Tag: ilusão

  • A bruxa sumiu – pt12

    A bruxa sumiu – pt12

    Uma delas me imobilizou, outra desfez minha transformação e a última me nocauteou. Acordei no porão, sobre aquela mesma cama no qual Helen havia satisfeito minhas necessidades sexualmente profanas.

    Uma forte dor de cabeça, misturada com a sensação de vertigem confundiam minha cabeça, a ponto de eu perder completamente a noção do tempo. Além disso, a maldita sensação de fome tomava conta dos meus pensamentos. Indicando que para eu melhorar seria necessárias pelo menos umas duas bolsas de sangue ou dois humanos saudáveis.

    Sentei-me e em seguida levantei. Percebi barulhos no andar térreo e alguns raios de luz vindos por de baixo da porta no alto da escadaria. Subi as escadas e com o ranger da madeira, os barulhos cessaram… Fui surpreendido pela rápida abertura da porta e por um maldito vento que me jogou escadas a baixo.

    Desnorteado, tentei de recompor e assim que voltei à realidade percebi a presença do mesmo lobisomem da outra noite no alto das escadas. Também havia mais alguém no porão, mas provavelmente estava invisível ou ainda pior, podia ser algum demônio sedento de ódio ou sabe-se lá o que mais. Aguardei.

    – Fica quietinho ai se não meus amigos vão purificar tua alma. – Disse a tal peluda no alto.

    Pela voz tive a impressão de ser Helen, mas meus olhos mostravam apenas um vulto negro, disforme e intrigante. Eu sabia que se caso não me alimentasse eu liberaria o diabo dentro de mim, mas mesmo assim aguardei afinal Hector e H2 deveriam estar planejamento meu resgate.

    Depois que o vulto falou comigo ele(a) fechou a porta e a presença lupina foi-se junto. Fiquei por alguns segundos pensando no que fazer, até que a presença do porão se revelou:

    – Como é que tu vai atrás dos diabinhos e não me chama babe…

    Julie apareceu sentada no colchão. Trajava um belo sobretudo, calça legging, botas até o joelho e um espartilho de causar inveja as putas da rua Augusta. Estava para matar, literalmente!

    – Hector me chamou, disse que tu não me querias aqui, mas desconsiderei teu último “bolo” e vim dar uma focinha. Pelo visto cheguei em boa hora? Venha Fê, beba um pouco do meu sangue.

    Mesmo sabendo que teria alguns problemas eu não resisti à oferta e me atraquei naquele belo pescoço gelado, de carne dura e cheio de sangue. Alimentei-me apenas do suficiente para recompor minhas energias, limpei a boca e comentei.

    – Ah sabes como minha “vida” é corrida babe, veja onde estou agora. Suponho que tenhas montado algum plano junto de Hector e H2?

    – Claro que sim, mas primeiro precisamos sair daqui de baixo. Faz três noites que está aqui, tens noção disso? Suponho que não… Vá até aquele canto que eu preciso fazer uma coisinha.

    Fiquei puto ao saber que estava há tanto tempo naquele maldito porão e tudo o que eu queria naquela noite era o sangue daquelas vadias na minha boca. Já não me importava mais com os motivos de tudo e até repensei se deveria continuar o projeto com Hector. Apesar de minha indignação aguardei o ritual de Julie e depois de algumas palavras, gestos e algumas folhas que ela mastigou, o lugar começou a se estremecer. A escuridão completa tomou conta de nós até que a porta do alto da escadaria finalmente se abriu.

    Senti Julie puxar meu braço esquerdo, senti as escadas sob meus pés e depois de alguns lances estávamos novamente na superfície. Tudo ainda estava muito escuro, no entanto já era possível ver as linhas entorno dos objetos. Julie ao meu lado e mais dois outros seres ao nosso redor. Um deles era o tal lobisomem, que parecia estar perdido e o outro alguém que estava simplesmente parado, talvez conjurando algo.

