Tag: luta

  • Girls night out – Final

    Girls night out – Final

    “Sete botas pisaram no telhado
    Sete léguas comeram-se assim
    Sete quedas de lava e de marfim
    Sete copos de sangue derramado
    Sete facas de fio amolado
    Sete olhos atentos encerrei
    Sete vezes eu me ajoelhei
    Na presença de um ser iluminado
    Como um cego fiquei tão ofuscado
    Ante o brilho dos olhos que olhei”

    Encontrei-me com Hadrian e Trevor, mestre de Lilian, em uma cidade estratégica e próxima de onde nossas vampiras estavam. Sujeito diferente, de traquejo eloquente e de certa forma disciplinado. Pelo que soube é um pouco mais velho que eu e suas habilidades vampirescas são muito peculiares. Seguindo a linha de possessão da alma e de todas as energias disponíveis no mundo, no qual ele e a maioria dos orientais chamam simplesmente de “Ki”.

    – Então és tu que anda arrastando as asas para cima da minha pequena menina.

    – Hahaha relaxa, minha relação com tua filha é puramente fraternal.  Afinal ela é praticamente uma das amiguinhas da minha pequena menina também.

    – Aham sei… E tu ai com essa cara de mau, tá com fome ou vai me morder?

    Hadrian não falou nada ou sequer se moveu para cumprimentar o mestre de Lilian. Visto o ocorrido, resolvi quebrar o gelo e comentei.

    – Ele tá puto com uma humana ai. Relaxa que isso passa durante a nossa missão. Por falar nisso elas mandaram mais algum sinal? Honestamente achei que elas dariam conta do tal “maguinho”.

    – Relaxa meu amigo que mulher é igual biscoito, tu come uma, mas ainda tens mais umas 20 no pacote… Pois agora, eu confio nas habilidades da Lilian, eu a treinei pessoalmente, mas acho que elas fuderam com algum detalhe crucial do plano. É bem provável que nem tenham feito um plano direito e pensando bem, cabe a nós dar um fim adequado para isso.

    – Mulheres são complicadas, mas tuas palavras me fazem muito sentido caro samurai. Respondeu então Hadrian.

    – Eu sei…  Já tive uma cota de complicações, mas eu adoro uma bela complicação. Hahaha

    Diante tal apresentação informal e um tanto incomum, revisamos os planos e partimos para os lugares onde elas poderiam estar. Não foi difícil achar o primeiro lugar em que elas foram aprisionadas e ao tocar nos corpos dos seguranças Trevor descobriu para onde elas haviam sido levadas. Não me perguntem como ele descobriu isso…

    Partimos então para o segundo lugar e lá estavam Becky e Pepe presas dentro daquela armadilha das trevas. Imediatamente Hadrian falou que conteria a magia e Trevor correu para tirá-las do raio de ação do feitiço. Eu por outro lado fiz o que comecei a tomar gosto nos últimos tempos: entreguei-me ao meu demônio.

    A transformação tem me ocorrido cada vez mais rápido e a media que eu corria eu percebia os músculos crescendo, junto dos pelos e demais feições animalescas. Mirei a porta e entrei com tudo, quebrando moveis e rasgando a carne de quem aparecesse a minha frente. Espalhando sangue e vísceras por todos os lados. Parei apenas quando o tal mago criou uma luz mágica e que me cegou instantaneamente.

    Momento no qual meus aliados também chegavam ao palco da carnificina. Lilian ainda estava amarrada a uma cadeira e aparentemente xingava todos que estavam ali antes que eu entrasse.  Porém  assim que entrei ela caiu e teve de esperar alguém que lhe libertasse. Hadrian foi o primeiro a agir e foi rápido. Utilizou seu poder de levitação e estourou a cabeça da maldita bruxa contra o teto do lugar.

    Eu ainda estava na forma bestial e recuperando a visão para atacar aquele filho de uma puta,  quando Trevor rapidamente assumiu minha frente falando e batendo palmas doentiamente:

    – Parabéns seu babaca. Finalmente nos encontramos, então quer dizer que tu queria fuder com a minha filha? Você pensou realmente que sairia bem dessa? Vem cá meu querido filho de uma vaca que hoje é você que vai levar uma bela enrabada, seu maguinho de merda. Ninguém mexe com a minha pequena! Seu puto!

