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  • O efeito das drogas nos vampiros

    O efeito das drogas nos vampiros

    Ontem fiz algo que realmente não gosto muito, mas como vocês sempre insistem eu resolvi dar uma passadinha pelo MSN. Fiquei on-line das 22 as 23 horas e entre muitos papos interessantes alguém me pediu para falar sobre drogas e a relação disso com o mundo dos vampiros.

    Como é de praxe vou retomar uma velha história, de uma época primordial em minha não-vida no Rio de Janeiro de 1962, um pouco antes de eu resolver hibernar.

    Lá estava eu em meio a década de sessenta, ao contrário do que muitos pensam sobre os anos 70 ser o alge das libertinagens, os anos sessenta também foram muito “safadinhos“. No Rio, muitas meninas já utilizavam os biquínis pequenos, minissaia, o carnaval já era a maior festa do ano, as favelas já eram grandes. Enfim, tudo o que existe hoje por lá, já existia nos anos 60 também inclusive as drogas e o tráfico.

    Como vocês já sabem nessa época eu tive um affaire com minha meia irmã Eleonor, nada muito sério, na verdade se fosse hoje em dia seria algo comum: sexo eventual e festinhas a dois, três e assim por diante…

    Estávamos em uma festa particular, um figurão da época resolveu comprar um veleiro e queria mostrar aos amigos. Gente rica, bebida e drogas a todo vapor. Enfim, um ótimo lugar para conhecer pessoas importantes e de quebra arranjar uns bons pescoços.

    Eleonor e eu cegamos juntos, mas na entrada nos separamos. Sempre que um vampiro caça é melhor o faze-lo sozinho. Afinal duas pessoas diferenciadas podem chamar muita atenção juntos. Cabe aqui inclusive uma dica: se quiser ser notado, ande com pessoas que sejam diferentes de você.

    Para mulher é tudo sempre mais fácil e antes que eu pudesse desprender os olhos dela já vi um senhores literalmente babando pela morena de olhos verdes. Eu já precisei fitar a festa inteira antes de produzir qualquer ação. Por sorte sempre nas festas dos ricaços sempre tem uma mulher tida como rebelde e que fica a mercê de caras diferentes, tal qual eu, meus olhos azuis e minha pinta de galã europeu… Modesto também…

    Aproximei-me da fulana e logo cara falo aquela clássica frase:

    – Sozinha também?

    Ela obviamente não me deu bola, mas ai entra aquela velha estratégia de se parecer atraente e atiçar a curiosidade da garota:

    – Lá em New York estas festas costumam ser mais animadas…

    Se existe uma coisa que ainda atiça as mulheres do Brasil até hoje são os caras que tem experiências no exterior. Não, estou certo meninas?

    Papo vai e vem, consegui levar a garota para um canto e trocamos algumas carícias. Eleonor também estava em algum lugar com um cidadão aleatório e em certo momento nos vimos e conseguimos combinar de irmos para algum lugar digamos mais reservado.

    O cara velho de bigode amarelado pelo charuto, que Eleonor havia achado, possuía motorista e nos levou para sua casa. Uma bela casa em Ipanema, construída próxima e quase que na mesma época do antigo castelinho do cônsul sueco Jansson. Lá chegando fomos recepcionados por uma senhora bem velhinha que devia ser a copeira ou algo do gênero.

    – Dona Valentina, hoje quero total privacidade com meus amigos e a senhora pode tirar folga.

    Fiquei pensando comigo o que uma velhinha como a pobre coitada da Dona Valentina fazia quando tinha folga, mas tive os pensamentos interrompidos quando minha companhia subiu correndo em um dos sofás e nos brindou com Streep tease modesto. Sinceramente os anos 60 foram muito depravados e hoje ver as pessoas reclamando de mulheres dançando funk de shortinho chega a ser ridículo.

    Enfim, aproveitando o ensejo Eleonor se aproximou da garota desinibida e lhe deu alguns beijos… Logo depois o senhorzinho se empolgou e foi para cima das duas. Eu a principio fiquei de voyer, pois não estava tão empolgado para sexo, deixei eles la “brincando“ e para minha sorte ou azar o cara inventou de usar algumas coisinhas para apimentar a situação.

