Tag: sequestro

  • Estranhos e loucos – pt2

    Estranhos e loucos – pt2

    Confesso que sempre gostei de “meter a mão na massa” em minhas empreitadas, mas com a chegada da Lilian e da Becky estou conseguindo aliviar um pouco essas incursões práticas. Podendo me dedicar as outras funções mais organizacionais junto das necessidades de meu clã e dos aliados. Apesar disso, sempre que posso utilizo todos os meios disponíveis para ajudar meus irmãos em suas empreitadas.

    “Fê, encontrei a tribo do Carlos, ou melhor, fui encontrada por eles com certa facilidade. Claro que é um mundo completamente diferente daquele que estou acostumada na cidade, mas estou me virando, ao modo Lilian de ser. Nossas investigações foram comprometidas, por causa da última enchente do rio próximo a tribo e faz mais de uma semana que os sumiços pararam. Então vim para a cidade, pois o faro do Carlos nos diz que poderemos encontrar algo por aqui. Se puder responda este e-mail ainda hoje, ou liga nesse número a seguir…”

    Carlos atendeu ao telefone e foi contando, tão logo percebeu que era eu do outro lado da linha:

    – A garota tem experiência em investigação, mas achei que você me mandaria alguém um pouco mais “velho”.

    – Ah meu irmão, ela é esforçada, sabe manusear uma espada como ninguém. Então dê uma chance que ela vai te surpreender. Reclamou muito da falta de conforto e das cousas da cidade?

    – Ela não quis usar as roupas tradicionais da tribo e fiquei desapontado por ela não se entrosar conosco dessa forma. Além disso, ela passa longos minutos escovando os cabelos coloridos, mas no geral fez amizade com facilidade por lá. Quanto a isso fica tranquilo, já estou acostumado com vocês caras pálidas noturnos. Fora isso, preciso que me ajude com alguns contrabandistas. Vou te passar alguns nomes e tu vê se consegues alguns endereços para nós?

    Para encurtar um pouco a história, Carlos me mandou os nomes, que repassei de imediato para Pepe. Ela fez suas “magias” na internet e Deep web e encontrou alguns endereços, no qual retornei em seguida e por telefone mesmo ao Carlos. O velho lobisomem anotou com cuidado e disse que naquela mesma noite eles iriam verificar pelo menos dois.

    Continuação baseada nos relatos do Carlos e da Lilian:

    Depois de conversar com Ferdinand, esperei a noite cair e fui acordar Lilian, podendo prosseguir até o local para que fizéssemos uma ronda e descobríssemos do que se tratavam os sumiços.

    Seguimos por algumas horas até chegarmos a uma espécie de galpão que parecia estar em atividade. Ficamos escondidos na floresta que cercava o local e conseguíamos sentir o forte odor de sangue que vinha de dentro. Eu sugeri que ela fosse até o local escondida, enquanto eu daria uma geral  onde haviam alguns ônibus estacionados, numa espécie de ferro-velho. Onde imediatamente vi vários homens armados protegendo a entrada.

    Após alguns minutos de observações percebi que a Lilian havia entrando sorrateiramente no galpão, onde ficou por lá alguns minutos e decidi voltar e aguardá-la na floresta. Mais um tempo se passou e ela finalmente voltou. Estava com a feição muito triste, na verdade estava completamente desolada, tanto que lhe perguntei imediatamente o que havia encontrado ou o que lhe deixou daquele jeito.

    – Carlos, o forte odor de sangue tem um motivo…

    – Qual Lili? Me fala!

    – Eu vi corpos, pequeninos, mutilados em mesas cirúrgicas.

    – O que? Me diz que isso é brincadeira.

    – Não.  Eles retiram os braços das pequenas crianças, colocam outro no lugar, algo de silicone.

    – Lilian…

    – Maioria deve ter apenas onze ou doze anos… Todas dopadas por algo anestésico.

    – Quantos estavam lá dentro?

    – Haviam cirurgiões, equipes médicas fazendo o procedimento de mutilação. A pior parte é que haviam pessoas comprando as crianças mutiladas… Algo para uso pessoal… As pobres crianças imóveis, sem saber o que estava acontecendo…

    – Lilian, precisamos sair daqui, voltar à tribo e traçar um plano.

    – Eu quero entrar lá e arrancar a cabeça de todos aqueles filhos da putas!

    – Você terá sua chance. Mas não hoje! Vamos voltar aqui preparados e com mais “gente”. Entrar ali agora seria suicídio e ninguém seria ajudado, nem elas ou nós.

    – Eu acho que vi os mandachuvas do lugar lá dentro. Eles são meus!

    – Feito! Agora vamos, temos que informar a todos, inclusive o Ferdinand e teu mestre, quem sabe eles mandem mais alguém ou possa dar mais informações sobre esses malditos.

