceiras intenções, apesar de estar sempre preparado… e odeio quando interrompido o meu barato, o meu momento pavão, ou como queiram chamar minhas saídas sem rumo.

    Gordo, barba por fazer, olhos castanhos escuros, cabelo comprido de um lado e raspado do outro, exibindo um brinco grande de prata. Cheirava a pólvora, mas o cheiro era suave. Provavelmente, tinha tomado um banho na estrada e com a água do caminhão.

    Chegou bancando o mothafucker, pediu uma garrafa de cachaça e sentou ao meu lado:

    – Cara eu tô fritando hoje!

    – Sei.

    – Cara eu tô muito loco!

    Silêncio.

    – Cara, cara… que foda!

    Silêncio.

    – Ca.…

    No quarto “cara” eu continuei em silêncio e virei de costas para ele.

    Cara me escuta aqui!

    Quando percebi que a mão dele foi-se sobre o meu ombro eu me movimentei rápido e ele quase caiu para frente. Ficou indignado, chamando a atenção, tá tô que dei um empurrão de leve para ele ir para trás.

    O barman, que também era o dono do lugar puxou uma Taurus de baixo do balcão e nos ameaçou:

    Vamo acabar com essa merda, ou não?

    Eu continuei na minha em silêncio, esperando a mulatinha aparecer é cara deu uma resmungada qualquer. Sentando-se depois em uma cadeira próxima.

    Fiquei na minha vendo TV, lambendo uns amendoins e jogando num copo vazio. Até que finalmente apareceu a bonitinha. Estava toda faceira de banho tomado, os seus cabelos cheiravam a algum xampu barato, mas o frescor de seu acordar era de dar inveja. Viu-me de longe, abriu um sorriso e foi se aproximando.

    Distraído pela garota, eu não percebi a aproximação do babaca, que interrompeu minha visão e chegou cheio de dedos. Ela fechou a cara naquele mesmo instante, tentou se esquivar do infeliz, mas foi agarrada por trás. Percebi que ela relutou o quanto pode até ficar presa sem chance.

    Olhei para o dono da espelunca que se ria e pensei comigo: “Nunca mexa com o meu gado”. Traduzindo, fiquei puto. Joguei os amendoins para trás do balcão e nos segundos em que o cara se distraiu eu agi muito rápido. Peguei uma bomba de gás da mochila, daquelas que mágicos usam, dei a coronhada no caminhoneiro e sai com a garota do lugar.

    Do lado de fora eu quase assumi meu lado bestial, vendo minha moto ao chão e a porra do caminhão quase em cima.

    – Respira Fe…

    – Não posso, minha querida! – Soltei sem pensar.

    Ela ficou me olhando preocupada e minha vontade era de ir atrás do infeliz ou passar com o próprio caminhão por sua cabeça, mas como a belezinha devia ser de uma empresa, atuaei despretensiosamente. Engatei um “ponto morto” aproveitei uma descida e dei um empurrão, longe dos olhos da moreninha. Ela ficou olhando, parecia tranquila e à medida que o caminhão ganhava velocidade, eu tratei de deixar a moto pronta para a viagem.

    A moto já estava ligada e eu ainda dava um “trato”, quando o dono da espelunca saiu porta a fora. Tossia muito, limpava os olhos. Tentou inclusive me ameaçar com palavras que não me lembro e alguns tiros para o alto. Neste tempo o caminhão caiu barranco abaixo, fez um barulho enorme, que chamou a atenção do barman e permitiu nossa fuga.

    Terminei aquela noite de volta ao meu refúgio, onde me deleitei nas curvas daquela menina.