    Confesso que estava ficando aflito quando abruptamente as sombras se desfizeram e pude ver o que realmente estava acontecendo. A minha frente estava Marie-Arthur, ao seu lado Helen na forma intermediária entre Lobisomem e humano e ao invés de Julie, a tal bruxa que sumiu agora apertava meu braço com toda a força que podia.

    Marie-Arthur realmente conjurava algo e assim quem as sombras se desfizeram jogou aquilo sobre mim. Novamente fui paralisado, a bruxa que sumiu me sentou no sofá e mais uma vez tive aguardar (puto da vida), a continuidade do que parecia ser o pior jogo no qual alguém  havia me submetido…

  • A magia e os vampiros – pt7

    A magia e os vampiros – pt7

    Barulhos de todos os tipos atingiam meus sentidos aguçados. Pedaços de madeiras, telhas, pregos, louças… Todos caiam sobre mim e alguns inclusive machucavam a ponto de fazer sangrar minha pele, que naquele instante estava mais grossa e recoberta por longos pelos, devido à transformação bestial. Durante esta metamorfose os pensamentos se tornam vagos e dispersos, como se estivéssemos em um sonho controlável, mas extremamente focado naquilo que queríamos antes de nos transformar.

    Meu objetivo era única e exclusivamente aniquilar aqueles dois peludos safados, que haviam nos sequestrado e atacado. Todavia, uma briga que envolva lupinos e magos nunca é algo linear e que siga uma sequencia lógica. Tanto que ao ser atingido pelos primeiros raios de sol, não aconteceu nada comigo, foi ali que alguns pensamentos relacionados aos ilusionistas vieram a minha mente.

    Escombros por todos os lados, mais tremores e de repente somos envoltos por uma densa e escura névoa negra, que silenciou absolutamente tudo, estabilizou os tremores e também bloqueou minha visão por completo. Naquele instante eu não sabia se ainda estava transformado ou se já havia voltado a minha forma humana, mas naquele momento eu descido ser menos agressivo e iniciei o ritual para transformação em névoa. Afinal, nesta forma eu pelo menos não seria atingido por armas físicas.

    Alguns minutos se passaram, eu achava que já havia me transformado e me locomovi sempre à frente, pois na minha cabeça em algum momento aquela nuvem negra iria ter fim. Perdi mais algum tempo nesta movimentação em câmera lenta, até que em fim e gradualmente voltei a ouvir alguns sons. Seguidos por raios de sol, que também não me machucaram e finalmente encontrei uma clareira em meio aquele lúgubre caos. Minha transformação em névoa não havia funcionado e ainda na forma bestial eu procurei pelos outros.

    Como faz pouco tempo que isto ocorreu eu ainda me sinto empolgado ao contar, o fato de que Hadrian deu uma bela surra nos dois peludos. Ele estava com o olhar diferente, parecia mais ofensivo e seus olhos estavam escuros tais quais as nuvens negras ao seu redor. Eram elas, aliás, que haviam bloqueado minha visão anteriormente, mas o que eu achei mais interessante e aterrorizador deste seu poder era o fato dele conseguir manipular graciosamente as sombras. Eu possuía conhecimento deste poder e já havia sido atacado por detentores deste dom antes, mas no caso de Hadrian era diferente, como se ele tivesse uma espécie de armadura de sombras ao redor de todo seu corpo. Algo espesso, denso ou palpável como cinzas de alguma cousa que fora queimada.

    E foi bonito ver os dois apanhando, sendo jogados de um lado para o outro, até que finalmente o velho foi o primeiro a cair inerte e esgotado, como o pobre do Sebastian anteriormente. Situação, aliás, que comprometera seus feitiços e desfez o lugar onde estávamos. O barraco, os raios de sol e até mesmo o campo ao nosso redor eram na verdade um galpão maior, típico de algumas fábricas abandonadas daquela região. Ainda era noite e o poder de ilusão deles era tão forte que fomos enganados por Claire desde o momento em que ela nos encontrou.

