Tag: coração

  • O totem desaparecido – Parte 6

    O totem desaparecido – Parte 6

    “Bang bang, he shot me down
    Bang bang, I hit the ground
    Bang bang, that awful sound
    Bang bang, my baby shot me down”

    Bang Bang – Nancy Sinatra

    Como em um dos filmes do Tarantino, naquelas intermináveis cenas do famoso olho no olho, estava eu diante uma trupe apavorante de metamorfos sedentos por meu sangue. Não sei se você meu caro mancebo já passou por uma situação similar, mas ao meu ver esse não é o tipo de evento em que se planeja estar e muito menos em que se permite o luxo de uma estratégia.

    Certamente, se tu já leste algum outro texto meu, sabes que tenho certa impaciência e quase sempre costumo agir por impulso. Mesmo diante tantos, tu ainda agiu desta forma Ferdinand? Pois então, o que você faria em meu lugar?

    Acordado repentinamente do que parecia ser um sonho, transformado no que eu chamo de forma demoníaca ou bestial e envolto por duas dezenas de Licans. Naquele instante não me restava alternativa além de arriscar. Então, em poucos segundos vi o primeiro a minha frente recebendo uma “garrada” de minha mão direita. Na sequencia outro ao seu lado recebendo um chute e entre tantos socos percebi enfim, que se tudo continuasse de tal forma, eu acabaria sucumbindo ao fim pela cimitarra afiada de meu ex-amigo…

    Todavia, há sempre aquele respiro final ou a tal luz no fim do túnel e quando estava literamente entrando em paranoia, Carlos se manifestou por telepatia: – Puta que pariu, meu amigo realmente achas que eu te trairia? Não te lembras de que temos um pacto de sangue e nem se eu quisesse poderia ir contra tua existência? Acalma-te!

    Como um estalo e diante de tal telepatia eu voltei à realidade, ao menos a realidade daquele mundo paralelo… A minha frente ainda se fazia presente a horda com os vários peludos, porém percebi que nenhum deles realmente apresentava ameaça. Na verdade todos apenas me observavam e os que tinham poderes mentais, deviam provavelmente estar rindo de minhas estratégias e pensamentos.

    Tudo isso deve ter durado poucos segundos e quando abri a boca para soltar algo, Carlos se manifesta novamente e agora para todos: – Ai está o sangue puro que eu comentei com todos vós… – Ao mesmo tempo ele passou rapidamente por entre seis ou oito que estavam a sua frente e continuou a apresentação. – Como ninguém aqui quer desperdiçar energia é melhor eu contar sobre o que todos nós fazemos aqui, não é mesmo meus irmãos?

    Diante tais palavras outro metamorfo que estava próximo a mim, aquele mesmo com aparência de pantera negra, completou as palavras de Carlos: – Ainda acho que deveríamos capturá-lo e tentar aproveitar ao menos uma parte dessa sua energia suja … – Confesso que ao ouvir tais palavras, certo calor instigou meu demônio interior a ponto de me deixar com muita vontade de dar uma boa surra no infeliz. No entanto, ao mesmo tempo em que eu pensava outro peludo com aparência parecida com a dele, porém comedidamente menor, interrompeu tal infortúnio.

    – Cala essa tua boca “bafo de rato”, estamos aqui para o resgate, deixe tuas opiniões idiotas para as tuas putas… – Para minha surpresa era uma garota, um tanto quanto xucra pensei comigo, mas uma garota e com forte sotaque inglês, muito semelhante ao tal babaca. Contudo, antes que aquilo pudesse virar uma festa de xingamentos, Carlos interrompeu os ânimos com mais algumas palavras. O detalhe é que tudo isto estava acontecendo por telepatia, aliás, toda a comunicação nesse plano e ocorrida até aquele momento havia acontecido desta forma.

    – Acalmem-se irmãos! Ferdinand, estes são Charlotte e Stuart, são irmãos e fazem parte da minha tribo. Chamei-os junto dos demais assim que conheci Apoema. – Apoema? Pensei comigo e tão logo o nome indígena foi pronunciado, percebo em meio a todos um Lican diferente, no qual nem tinha dado muita atenção antes. Ele possuía uma pelagem grisalha, seu tamanho não era muito significante próximo aos demais e a única coisa que o diferenciava, eram algumas penas vermelhas, verdes e azuis presas em um colar feito de couro entrelaçado e preso ao seu pescoço.

