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  • Estranhos e loucos – pt3

    Estranhos e loucos – pt3

    Cada vez que eu fechava os olhos surgiam mais e mais imagens daquela triste cena, triste realidade. Não conseguia dormir, não conseguia me concentrar. Conseguia apenas ficar acordada, tramando milhares de maneiras para entrar naquele local e destruir tudo e todos.

    O difícil é que não poderia fazer isso sozinha, precisava de ajuda e não sabia quem poderia chamar. O Trevor e o Ferdinand tinham muito a fazer, aparentemente os outros também. Mas eis que me lembrei, Dani estava de volta de uma longa viagem, quem sabe ele viria ao meu encontro.

    – Alô?

    – Eu gostaria de falar com o Dani.

    – Quem gostaria?

    – Lilian…

    – Ah ual, me desculpe senhorita Lilian eu não olhei o nome ao atender…

    – Tudo bem meu caro, desculpado, chame o Daniel pra mim.

    – Sim, claro.

    Alguns segundos se passaram e então ouvi a voz do meu querido irmão das trevas, o galã da Ordem. Acho que a moda ultimamente entre as mulheres é careca e barbudo…. Será? Enfim…

    – Olá minha adorada irmã, a que devo a honra?

    – Dani você recebeu meu e-mail?

    – Não abri ainda, porque?

    – Abre e lê… Preciso da sua ajuda…

    – Ok, calma Lili…

    Esperei por alguns longos minutos, período este em que observei o quarto barato de hotel à beira da estrada que estávamos. Camas caindo aos pedaços, banheiro fedendo a cloro e um “toc toc” dum cuco antigo. Carlos dormia em uma cama de cobertores improvisada no chão, enquanto eu vestia uma camiseta de banda, shorts, tênis e esperando o que pudesse vir do outro lado da linha.

    – Lilian, eu li e me nego acreditar nisto.

    – Não é meu caro. Depois nós sobrenaturais somos os monstros.

    – Irônico não?

    – Dani eu não te liguei apenas para perguntar tua opinião, preciso de ajuda.

    – Que tipo de ajuda Lili?

    – O local é cercado por vários homens bem armados, eu o Carlos não vamos conseguir dar conta sozinhos. Isso tirando as equipes médicas que lá trabalham, os clientes que frequentam o local e aparentemente escoltados com os seguranças particulares. Preciso de ajuda física aqui.

    – Vai ser um prazer minha querida. Levarei os melhores que tenho a disposição. Passe tua localização e em duas ou três noites estaremos ai.

    – Mal vejo a hora de chegarem aqui…

    – Nos vemos em breve!

    Passei todas às coordenadas para o Dani e senti uma faísca de esperança crescendo de novo. Corri acordar Carlos e contei lhe as novidades, ele ficou um preocupado com tantos vampiros próximos as suas terras, mas garanti que nada de ruim iria acontecer com ninguém, não da nossa parte.

    – Bom, só posso acreditar na tua palavra, cara pálida.

    – Carlos, só de saber que podemos vencer isso e salvar todos, não lhe deixa feliz?

    – Isso tudo só me deixa com mais vontade ainda de entrar lá e rasgar muita carne amaldiçoada.

    – Então meu amigo, temos os mesmos desejos…

    Mal podia esperar até a chegada do Dani, eu sabia do que ele era capaz e com ele a vitória estava praticamente a nosso favor. Bastaria apenas entrar lá e salvar todas aquelas crianças, para quem sabe devolvê-las as suas famílias.

    Confesso que esperar e ser paciente não é um dos meus dons, já eram dez da noite do segundo dia e eu estava sentada na cama a espera do Dani. Carlos meditava para a batalha e cantava alguma passagem indígena. Aliás, devo admitir que já acostumada com tais tradições do velho lobisomem, velho de idade, porque fisicamente está de parabéns. Hahaha

    Mais algum tempo e ouvi carros parando do lado de fora do hotel, senti uma presença bem conhecida e muito querida por mim. Abri a porta e lá estava ele sorrindo. Aquele sorriso encantador… Trajava a roupa negra de batalha da Ordem, estava careca e com uma longa barba loira, além dos olhos verdes iguais aos meus.

    – Não vai vir aqui me dar um abraço Lili? Ou devo chama-la de Barbie? Que rosa todo é esse?

    – Para, eu gosto assim! Vem cá seu ridículo!

    O abraço do Dani sempre me deu confiança e muita coragem para enfrentar qualquer desafio. Depois de apreciar a presença dele, olhei adiante e fiquei mais animada, vi quem eram os melhores que ele trouxe, Michael, Misiak, Tsuko , Matsuya, Gabriel e Ana Li, simplesmente a equipe A da Ordem.

    Não consegui evitar sorrir de ponta a ponta ao ver todos parados ali na minha frente. Carlos saiu de sua meditação e veio ao encontro de todos nós, este recebeu todos educadamente e se apresentou. Sei que todos ficaram admirados em conhecer um Lican antigo igual ao Carlos.

    Após todas as apresentações e um plano traçado, estávamos prontos, era hora de invadir o local, salvar e matar. Mal sabiam aqueles desgraçados que alguns Demônios encarnados iriam bater à porta naquela noite.

    Lembrei-me imediatamente dos sócios e dos donos do local. Sabia exatamente o que fazer com eles, ou melhor, para quem mandar.

    – Sim?

    – Hector?

    – Eu, quem deseja?

    – Não fomos apresentados formalmente, sou a Lilian, não sei se sabe quem eu sou…

    – Claro que sei sobre você querida.

    – Ótimo, então sabe a missão que estou…

    – Sei e confesso que queria ter ido junto.

    – Então, que tal se eu te levar um presente daqui alguns dias?

    – Lilian não sei que conversa maluca é essa, mas adoro presentes.

    – Garanto que vai adorar este, ou devo dizer ESTES presentes.

    – Ok, aguardarei.

    – Até Hector.

    – Até Lilian.