    Na sequência Claire baixou a guarda, tão logo percebera que seu pai havia sucumbido diante Hadrian. Ela na verdade parou tudo o que fazia e foi desesperadamente ao encontro do velho. Eu que ainda estava na forma de lobo gigante fui desfazendo minha transformação e percebi que Hadrian fazia o mesmo. Não vi Sebastian de inicio, mas ao procurar melhorar por ele, o vi sentado no chão e encostado a uma parede se recuperando.

    Feitiços desfeitos, olhei para Hadrian, que me sinalizou com a cabeça e nos aproximamos com cuidado dos dois peludos. O velho estava ofegante e com muitas escoriações, parecia que a famosa regeneração lupina não estava funcionando nele.

    – Ele usou todas as suas energias nesse teatro, era nossa segunda opção caso o Hadrian não quisesse ir pacificamente conosco. – Nos disse Claire, visivelmente abalada e prestes a chorar.

    – “Cof cof cof…” Estão vendo por que “cof”… Hadrian precisa ir conosco…

    Nesse momento Hadrian se aproximou do velho e interrompeu sua tosse ensanguentada com mais um de seus feitiços. Ele pôs a mão direita no peito do velho, murmurou algumas cousas em uma língua desconhecida para mim, depois mordeu um de seus dedos e despejou algumas gotas de seu próprio sangue na boca do moribundo. Este deu mais algumas tossidas, mas aparentava se recuperar mais rapidamente. O mago fez o mesmo com Sebastian e na sequencia veio a mim perguntando se também queria um gole, mas sorrindo recusei a proposta indecorosa.

    Sei que vai parecer estranho para alguns de vocês, mas depois de tudo isso e de quase nos matarmos, finalmente aconteceu uma conversa decente. Onde Hadrian pôde expor suas intenções e manifestar o seu direito de ir e vir como e quando quisesse. Na verdade ele acertou de viajar com os dois para conhecer a tal Labraid Lámh Dhearg e nós voltamos as nossas rotinas,  tendo como sempre mais uma história para vos contar…

  • Ilusão

    Ilusão

    Poema enviado pela Rafizia, onde ela comenta em seu e-mail: “…Acho que ele fala de ilusão (não amorosa, mas em coisas irreais nas quais preferimos acreditar)”.

    Vivemos do sonhar, do não despertar
    Tentando nele, o impossível alcançar

    Todos os dias meus sonhos me aprisionam
    Tento fugir, mas meus pesadelos jamais me abandonam
    Porque se tornam o meu refúgio, o meu abrigo
    O adormecer passa a ser o meu melhor amigo

    Para que mergulhar,
    Se afogar na ilusão?
    Para que querer não acordar
    E para que tentar se manter na escuridão?

    Volte para a realidade
    Antes que seja tarde
    Procure, tateie pela verdade
    Não se torne escravo da irrealidade

    No fundo, este não é o nosso desejo
    Perder-me em meus pensamentos é o que almejo
    Minha mente já obedece meu coração
    Que prega a emoção e descarta a razão.

    Eu aceitei ,minha condenação
    Mas quando acordo, reconsidero essa decisão
    Porque quero o conhecimento
    E por causa dele estou ferindo meus imaginários pensamentos

    No fim das contas, quero acordar do mundo que não existe
    Abandonar o sonho que ainda insiste
    Em tentar curar
    Os problemas que não posso sanar

  • Foi a vez da caça! Parte 2

    Foi a vez da caça! Parte 2

    Por que ele está me olhando?
    Por que ainda não virou a besta no qual eles sempre se transformam?
    Ele tem cheiro de peludo, mas não parece um?

    Tantos porquês em tão poucos segundos… Se não fosse minha velocidade avantajada acredito que eu seria uma presa fácil por ficar tanto tempo pensando antes de agir de verdade.

    Em meio a tantos questionamentos a sobrevivência sempre fala mais alto. Então saquei as duas pistolas e rolei para cômodo a frente, enquanto via a criatura correr escada a cima em direção ao segundo andar. O bom é que ele correu na velocidade normal de um humano e isso me deixou um pouco mais tranqüilo.

