Tag: romance

  • Uma amizade improvável – Penúltima parte.

    Uma amizade improvável – Penúltima parte.

    Sabe o que é a pior coisa do mundo? É você não ter ação sobre todas as coisas a sua volta! Eu me perdi no meu duelo com Alex e esqueci que ali em volta estava rolando o caos terrestre. Em tempos como este a nossa única ação é a instintiva, sabe aquela que você usa quando precisa de algo ou conseguir alcançar aquele objetivo tão almejado, era aquilo que eu sentia e era aquilo que eu buscava.

    Lutar com a espada definitivamente não era um desafio para mim, muito menos contra um inimigo como o Alex. Meu real desafio era assimilar tudo aquilo, enquanto eu lutava com ele e desviava de suas investidas, me lembrei que um golpe e pronto era meu fim e isso acarretaria algumas coisas na minha roda de vida, no meu clã.

    Quando tive a chance pulei o mais alto possível, não previ e não me ative a uma estatística certeira, apenas pulei e voltei ao chão como uma flecha, minha espada em mãos e foi dai que consegui acertar Alex, não lhe arranquei a cabeça, não lhe acertei o peito, apenas lhe arranquei o braço esquerdo e ele por si caiu no chão, aos gritos e foi dai que tudo parou, o clã dele não nos atacava mais, foram socorrer seu mestre enquanto eu era puxada por Steven ainda em sua forma bestial de lobisomem.

    Nosso pequeno atrito havia começado ali, mas terminar, seriam outros 500, por hora era assistir Alex ser levado por seus companheiros de clã e ouvir seus gritos de dor e vingança ecoarem noite a fora. Já eu senti que era hora de ir para casa, assim como todos os outros, me despedi de Joshua e agradeci a sua ajuda -Lili sempre que precisar! E caso queira se divertir, nosso bar e clã estarão sempre abertos para você!- dei um abraço e vi enquanto partiam dali com suas várias motos e o ronco forte que elas faziam em conjunto.

    Segui caminho junto dos meus queridos seres sobrenaturais, Daniel, Trevor e Steven, todos indo comigo até em casa após Steven liberar seus companheiros. Quando pisei no lugar vi que Kate não estava ali, não pareci surpresa, talvez ela tivesse medo e tenha fugido, não era novidade, era algo típico, sumir quando eu mais preciso.

    Deitei na cama após me despedir de Trevor e Daniel, estes voltariam para suas casas e algum dia em breve, nos veríamos de novo. Steven deitou ao meu lado e me abraçou, ele sabia que eu não estava bem, mas não se atreveu a falar, apenas ficou quieto e abraçado comigo. A noite passou e o Sol veio e ele teve que ir, precisava trabalhar e ver a sua casa, disse que voltaria e eu sei que voltaria.

    Olhar aquele lugar e tentar entender tudo o que havia se passado era difícil, eu protegi alguém que simplesmente sumiu enquanto eu estava lá fora brigando por ela também. De uma coisa eu tenho certeza, eu tenho um dedo muito podre pra escolher meus companheiros de relacionamento, talvez seja o carma da minha vida, não vida, vida de merda, como queira chamar.

    Sair a procura de sangue não iria me ajudar, sair a procura de putaria não iria me ajudar e sair a toa não iria me ajudar, talvez ficar em casa fosse o melhor remédio. Eu queria entender como uma pessoa que chega tão repentinamente pode acabar tão fácil com a gente? Ainda mais se ela bate no teu peito! Kate conseguiu, me fez de trouxa, roubou meu coração (que merda clichê) e foi embora como se eu tivesse lhe feito um favor e nada mais.

    Andei pela casa e fui até meu armário trocar de roupa, quem sabe tomar um banho, quando abro o armário me deparo com um bilhete, clássico de despedida:

    Lili por vezes tentei dizer a mim mesma para não abandonar você! Mas ficar com você apenas lhe traira problemas e perigos constantes! Você não merece isso… Sabe eu não queria ir embora, eu não queria ficar longe de você! Partir e não olhar para trás é difícil, você me deixou sem chão no momento que te vi! Sei que foi egoísmo meu pedir que fosse a luta por mim e está sendo egoísmo maior lhe deixar! Mas não eu não posso ficar, eu sei que você vai voltar bem, por é isso melhor ir embora e deixar você longe do perigo! Assim ele não virá atrás de você!