    Confesso que naquela situação eu queria apenas ver uma última cabeça rolando, mas comecei a rir doentiamente ao mesmo tempo em que minha transformação era  desfeita e Trevor cuidava do “big boss”. O tal mago tentou resistir, mas o vampiro parecia imune aos seus feitiços, inclusive os mentais. Tanto que ele se aproximou rapidamente do infeliz, segurou com força os seus braços e o encarou em silêncio por alguns instantes.

    – Sabe, hoje eu acordei com muita fome… E acho que acabei de achar minha refeição…

    Em seguida o corpo do mago começou a tremer e alguns poucos como eu, Hadrian e talvez Becky conseguimos ver a energia dele se esvaindo em direção a boca de Trevor. Pouco tempo depois o corpo do infeliz parceria uma múmia antiga e havíamos presenciado uma nova forma de alimentação.

    Em seguida e Becky soltou Lilian, que estava completamente transtornada. Tanto que ela não disse nada e imediatamente se dirigiu ao corpo mumificado do infeliz. Sem piedade alguma ela arrancou a cabeça dos restos mortais e veio a minha direção com aqueles lindos olhos verdes gigantes. Entregou-me dizendo:

    – Aqui está o prometido boss. Espero que ajude como um peso de mesa.

    Com um belo sorriso e o que me pareceu um piscar de olhos, ela se afastou e foi em direção de Trevor, que a recebeu com um longo abraço.

    Apagamos nossos vestígios em ambos os lugares. Pepe anexou os bens e ações do maldito ao nosso inventário e nosso clã está mais próximo do clã de Lilian. Trevor é um sujeito que lida com as cousas de um modo muito peculiar, mas confesso que estou feliz por ter seus dons ao nosso lado.

    – Ferdinand meu caro, que tal irmos até o nossa casa, lá vocês podem descansar e se recuperar. Acredito que nossa atual aliança permita a discussão de alguns negócios bastante lucrativos!

    – Claro, ótima ideia! Mesmo por que vai amanhecer em breve e eu adoro negócios lucrativos.

    – Ótimo, ótimo. Vou adorar a companhia de vocês e creio que as meninas queiram ficar juntas mais um tempo. Lili meu amorzinho, tome sua espada. Becky e Pepe. É um enorme prazer conhecer tão belos seres como vocês.

    Lilian revirou os olhos e deu uma leve risada, obviamente ela havia ficado envergonhada diante as palavras de seu mestre. Porém, apesar de alguns atos doentios eles pareciam ser “bons vampiros”. Ofereci uma carona para Pepe na garupa da moto, mas ela preferiu o conforto da Mercedes de Trevor. Aliás, todos foram com ele de carro e eu atrás comendo poeira. Estava apenas de calças rasgadas e torci para que nenhum “policial mala de interior” surgisse para acabar com o meu estase pós-batalha.

    PS: Trevor passou o dia inteiro dando em cima de Becky.

  • A magia e os vampiros – pt6

    A magia e os vampiros – pt6

    Todos os vampiros que conheço e sem exceções, temem a famigerada morte final. Alguns por que se imaginam sofrendo a punição de algum Deus, outros por acharem que não há nada depois deste plano e muitos, tal qual eu, pelo aconchegante apego aos familiares, amigos e todas as memórias geradas nesta “vida”. Esse assunto é sempre muito polêmico e nos proporciona diversos pensamentos, ainda mais na situação que havia se formado ao meu redor naquele início de dia.

    Eu não sabia por quanto tempo poderia conter Claire entre minhas costas e a parede, mas certamente foi tempo suficiente para as ações de meus irmãos. Logo a minha frente Sebastian tentou imobilizar o grande Lobisomem com algumas técnicas de jiu-jitsu brasileiro. Seria uma bela briga caso o oponente fosse humano, mas tendo em vista a força do peludo a realidade foi outra. O Wampir foi jogado de um lado para o outro, como uma trouxa de roupas suja, na verdade até conseguiu se esquivar de algumas garradas, mas também levou várias mordidas e terminou jogado num canto, praticamente inconsciente e com o braço esquerdo quebrado.

