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  • Uma amizade improvável – Penúltima parte.

    Uma amizade improvável – Penúltima parte.

    Sabe o que é a pior coisa do mundo? É você não ter ação sobre todas as coisas a sua volta! Eu me perdi no meu duelo com Alex e esqueci que ali em volta estava rolando o caos terrestre. Em tempos como este a nossa única ação é a instintiva, sabe aquela que você usa quando precisa de algo ou conseguir alcançar aquele objetivo tão almejado, era aquilo que eu sentia e era aquilo que eu buscava.

    Lutar com a espada definitivamente não era um desafio para mim, muito menos contra um inimigo como o Alex. Meu real desafio era assimilar tudo aquilo, enquanto eu lutava com ele e desviava de suas investidas, me lembrei que um golpe e pronto era meu fim e isso acarretaria algumas coisas na minha roda de vida, no meu clã.

    Quando tive a chance pulei o mais alto possível, não previ e não me ative a uma estatística certeira, apenas pulei e voltei ao chão como uma flecha, minha espada em mãos e foi dai que consegui acertar Alex, não lhe arranquei a cabeça, não lhe acertei o peito, apenas lhe arranquei o braço esquerdo e ele por si caiu no chão, aos gritos e foi dai que tudo parou, o clã dele não nos atacava mais, foram socorrer seu mestre enquanto eu era puxada por Steven ainda em sua forma bestial de lobisomem.

    Nosso pequeno atrito havia começado ali, mas terminar, seriam outros 500, por hora era assistir Alex ser levado por seus companheiros de clã e ouvir seus gritos de dor e vingança ecoarem noite a fora. Já eu senti que era hora de ir para casa, assim como todos os outros, me despedi de Joshua e agradeci a sua ajuda -Lili sempre que precisar! E caso queira se divertir, nosso bar e clã estarão sempre abertos para você!- dei um abraço e vi enquanto partiam dali com suas várias motos e o ronco forte que elas faziam em conjunto.

    Segui caminho junto dos meus queridos seres sobrenaturais, Daniel, Trevor e Steven, todos indo comigo até em casa após Steven liberar seus companheiros. Quando pisei no lugar vi que Kate não estava ali, não pareci surpresa, talvez ela tivesse medo e tenha fugido, não era novidade, era algo típico, sumir quando eu mais preciso.

    Deitei na cama após me despedir de Trevor e Daniel, estes voltariam para suas casas e algum dia em breve, nos veríamos de novo. Steven deitou ao meu lado e me abraçou, ele sabia que eu não estava bem, mas não se atreveu a falar, apenas ficou quieto e abraçado comigo. A noite passou e o Sol veio e ele teve que ir, precisava trabalhar e ver a sua casa, disse que voltaria e eu sei que voltaria.

    Olhar aquele lugar e tentar entender tudo o que havia se passado era difícil, eu protegi alguém que simplesmente sumiu enquanto eu estava lá fora brigando por ela também. De uma coisa eu tenho certeza, eu tenho um dedo muito podre pra escolher meus companheiros de relacionamento, talvez seja o carma da minha vida, não vida, vida de merda, como queira chamar.

    Sair a procura de sangue não iria me ajudar, sair a procura de putaria não iria me ajudar e sair a toa não iria me ajudar, talvez ficar em casa fosse o melhor remédio. Eu queria entender como uma pessoa que chega tão repentinamente pode acabar tão fácil com a gente? Ainda mais se ela bate no teu peito! Kate conseguiu, me fez de trouxa, roubou meu coração (que merda clichê) e foi embora como se eu tivesse lhe feito um favor e nada mais.

    Andei pela casa e fui até meu armário trocar de roupa, quem sabe tomar um banho, quando abro o armário me deparo com um bilhete, clássico de despedida:

    Lili por vezes tentei dizer a mim mesma para não abandonar você! Mas ficar com você apenas lhe traira problemas e perigos constantes! Você não merece isso… Sabe eu não queria ir embora, eu não queria ficar longe de você! Partir e não olhar para trás é difícil, você me deixou sem chão no momento que te vi! Sei que foi egoísmo meu pedir que fosse a luta por mim e está sendo egoísmo maior lhe deixar! Mas não eu não posso ficar, eu sei que você vai voltar bem, por é isso melhor ir embora e deixar você longe do perigo! Assim ele não virá atrás de você!

