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  • Lilian à Reunião – Final 1 de 2

    Lilian à Reunião – Final 1 de 2

    “Não adianta ficarmos aqui pensando no que fazer Dani!”, minha frustação era nítida, tentava achar mil e uma formas de matar Pierre, mas tinha um porém, os Regrados, sim eles, vocês já devem  ter ouvido falar neles. E como eu não quero a atenção deles voltada para a ordem, prefiro pensar em algo que não me venha dar problemas.

    “Eu não sei como podemos dar um jeito nisso…Preciso de uma luz!”, enquanto estávamos parados em um bar Country ali pelas redondezas, senti  meu celular vibrar, vi que era um número desconhecido mas atendi mesmo assim, “Alô?”, “Lilian San…”, por Odin não poderia ser ela “Senhora Mun Na?”, ” Lilian San, ouça com atenção. Ele não pode ser morto por ti…Mas tu sabes que a sombra do passado o persegue, uma sombra tão antiga que até o mais valente dos vampiros teria medo de enfrentar. Ache a sombra, peça que te conceda o poder de fazer a justiça e então criança cumpra o teu destino e acabe com o sofrimento da espera. Adeus Lilian San.”

    Desliguei o telefone surpresa pela ligação da velha Senhora Mun Na, mas não fiquei surpresa por ela ter me jogado mais uma charada. PQP a essa altura do campeonato vir me jogar mais uma  das filosofias dela? Sério?  “Então a velha amiga da Ordem decidiu lhe dar o ar da graça maninha?”, “Sim, com mais alguma charada… Mas essa eu creio que vai ser bem fácil de descobrir…”

    Deixamos o local e seguimos em  direção até a casa de um velho amigo nosso. Rodamos por alguns minutos pela via expressa, depois seguindo direção por uma estrada de terra. Quanto mais próximos da casa do nosso querido amigo redneck, mais próximos os sons de tiros ficavam, digamos que os redneck’s adoram apreciar e usar armas, caçar e nunca desperdiçam a chance de uma boa cerveja.

    E lá estava ele, sentado ao pé da fogueira, rodeado de outros da mesma comunidade que a dele, tomando uma boa cerveja e segurando seu rifle de longo alcance como se fosse um amuleto da sorte. A simples casa de campo, o cheiro de pólvora e terra molhada sempre foram característicos aqui dessa região onde Steven mora, algo bem interiorano.

    Aos nos ver chegar o mesmo veio em minha direção com os braços abertos e me envolveu em um abraço bem forte, “Quem é meio vivo sempre aparece! Lili, Lili, Lili! Cara sempre gata e  tatuada não é?! Que saudades de ti mortinha viva mais linda!”, aqueles olhos azuis eram realmente encantadores e o sotaque caipira também, os cabelos loiros bem cortados e a barba por fazer davam um charme ao adorável lobisomem, “Steve! Aqui estou! Você sabe que é um dos únicos lobisomens de quem eu sinto falta!”, sorrisos por sorrisos ele piscou em confirmação, depois viu que eu não era a única visita, “Holly fucking shit! Daniel motherfucker! No way!”, agora sim ele se animou de vez, Daniel e Steven são amigos há um bom tempo, muito antes mesmo que eu entrasse para esta vida, eles já tinham uma amizade de longa data, “Steve! Man! You Fucker!”, aperto de mãos e abraços e quando percebi já estávamos sentados a fogueira junto de alguns amigos do Steven que nem desconfiávamos o que na verdade erámos.