    Espero um dia te rever, pelo menos pra te abraçar novamente.

    Com carinho K.

    Kate, Kate, você me trazer problemas? Está sendo um tanto egocêntrica achando que tudo gira  torno de você! O buraco é muito mais baixo e ficou mais ainda agora que eu deixei o mestre deles maneta! Enfim oque eu vou fazer a não ser analisar esse bilhete tirado de uma passagem aérea velha minha…. Pera, passagem, quem escreve em um bagulho desse? Não pera, calma aí, vamos rever tudo, Kate não é daqui, e me falou por várias vezes como gosta de Londres… Ta na hora de fazer algo diferente quem sabe mudar minha rotina?! E quem sabe ela pare de jogar MMORPG, porque esse lance de deixar dicas é muito coisa de quem joga MMO online e vive nas quests do computador, no nosso caso era quest da vida! Ps: os bons nerds, geeks e afins entenderam! 😉

  • Uma nova jornada – Parte X: todo sentimento é uma forma de amor?

    Uma nova jornada – Parte X: todo sentimento é uma forma de amor?

    “Pretendo descobrir

    No último momento

    Um tempo que refaz o que desfez

    Que recolhe todo sentimento

    E bota no corpo uma outra vez (…)

    (…)Prefiro, então, partir

    A tempo de poder

    A gente se desvencilhar da gente”

    “Rebecca”, “Lorenzo”, “Ah Ahmmmm…”

    Acordei devagar após um sonho bom.  Estiquei cada osso enrijecido ouvindo-os estralar. Passei as mãos do outro lado da cama e… Ninguém.

    – Olá. Descansou? Beba um pouco, mas vá devagar. – Disse Antoni quando cheguei à pequena cozinha da cabana.

    Assenti. Ah sim, a fome. Eu estava sem me alimentar há o que? Dez dias? Seria possivel? Tomei um copo de sangue com calma, degustando seu sabor e sentindo que até então tudo estava sobre controle. Após alguns minutos, senti algo queimar por dentro e uma forte náusea me atingiu.

    – Isso é normal? – Perguntei.

    – É sim. Por algumas horas. Deve se alimentar aos poucos, devagar… Mesmo naturais, é o efeito das substâncias que usamos no ritual. Além disso, foram bons dias em jejum.

    – Já vamos embora?

    Antoni me olhou de soslaio e assentiu. Arrumamos o necessário e partimos. Foram algumas horas de cavalgada e para espantar o tédio tentei observar e gravar o caminho. Pensava em quando veria meu “Loren” novamente enquanto todos seguiam em silêncio. “Queria que me ajudasse a cuidar de tudo isso aqui.” As palavras de Antoni, porém, também não saiam de minha cabeça. Seria esse meu lugar e meu real caminho?

    Como eu teria mais umas semanas para aprender coisas novas e conviver com aquele mundo um pouco diferente do que eu estava acostumada, decidi não pensar sobre o assunto e deixar as coisas acontecerem no seu tempo… Infelizmente, quando chegamos Antoni me orientou a não encontrar Lorenzo. Mas, enviei sangue suficiente para que ele pudesse beber, afinal era meu dependente. Acho que no fundo Antoni queria nos manter afastados o máximo possivel, o que me irritou, mas não me fez contestar o pedido.  Os dias e noites passaram devagar.  Passava horas do dia estudando sobre o clã, sobre procedimentos de magia, efeitos, poderes e fenômenos, energias espirituais e físicas, entre outros, na biblioteca, aprendendo seus métodos, inicialmente na teoria.

    Durante a noite, Antoni e eu realizávamos os rituais e outras práticas, além de treinos e exercícios de concentração.  Nem sempre tudo saía perfeito, mas as experiências sempre vinham com lições e conceitos importantes. Consegui aprimorar alguns detalhes nas minhas viagens astrais e dons de manipulação, sempre orientada a usá-los de maneira inteligente e quando o necessário.  Descobri que tinha um grande potencial para levitação, e para controlar meu corpo físico mesmo durante as viagens. Mas para conseguir tais feitos com perfeição, precisarei de décadas de treino! No entanto, em um dos exercícios, consegui movimentar um pouco um dos dedos das mãos, o que me encheu de entusiasmo e esperança…

    Alguém bate na porta. Eu já estava pronta para deitar e descansar um pouco.