    O velho foi até o escritório e na volta trouxe uma trouxinha de cocaína. Enquanto as duas garotas estavam entretidas no sofá ele esparramou o pó branco sobre a mesa e com uma nota novinha de 5 Cruzeiros fez um rolinho no qual utilizou para inalar a droga.

    Depois de duas tragadas uma em cada narina ele me ofereceu um pouco e como já estou morto resolvi experimentar. Tentei estimular meus pulmões o processo leva alguns instantes até consegui infla-los novamente e aspirei um pouco… Obviamente não obtive nenhum resultado a não ser o de  expelir tudo de volta depois de dois espirros, ou seja, algo nojento e dolorido. Não adianta nem comida nem nada dura em nossos organismos além de sangue ou talvez um pouco de água pura.

    A garota vendo a cena riu de mim, largou Eleonor no sofá e deu uma boa tragada no que ainda restava do pó.

    O velho já estava bem “doido” quando Eleonor se aproximou por de trás de sua cadeira e abocanhou sua jugular. Por sempre mordemos a jugular? Ele á a mais cheia de sangue, ou seja, a mais saborosa.

    Já que eu não estava afim de sexo, também parti para cima da garota. Mas como tinha tempo, afinal ela estava em uma viagem insólita com o seu inconsciente, eu fui aos poucos. Mordisquei seu pulso, depois lambi para cicatrizar. Fiz o mesmo com outras partes de se corpo e por fim perdi um pouco o senso de realidade. Fui pego de surpresa pela maldita droga que veio junto do seu sangue. Sim querida leitora, entrei também na “viagem“ insólita no qual havia zombado.

    Como descrever a situação? Pensamentos aleatórios vinham a minha mente, lembrei-me de situações no qual lutava, lembrei-me de ver o mundo com um ar meio diferente e distorcido, foram muito os sentimentos, que inclusive quase provocaram a morte daquela pobre alma safadinha no qual eu trocava caricias e breves mordidas.

    Por sorte a viajem não durou muito e alguns minutos mais tarde tudo voltou ao normal, a não ser pelo fato de Eleonor ter se passado com o senhor e o levado ao óbito…

    No dia seguinte, alguns boatos na cidade falavam de um empresário que fez uma festinha particular com a filha de um figurão e que morreu por overdose. Muitos inclusive disseram que a menina lhe matou fazendo sexo e por falar nela, foi mandada para estudar na Europa.

    Depois da viajem eu estava mais do que propenso a retirar-me daquele lugar e futuramente hibernar por algum tempo…

     

  • A bruxa me ajudou na caçada

    A bruxa me ajudou na caçada

    Frequentemente quando digo à patroa que vou sair para me alimentar é algo chato e trabalhoso. Alguns de vocês irão concordar comigo que mulheres sempre são excessivamente preocupadas. A Beth, por exemplo, é daquelas a moda antiga que sempre querem ir a eventos sociais acompanhando seu homem e faz de tudo para isso. Teve até uma história engraçada de uma vez que ela se escondeu no porta-malas do carro e só fui descobrir quando abri para colocar um defunto dentro e dei de cara com ela e com seu sorrisinho sínico… De qualquer forma eu sempre fico receoso em leva-la junto.

    Coloquem-se na minha posição, eu sempre saiu para caçar meliantes, obviamente sempre dá merda pois cutuco onças com vara curta e ter alguém junto comigo é algo delicado. Talvez esse seja um dos motivos para os vampiros caçarem solitários? Não sei, mas dessa última vez não resisti aos encantos da bruxinha e a levei comigo. Depois dizem que os vampiros são irresistíveis… É por que você não viu uma mulher de minissaia, deixando um pedaço da cinta-liga a mostra, sentando no teu colo e sussurrando em teu ouvido…

    Pois bem, relutei de início, mas fui convencido a leva-la, inclusive a deixei escolher aonde iríamos. Como tinha de ser um local diferente aos que sempre frequentamos, ela deixou seus pudores de lado e fomos a uma casa noturna diferente apelidada de inferno por seu frequentadores. No lugar nada de muito diferente se não fosse pelo fato do local ser um ex-açougue, inclusive algumas das paredes brancas machadas e alguns ganchos haviam sido mantidos em suas posições originais.