    Depois de algumas horas entramos para a casa de Steven e seguimos até o porão que ele muito atencioso mantinha, caso alguns de seus amigos da noite viessem para passar uma temporada, no nosso caso seria apenas um dia. Quando finalmente terminei de me arrumar em meu quarto, duas batidas na porta ecoaram e Steven entrou, sentando-se em minha cama e  parecia me analisar , “Eu sempre esqueço como você é deliciosa Lili!”, “E eu sempre esqueço como você é direto e sem filtros lobinho!”,” Então me confirma uma coisa, está solteira mesmo?”, “Porque a pergunta? Está interessado?”, “Quem não estaria?”, “Digo o mesmo de ti, sempre mostrando esses braços musculosos com essas regatas de lenhador!”, “Fala de mim? Não sou eu que fico atiçando os colegas com esse par de Big Babes que você tem!”, “Ah valeu o elogio!”, ” Mas e ai, a que devo a honra?”, “Daniel não te contou?”, “Não, se tivesse contado eu não estaria aqui!”, “Estaria sim!”, “Quem eu quero enganar? Estaria sim, afinal adoro ficar  bem perto de você!”, Steven sempre invadindo meu espaço e bancando o galã, “Você não muda nada!”, “Nem quero!”, “Enfim, digamos que eu esteja em uma empreitada para matar o Pierre…”, ” Fácil, eu sei que ele matou um vampiro e os regrados estão atrás dele… Achei que soubesse…”, “Ultimamente estou descobrindo muitas coisas…”, “Entendi… Bom se a tua dúvida é se tenho contato com algum regrado, a resposta é sim!”, “Então pode me ajudar?”, “Posso e vou! Adoraria assistir a morte daquele puto!”, “Ótimo! Muito obrigada Steven!”, “Ao teu dispor Lili!”, ” Eu posso dormir agora?”, “Pode, não quero que o calor queime seus olhinhos!”, “Larga a mão de ser besta Steven!”, ” É um dos meus dons! Boa  noite dia para você morceguinha!”.

    Agora as coisas estavam começando a seguir um rumo bacana. Mais um pouco e talvez eu conseguisse terminar essa novela.

  • Girls night out – A missão – Lilian – Pt5

    Girls night out – A missão – Lilian – Pt5

    Que lugar é esse? Pensei comigo. Eu ainda estava tonta por causa de algum tipo de magia pesada e pela pancada que  havia levado na nuca, mas aos poucos  consegui lembrar do que havia acontecido. Estávamos sentadas num bar a beira da estrada, apenas observando o movimento no lugar, pois seria um dos locais de encontro dos capangas do tal mago que procurávamos.

    Passados alguns minutos, o lugar começou a ficar com um cheiro estranho, uma sensação de podridão,  indicando que algo pesado estava acontecendo naquele lugar. Puder sentir uma presença diferente, não era um vampiro ou lobisomem, mas sim um humano. Um humano com alguns dons bem notáveis. Olhei para Becky e Pepe, ambas pareciam retraídas com a tal presença, como se tivessem sido petrificadas. Vendo que tudo poderia ir por água abaixo e que talvez fossemos sequestradas ou atacadas não pensei duas vezes e mandei uma mensagem no Whatssap do Trevor : “Plano de ajuda ao Ferdinand indo para o buraco. Acione  o clã dele e os nossos da Ordem. Caso aconteça algo comigo, faça de tudo para salvar as meninas dele! Tentarei resistir ao máximo. Use o rastreador do meu celular para nos achar. Sorry Dad… I love you… :/”

    Assim que consegui mandar a mensagem, senti que a minha katana ainda estava escondida pelo feitiço do espelho. Olhei em volta mais uma vez, e contei quantos possíveis homens teria que enfrentar. Além da espada, todas nós estávamos armadas, não queríamos dar sorte para o azar, eu então coloquei minha mão disfarçadamente dentro da minha jaqueta de couro e segurei uma Colt Phython, e em meu cinto eu havia escondido algumas facas de arremesso. Antes de entrarmos lá também dei a Becky uma arma Colt Trooper e outra arma para Pepe, uma Desert Eagle.50.

    Mas de nada adiantou toda essa artilharia pesada, uma força maior e portadora de poderes mentais, entrou no lugar e baixou nossa guarda, em questão de segundos tudo foi para o ralo.  Senti uma mão tocar meu ombro e sussurrar algo do tipo “Seus poderes de luta não irão funcionar aqui. Melhor soltar essa bela Colt e nos seguir, se não suas amiguinhas morrem.”

    Quando olhei na direção da Pepe e da Becky, vi que estavam no chão, sendo amarradas, e que Pepe tentou resistir e levou alguns chutes no rosto. Aquilo me fez perder o controle, minha primeira reação ao ver as duas daquele jeito foi pegar e estourar os miolos daquele brutamontes e depois atirei em mais dois, antes de finalmente ser pega e poder ver o rosto do tal mago.