    Espero um dia te rever, pelo menos pra te abraçar novamente.

    Com carinho K.

    Kate, Kate, você me trazer problemas? Está sendo um tanto egocêntrica achando que tudo gira  torno de você! O buraco é muito mais baixo e ficou mais ainda agora que eu deixei o mestre deles maneta! Enfim oque eu vou fazer a não ser analisar esse bilhete tirado de uma passagem aérea velha minha…. Pera, passagem, quem escreve em um bagulho desse? Não pera, calma aí, vamos rever tudo, Kate não é daqui, e me falou por várias vezes como gosta de Londres… Ta na hora de fazer algo diferente quem sabe mudar minha rotina?! E quem sabe ela pare de jogar MMORPG, porque esse lance de deixar dicas é muito coisa de quem joga MMO online e vive nas quests do computador, no nosso caso era quest da vida! Ps: os bons nerds, geeks e afins entenderam! 😉

  • Sangue frio – Pt4

    Sangue frio – Pt4

    Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagem, após o…

    Desisti de ligar para ele naquele momento após umas dez tentativas. Eu estava entediada, e de certo modo também já preocupada com aquela criatura. Naquelas noites, fiquei na casa de Hector em busca de alguns contatos e estudando relatórios. Tínhamos tanto trabalho pela frente que não tive tempo para mais nada. Ele havia decidido visitar alguns locais e já se passavam três noites de sua saída. “Raios, será que morreu ou foi capturado ou isso é próprio de seu feitio?” – Pensei.  Meu celular toca. Ferdinand liga e já vou logo dizendo.

    – Ferdinand, sabe algo sobre Hector?  Não vim para cá para virar uma nerd e só ficar estudando relatórios. Sabes que odeio esperar por algo ou alguém.

    -Hey, boa noite pra você também. Eu não sei de nada não. O que houve?

    – Humm, estou nos nervos com essa demora, não que esteja preocupada com ele, claro. Mas já fazem três noites que aquele vampirata saiu, e até agora nem sinal.

    -Ah!Não se preocupe. Logo ele aparece. Deve estar em alto mar relembrando os velhos tempos, ou encontrou alguma pista importante…

    – Pode ser. Enfim, precisa de algo?

    – Na verdade, só queria notícias sobre as coisas por ai. Mas, vejo que está tudo bem… (risos) Além disso, Lilian e Carlos progrediram em suas buscas, um resultado não muito agradável, devido ao que descobriram. Acho que logo, precisarão do auxílio de vocês. Mas, veremos isso depois.  Também estarei aguardando notícias sobre aquela tarefa que pedi.

    – Sim, espero que Hector esteja trabalhando nisso.

    Falamos sobre mais alguns assuntos e logo desligamos o telefone. Naquele momento pensei em fazer uma caminhada noturna. Mas, estava confortavelmente jogada em cima da cama, cheia de papéis ao redor, com o notebook ligado, aninhada em uma manta e vestindo apenas uma camisola de seda preta.

    Ouço o barulho da porta abrindo. Hector chegou, me procurando foi até o quarto.  Cheirava a rum, ou alguma bebida do tipo.

    -Pela demora acho que encontrou algo.

    – Boa noite para você também Becky. Sim, encontrei. Estava me esperando? – Falou analisando a maneira em que eu estava.

    Revirei os olhos e disse:

    – Na verdade não. Só estava à vontade aqui sozinha e você é a segunda criatura que me diz “boa noite pra você também”. Enfim, o que encontrou?

    Hector se aproximou me deu um beijo inesperado, “o que é isso” pensei, e então disse:

    – Você vai ver logo, vampirinha mal humorada. Se arrume que vamos buscar esse tesouro juntos…

    Eu realmente estava mal humorada. Pelo menos Hector não havia me deixado de fora daquela diversão. Estacionamos o carro a umas duas quadras e seguimos a pé até o endereço. Então, aconteceu algo engraçado. Para entramos no local, achei melhor saber o que poderíamos encontrar pela frente e fiz uma das minhas pequenas viagens astrais, questão de segundos. Quando voltei, Hector estava de frente para mim, com as mãos nos meus ombros, me encarando com aqueles olhos negros bem de perto, fazendo caretas. Pisquei os olhos rapidamente:

    – O que foi? – Perguntei.