    O cheiro de lupino sempre incomoda e alguns vampiros mais sensíveis até ficam atordoados, mas esse não é o meu caso. O meu ódio por eles é tão grande que meu demônio até se sente excitado com o maldito odor satânico exalado por suas glândulas.

    Subi então as escadas e para o meu azar lá estava a fera encarnada, com seu lado canino bestial aflorado. Agora o olhar dele era diferente, o fedor de carne podre misturado com o suor havia aumentado e parecia que aguardava minha iniciativa. Nos poucos segundos conseqüentes minhas pistolas automáticas fuzilaram o corpo do infeliz.

    Acontece que para minha surpresa as balas atravessaram o seu corpo e redecoraram a parede as suas costas. Nesse momento outros porquês vieram a minha mente e antes que eu pudesse emitir alguma outra ação eu sinto a dor e o calor de um tiro de escopeta em minha perda direita. Isso me faz cair vendo ao longe e por trás da ilusão o maldito cara do sofá.

    Nessas horas costumo dizer que o meu demônio assume e é ele que guia a nossa salvação. Os meus caninos afloraram e como um animal feroz que fora cutucado saltei em uma das paredes agarrando o reboco como se fosse um pedaço espuma. Enquanto ele atirava novamente e errava eu saltei para o chão e de lá saltei em sua direção. Com o peso do meu corpo lhe derrubei e tentei morde-lo mas não consegui, pois ele segurou minha boca com a arma. Rolamos então para perto de uma cama e lá eu consegui segura-lo… Maldito magista, achou que iria me enganar com a ilusão daquele peludo? E lhe dei um tapa corretivo com as costas da mão…
    Ele cuspiu sangue em mim e antes que pronunciasse algo a sede me consumiu e lhe dei a morte final como presente, pois merecia ao menos um pouco de sofrimento por tudo que havia aprontado.

    Tantos barulhos chamaram atenção da vizinhança e não tive outra escolha senão a de por fogo no local para eliminar tanta sujeira. Por causa do tiro que havia levado eu me aproximei meio manco de uma das janelas que dava para frente da casa e percebi três ou quatro indivíduos. Sendo que um deles já estava com o telefone no ouvido, falando provavelmente com a policia.

    Essa era minha hora de ir ou os problemas aumentariam. Pulei então para o quintal e pelos fundos das casas cheguei até o terreno que havia deixado a moto. Lá eu rasguei minha camiseta e com ela estanquei um pouco o sangue da perna para logo em seguida voltar para o meu lar doce lar.

    Obviamente a festinha me gerou alguns problemas. A Beth limpou e cuidou do ferimento, mas a minha regeneração fez o trabalho que precisava para que em um dia eu voltasse ao normal. Mesmo assim ela ficou brava e passou os próximos dois dias na casa de uma amiga.

    Alem disso, meu cunhado me ligou puto um dia desses:
    – Cara não sei o que houve lá, mas eu to me fudendo. Os caras tão querendo investigar o sangue que foi achado fora da casa. A mana me disse que tu foi ferido, porra veio que que eu faço?
    – Relaxa se forem analisar o sangue Irão ver que é o sangue daquele babaca… Eu fiz besteira, sei que não devia ter usado as pistolas, mas o cara não era um humano normal e uma outra hora te falo o que houve…
    – Véio vou resolver esses teus pepino depois te mando a conta, pelo menos a mulher e o guri se livraram daquele traste.

    E ele desligou na minha cara, nada como um pouco de amor familiar para se resolver as questões mais cabeludas.

    O que eu aprendi? Bom, vou ficar um tempo usando as bolsas de sangue, pelo menos até a poeira baixar e vou em busca de armas mais silenciosas pois ultimamente estou levando muito azar, quem sabe praticar um pouco de esgrima ou até mesmo voltar a estudar o Kenjutsu…