    – Olha o que temos aqui! Uma serva da famosa Ordem Vermelha… Senhores contemplem esse belo ser. Eles são treinados para matar de forma politizada. Como viram é melhor ficar com olhos bem abertos para essa bela donzela.

    Quanta arrogância para uma pessoa só! Um homem de estatura mediana, longos cabelos ruivos, olhos negros, parecia até o próprio Satã. Como ele sabia da Ordem?

    Minha cabeça girava, com perguntas e com a dor da pancada no estomago, e foi quando tentei me soltar, mais uma vez para salvar as meninas, levei uma pancada na nuca e tudo ficou escuro,  meu corpo cedeu a dor, caindo como uma pedra no chão.

    Quando finalmente voltei ao normal depois de seguidas pancadas e algum tipo de feitiço que nos deixou ali congeladas como pedras por o que parecia um bom tempo, pude me sentar e olhar ao redor, vi que estávamos em algum tipo de porão, ótimo lugar para manter alguém de refém. Procurei pelo meu celular, mas ele havia sido levado, junto das outras armas, inclusive a minha katana, óbvio que aquele cara estranho percebeu a presença dela e a retirou de mim. Chamei bem baixinho Becky e ela respondeu com uma voz muito fraca, mas consciente. Logo em seguida chamei a Pepe e não obtive resposta, o desespero bateu no meu peito, tentei de todos os jeitos me soltar, em um ataque de fúria consegui romper as cordas que prendiam minhas mãos e então pude soltar minhas pernas e ajudar a Becky a se livrar das amarras.

    Quando cheguei perto da Pepe a vi encolhida em um canto,  deitadinha, ainda presa, aquilo me deu um remorso, soltei ela e então a segurei em meu colo, o rosto dela ainda estava machucado dos muitos chutes que ela levou, se ainda conseguisse chorar como uma humana, com certeza eu estaria chorando naquele exato momento. Limpei o sangue dela com minha blusa, mais uma vez a chamei “Pepezita, acorda querida, acorda!”, milhares de pensamentos passaram por mim, um deles era , “Como o Ferdinand reagiria se a mais nova cria dele sofresse o pior?”, tive a certeza que ele ficaria sem rumo, afinal a Pepe era a menina dos olhos dele.

    Becky sentou ao nosso lado, e começou a fazer leves carinhos na cabeça da Pepe, eu ainda a segurava como se fosse um cristal pronto para quebrar. Mais uma vez chamei Pepe e para meu alivio ela finalmente respondeu “ Lili, Becky, meu corpo dói muito.”

    Lógico que doía, ela tentou de todas as formas nos proteger, foi forte, e acabou levando a pior. Eu claro que queria me vingar, e Becky compartilhava da mesma vontade de vingança.

    Após alguns minutos de silencio, Becky levantou-se e começou a vasculhar o lugar em busca de alguma saída, enquanto eu ajudava Pepe levantar do chão e ficar em pé. Becky achou a saída e conseguimos ouvir alguns homens do lado de fora patrulhando o local. Era noite para nossa sorte, mas estávamos sem armas, com a Pepe ainda bem machucada e a minha espada desaparecida, se ao menos eu a tivesse, tudo seria menos complicado.

    – Lili, você tem algum plano? Por que eu sinceramente não sei nem por onde começar.

    – Eu não sei Becky, meus planos nesta situação, são todos planos suicidas. Estamos desarmadas, rodeadas do que parece ser um pequeno exercito particular ali fora e a Pepe está muito machucada.

    – Se quisermos sair daqui, temos que tentar algo, certo?

    – Mas o que?

    – Se eu conseguisse chegar até a parte superior, poderia confundir alguns dos seguranças e você poderia tentar abrir passagem de alguma forma, levando a Pepe para fora e eu as seguiria.

    – É uma opção muito boa. Mas eu precisaria da minha espada para isso e para nossa sorte, consigo senti-la na sala ao lado.

    – Então vamos melhorar o plano, deixamos a Pepe escondida aqui enquanto subimos, pegamos tua espada e abrimos passagem. Eu volto para pegar a Pepe e a levo para fora e volto para te ajudar.