    – O que houve com você? Seus olhos brilharam como se estivesse…

    – Podemos entrar por uma janela aberta nos fundos, é pequena, mas, nós dois passamos. O alvo está sozinho em seu quarto igual a um internauta doente.

    Não precisei mais explicar, Hector conhecia essa habilidade, sorriu com seu jeito sarcástico e logo em seguida demonstrou ter compreendido. Entramos pela tal janela. Abordamos um cara magro, esguio e com olhos fundos. Estava sentando em frente ao computador com uma caneca de cerveja, vestia uma calça jeans podre e estava sem camisa. O maldito fedia. Em seu quarto, inúmeras fotos e materiais pornográficos, em seu computador imagens de meninas e contatos da internet. Confiscamos tudo.

    – Boa noite queridinho, está a fim de dar um passeio?

    – Para ele você dá boa noite?

    Disse Hector, soltando uma gargalhada demoníaca de fazer qualquer um arrepiar. Levamos o maldito que ainda no caminho, já entrou em desespero. Coitado nem imaginava o que faríamos com ele…

  • Servidão – pt2

    Servidão – pt2

    A alguns quilômetros do cemitério, em uma pequena cidade vizinha, o vampiro de origem egípcia Abdulah se encontrava deitado calmamente em sua cama, fumando um narguilé. Ao seu lado, dormia Maria de Assunção, sua esposa, os cabelos castanhos claros estendidos sobre o travesseiro, uma de suas mãos apoiada no peito de Abdulah, quê a acariciava de tempos em tempos…

    —Abdul… —sussurrou a moça, não mais quê um suspiro. O homem tragou um pouco mais do narguilé e o soltou em baforadas lentas, a fumaça lhe escapando dos lábios em pequenos círculos.

    —Sim? — Respondeu finalmente, os lânguidos olhos cor de mel admirando o corpo da esposa, uma ponta de desejo se formando em seu peito.

    — Por que não estás a dormir?—Maria se aproximou um pouco mais, deitando parte do corpo no peito de Abdulah, onde antes se encontrava sua mão. Tentou Puxar de leve o narguilé do mais velho, quê preguiçosamente puxou o corpo da moça para si, num abraço possessivo.

    —Tu me fez falta, mulher. —Comentou Abdul, um sorriso predador nos lábios.

    —É mesmo? Mas se fostes tu que me mandaste para a Europa, de forma a conciliar teus irmãos… —Maria sorriu, beijando de leve a face do esposo, ao mesmo tempo em que traçava círculos lentos no pescoço do mais velho, solene carícia. —Madame Scylla ligou, eu imagino… ou vai ligar, dependendo da hora.

    —Já ligou querida. Tenho de vê-la o mais rápido possível, ainda esta noite.

    Maria encostou os lábios no pescoço do egípcio, que soltou um leve suspiro, esticando o corpo, dando-lhe mais espaço.

    —Pois eu vou com você.  — Maria sorriu entre os beijos, os dedos se prendendo nos fios negros de Abdulah, que emitiu um som leve, parecido com o ronronar de um gato.

    —Não, não dessa vez. Tu ainda estás cansada da missão que eu vos encarreguei na Europa. Fique e descanse. —Respondeu-lhe o marido, ao mesmo tempo em que a beijava nos lábios, calculando lentamente quanto tempo teria para saborear a esposa, seu desejo contido a algumas semanas…

    —Mestre. Meu lugar é ao seu lado, e aonde tu fores eu irei, lhe servir de escudo… —Queixou-se a moça, interrompendo o beijo. Abdul a abraçou, ao mesmo tempo em que tentava se acalmar e não perder o controle.

    —Tu não és mais minha serva, Maria, tu bem o sabes…

    —Não, Abdulah. Eu sou ambos, tua serva e tua esposa. —Declarou firmemente Maria, os olhos verdes firmes a encarar o mais velho, que cerrou os lábios, irritado.

    Em menos de um segundo havia largado de todo o narguilé e puxado a moça para cima de si, fazendo pressão em uma certa área, os olhos cor de mel ficando um pouco vermelhos, os dentes a mostra:

    —Minha esposa, e minha serva? Tu existes solenemente para me servir? Pois bem, minha querida… — Cravou os dentes no pescoço da moça, que soltou um gemido, misto de dor e prazer.