    – Entre.- Falei.

    – Rebecca? – Era Antoni – Acho que tem alguém precisando falar com você…

    Vendo- o abrir o restante da porta, ergui o olhar, já entusiasmada. Lorenzo estava um pouco diferente. Mais forte, robusto, cheio de alegria com aquela timidez e olhar curiosos de sempre, porém muito mais seguros. Mas, sentiam minha falta. Abracei-o sentido seu cheiro doce já ativando meu desejo, não por seu sangue. Por ele.  Dei-lhe um beijo tímido quando senti um sobressalto. Parei. Olhei para Lorenzo que sorria com os olhos. Olhei para Antoni logo atrás, que esperava, disfarçando a tensão.  Enrijeci, uma pontinha de vergonha atingiu-me. Caminhei até Antoni.

    – Muito obrigada por trazê-lo, Antoni.

    Ele ergueu o olhar e sorriu com o canto dos lábios.

    – Podemos conversar apenas um instante em particular? Logo os deixarei matarem a saudade…

    Lorenzo fez sinal que esperaria. Antoni e eu fizemos uma pequena caminhada dentro do casarão. Alguns minutos em silêncio e finalmente ele falou:

    – Rebecca, são suas ultimas noites aqui. Foi muito bom ter sua companhia neste mês e poder lhe ensinar o pouco que sei. Eu realmente gostaria que ficasse, mas percebi que não posso lhe pedir isso.  Peço-lhe então que continue praticando, você tem um grande potencial.  Estarei aqui para o que precisar. Sempre.

    – Por favor, me chame de Becky. Eu lhe agradeço muito por esse mês aqui. Durante todos esses dias eu tive a oportunidade de me conhecer melhor. Deixar coisas para trás e buscar uma nova jornada. Descobri a leveza, harmonia, equilíbrio e o respeito com o que há em nosso redor. Levarei isso para sempre comigo, querido. Mas, descobri que ainda não encontrei meu lugar. Não encontrei onde meu coração frio está.  Quem sabe um dia eu descubra. – Falei e coloquei minha mão direita em seu peito.

    Segurando e acariciando minha mão, Antoni fechou os olhos por alguns instantes e me permitiu ver seus pensamentos. Lá pude ver o quão suas intenções eram sinceras. “Seu coração está onde está a sua felicidade. Vá e seja feliz. E um dia, se for seu destino. Volte. Eu estarei aqui.” Então, deixei-me levar por um sentimento momentâneo, porém intenso. Beijei Antoni sentindo um carinho estranho e não menos apaixonado. Foi apenas um beijo. Um carinho expressando gratidão. Um presente e talvez uma lembrança.

    Olhei-o em seus olhos. E o deixei, indo embora devagar. Ao voltar abracei Lorenzo com força. “Meu Lorenzo, ainda não me atrevo a lhe dizer. Mas, lá no fundo sei que o que sinto por você, é “mais” do que eu podia imaginar”.

  • Livro Ilha da Magia – As rotinas de um clã de vampiros

    Livro Ilha da Magia – As rotinas de um clã de vampiros

    Hoje inicia-se uma nova fase em meu livro, um momento no qual eu ainda vivia em Berlin e pela primeira vez fiquei a frente de meu clã. Uma responsabilidade imensa para um vampiro jovem e que com certeza influenciou para todo o sempre a minha existência.

    Sem mais delongas, segue abaixo os primeiros parágrafos, a primeira parte completa do capitulo pode ser lida no Wattpad.

    Muitas noites haviam se passado, o treinamento de Sebastian ia muito bem e inclusive ele já havia adquirido muitas habilidades, quando recebemos notícias de Georg e Franz. O navio que os havia levado até o Brasil retornara a Prússia trazendo algumas cartas para todos nós. Cada um de nós recebeu uma correspondência selada, inclusive Sebastian e ao que tudo indicava eram instruções e notícias para todos.

    A minha carta fora enviada por Franz que comentou em poucas palavras a viagem e a chegada ao Rio de Janeiro. Dizia que a viajem havia sido tranquila, porem as notícias vindas de Desterro não eram muito boas:

    “Acabamos de aportar no Rio de Janeiro e os Wampir daqui nos informaram que houve um aumento considerável na quantidade de rituais bruxólicos em Desterro. Ao que tudo indica tua família mortal está bem e não há necessidade de te preocupardes. Iremos para lá assim que possível somente para ter certeza que tudo está bem e para ver se conseguimos descobrir maiores detalhes de tais ritos nefastos.”