    – Não precisa Becky, assim que pegar a Pepe, dê o fora daqui! Não olhe para trás e nem tente voltar. Corra até o encontro do Ferdinand, ele provavelmente está a caminho daqui junto do meu mestre  e do clã de vocês. Mandei uma mensagem para Trevor antes de sermos capturadas. Talvez os caras daqui estejam esperando por eles também.

    – Lili eu não vou deixar você aqui! De jeito nenhum!

    – Você vai e vai levar a Pepe com você. Assim que encontrar com eles, tenho total certeza que virão ajudar.

    – Lili não…

    – Becky vai dar tudo certo!

    Era um plano um tanto suicida, mas era nossa única opção. Becky escondeu Pepe embaixo de uma mesa com o que parecia ser um lençol mofado e então se encontrou comigo na porta que poderia nos trazer nossa total liberdade ou a nossa ruina.

    – Preparada Becky?

    – Sim e você?

    – Também.

    Com um chute abrimos a porta e Becky se escondeu rapidamente atrás do que parecia ser um grande armário, dando inicio a manipulação mental nos seguranças, eu corri em direção a minha katana, ela estava nas mãos de um dos idiotas comandados pelo ruivo. Voltei até Becky e pedi que ela pegasse a Pepe, ela rapidamente foi e tive que enfrentar alguns homens, degolando, cortando braços, pernas e tudo que podia para abrir passagem para as duas. Becky ajudava Pepe correr enquanto eu abria passagem, senti que os poderes de manipulação da Becky estavam acabando e então empurrei as duas para o que parecia ser a porta de saída daquela casa e atrai os outros em minha direção. Vi que Becky correu alguns metros de distancia do lugar junto de Pepe e em um movimento eu senti uma fisgada na perna e então cai, pude ouvir Becky gritando meu nome, olhei na direção dela e apenas consegui dizer “ Corre! “, algumas lágrimas de sangue escorreram o rosto da Becky e da Pepe, mas elas obedeceram e saíram dali. Senti meus braços serem amarrados mais uma vez, mas aquilo não me incomodou, afinal tinha ajudado duas pessoas no qual eu criei um grande carinho e que demonstravam o mesmo afeto por mim, o mesmo afeto que eu apenas senti da minha falecida mãe e do Trevor, antes de conhecer o clã do Ferdinand.

    Pude sentir a presença do ruivo de novo, o mesmo cheiro podre junto dele.

    – Deixem as outras irem rapazes. Eu quero fisgar o grande Ferdinand e de brinde parece que teremos a presença dele e de mais dois vampiros antigos. Consigo sentir a presença do teu mestre querida e também de outro poderoso vampiro. Talvez consiga completar minha coleção de relíquias!

    – Você não vai conseguir nada. No fim de tudo isso eu vou assistir a sua cabeça sendo arrancada e colocada em uma mesa com um peso de merda para livros.

    – Veremos querida… Veremos! Além das amarras, calem a boca dela, toda essa falação está me dando nos nervos!

    Fui então jogada no porão novamente, agora eu apenas torcia para ser salva de alguma forma, sabia que Trevor e Ferdinand viriam, só não tinha certeza se seria a tempo. Mas mesmo que eu não os visse mais, uma sensação de dever cumprido  por ter ajudado alguém que me aceitou do jeito que eu sou com tanto afeto, já eram suficientes para mim.

  • A bruxa sumiu – pt12

    A bruxa sumiu – pt12

    Uma delas me imobilizou, outra desfez minha transformação e a última me nocauteou. Acordei no porão, sobre aquela mesma cama no qual Helen havia satisfeito minhas necessidades sexualmente profanas.

    Uma forte dor de cabeça, misturada com a sensação de vertigem confundiam minha cabeça, a ponto de eu perder completamente a noção do tempo. Além disso, a maldita sensação de fome tomava conta dos meus pensamentos. Indicando que para eu melhorar seria necessárias pelo menos umas duas bolsas de sangue ou dois humanos saudáveis.

    Sentei-me e em seguida levantei. Percebi barulhos no andar térreo e alguns raios de luz vindos por de baixo da porta no alto da escadaria. Subi as escadas e com o ranger da madeira, os barulhos cessaram… Fui surpreendido pela rápida abertura da porta e por um maldito vento que me jogou escadas a baixo.