    —Sirva-me da melhor forma que tu o podes fazer, e sacia os meus desejos…

    Mais tarde, Abdulah se encontrava na porta de casa, se preparando para sair. Ouviu passos leves atrás de si, e sorrindo preguiçosamente virou-se em direção a esposa:

    —Pensei que eu houvesse te cansado o bastante, de forma que tu não pudesses te mexer por algum tempo. Mas parece que me enganei.

    Maria, enrolada em um cardigã preto de seda, que deixava pouco a imaginação, curvou se no chão, a cabeça baixa, como fizera há tantos séculos atrás, ao jurar lhe sua lealdade:

    —Pois eu lhe disse mestre… Eu sou teu escudo, e aonde tu fores eu irei.

    Abdulah sentiu uma leve dor no peito. Esperava que um dia, Maria entendesse o quanto ela lhe era cara, amada. Que pudesse, principalmente, esquecer a forma como o egípcio a tratara no início, não mais que uma empregada a lhe servir na enorme casa que possuía, em Lisboa. Enquanto este dia não chegava, porém…

    —Me dê uma ordem, e ela será seguida. — sussurrou lhe Maria, os dentes a mostra, se preparando para a transformação.

    Abdulah passou as mãos pelo cabelo, incomodado. Com voz de comando, porém sibilou:

    —Te transformes em um corvo. Quero que fique junto a mim, durante a reunião com Madame Scylla, e que não faças um pio sequer. Nós discutiremos o que tu pensas a respeito da reunião depois, quando voltarmos.

    Maria se despiu do cardigã, ainda curvada, e se transformou em um corvo, pousando firmemente no braço de Abdulah.

    —Sim, mestre. — respondeu a moça mentalmente, os olhos negros a espreita, se preparando para o que viria a seguir…

  • A Revelação: a história de Rebecca – Final

    A Revelação: a história de Rebecca – Final

    Naquele instante, olhava para o chão e para todas aquelas folhas caídas e sentia as paredes girarem e as pernas amolecerem. Senti que aquele poderia ser meu momento final no mundo. Arrepios. Não haveria o que eu pudesse fazer ou planejar para me livrar daquele homem terrível e me livrar daquela prisão maldita. Thomas Erner, era o nome dele. Um demônio manipulador. Pensei no que faria naquele momento. Não adiantava ter medo. Não havia nada a perder. Eu precisava reagir. Precisava deixar aflorar os instintos que ele atribuiu a mim. Ele perguntou-me novamente, sem tirar os olhos do chão também:

    – Me diga senhorita Rebecca. Encontrou o que precisava? Responda-me!

    Ergui minha cabeça. E então disse:

    – Realmente, encontrei. Mas, me diga você, Senhor Thomas Erner quando pretenderia me contar toda a verdade? Quando falaria que é um psicopata que me seguiu a minha vida inteira? Me diga, porque eu  fui predestinada a estar aqui? Quero saber por que sou tão diferente a esse ponto? Você tirou tudo de mim e não vai nem ao menos dizer-me por quê? Se sou igual a você agora, é melhor parar de me tratar como se eu fosse um de seus alvos a quem influencia e manipula.

    Ele não olhava para mim enquanto falava. Parecia realmente furioso e sua voz parecia não sair dele mesmo. Eu estava decidida a não deixá-lo me manipular, ou me fazer sentir medo. Estava disposta a inverter o jogo. Ainda não sabia ao certo como, mas sabia que era preciso.

    Ele ergueu a cabeça lentamente.

    – Você não deveria ter entrado lá! Eu havia lhe avisado.

    Seus olhos estavam vermelhos, arregalados. A porta estava aberta. Ele havia feito de propósito! Sua face desfigurada como se fosse atacar. Eu permaneci parada, encarando-o, disposta a enfrentá-lo. Não sei de onde veio minha coragem naquele momento, mas não pestanejei. Então, ele caminhou até mim enquanto seu rosto voltava ao normal. Então, me beijou vagarosamente, atirou-me na cama com violência e tudo o que eu me lembro do resto daquela noite, foi que quebramos o quarto inteiro…