    Diante de tais palavras era impossível não ficar preocupado. No entanto o que me fez ficar preocupado de verdade foi o último parágrafo daquela carta:

    “Antes de sairmos às pressas de Berlin soubemos que existe um Wampir traidor em Berlin. Há alguém que simplesmente está sendo consumindo pelos poderes malignos e queríamos que tu fizesses uma investigação rápida. Não sabemos gênero, cor ou raça então isto será um trabalho difícil. Este é na verdade um pedido de Georg e tomes muito cuidado meu irmão. Vemos-vos em breve! Cuide de todos, pois tu podes! Lembra-te disto.”

    Ficamos por um bom tempo debatendo as notícias recebidas e o grande assunto da noite foi a questão do Wampir infiltrado. Eu de imediato pensei naquele velho rabugento do Achaïkos e foi quem desprendeu minha maior atenção nas noites em que se seguiram. Na verdade, podia ser até mesmo alguém do meu clã, ou pior ainda, Suellen….

  • O mistério do lobisomem – pt1

    O mistério do lobisomem – pt1

    Leia como esta história começou...

    Já era quase 3h da manhã quando meu jatinho desceu em Londres. O voo foi uma bosta e por vários momentos pensei que teria de chegar a nado. Apesar disso, o motorista estava a postos na saída do aeroporto particular e me levou tranquilamente até uma casa que aluguei pela internet.

    A casa não tinha muitos detalhes, era simples, com acesso a internet e próxima de uma locadora de veículos. Onde naquela mesma madrugada aluguei um potente 4×4. Acomodei as malas, separei algumas roupas, utensílios e minha munição especial num canto. Depois enquanto remontava minhas pistolas, tratei de ligar para a lobisomem. Tentei por uma, duas e na terceira vez Claire me atendeu:

    – Oi, chegou?

    – Sim, estou aqui arrumando minhas malas… Vens para cá?

    – Ok, que bom que veio rápido!

    – Te disse que viria assim que possível, babe!

    Silêncio…

    – Manda o endereço, vou colocar uma roupa e vou até ai.

    – A velha frieza europeia…

    – What?

    – Nada. Vou te mandar pelo Whatsapp… see you soon, babe!

    Estava tirando um cochilo quando ouvi barulho de carro. Lavei o rosto e fui para a porta. Abri antes que ela batesse e mesmo com a surpresa, não consegui animar ou assustar aquele rosto pálido e tristonho.

    – Hey que bom te ver, entre minha querida!

    Até pensei em lhe dar um beijo, ao menos no rosto, mas vamos por partes. Ela se acomodou num sofá, sentei ao seu lado e preferi focar no assunto que nos reuniu.

    – Então, alguma novidade?

    – Poucas, mas acho que sei quem está com ele. É um grupo rival da Mão Vermelha e há alguns agentes duplos que me preocupam…

    – Tens os nomes? Podemos ir atrás de alguns deles. Precisamos começar por algum lugar… faz O que, um mês que ele sumiu?

    – 23 dias e algumas horas! – Disse ela suspirando e se jogando para trás no sofá.

    Aproximei-me, envolvi meu braço direito em seu ombro e com a mão esquerda arrumei seus cabelos.

    – Hey, calma nós vamos achá-lo. Tu sabe que ele é forte e vai sair dessa. Vai por mim tenho experiência com caras tipo o teu pai. Eles são duros na queda. Só precisamos achar algum caminho ou pista.

    – Obrigada pela ajuda, sem meu pai por perto não sei nem por onde andar direito. Me sinto no escuro e perdida, num lugar que conheço desde pequena… (suspiros)

    – Sei como é já passei por isso algumas vezes e ficar longe de quem amamos é o pior sentimentos de todos.

    Nesse momento ela se encostou em meio peito e fechou os olhos. Adormeceu como uma criança carente, que se aconchega e relaxa nos braços de uma mãe ou de um pai…

  • Uma nova jornada – Parte V: ano novo

    Uma nova jornada – Parte V: ano novo

    – Com Licença. – Falei ao chegar, batendo à porta.

