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  • A hibernação de Eleonor – 1 de 2

    A hibernação de Eleonor – 1 de 2

    Este não é um texto normal daqueles no qual eu gosto de gerar expectativas e apreensões em vocês. Tampouco, um daqueles textos em eu encho de firula ou figuras de linguagem  afim de satisfazer aqueles que procuram algo a mais além dos livros, filmes e seriado humanos. Este é portanto um texto baseado em fatos e situações reais. Ocorreu no final da semana passada, uma data que ficará por um bom tempo em minha mente: 16/07/15, a noite em que minha linda morena decidiu hibernar por pelo menos 50 anos.

    Sendo extremamente honesto, não estou com o menor saco (paciência) para descrever todo o o procedimento aqui. Ainda estou um pouco abalado e padecendo dos efeitos de todo o processo. No entanto, é fundamental eu deixar gravado aqui e nos meus arquivos pessoais o momento exato em que Eleonor decidiu deixar esse mundo de lado por uns anos. Isso vai ser bom para mim e mais ainda para ela quando retornar. Mesmo por que eu preciso ser realista e quem sabe nem mesmo eu esteja aqui daqui 50 anos.

    Pois bem, estávamos sentados no gramado e a beira da cerca branca, aquela no qual ficam os recém-nascidos da fazenda. Nesse ano tivemos sorte e quase todas as fêmeas reproduziram, as vacas, os porcas, as ovelhas e até mesmo as cadelas. Com certeza foram os “pequenos saltitantes” que motivaram uma de nossas conversas, em meio àquela primeira noite de lua nova.

    – A vida se renova sempre e todas as gerações nos trazem aspectos do passado melhorados…

    – Não sei se essa é a teoria certa de Darwin, mas pode ser, minha querida!

    – Ai Fê, minha querida? Que deboche é esse?

    – Ahh ando tô em muitas cousas, inclusive escrevi lá no site sobre isso. Sobre o que está acontecendo contigo e comigo.

    – Eu sei que tu escreve lá frequentemente. É um bom passatempo humano, mas poxa tô aqui e temos tanto para conversar. Consegues focar o assunto aqui por favor?

    – Sabes que sou um pouco dispersivo nas conversas mas vamos lá então. E ai vais hibernar ou não.

    – Ahh para. Sabe que não é uma escolha fácil.

    – Eu sei que não, mas até quando vamos ficar nesse chove e não molha. Sabes que é complicado ter uma vampira Nômade no grupo.

    – Nômade? Hahaha de onde tirou isso? Estou me sentindo uma cigana…

    – Tirei daquele seriado Sons of Anarchy, sabe?

    – Ahn? Tá enfim, eu sei que não da pra ficar nessa Fê, mas relaxa, já tomei minha decisão.

    – E vai me enrolar até quando?

    – Eu quero hibernar!

    No momento em que ela pronunciou a palavra “hibernar”, senti um enorme vazio, meu corpo ficou adormecido e pareci que a mais dura das estacas havia perfurado meu coração duro e morto. Demorei para desenrolar os pensamentos, tanto que ela me “cutucou”.

    – Tá eu sei que não é do teu agrado mas , vai anda diz algo.

    – Olha para te ser bem honesto, não me imagino namorando ou tendo algo contigo de novo. Desbcobri depois da minha hibernação e com os estudo do mundo atual que cada um de nós é um ser completo e que não precisa da outra metade. Cousa bem diferente do eu fui no passado.

    – Para Fê, não me venha com os teus sermões filosóficos.

    – Não quero ir por esse lado, calma. Estou digerindo aqui essa situação. Tu estás comigo desde o inicio vou sentir falta de ti. Também não quero ser egoísta e vou tentar ser o mais objetivo possível…

    Fiz uma pausa, ponderei por mais alguns instantes e Eleonor me esperou.