    Naquela hora tudo começou a passar em câmera lenta aos meus olhos e talvez por isso pude prestar atenção na aura amarelo/avermelhada ao redor de Hadrian. O grande vampiro que até então nos parecia calmo e inofensivo, passou a esbanjar um ar literalmente radiante e imponente. Seus olhos fechados me deram a entender que ele estava concentrando seu poder para algo, e quando menos esperava, um súbito terremoto atingiu com força as estruturas do barraco. Várias cousas caíram das prateleiras e muitas delas em cima de nós. Inclusive algumas telhas foram arremessadas ao chão e abriram espaço para os malditos raios de sol.

    Entenderam por que falei de vida e morte no primeiro parágrafo? Pois era exatamente no que eu comecei a pensar naquele momento e qual seria meu plano de ação antes de virar churrasquinho…

    Mesmo naquela situação, consegui me soltar, porém ocorreu o mesmo com Claire e tanto ela como seu pai partiram de supetão para cima de Hadrian. Fora um momento péssimo e por mais que eu quisesse ajudá-lo, Sebastian era minha prioridade. Tratei então de garantir nossa sobrevivência e em meio a tudo aquilo não me restava outra opção, além da famosa “saída a francesa” e comecei a  pensar em como fugir ou se esconder  pelo menos do maldito sol.

    Outros momentos tensos viriam pela frente, especialmente quando uma parede do lugar foi inteira a baixo. Mais sol, mais tremores e por sorte parte do chão abaixo do piso do barraco ficou exposto, exibindo o que eu chamo de “maravilhosa terra”. Estava ali o meu plano de fuga, mas o que faria com Sebastian, sendo meu poder limitado a mim e no máximo a roupa do corpo, junto de mais alguns pertences pequenos? Porém, esta pergunta ficará sem resposta, haja vista a sequência dos fatos proporcionados por Hadrian.

    O terremoto cessou assim que o velho e sua filha começaram a atacar brutalmente o mago-vampiro. Foram tantos socos, chutes e garradas, que era possível ver o suor voando pelos ares junto de alguns pelos fedidos. Naquele momento Claire também havia se transformado, fato que me fez imaginar um “tudo ou nada”, mas que por sorte também foi deixado de lado devido as circunstâncias.

    Hadrian parecia ter assumido alguma forma astral, não física, mas é difícil explicar o fato de seu corpo ainda estava lá, rígido como a mais dura pedra e recebendo sem pestanejar, todos os golpes deferidos pelos dois brutamontes. Tudo parecia interminável, quando Sebastian saltou do meu lado diretamente para cima do velho peludo. De início uma “trocação” franca de socos, algo sujo e sem técnica, mas que teve efeito ao redefinir o foco dos lobisomens. Sinceramente, não sei como Sebastian conseguiu se recuperar tão rapidamente, mas estava ali minha deixa para também iniciar minha transformação…

    Mordi meus lábios inferiores, cuspi um pouco de sangue nas mãos e esfreguei no rosto. Sei que isso vai parecer nojento, mas faz parte da minha técnica para agilizar o processo. (Onde cada um faz da sua forma e numa noite destas eu prometo explicar o porquê disto. Lembrem-me por favor!) Desta vez a transformação levou menos de um minuto, tempo suficiente para analisar o perímetro e derrubar Claire com uma garrada certeira em seu pescoço.

    Por mais que Sebastian tivesse ressurgido das cinzas e aparentemente recomposto, na verdade ele ainda estava fraco e minha preocupação havia se tornado outra. Como provavelmente ele havia gasto muita energia para se “regenerar”, sua reserva estava quase no fim, momento no qual o demônio fica mais a flor da pele do Wampir. Situação extremamente indesejada por todos nós, no qual agimos no automático, podendo inclusive ferir quem estiver do nosso lado.

    Todavia, Sebastian levou um golpe tão grande que tive a impressão por alguns segundos de ter perdido minha cria… Novamente a trouxa de roupas sujas foi jogada contra uma parede, que se estremeceu e por sorte não tombou. Neste instante éramos três bestas colossais, babando, exalando todo o tipo odores e grunhidos selvagens.