    Antoni estava em um escritório, que logo mais soube ser seu. Logo, espantei parte dos pensamentos que brotavam em minha mente ao reparar como era incrível sua semelhança com Thomas. Falava no telefone calmamente, mas fazia anotações de maneira muito rápida em um pequeno bloco de notas.  Olhou para mim, sorriu e tratou de desligar o telefone assim que pôde, fazendo sinal para que eu entrasse.

    – Sente-se.  – Falou amigavelmente, entrelaçou os dedos e me disse sem rodeios: – Você poderá ficar instalada no mesmo quarto com Lorenzo nessas primeiras noites, mas logo precisará ter seu próprio quarto.

    – Como? – Perguntei, duvidando do que havia escutado.

    – É uma instrução importante. Fará parte do procedimento. Não me leve a mal, isso é para segurança do pobre garoto.

    – Bom, nesse caso…

    – Veja bem Rebecca, preciso que confie em mim. Peço apenas isso.

    – É um pouco complicado para mim. Quero que me garanta que se eu desejar ir embora, tudo estará disponível o mais rápido possível para nós.

    Por um instante, pensei tê-lo ofendido. Mas, tendo sua compreensão ao julgar meus motivos, ele concordou. Após uns quarenta minutos de conversa, grande parte das instruções e dúvidas estavam esclarecidas, mas ainda não havia sido detalhado como seria de fato o meu “treinamento”. Resolvi dar tempo ao tempo e antes de me retirar da sala, Antoni segurou-me pelas mãos, chamando-me de volta, seu olhar intenso encontrou o meu por alguns segundos:

    – Rebecca, haverá uma confraternização entre todos essa noite, devido ao ano novo.  Será no salão principal, Lorenzo e você estão convidados. Gostaria de apresentá-los, por isso é importante que venham. Usem branco, aqui essa tradição não é apenas para os humanos…

    Obviamente aceitei o convite. A confraternização teria um clima mais social então, Lorenzo vestiu calça e paletó cinza claro, junto a um suéter e camisa brancos, devido ao frio que fazia para ele. Eu usei um vestido bordado, com um grande decote nas costas, o que me deixou de certa forma, sensual. Essas roupas estavam a nossa espera no quarto, já que eu jamais imaginaria um evento nesse sentido. Nunca comemorei essas datas após ser vampira e Antoni previu isso.  Quando chegamos, alguns olhares voltaram-se para nós e imaginei que eram por sermos figuras diferentes por lá, ou por meu batom vermelho e cabelos longos escuros em contraste com aquele look Off-White,  ou cor de nada, que me deixava mais pálida que o natural.

    Antoni nos apresentou a outros bruxos-vampiros, a alguns apenas bruxos, ou apenas vampiros, havia alguns lobos e também conselheiros e sub-lideres, já que ele era o “poderoso-chefão”. Senti-me admirada pela mistura e harmonia entre tantos seres diferentes no mesmo espaço. Sophie também estava lá e veio me cumprimentar, se desculpar e por alguns minutos falou freneticamente sem parar. Em alguns momentos, Lorenzo parecia perdido e espantado, mas fiquei ao seu lado o tempo todo.  A festa estava interessante e agradável.

    – Rebecca, uma dança? – Disse Antoni alegre, estendendo uma das mãos, como se ainda estivéssemos no século passado.

    Olhei para Sophie e Lorenzo, com uma expressão mais preocupada do que o previsto.

    -Vá querida! Aproveite. Eu cuido de Lorenzo! – Disse-me Sophie calmamente, e entusiasmada.

    Antoni usava uma calça social cinza claro, junto a uma camisa de linho entreaberta, parecendo despojado. O cabelo bagunçado, o nariz fino, os traços suavizados… Passou um dos braços por minha cintura e conduziu-me no ritmo da música alegre típica da década de 60, “Time of The Season “ dos “The Zombies”, a música em seu ritmo sensual e ao mesmo tempo divertido, instigou-nos a uma dança com direito a flertes por meio de olhares, que me deixaram sem jeito. Em certo momento, Antoni chegou mais perto para falar algo enquanto íamos de um lado a outro, junto a uns poucos que mais nos olhavam do que dançavam:

    – Como está se sentindo?- Perguntou-me.

    – Estou bem. Preocupo-me com Lorenzo. Ele parece perdido e assustado. Acho que logo vamos voltar para o quarto. Há muitos vampiros novos por aqui?