    – Bom, vou me referir a situação como líder do nosso clã e te digo: ok, tens permissão para hibernar. Acredito que isso vai ser melhor para as tuas ideias e garantirá um ponto fraco a menos para o nosso clã. Inclusive já falei com os outros.

    – Não foi uma decisão fácil, sei que vou perder todas as mudanças atuais do mundo, mas como tu mesmo disse esses dias, o mundo atual está muito parado e estou sem objetivos para o momento.

    – Bom não vamos resumir isso. Volta lá para dentro e da mais uma pensada. Amanhã à noite resolvemos isso. Eu vou dar uma passada na cripta e deixar as cousas semi-prontas por lá. Como fizemos o procedimento com Georg a pouco tempo, vamos aproveitar algumas cousas e vai ser rápido contigo.

    Fiz a trilha que levava a cripta, um lugar de arbustos fechados e mata muito virgem. Fiz o ritual para achar a porta de entrada e cuidadosamente passei por todas as portas, fechaduras “armadilhas”, que levam ao salão principal.

    A nova iluminação funcionou muito bem e tratei de preparar a caixa de concreto que guardaria o corpo de Eleonor. Lubrifiquei algumas engrenagens, tive de usar um pouco da minha força sobrenatural e lá estava o túmulo, caixote ou como queira chamar. Um aparato com estrutura mista de concreto e aço e intensamente limpo. Como se tivesse sido limpo a poucos minutos.

    Tratei de encher com a terra que sobrou do ritual de Georg, por sorte foi o suficiente e fiz mais alguns procedimentos para adiantar o ritual de hibernação. Voltei para a sede da fazenda e não consegui dormir naquele dia. Na minha cabeça ocorreu um misto de ansiedade, com pensamento desconexos e ideias para o futuro. Inclusive liguei para Franz, que prontamente me atendeu e não quis bater muito papo. Não demonstrou muita afeição pela situação, mas também não quis entrar em detalhes. Preferiu uma saída a francesa, dando uma desculpa qualquer.

    Finalmente, depois de algumas horas anoiteceu novamente……..

  • A bruxa sumiu – pt11

    A bruxa sumiu – pt11

    Quando você lida com seitas, grupos, clubes, associações, ou como queira chamar determinados indivíduos, que se reúnem de uma forma mais organizada. Certamente, terá uma preocupação a menos: eles próprios vão fazer de tudo para ocultar os cadáveres de seus membros e quaisquer que forem os vestígios deixados durante o evento. Ainda mais por que quem deve, teme!

    Mesmo assim saímos do lugar tentando produzir o mínimo de rastros que nos fosse possível. Fechei a conta no hotel e saímos com o único objetivo de achar um refúgio seguro, lugar no qual encontramos em um cemitério afastado do centro da cidade. Não é de hoje que vampiros escolhem este ambiente para se esconder e todos sabem da ligação intima que temos com covas, caixões ou criptas. Isso não é lenda, basta pensar na tranquilidade e proteção contra o sol, que estes lugares podem proporcionar e longe dos medrosos olhos humanos.

    Montamos um modesto escritório em uma cripta de dois andares e ao final daquela noite revisei meus passos. Pensei em tudo que possivelmente deixei passar despercebido e relacionado à Helen ou sua mãe. Diante dos fatos, escrevi algumas palavras soltas em meu Tablet e resolvi trocar algumas mensagens com Pepe. Disse ela que Eliot não havia encontrado nenhum DNA compatível com aquele dos pelos, que coletamos nas mãos de Helen. No entanto, houve uma revelação interessante o DNA era de uma fêmea. Fato que me fez chamar Hector e H2 para uma reunião do tipo “brainstorming”. Tivemos muitas ideias, mas apenas uma foi definida como plano de ação diante os fatos apresentados.

    Na noite do dia seguinte nos dividimos e cada um teve uma missão. Hector ficou na cripta vigiando nossas cousas enquanto ha2 foi atrás de um terceiro suspeito da seita e eu fui novamente a casa de Helen. Chagando próximo do local estacionei o carro um pouco longe e fui novamente em forma de névoa investigar o lugar, que para minha surpresa estava com as luzes acesas e com aparentemente algumas pessoas dentro.

