Tag: ódio

  • A Vingança de Rebecca – Parte III

    A Vingança de Rebecca – Parte III

    Muitas coisas aconteceram. Algumas me lembro como se fossem ontem, acontecimentos estes que realmente marcaram grande parte da minha “não-vida”, principalmente sobre os primeiros e sofridos anos após minha transformação que eu nem cheguei a ver como aconteceu.  Digo-lhes que não foi escolha minha tornar-me o que sou. E por isso, embora houvesse amor, houve muito sofrimento, na qual alimentei o ódio dentro de mim. Um demônio é como me defino. Mas, de certa forma, ser uma vampira tem lá suas vantagens.

    Após aquela noite na qual enfrentei Sr. Erner e, na qual, em seguida, vi pela primeira vez o sangue em minhas próprias mãos, acabei provocando o ego daquele que jamais admitia perder o controle das situações. Que jamais admitia perder o controle sobre mim. Por longos minutos observei aqueles corpos no chão. Ajoelhada sentia-me um monstro e em pânico. Erner caminhou em minha direção e circulou ao redor dos corpos, dizendo:

    – Pequena e tola menina. Não vou dizer que não tenho orgulho de ver em quê lhe transformei. Mas devo dizer também que seu atrevimento passou dos limites, desafiando-me como se eu fosse um adolescente.

    Senti que suas mãos acariciavam meus cabelos enquanto falava. Quando repentinamente, puxou-os com força.

    -Vamos brincar mais um pouco, querida?

    Fui arrastada até a maldita sala na qual sofri torturas inimagináveis, eu sabia que passaria por tudo outra vez, mas não relutei. Não queria deixá-lo sentir o meu medo.  Ele amarrou-me no chão, de joelhos e com os braços para trás. Pegou uma faca. Eu o observava. Caminhou de um lado para outro, aproximou seu rosto do meu e então disse:

    – Sabe, até que a noite que passamos foi interessante. Deixei-me levar pelo desejo. Mas, aquelas duas garotas… Ah! Você não chega nem perto!

    Cuspi em sua cara. Eu sabia que era apenas provocação, mas era demais para mim:

    -Achas mesmo que estou preocupada? Você é um nojento, precisa manipular os outros para conseguir o que quer. Tenho pena por nunca ter conseguido que alguém sentisse algo por você verdadeiramente. Não é a mim que estas iludindo, é a você mesmo!

    Seus olhos ficaram vermelhos. Eu havia aprendido a provocá-lo.  Com fúria ele veio em minha direção.

    Não lembro bem sobre o resto daquela noite, sei apenas que em certo ponto apaguei.

     

  • A Vingança de Rebecca – Parte II

    A Vingança de Rebecca – Parte II

    Eu acabei recordando o tempo em que era apaixonada pelo único professor de Francês que tive na adolescência, sempre tinha apenas professoras, até descobrir que ele era um psicopata, mas isso é outra longa história… E naquele momento, eu ainda não conseguia acreditar no que meus olhos estavam vendo. Observei o que acontecia por alguns minutos, pensando no que faria em seguida, de que forma reagiria quando percebessem minha presença.

    Recostei-me na porta e olhando para minhas unhas, falei com desdém:

    – Meu querido Senhor, por que não me chamou para a festa? Vejo que realmente é insaciável, depois da noite que tivemos…

    Ele não se surpreendeu quando o encontrei com duas vadias na cama do meu quarto, que eu nem sei de onde vieram. Eu sei que no mundo de alguns vampiros essas coisas pareciam comuns, mas ele sabia que aquilo naquele momento me provocaria e até me machucaria, e era exatamente esse o propósito. Então, reagi de uma forma que nem eu mesma imaginava.  Aproximei-me das duas garotas. Estava decidida a não deixá-lo conseguir o que queria. Eu não reagiria feito uma moça iludida. Então, o provoquei como se estivesse gostando de senti-las me tocando, querendo participar da tal “festinha”. O surpreendi quando fiz parecer que até beijaria uma delas. Foi quando comecei a gargalhar nervosamente, mas de maneira estranha, digamos, demoníaca. Passei as mãos sobre os cabelos delas, e olhei bem o rosto de cada uma. Também eram jovens, bonitas. Olhei para Sr. Erner. O que será que ele pensava ou via em mim naquele momento? Queria também poder saber o que havia em sua mente. Desci minhas mãos até o pescoço das duas e sufocando-as senti que perdia o controle. Minhas unhas compridas apertaram ambas com tamanha fúria que acabei cortando a garganta de ambas. Seus corpos caíram como sacos no chão esvaindo-se…

    Silêncio. Suor. Sangue nas mãos. De onde havia surgido tanta força? Ele olhava para mim sarcasticamente, mas estava nervoso.

    Eu havia matado pela primeira vez.