Tag: cassino

  • Cassino, garotas, drogas e o carnaval

    Cassino, garotas, drogas e o carnaval

    Ontem a noite eu estava sem fazer nada. Bem alimentado, sem problemas ou questões que precisassem da minha atenção, ou seja, vivendo aquele delicioso ócio criativo. Porém quando se é um Wampir (vampiro) os momentos de ócio duram pouco, principalmente quando velhos amigos resolvem reaparecer, como foi o caso do meu estimado Frederick, que ficou conhecido aqui no blog nas últimas noites como “Lord Frederick”.
    Frederick é uma figura que surgiu em minha não vida a mais ou menos uns 70 anos atrás, enquanto eu circulava pelo Rio de Janeiro, antes de minha hibernação nos anos 60. Este grande Wampir, cujo nome verdadeiro se perdeu ao longo dos tempos, é conhecido pelos quatro cantos do mundo e detentor de muitas façanhas honrosas. Apesar disso, o que vocês vão descobrir hoje e nas próximas linhas é o que eu mais gosto de fazer: contar nossas intimidades. Sim povo, este blog é para contar o que os Wampir fazem fora de suas rotinas de sangue, batalhas e o já famoso mundo sobrenatural…

    “Ferdinand, já que tu e o Franz estão passando uns tempo juntos, que tal barbarizarmos hoje como nos velhos tempos? Ich bin in der Nähe…”

    E este foi o sms enviado por Frederick que iniciou toda a nossa noite. Não lembro a hora que chegamos, mas ainda estou um tanto quanto entorpecido e por favor não levem este meu texto como um exemplo de minha escrita rss
    Lembram-se da ruivinha da camisa dos botões saltitantes do outro dia? Pois bem, ela virou digamos uma passatempo constante de meu amigo Franz e foi ela que o trouxe meu amigo em sua moto para nosso refúgio. É muito engraçado ver o meu irmão na garupa daquela bicicleta motoriza miniatura, porém como ele me diz: “As vezes é bom se sentir adolescente novamente mano”.
    Isso aconteceu próximo das 21 horas e logo que ele desceu e depois da minha piadinha sobre a moto, eu lhe informei sobre a sms de Frederick. As vezes ainda me impressiono com a eterna disponibilidade para festas de Franz e nesta noite a resposta para Frederick não seria outra se não, “ok, onde vamos?”.
    21:20 ouço algumas batidas na porta da garagem da casa do centro e antes mesmo de chegar próximo para abrí-la, senti a forte energia de algum ser sobrenatural. Olho por uma pequena fresta e lá estava Frederick trajando sua tradicional vestimenta. Calça social preta e camisa social na mesma cor.
    Depois de um longo abraço seguido de um esperado “esporo” por causa do blog, decidimos junto de Franz por ir até a cidade vizinha, onde Franz era amigo de um dono de casa noturna, vulgo prostíbulo. Essa casa era no alto de um pequeno morro e o acesso até a casa principal era feito somente por uma trilha pavimentada e em meio a uma pequena floresta particular.
    Até ai tudo bem, apesar do acesso inusitado, mas ao me deparar com a tal casa eu percebi por que era um dos lugares prediletos de Franz. O lugar era basicamente uma mansão com 3 andares, subsolo e uma piscina de borda infinita com vista para o centro da cidade. Não entramos pela entrada principal, mas sim por outro nos fundos lugar, na porta estava um segurança fortemente armado com uma “doze” e ao ver Franz ele apenas sinalizou com a cabeça e nos liberou a passagem. Como é bom ser vip, não?
    Essa entrada nos levou diretamente ao subsolo e depois de passar por mais duas portas com seguranças também muito bem armados, chegamos a um maravilhoso cassino. O cassino era algo de primeiro mundo, como dizem as pessoas aqui na América latina e como tal possuía, vários brinquedos que inclusive devem deixar muitos cassinos de Vegas no chinelo.
    Gastamos alguns poucos trocados, coisa de 2 ou 3 mil dólares cada um, testando nossa “sorte” e para alegria dos proprietários, chegamos a conclusão que estávamos para o amor e não para o jogo. Nesse sentido eu resolvi tomar a iniciativa e me atraquei com a doce morena, chamada Flávia que já estava há algum tempo no meu colo e querendo algo a mais.
    Ok certamente ao chegar nesse ponto da história alguém vai dizer, mas nossa nos últimos tempos o Ferdinand (Galego) só pensa/fala em orgias! Fique calmo(a) leitor(a), essa história terminará diferente das últimas…
    Então depois de aproveitar a piscina, curtir um bom som e confirmar toda minha masculinidade nas curvas daquela garota eu resolvi experimentar alguns psicotrópicos adquiridos ali mesmo pelo meu querido e eloqüente amigo Frederick. Como eu já comentei em outro post, algumas drogas de efeito mais intenso ainda nos fazem efeito e já que eu não tinha nada a perder, pois estamos mortos, mais uma vez eu me perdi em meio as alucinações de um bom LSD.
    Se o LSD era bom ou não isso só alguma entidade divina ou especialista poderia confirmar, mas o que importa é que me fez ver o mundo de uma forma bem inusitada por algumas horas. A água da piscina ficou fortemente azul escura, a cor das peles das pessoas incluindo a nossa estava em vários momentos vermelha e eu juro com todas as minhas forças que havia um cara de chapéu de palha me perseguido onde quer que eu fosse. Inclusive quando cheguei em casa eu acho que eu vi ele mais um última vez, onde me viu e deu um breve “tchau” acenado com a cabeça enquanto mascava um pouco de fumo de corda.
    Meu carnaval vai ser um pouco refletivo…
    Nota mental: Pensar duas vezes antes de sair com meus amigos/irmãos novamente.
    Nota mental 2: Evitar drogas ilícitas por algum tempo.
    Nota mental 3: Por que diabos um cara de chapéu de palha, meio caipira estava me perseguindo? Seria ele minha imaginação ou realmente havia alguém, tipo “anjo da guarda” me cuidando?