    Um novo terremoto sacudiu tudo.

  • A magia e os vampiros – pt5

    A magia e os vampiros – pt5

    Uma longa história que se iniciou nas épocas medievais e pelo que ela nos disse dura até hoje. Mais uma daquelas sociedades secretas Ferdinand? Sim, mancebo e uma composta em sua maioria por peludos. A tal Labraid Lámh Dhearg, cuja tradução remete à “Mão vermelha” e que além de todos os interesses lupinos, também exerce poder sobre o mundo dos magistas. Veio até nós na forma daquela loba loira de bumbum empinado…

    Eu assumo que Claire, não é apenas um pedaço, mas sim o mau caminho inteiro. Cheia de atitudes, original, forte brarinha do jeito que eu gosto. Porém, Sebastian foi quem literalmente babou e despertou um interesse maior que o meu na bela senhorita. Sendo ele membro da Ordo Dracul, obviamente não faltou assunto até o “local seguro” no qual ela estava nos levando.

    Apesar de tanta conversa Claire ainda não havia falado sobre os seus reais interesses em Hadrian e tanto ele como eu, estávamos receosos sobre os planos de tal organização. Então depois de alguns minutos chegamos a um galpão no meio do nada e bem longe do centro da cidade em que estávamos. Algumas poucas lâmpadas incandescentes amareladas iluminavam o lugar e aquele nevoeiro típico do inverno em regiões litorâneas, garantiram um clima ainda mais sobrenatural a situação.

    Logo na porta um velho com cabelos longos e cinza nos aguardava. Ele vestia uma camisa xadrez vermelha, calça jeans, botas longas de couro marrom e nas mãos exibia o que parecia ser uma 12 ou similar. Sem mais delongas desembarcamos e ele foi nos falando:

    – Já era em hora, mas precisava trazer os três?

    -Calma pai, era isso ou eu iria chamar muito a atenção para a o lugar.

    – Que merda, entrem então!

    Naquele instante percebemos a origem do jeito “nervoso” de Claire.

    Ao entrar vimos um lugar simples, alguns colchonetes, repleto de malas e algumas caixas de isopor. Alem disso, havia também muitas armas, inclusive algumas granadas, o que me levou a crer que eles estavam preparados para uma possível guerra.

    – Já contou a eles sobre a O.T.O.?

    – Não pai, eles estavam mais interessados em mim e na minha calça, não é mesmo Ferdinand?

    Naquele momento se eu fosse humano certamente estaria com as bochechas coradas. Então abri um sorrisão a fim de quebrar o gelo. Obviamente ninguém havia entendido a piada, além dela, então resolvi fuçar mais um pouco.

    – Ahhh, mas quer dizer então que a senhorita além de ser uma bela espadachim, também tem dons mentais?

    Apesar de meu jeito mais descontraído ela manteve o charme, talvez por estar perto do pai e apenas comentou me desdenhando.

    – Nem imaginas do que sou capaz…

    Depois disso tudo aconteceu muito rápido e tentarei não poupar os detalhes de que me recordo…. Conversamos por mais um tempo, lembro que eu comentei que estava para amanhecer dentro de alguns minutos e o senhor foi até gentil e disse que poderíamos ficar por ali até a próxima noite. Depois disso, a conversa foi para o rumo desejado e finalmente Hadrian virou o centro das atenções.

    – Imagino que minha filha tenha fugido do assunto e se o fez foi por que lhe pedi. Como vocês já devem ter percebido eu vou direto aos assuntos e é por isso que o Hadrian irá conosco hoje à noite.

    No exato momento em quem ele terminou a frase, Claire se movimentou muito rápido a ponto de meus olhos não acompanharem. Passou provavelmente por trás de mim e quando percebi estava preso por alguma espécie de corda ou fio extremamente forte. Com os braços imobilizados eu não pude fazer outra cousa se não empurrá-la para trás contra uma das paredes. Com a força do impacto uma das janelas abriu e iluminou parte da sala com vários raios de sol matinais.

    Praticamente ao mesmo tempo em quem Claire tentava me conter, o seu pai se transformou na forma diabólica Lican e incitava naquele instante uma luta épica, daquelas que certamente ficará por um bom tempo em minha memória.