    Continua, quem sabe…

  • O Manipulador: a história de Rebecca – Parte II

    O Manipulador: a história de Rebecca – Parte II

    Acordei após um tempo, e embora de maneira lenta, semicerrei os olhos algumas vezes até recobrar a consciência. Estava em um ambiente totalmente diferente do que imaginava que iria acordar. Era um quarto grande e arejado. O sol ultrapassava as grandes cortinas feitas de cetim cor de pérola. E eu estava em uma cama, surpreendentemente aconchegante, com travesseiros feitos de plumas de ganso. Havia alguns móveis e uma poltrona, acredito que devido à tontura da qual ainda me encontrava, tive a impressão de que alguém estivesse sentado ali me observado. Mas não. Não havia nada. Nenhum som. Ninguém.

    Lembrei-me de Alice e de seus olhos. Aquela voz… Levantei, e para minha surpresa eu estava aparentemente bem, com minhas roupas limpas, sem nenhum ferimento. Seria tudo um pesadelo? Onde eu estava? Será que teria dormido por tanto tempo para estar totalmente curada? E… De quem era aquela casa? Caminhei até a porta e antes de abri-la, tentei escutar algo. Nada novamente. Então, decidi que era hora de sair dali, tudo estava muito quieto. Ao sair do quarto, deparei-me com um longo e escuro corredor. Fora do quarto parecia ser noite.

    Caminhei em direção a uma escada, desci e entrei em um ambiente que parecia uma sala de jantar. Então, finalmente alguém. Era uma senhora. Arrumava uma mesa enorme com talheres, pratos, taças e muita comida. Assustei-me quando ela percebeu minha presença, porém, ela não parecia surpresa. Pude então, ver seu rosto, claro como uma vela, e seus olhos negros como a noite. Seus cabelos desalinhados e brancos, e suas rugas mostravam-lhe certa idade, era exageradamente gorda. Então, com um sorriso pálido convidou-me para sentar e disse:

    – Minha querida sirva-se à vontade! Precisa estar bem alimentada. Se desejar, pode passar o restante do dia na biblioteca, na sala ao lado.

    Senti calafrios com aquela mulher que falava como se sua voz não saísse de si mesmo e que não me deu ao menos a chance de pedir maiores explicações, deixando-me sozinha. Então, percebi que realmente estava com muita fome e não acreditei que toda aquela mesa estava posta apenas para mim. Alimentei-me como se estivesse sem comer a dias. Em seguida, comecei a notar o quanto tudo era estranho naquela casa, e as lembranças em minha mente, faziam-me imaginar que talvez alguém tivesse me salvado. Mas, mesmo assim, me senti receosa, era meu sexto sentido, falando mais alto. Na biblioteca, encontrei folhas e tinteiro em uma estante, escrevi um recado em forma de agradecimento sem saber ao menos a quem escrevia, e mesmo que talvez estivesse sendo indelicada, decidi que era hora de ir embora.

    Havia portas e portas naquela casa, nenhuma estava aberta. Comecei a apavorar-me, estava trancada naquele lugar!

  • A bruxa sumiu – pt5

    A bruxa sumiu – pt5

    Helen possuía uma voz calma, tranquila, quase “chapada”. Sua idade, algo em torno de 30 e poucos não lhe pesava e confesso que me até me senti atraído por ela, afinal vocês sabem que tenho um fraco para bruxas loiras… Papo vai e vem, por alguns momentos eu até me perdi em mio as suas histórias ricas de detalhes, mas enfim depois de alguns minutos ela  tocou no assunto do desaparecimento de sua mãe.

    – Ferdinand, não é fácil para mim falar de mamãe, ela sempre me foi muito boa, tínhamos uma ótima relação e meu mundo virou do avesso quando ela sumiu. Na época os investigadores da policia procuraram em todos os lugares, vieram até mim com teorias loucas e até mesmo o minha casa e minhas intimidades foram reviradas por eles. Na sequencia disso eu ainda estava bastante abalada e ouve uma investigação por parte de alguns Regrados. Sabes que eles são extremamente loucos por regras e foi horrível  tudo o que eles me obrigaram a fazer. Passei uma semana inteira enclausurada numa sala escura e mal me davam água e comida. Portanto, ter de abrir essa conversa de novo contigo, depois de quase 10 anos é difícil, me entende?