    Desnorteado, tentei de recompor e assim que voltei à realidade percebi a presença do mesmo lobisomem da outra noite no alto das escadas. Também havia mais alguém no porão, mas provavelmente estava invisível ou ainda pior, podia ser algum demônio sedento de ódio ou sabe-se lá o que mais. Aguardei.

    – Fica quietinho ai se não meus amigos vão purificar tua alma. – Disse a tal peluda no alto.

    Pela voz tive a impressão de ser Helen, mas meus olhos mostravam apenas um vulto negro, disforme e intrigante. Eu sabia que se caso não me alimentasse eu liberaria o diabo dentro de mim, mas mesmo assim aguardei afinal Hector e H2 deveriam estar planejamento meu resgate.

    Depois que o vulto falou comigo ele(a) fechou a porta e a presença lupina foi-se junto. Fiquei por alguns segundos pensando no que fazer, até que a presença do porão se revelou:

    – Como é que tu vai atrás dos diabinhos e não me chama babe…

    Julie apareceu sentada no colchão. Trajava um belo sobretudo, calça legging, botas até o joelho e um espartilho de causar inveja as putas da rua Augusta. Estava para matar, literalmente!

    – Hector me chamou, disse que tu não me querias aqui, mas desconsiderei teu último “bolo” e vim dar uma focinha. Pelo visto cheguei em boa hora? Venha Fê, beba um pouco do meu sangue.

    Mesmo sabendo que teria alguns problemas eu não resisti à oferta e me atraquei naquele belo pescoço gelado, de carne dura e cheio de sangue. Alimentei-me apenas do suficiente para recompor minhas energias, limpei a boca e comentei.

    – Ah sabes como minha “vida” é corrida babe, veja onde estou agora. Suponho que tenhas montado algum plano junto de Hector e H2?

    – Claro que sim, mas primeiro precisamos sair daqui de baixo. Faz três noites que está aqui, tens noção disso? Suponho que não… Vá até aquele canto que eu preciso fazer uma coisinha.

    Fiquei puto ao saber que estava há tanto tempo naquele maldito porão e tudo o que eu queria naquela noite era o sangue daquelas vadias na minha boca. Já não me importava mais com os motivos de tudo e até repensei se deveria continuar o projeto com Hector. Apesar de minha indignação aguardei o ritual de Julie e depois de algumas palavras, gestos e algumas folhas que ela mastigou, o lugar começou a se estremecer. A escuridão completa tomou conta de nós até que a porta do alto da escadaria finalmente se abriu.

    Senti Julie puxar meu braço esquerdo, senti as escadas sob meus pés e depois de alguns lances estávamos novamente na superfície. Tudo ainda estava muito escuro, no entanto já era possível ver as linhas entorno dos objetos. Julie ao meu lado e mais dois outros seres ao nosso redor. Um deles era o tal lobisomem, que parecia estar perdido e o outro alguém que estava simplesmente parado, talvez conjurando algo.

    Confesso que estava ficando aflito quando abruptamente as sombras se desfizeram e pude ver o que realmente estava acontecendo. A minha frente estava Marie-Arthur, ao seu lado Helen na forma intermediária entre Lobisomem e humano e ao invés de Julie, a tal bruxa que sumiu agora apertava meu braço com toda a força que podia.

    Marie-Arthur realmente conjurava algo e assim quem as sombras se desfizeram jogou aquilo sobre mim. Novamente fui paralisado, a bruxa que sumiu me sentou no sofá e mais uma vez tive aguardar (puto da vida), a continuidade do que parecia ser o pior jogo no qual alguém  havia me submetido…

  • A bruxa sumiu – pt5

    A bruxa sumiu – pt5

    Helen possuía uma voz calma, tranquila, quase “chapada”. Sua idade, algo em torno de 30 e poucos não lhe pesava e confesso que me até me senti atraído por ela, afinal vocês sabem que tenho um fraco para bruxas loiras… Papo vai e vem, por alguns momentos eu até me perdi em mio as suas histórias ricas de detalhes, mas enfim depois de alguns minutos ela  tocou no assunto do desaparecimento de sua mãe.