    Para estacionar já foi aquele drama, detesto ir de carro, mas por sorte achamos uma vaga próxima ao bar. Ao entrar a influência sempre ajuda e como eu conhecia um dos seguranças ele nos conseguiu uma boa mesa próximo ao palco. Papo vai e papo vem surge obviamente por parte da Beth a conversa: “E ai, já sabe quem vai ser o lache?” Quando ela falou dessa forma fria eu me senti um pouco constrangido. É uma sensação parecida com aquela em que o cara é pego em flagra com outra ou quando uma criança é pega roubando doces… Comecei Então a ensaiar uma respiração, para parecer mais humano e lhe respondi: “Então amor, nem percebi ninguém ainda, alguma sugestão?”. Ela olhou em volta e apontou um cara no balcão que já estava meio alto. Obviamente ela não iria escolher nenhuma das “gatinhas” que lá estavam…

    De início fiquei meio assim, mas aquele cara realmente era uma boa presa: sozinho, alcoolizado. Bom, deixa ele lá, se não achar mais ninguém de interessante durante a noite lhe convenço a vir conosco na hora de ir embora e faço um lanche no banco de trás enquanto a Beth nos leva para casa.

    A banda começou a tocar, abriram um espaço entre as cadeiras e local foi tomado por adolescentes viçosos, com energia acumulada e que precisava ser liberada. Depois de alguns drinks a patroa disse que ia ao banheiro. Ela se se levantou, e ia em direção ao reservado quando foi parada por um cara cheio de dedos. Cara como detesto esse tipo de cara que já chega pegando… Ela com toda sua classe, deu um chega pra lá no cara, abriu sua pequena bolsa e pegou o que parecia ser de longe um pó ou base, não sei o nome. Quando o cara tentou se aproximar de novo ela assoprou um pouco do que tinha dentro na cara dele. Fiquei surpreso ao ver a reação dele ao ficar imóvel, dar meia volta, pegar uma cadeira e ficar sentado olhando para o nada. Nesse momento, percebi um uso público e sutil de magia bruxólica. É aquela situação em que você fica de queixo caído diante do poder que elas têm. Quando ela voltou para a mesa lhe perguntei o que era, ela disse: “Ah nada demais só uma coisinha que aprendi na Escandinávia, no último semestre”…

    Enquanto o tempo passava e nos divertíamos como se fossemos um casal normal meu relógio disparou e vibrou no meu pulso informando que faltavam apenas duas horas para o amanhecer. Merda, pensei comigo. Olhei para o balcão e não ví mais o bêbado, eu precisava agir rápido, tinha de me alimentar e ainda precisava de pelo menos uma hora para chegar em casa tranquilo.

    Fui ao banheiro, mas ele era muito pequeno e individual, então tentei usar a audição aguçada para perceber algum temperamento mais exaltado, mas a música atrapalhou. Então, chamei a Beth e saímos em busca de alguém pelas ruas.

    Sair pelas ruas nesse horário é ruim, pois elas estão muito vazias, foi então que a Beth sugeriu que eu a usasse como isca. Meio cabreiro com a ideia relutei de inicio, mas tendo em vista as circunstancias acabei deixando-a ajudar.

    Paramos o carro em uma rua um pouco maior. eu fiquei dentro e ela do lado de fora esperando. Não demorou muito para que alguém parasse, era um cara de caminhonete um pobre coitado indo para o trabalho. Ele perguntou o que ela precisava e ela disse que o carro tinha parado do nada. Ele então desceu e ela mais que rapidamente assoprou o “pozinho” nele que ficou estático olhando para o nada também.

    Ela o levou até o carro e me alimentei ali mesmo, pois a fome já era grande. Passado o tempo limite para mantê-lo vivo, parei lambi a ferida e lhe levamos até o caminhão onde o deixe encostado no banco do carona.

    Ainda estava com fome e íamos com o carro para casa quando vejo sentado em um ponto de ônibus o bêbado do bar. Até pensei em consumi-lo, mas hoje era o dia de sorte dele.
    Moral da história: Poções mágicas de bruxas podem ajudar muito, mas ainda prefiro caçar bandidos sozinho, à pessoas corretas acompanhado de minha bruxinha…