    Aproximei-me da janela e lá estavam Helen, uma mulher estranha e sua tia, a tal Marie-Arthur. “Vacas!” pensei comigo e apesar da indignação continuei a observação da janela. O lugar estava muito bem arrumado, elas riam e conversavam com a melhor disposição de todas, como se fosse alguma data especial ou comemoração. Neste instante liguei alguns fatos e ao que tudo indicava inclusive pela aparência da terceira mulher, ela provavelmente era a bruxa que sumiu e mãe da infeliz que me enganou.

    Entre tanto, minhas constatações foram interrompidas abruptamente por algo que nunca me ocorreu antes e é até difícil de explicar. Algum feitiço, magia ou efeito começou a sugar minha névoa para dentro da casa. Tentei de todas as formas possíveis desfazer minha magia para voltar a qualquer forma física, mas quando dei por mim estava dentro da casa numa espécie de forma espectral entre fantasma e lobo.

    Naquele momento eu estava paralisado pela magia das bruxas e apesar do constrangimento  e indignação de não poder fazer nada, observei tudo ao redor. A Sala estava com as luzes apagadas, os móveis estavam revirados e praticamente tudo estava igual à noite em que pensei ter encontrado o corpo de Helen no porão.

    Confiei de mais em minhas teorias, não prestei a atenção em todos os fatos e possibilidades, deixei-me levar por um belo par de pernas… Fui capturado pelas bruxas!

  • Como os vampiros dormem?

    No ano de 1951 a vontade de ficar um tempo fora do mundo era tanta, que ter de esperar Eleonor acordar para ficar em meu lugar, não era uma opção. Infelizmente, era preciso esperar, pois era ela que cuidaria das coisas da família enquanto eu e os outros estivéssemos fora daqui.

    Era perto de abril quando meu tio e eu fomos para a “fazenda” da família, um local tido como refugio nas horas incertas e local das nossas “camas”. O local além de todas as proteções de praxe também possui proteção mágica, feita por um bruxo muito amigo do barão.

    Depois de muitas entre – salas chegamos a uma câmara escura, sem luzes, sem janelas e apenas com quatro tampas quadradas cheias de poeira por cima. Foi na terceira tampa que o barão se abaixou, soprou forte fazendo levantar a poeira que cobria um pequeno orifício no qual ele colocou o seu dedo indicador. Nunca vou esquecer do giro para esquerda, da puxada firme e do destravamento da tampa…

    Uma das paredes desceu como se fosse uma ponte elevadiça e a frente estava uma caixa grande o suficiente para caber uma pessoa dentro. O barão então me disse:

    – Chegou o momento do seu descanso meu filho, daqui 50 anos vamos nos ver novamente, caso isso não se realize saiba que continuo achando um erro tu ir para alí antes do combinado. De qualquer forma mantenho feita a promessa que te fiz… Trouxe as correntes que eu te pedi e aquela adaga?

    Meu foco no momento era o descanso, eu queria um pouco de paz depois de tantas mortes, sangue e situações pelo qual já tinha passado:

    – Sim meu senhor está tudo aqui!

    Abrimos a tampa do túmulo, e dentro havia apenas terra. Deitei-me em cima da terra e meu tio me amarrou com as correntes sobre alguns suportes da caixa. Depois de algumas palavras ele jogou uma espécie de pó branco sobre meus pés e cravou a faca em meu peito, certeiro no coração. Lembro apenas de alguns flashes, mas a dor não era tanta se comparada a de outros tipos de ferimento, sendo que o pior de tudo nem era isso e eu estava paralisado. Alguns minutos se passaram e fui sugado para dentro da terra… ficou tudo escuro… Dormi?

    Olá, quem são vocês?…