  • Boemia e vampiros na década de 40

    Boemia e vampiros na década de 40

    Sei que já faz algum tempo que não falo de minhas tantas histórias do passado, mas hoje eu vou contar sobre algo que ocorreu comigo no Brasil antes de eu hibernar. A data como sempre é algo que está em alguma esquina oculta de minha memória, apesar disso, provavelmente foi na década de 40. A cidade foi o Rio de Janeiro, local no qual eu não tive muita tranquilidade e que foi decisivo na minha ideia de dormir por alguns anos.

    Pois bem, era uma época ímpar, a época do alge dos ”malandros” que enchiam os bares todo final de tarde para tomar cerveja, namorar, trapacear e obviamente tocar Samba ou Bolero. Para quem não conhece esses ritmos, eles eram algo musical que deram origem ao pagode e a outros ritmos nacionais populares brasileiros de hoje. Inclusive acho que foram eles que originaram esse tal de Funk, que na minha opinião é um ritmo de gosto duvidoso.

    Então lá estava eu no verão do Rio de Janeiro, em plena praia de Copacabana próximo das 20 horas. Um local pacato apesar dos grandes prédios e hotéis como o Palace que já circundavam a região naquela época. Lembro-me como se fosse ontem do cheiro de vacas que vinha do estábulo do seu José Marques. Um português que vendia leite recém ordenhado e também de algumas pessoas que ainda circulavam pelas ruas em seus cavalos, afinal os carros ainda eram muito caros.

    Eu andava a pé em direção ao Cassino Atlântico, que inclusive foi fechado um pouco depois desse episódio em 1946. Vejo passar por mim um carro barulhento e dentro dele uma mulher e um mancebo. Percebi algo sobrenatural na mulher, mas nada muito forte e continuei minha caminhada.

    Ao chegar no estabelecimento, senti novamente aquela presença da tal mulher do carro. Dou umas voltas pelo local. Várias mesas, uma roleta, e claro várias salas com carteado. Nunca fui muito bom no carteado, mas o pôquer sempre me atrai e resolvi entrar em uma das saletas para algumas partidas.

    Fiquei um tempo entre os gracejos dos senhores e de suas damas de companhia. Ganhei algumas partidas, perdi outras e resolvi parar  depois de umas nove ou dez rodadas. Logo que sai da saleta eu sinto a presença e ao longe a tal mulher. Ela usava um vestido vermelho um pouco curto para a época, um salto alto e um chapéu branco decorado com penas pretas. Ao seu lado estava o tal mancebo que dirigia o carro barulhento. O tal cara era um figurão, vestia uma calça bege, chinelos e um blazer da mesma cor da calça, mas sem nada por baixo deixando a mostra o seu peito e barriga torneados e bronzeados. Ou seja um belo rapaz rico com uma meretriz?

    Ok os humanos até podiam pensar dessa forma, mas eu percebi ao vê-la de perto que era uma vampira nova. Como estava sem o seu tutor, acredito que estava nas suas primeiras caçadas sozinha ou em algum teste de habilidade.

    Aproximei-me e acenei com a cabeça quando passei por eles. Percebi que ela me cumprimentou um pouco desconfiada, mas continuei em direção ao salão principal. Já no salão resolvi brincar um pouco com os dados e não demorou para que uma meretriz se aproximasse. Neste dia eu estava bem barbeado e apresentável, usando uma calça preta, um sapato sem meias e uma camisa branca dessas que mostram um pouco do peito e mais soltas no qual eu não sei o nome.

    Logo de cara a moça ficou com a mão na minha cintura, percebi que ela queria algo a mais que minha carteira e dei a chance dela mostrar o seu serviço. Entre algumas caricias e afagos resolvi que a moça precisava de um pouco de afeto e lhe disse que ela podia me acompanhar pelo restante da noite. O engraçado é que esse tipo de mulher nem se importa com o meu toque gelado e algumas chegam até a achar que é charme e querem me aquecer.

    Entre chamegos e carícias me surge novamente a mulher de vermelho com seu mancebo que já estava bem alcoolizado, falando alto e cambaleando. Não demorou para que ele tropeçasse em algo e fosse ao chão. Como estava perto aproveitei para me aproximar, lhe ajudei a levantar e ir até o carro. Deixei minha companhia dentro do cassino e fui matar minha curiosidade, mesmo sabendo que isso poderia atrapalhar a caçada da vampirinha, afinal algo tinha me atraído nela.

    Já no carro a senhorita de vermelho me fala.

    – Obrigado, mas eu não sei como ir embora, pois não sei dirigir.

    Então eu circulo em volta do carro, vou em sua direção e próximo de seu ouvido sussurro algumas palavras:

    – Coitadinha da pobre dama indefesa que não sabe dirigir.

    De imediato pela aproximação ela percebeu que eu também era vampiro. Deu um passo para trás e com vergonha me diz com sotaque espanhol.

    – Desculpe ainda não sei reconhecer bem os nossos.

    E assim eu havia conhecido a Delcine, uma vampirinha novinha,  um cassino breve que tive e que mais tarde inclusive passou um tempo na Europa com minha irmã Eleonor. Até que ela era bonitinha e jeitosinha, mas era um tanto burrinha e alguns anos depois, enquanto eu já hibernava, ela foi assassinada por um caçador.

    Ahh sim o que fizemos depois que nos conhecemos no carro? Passamos algumas noites usufruindo dos luxos daquele seu mancebo. Uma das poucas e boas lembranças daquela época e daquele lugar.