    – Há sim, mas eles ficam do outro lado das instalações e estão acostumados, há muitos humanos por aqui. Fique tranquila.  – E olhando-me sério, por alguns instantes, disse: – Você está linda…

    Agradeci o elogio me sentindo envergonhada, e quando voltamos, Sophie me disse que Lorenzo havia ido ao banheiro. Claro, ele tem necessidades, pensei. Mas, logo percebi que demorava em retornar e tal demora me tirou do sério. Resolvi ir procurá-lo arrependida de tê-lo deixado.

    – Lorenzo, o que está fazendo ai? – Exclamei ao encontrá-lo do lado de fora do salão.

    – Desculpe, ficou preocupada? Vim tomar um ar.

    -Não se afaste de mim… Isso é para sua segurança. – Falei ríspida. – Está pensando nessa loucura toda? Estou vendo o que pergunta a si mesmo…

    – Eu nunca me acostumo com o fato de que pode ler meus pensamentos. Mas, se sabe o que eu quero, por que nem ao menos demonstra alguma possibilidade? – Pergunta-me Lorenzo.

    – Por que não há possibilidade. – Respondi.

    – Então, o que posso fazer?

    – Eu ainda não sei Loren, querido…

    Pobre Lorenzo. Naquele momento, eu não soube o que dizer. Não estava preparada para transformá-lo em minha cria, mas ele esperava um posicionamento meu.  O pior de tudo, é que ele era o primeiro a quem eu desejava transformar. Buscando deixar aquele clima de lado, ouvindo ao longe uma das minhas músicas preferidas tocando, meu humor muda repentinamente e, puxei Lorenzo já animada.

    Era hora de dançar e flertar com meu humano preferido, enquanto fogos de artifício iluminavam o céu e se juntavam à lua e as estrelas!

  • Uma nova jornada – Parte III: a primeira vez de Becky

    Uma nova jornada – Parte III: a primeira vez de Becky

    Após a minha conversa com o Fê, entrei em contato com Antoni. Nos falamos pela primeira vez após a França e marcamos a data na qual Lorenzo e eu faríamos nossa viagem. Antoni empolgado, explicou-me que eu deveria passar ao menos um mês junto a eles para que pudesse conhecer boa parte dos métodos de seu clã. Um mês passaria rápido, mas era um tempo que me pareceu longo, visto que eu teria que adiantar muitos negócios em minhas empresas, para poder me desligar totalmente de tudo. Questionei-o sobre o fato de Lorenzo ser um humano, e isso não pareceu um problema para Antoni que se prontificou a recebê-lo de qualquer maneira. Confesso que nas noites que antecederam a viagem, já com os preparativos sendo encaminhados, tentei controlar a ansiedade e o desejo de desistir. Mas, muitas vezes, Lorenzo me incentivava e renovava meus ânimos, “Eu estarei lá com você, Beckynha…”

    Na véspera da viagem, saímos para fazer algumas compras logo que anoiteceu. Lorenzo precisava de algumas roupas de inverno, e ajudá-lo com isso, me distrairia. Na volta, brincávamos no carro enquanto o motorista que eu havia contratado dirigia discretamente. Pela primeira vez em décadas, resolvi contratar alguns funcionários fixos para questões pessoais. O motorista era um homem alto, moreno e de poucas palavras, que dirigiria para mim, apenas durante a noite. Planejava contratar uma funcionária para cuidar do meu novo apartamento, e para me acompanhar nos locais onde eu estivesse, por período integral, mas ela certamente teria que se tornar uma Ghoul também, por tanto, eu não havia decidido nada sobre isso. Deixando essas questões de lado e voltando ao que interessa, o clima no carro pareceu esquentar, e eu já planejava algumas artimanhas para praticar com Lorenzo, quando chegássemos em casa. Subimos o elevador em meio a abraços, beijos e amassos, mas quando chegamos, fui interrompida.

    – Rebecca, calma, por favor!

    – Ah Lorenzo, para com isso… – Falei enquanto dava algumas mordiscadas em seu pescoço.

    – Rebecca, estou falando sério. Será que posso comandar nossa brincadeira ao menos uma vez?!