    – Ferdinand, não é fácil para mim falar de mamãe, ela sempre me foi muito boa, tínhamos uma ótima relação e meu mundo virou do avesso quando ela sumiu. Na época os investigadores da policia procuraram em todos os lugares, vieram até mim com teorias loucas e até mesmo o minha casa e minhas intimidades foram reviradas por eles. Na sequencia disso eu ainda estava bastante abalada e ouve uma investigação por parte de alguns Regrados. Sabes que eles são extremamente loucos por regras e foi horrível  tudo o que eles me obrigaram a fazer. Passei uma semana inteira enclausurada numa sala escura e mal me davam água e comida. Portanto, ter de abrir essa conversa de novo contigo, depois de quase 10 anos é difícil, me entende?

    Nesse momento, o semblante dela havia se fechado, ela ainda não havia me falado nada sobre o dia fatídico, mas estava na cara que escondia algo importante…

    – Quando me lembro deles invadindo a reunião do nosso Coven, dos capuzes, dos tiros e todo aquele fogo…

    Depois dessas palavras ela desatou em lágrimas e tive pena dela e de quão ruim aquilo tudo havia acontecido para sua família. Tentei arrancar mais algumas palavras ou fatos, mas foi extremamente difícil. Comprei-lhe uma água e acabei oferecendo carona até a casa dela. Na minha cabeça eu queria apenas confortá-la e acabei dando um tiro certeiro. Ela Aceitou meu convite e fomos com meu carro para sua residência.

    Era um lugar afastado, longe do centro e bem arborizado, típico do interior e absolutamente tranquilo. Pelo que havia entendido ela morava sozinha e constatei isso ao chegarmos. Uma casinha bem amistosa, alguns gatos vieram ao nosso encontro quando chegamos e mesmo sendo tarde, próximo das 23h aceitei seu convite para entrar.

    Eu não deveria estar me envolvendo tanto com a vítima, mas havia algo a mais nela e isso excitava minha curiosidade vampiresca. Ficamos por algum tempo na sala e ela já havia desconfiado de meu lado sobrenatural. Claro que não saio dizendo para todos os ventos que sou vampiro, mas resolvi abrir o jogo com ela.

    Inicialmente ela ficou um pouco surpresa, mas depois me confidenciou que havia tido contato conosco por causa de sua mãe e até possuía um ou dois contatos no mundo dos vampiros e dos peludos. Isso abriu assunto para mais uma bela conversa que durou tempo suficiente para eu não ter mais como sair de sua casa antes do nascer do sol.

    – Pode passar o dia por aqui eu estou tão sozinha ultimamente, que um pouco de companhia irá até me fazer bem.

    “Quando a esmola é demais o santo desconfia”, não é isso que diz o ditado? Pois bem, não era minha ideia dormir na casa dela, mas resolvi dar pano para manga e deixar rolar o que tivesse que rolar. Ela bocejou a minha frente e disse:

    – Nosso papo foi tão bom, que nem vi o tempo passar. Queres que eu te apresente  oquarto de visitas ou já se apagou ao meu sofá?

    – Acho que uma cama iria fazer bem as minhas costas se não te importas…

    – Imagine, venha aqui…

    Segui-a até o quarto e estava tudo muito escuro, para minha surpresa não era um quarto mas sim uma escada que dava para um porão. Mesmo diante disso, deixei ela descer a frente e para minha surpresa havia no porão uma cama confortável, limpa e alguns livros jogados numa estante do canto.

    – Aqui é onde minha mãe costumava ficar quando me visitava. Por causa da idade ela estava com os olhos cansados e falava que aqui nesse breu se sentia mais confortável. Pode por tuas coisas no criado mudo. Eu vou tomar um banho e volto para ver se está confortável.