    Nesse momento, o semblante dela havia se fechado, ela ainda não havia me falado nada sobre o dia fatídico, mas estava na cara que escondia algo importante…

    – Quando me lembro deles invadindo a reunião do nosso Coven, dos capuzes, dos tiros e todo aquele fogo…

    Depois dessas palavras ela desatou em lágrimas e tive pena dela e de quão ruim aquilo tudo havia acontecido para sua família. Tentei arrancar mais algumas palavras ou fatos, mas foi extremamente difícil. Comprei-lhe uma água e acabei oferecendo carona até a casa dela. Na minha cabeça eu queria apenas confortá-la e acabei dando um tiro certeiro. Ela Aceitou meu convite e fomos com meu carro para sua residência.

    Era um lugar afastado, longe do centro e bem arborizado, típico do interior e absolutamente tranquilo. Pelo que havia entendido ela morava sozinha e constatei isso ao chegarmos. Uma casinha bem amistosa, alguns gatos vieram ao nosso encontro quando chegamos e mesmo sendo tarde, próximo das 23h aceitei seu convite para entrar.

    Eu não deveria estar me envolvendo tanto com a vítima, mas havia algo a mais nela e isso excitava minha curiosidade vampiresca. Ficamos por algum tempo na sala e ela já havia desconfiado de meu lado sobrenatural. Claro que não saio dizendo para todos os ventos que sou vampiro, mas resolvi abrir o jogo com ela.

    Inicialmente ela ficou um pouco surpresa, mas depois me confidenciou que havia tido contato conosco por causa de sua mãe e até possuía um ou dois contatos no mundo dos vampiros e dos peludos. Isso abriu assunto para mais uma bela conversa que durou tempo suficiente para eu não ter mais como sair de sua casa antes do nascer do sol.

    – Pode passar o dia por aqui eu estou tão sozinha ultimamente, que um pouco de companhia irá até me fazer bem.

    “Quando a esmola é demais o santo desconfia”, não é isso que diz o ditado? Pois bem, não era minha ideia dormir na casa dela, mas resolvi dar pano para manga e deixar rolar o que tivesse que rolar. Ela bocejou a minha frente e disse:

    – Nosso papo foi tão bom, que nem vi o tempo passar. Queres que eu te apresente  oquarto de visitas ou já se apagou ao meu sofá?

    – Acho que uma cama iria fazer bem as minhas costas se não te importas…

    – Imagine, venha aqui…

    Segui-a até o quarto e estava tudo muito escuro, para minha surpresa não era um quarto mas sim uma escada que dava para um porão. Mesmo diante disso, deixei ela descer a frente e para minha surpresa havia no porão uma cama confortável, limpa e alguns livros jogados numa estante do canto.

    – Aqui é onde minha mãe costumava ficar quando me visitava. Por causa da idade ela estava com os olhos cansados e falava que aqui nesse breu se sentia mais confortável. Pode por tuas coisas no criado mudo. Eu vou tomar um banho e volto para ver se está confortável.

    Será que eu estava numa noite de sorte, será que eu deveria ser o santo desconfiado? Deixei-a ir para o banho e obviamente revirei todos os livros e coisas do lugar. Alguns deles falavam de história, outros eram apenas romances e um deles me chamou atenção. Capa de couro, folhas amareladas e algumas delas rasgadas. Dentre uma linha e outra percebi que era algum tipo de diário impresso, ou seja, a reprodução da vida de alguém. Contudo, o que me chamou muito a atenção essa uma passagem grifada:

    “…é invocado por magos ou exorcistas, pode os ensinar todas as línguas, encontrando prazer em ensinar expressões imorais, e tem o poder de fazer os espíritos da terra dançarem, assim como por inimigos em fuga usando seus animais ou abalos sísmicos.”

    Eu já havia visto essa descrição de Ágares na internet, mas ali havia mais, inclusive um ritual para invoca-lo. Algo complexo e que inclusive envolvia grande quantidade sangue humano. Mesmo com tudo o que já havia visto mundo a fora, aquilo me deixou perplexo e pensativo. Todavia, tive de parar meus pensamentos por algum tempo, Helen havia voltado e trajava uma bela lingerie preta. Percebi muitas tatuagens pequenas por todo o seu corpo torneado e mesmo com o hobby cobrindo as partes mais gostosas, percebi que não dormiria sozinho naquele dia chuvoso e frio de outono…