    Apoema  se aproxima de mim ignorando todos, inclusive Carlos que continuava falando e coloca sua mão direita sobre meu peito. Uma sensação de conforto, paz e tranquilidade toma conta de mim a ponto de me deixar eufórico. Tal sentimento me faz fechar os olhos e como mágica tudo fica no mais completo silêncio…

    Bang… Bang… Ouço novamente aquele som lindo vindo do meu peito…

  • Como os vampiros dormem?

    No ano de 1951 a vontade de ficar um tempo fora do mundo era tanta, que ter de esperar Eleonor acordar para ficar em meu lugar, não era uma opção. Infelizmente, era preciso esperar, pois era ela que cuidaria das coisas da família enquanto eu e os outros estivéssemos fora daqui.

    Era perto de abril quando meu tio e eu fomos para a “fazenda” da família, um local tido como refugio nas horas incertas e local das nossas “camas”. O local além de todas as proteções de praxe também possui proteção mágica, feita por um bruxo muito amigo do barão.

    Depois de muitas entre – salas chegamos a uma câmara escura, sem luzes, sem janelas e apenas com quatro tampas quadradas cheias de poeira por cima. Foi na terceira tampa que o barão se abaixou, soprou forte fazendo levantar a poeira que cobria um pequeno orifício no qual ele colocou o seu dedo indicador. Nunca vou esquecer do giro para esquerda, da puxada firme e do destravamento da tampa…

    Uma das paredes desceu como se fosse uma ponte elevadiça e a frente estava uma caixa grande o suficiente para caber uma pessoa dentro. O barão então me disse:

    – Chegou o momento do seu descanso meu filho, daqui 50 anos vamos nos ver novamente, caso isso não se realize saiba que continuo achando um erro tu ir para alí antes do combinado. De qualquer forma mantenho feita a promessa que te fiz… Trouxe as correntes que eu te pedi e aquela adaga?

    Meu foco no momento era o descanso, eu queria um pouco de paz depois de tantas mortes, sangue e situações pelo qual já tinha passado:

    – Sim meu senhor está tudo aqui!

    Abrimos a tampa do túmulo, e dentro havia apenas terra. Deitei-me em cima da terra e meu tio me amarrou com as correntes sobre alguns suportes da caixa. Depois de algumas palavras ele jogou uma espécie de pó branco sobre meus pés e cravou a faca em meu peito, certeiro no coração. Lembro apenas de alguns flashes, mas a dor não era tanta se comparada a de outros tipos de ferimento, sendo que o pior de tudo nem era isso e eu estava paralisado. Alguns minutos se passaram e fui sugado para dentro da terra… ficou tudo escuro… Dormi?

    Olá, quem são vocês?…

  • Sexo, drogas e Rock ‘n Roll

    Sexo, drogas e Rock ‘n Roll

    Certo dia depois de alguns meses como vampiro me surgiu uma dúvida. Cara e agora? não tenho mais sexo? Será que tudo morreu mesmo, inclusive o meu “mojo”. Será que se eu fumar um cigarrinho de maconha não vou mais ficar legalsinho?

    Foi então que neste mesmo dia eu fui me aconselhar com meu senhor. Que me respondeu com palavras sábias: “Se liga seu mané, é só tu te concentrar e reativar os batimentos do teu coração”. Desta forma didática eu aprendi que posso continuar com minha vida sexual ativa e da melhor forma possível.

    Com relação as drogas em geral, ( ilícitas ou não ) depende. Nessa mesma situação posso falar das doenças também. É assim, não morremos por doença, as únicas que realmente nos atingem são as de pele, muitos vampiros como o Zé, meu amigo nosferatu, tem diversas dessas e geralmente são transmitidas por seus senhores na hora do “abraço”. Com relação as drogas, cara, tem efeito sim, conheci uma vez um vampiro chamado Hector Santigo, um ex-pirata viciado em rum. Ele vivia meio capenga e caindo aheuhauehuae. Mas já vi outros usando outras drogas e deu efeito também. É só tu pensar as drogas agem no cérebro, portanto agem em qualquer um que tenha um…

    Uma coisa que eu sinto muita falta é comer, comida de verdade. Mas se faço isso vomito logo em seguida. Tudo tem seu preço.

    Ta afim de uma cerveja ai? Manda a minha com muito sangue…