    Olhei surpresa para sua expressão séria. Lorenzo me contrariar tinha se tornado algo raro, após transformá-lo em meu Ghoul. Mas, depois que voltamos da França, algo estava diferente. Talvez o ritual que fizeram, ou o tempo em que ele ficou sem o meu sangue, tivesse mudado algo. Nos primeiros dias, Lorenzo havia ficado deturpado, demonstrando pequenos sinais de loucura, como uma espécie de abstinência. Mas, logo havia se recuperado. Em volta a esses pensamentos, demonstrei certa preocupação, o que o fez se explicar rapidamente, deixando-me mais tranquila:

    – Rebecca, eu também tenho meus impulsos e meus desejos. Gosto de você, do sei jeito. Mas, queria tentar algo diferente. Você desperta em mim vontades diferentes.

    – Como assim Lorenzo?

    – Eu quero amar você. Não simplesmente fazer sexo, entendeu?

    Pensei por alguns instantes.

    – Eu não sei bem como fazer isso. O jeito que conheço é esse.

    – Mas, existem outros jeitos. Deixe-me mostrar a você? – Falou segurando meu queixo e sorrindo.

    Lembro- me que a primeira vez que me envolvi com alguém, foi com Thomas, claro. Tenho tentado apagá-lo de minha memória, mas certas coisas são inevitáveis. Mas, naquele momento, as lembranças vinham para mostrar que outras opções existiam, e que eu tinha direito a pelo menos experimentar outro lado. Talvez um lado mais humano que se perdeu completamente no tempo. Aquela era uma primeira vez. A primeira vez em que eu, Becky, me permiti sentir algo, ao menos mais carinhoso. Sem dor, sem tortura, sem sofrimento. Sem causar isso em alguém. Era redescobrir o controle e meus desejos. Era, de certa forma, uma nova maneira de privação e de sentir prazer, talvez…

    Lorenzo pegou- me no colo, rindo e lançando-me em cima da cama. Tirou a camisa e me deixou admirá-lo. Meu desejo de arranhá-lo e vê-lo sangrar precisaram ser contidos. Depois, veio lentamente em minha direção com seus lindos olhos verdes me fitando. Fiquei observando, a espera. Despiu-me lentamente, enquanto espalhava beijos quentes por todo o meu corpo. Deitado sobre mim, já nu, parou por alguns instantes e olhando em meus olhos afagava meus cabelos, beijava meu rosto, meus olhos, o canto dos meus lábios, pedindo para que eu sentisse aquilo tudo e tivesse paciência. Sua língua procurando a minha e chegando até minhas presas, o que me provocou certa reação, que consegui controlar. Era algo que foi se tornando bom, e me permiti ir além do desejo de mordê-lo. Provocando-me desta forma, nossos corpos se uniram em um movimento lento, até chegarmos ao ápice, explorando, delimitando e sentindo com mais intensidade um ao outro. Passamos um bom tempo enrolados. Seu corpo quente aqueceu meu corpo frio e gélido, fazendo me sentir bem. Fechei os olhos por alguns instantes, sentindo sua respiração, ouvindo seu coração bater forte e logo me lembrei de nossa viagem. Logo lembrei que Lorenzo estaria comigo, e que isso também foi se tornando algo bom.

  • Perdida

    Perdida

    As noites não costumam mais serem as mesmas, você não está em lugar algum. Não sinto mais o seu perfume, não sinto mais as suas mãos me tocando, já não me lembro do som da sua voz e parece que estou começando a esquecer do seu rosto.

    As tardes são vazias, e às vezes me pego esperando você me ligar, pra dizer que fez tudo errado e que eu deveria perdoá-lo e esquecer este tempo vazio. Lembro-me das nossas longas conversas, às vezes, não conversamos nada, mas na troca de olhares falávamos tudo.

    Você simplesmente desapareceu me deixando perdida, você se foi sem nem olhar para trás e eu fiquei nesse imenso vazio, escuro e frio. Sofri, chorei e até morri, mas sei que bem lá no fundo eu ainda existo em você e isso tudo, nossas lembranças, brincadeiras e conversas nem o tempo vai apagar.

    Um dia, bem lá no futuro, você vai passar do meu lado na rua, nossos olhares irão se encontrar, o tempo vai parar e aquela chama vai acender por um instante em nossos corações e nesse momento todas as lembranças vão voltar, vamos rir sozinhos para nós mesmos e vamos dizer baixinho, ainda sinto saudade das nossas conversas…

    Enviado pela Gabi