    Será que eu estava numa noite de sorte, será que eu deveria ser o santo desconfiado? Deixei-a ir para o banho e obviamente revirei todos os livros e coisas do lugar. Alguns deles falavam de história, outros eram apenas romances e um deles me chamou atenção. Capa de couro, folhas amareladas e algumas delas rasgadas. Dentre uma linha e outra percebi que era algum tipo de diário impresso, ou seja, a reprodução da vida de alguém. Contudo, o que me chamou muito a atenção essa uma passagem grifada:

    “…é invocado por magos ou exorcistas, pode os ensinar todas as línguas, encontrando prazer em ensinar expressões imorais, e tem o poder de fazer os espíritos da terra dançarem, assim como por inimigos em fuga usando seus animais ou abalos sísmicos.”

    Eu já havia visto essa descrição de Ágares na internet, mas ali havia mais, inclusive um ritual para invoca-lo. Algo complexo e que inclusive envolvia grande quantidade sangue humano. Mesmo com tudo o que já havia visto mundo a fora, aquilo me deixou perplexo e pensativo. Todavia, tive de parar meus pensamentos por algum tempo, Helen havia voltado e trajava uma bela lingerie preta. Percebi muitas tatuagens pequenas por todo o seu corpo torneado e mesmo com o hobby cobrindo as partes mais gostosas, percebi que não dormiria sozinho naquele dia chuvoso e frio de outono…

  • Torturas, sexo com vampiros. Pt2

    Torturas, sexo com vampiros. Pt2

    Pensei comigo – Seria uma embosca, teriam percebido nossas operações e interceptaram algo pelas comunicações que fizemos on-line? Possuiriam eles o poder de perceber os sobrenaturais?  – Confesso que por alguns segundos antes de iniciarmos a comunicação, um pânico comedido tomou conta de mim, a ponto de quase falar a palavra combinada para abortar a operação.

    – Boa noite e antes de tudo peço que não se assustem com a quantidade de gente aqui hoje, faremos uma festinha mais tarde, fizeram boa viagem? Você é a Fátima que queria uma garotinha, não é mesmo? – Disse a vampira em tom mais baixo e que pareceu muito espontânea de inicio, beirando a tagarelice para falar a verdade.

    – Sim – Viemos atrás da garotinha, este é meu segurança Roberto – Apontando para mim com a cabeça.

    Por sorte a vampirinha me deu apenas um oi, diferente do vampiro, que estava à mesa junto de um cara e não tirou os olhos de mim. Os outros presentes praticamente não deram bola. Estavam conversando, alguns jogavam baralho em uma mesa, outros assistiam tv ou apenas comiam algo, talvez pizza.

    Os olhos atentos do vampiro seguiram cada um dos nossos passos até a saída por completo da sala. – Não gostei daquele cara, fica em cima Paulo – Informou minha audição aguçada. – Vai dar merda – Pensei  comigo, mesmo assim mantive o personagem e segui atentamente os passos da vampirinha.

    Ela não parou de falar até chegamos no porão e para que tenham ideia eu tive a impressão de ela falou a vida inteira em poucos segundos. Cousa que nem o pior tagarela dos geminianos teria feito. Percebi muitas câmeras por todos os lados e ao chegar ao porão outra surpresa. Um local grande, com ventilação artificial, vários beliches e muitas crianças… Provavelmente mais 20 até onde contei.

    Assim que comentei sobre a quantidade de crianças ouvi um “puta que pariu” pelo ponto de rádio e certamente os policiais que nos ouviam deviam estar afoitos para dar flagrante. Enquanto a tagarela nos falava do lugar e mostrava a tal virgem que queríamos comprar, percebi a chegada sorrateira do tal Paulo. Ele ficou na porta nos observando e ali mesmo no local começaram as negociações.

    – Havíamos acertado por 5 mil verdinhas não é mesmo? – Naquele instante percebi mais ainda como alguns seres não tem escrúpulos algum, afinal dentre tudo, nos pareceu que ela estava vendendo um saco de batatas premiadas.

    Pagamos a quantia que estava num pacote pardo em um dos meus bolsos e fomos levados para fora do lugar junto da garotinha. Operação 100%, tudo perfeito, o flagrante gravado em áudio, a saída tranquila do lugar…

    Até que alguém nos grita desesperado pelo ponto: – Abortar, rápido, rápido, rápido… E um clarão de fogo, seguido pelo barulho de disparos pode ser ouvido ao longe. Provavelmente vindos de onde os policiais do apoio estavam.

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