    Seguimos imediatamente de volta à cidade, onde fizemos diversos contatos. Não consigo descrever a sensação de raiva ou ódio que tomou conta de mim e enquanto estávamos próximos do local, eu também tive vontade de entrar lá e quebrar tudo. Meu animal estava furioso e de certa forma excitado pela vontade comer carne humana, mas pelos deuses eu consegui me conter. Realmente, o que eu havia lhe dito era sensato e temos de voltar com mais alguns para lá.

    Quem diria, comecei a gostar da cara pálida metida a Samurai da cidade…

  • A bruxa sumiu – pt1

    A bruxa sumiu – pt1

    Passados os detalhes pós-transformação de minha querida Pepe e depois que minha forças voltaram a quase 100%, é justo que eu volte as minhas rotinas. Principalmente, no que diz respeito ao projeto “Escolhidos”, junto do ex-pirata Hector Santiago. Antes que me perguntem de Pepe, ela passará algumas semanas junto de Franz e H2, no que meu irmão chama de jam session, que na verdade será uma série de ensinamentos coletivos no qual ele tentará passar as nossas novas crias. Portanto está bem, sã e salva…

    Chegando no QG dos Escolhidos, me encontrei sozinho em meio a muitas investigações, as quais o próprio Hector não estava dando conta de investigar. Inclusive ele e Eliot estavam em campo, provavelmente verificando um dos casos. Tendo em vista, o amontoado de processos optei pelo clássico uni, duni, tê e para minha sorte encontrei um caso em que as forças ocultas estavam envolvidas em mais uma trama.

    Desta vez não haviam raptado artefatos mágicos, mas sim a própria anciã de um Coven de bruxas. Um grupo peculiar, no qual nome não posso revelar, mas que foi importante na época da ditadura brasileira. Dentre as provas encontradas pela própria policia no local do crime, havia muitos pelos de pantera negra e diversos objetos estavam arranhados. Além disso, algumas poças ou pequenos espirros de sangue espalhado pelo lugar foram analisados e nenhum deles levou os investigadores da policia, a quaisquer suspeitos cadastrados em seus bancos de dados.

    Ainda nos arquivos do processo haviam os depoimentos de três membros do grupo que foram encontrados feridos e desacordados no local do sequestro. De acordo com o que foi relatado pelo escrivão eles não falaram “nada como nada” e tudo o que se relacionava com o momento do sequestro estava embaralhado na mente deles.

    Instigado pelo crime arquivado e aparentemente sem solução aos olhos humanos, tratei de por as mãos a obra e pesquisei tudo o que a internet e a Deep web podiam me informar sobre o tal Coven. Liguei para alguns amigos e um deles me disseque o caso era de média importância para a sociedade bruxólica e que também já havia sido investigado por olhos sobrenaturais. Porém mesmo assim nada havia sido encontrado.

    Minha curiosidade estava afoita diante um processo interessante e não me custava nada dar uma espiadinha nos envolvidos. A cidade era grande e isso ajudaria a camuflar minhas investigações, só precisava juntar alguns equipamentos e deixar Hector de sobreaviso no caso de eventualidades.

    Carro com roupas e afins, carretinha com uma de minhas motos e hotel reservado…

  • A vampira pin-up – pt7 – final

    A vampira pin-up – pt7 – final

    – Seria tudo uma grande brincadeira de meus irmãos? – Fora meu pensamento durante outro dia de insônia. Franz, Joseph, nem mesmo minha cria Sebastian atendiam aos vários telefonemas e todo o jogo parecia se encaixar. Filhos da puta pensei comigo, porque diabos não podia fazer as cousas de uma forma mais tranquila, desde a meda do vampirismo entrar na minha vida era assim, sempre o último a saber…

    Cansado de tentar achar respostas e entupido de perguntas, pensei em exercitar uma das primeiras cousas que Georg havia me ensinado e um dos poderes mais antigos dos vampiros: a meditação junto a terra. Assim sendo, eu contei os minutos e logo que pude desci correndo para algum lugar. O mais próximo do hotel era o famoso Central Park, que na época não era tão movimentado à noite e seria perfeito para meu descanso.

    Várias clareiras escuras, muitos lugares, que certamente serviriam para se abandonar algum corpo, mas isso não passava na minha mente naquela noite. Onde eu queria apenas um canto para sossegar, dormir ou ter algumas ideias. Depois de um tempo deitei-me sobre uma pequena clareira, oculta das trilhas principais por vários arbustos e folhagens. Ao meu redor apenas os insetos e alguns cachorros que provavelmente estavam perdidos e latiam sem parar.

    Neste contexto iniciei meus trabalhos e relaxei. Envolto por Gaia e no mais completo relaxamento, consegui ter minhas primeiras visões do que parecia ser Eleonor, Franz, Sebastian, Joseph e Georg. Todos pareciam felizes e jantavam como numa família humana comum. Até o instante que alguma cousa aconteceu e todos ficaram agitados, corriam de um lado para o outro e o fogo tomou conta do lugar. Acordei e dei de cara com um filhote de cachorro sem coleira, molhado e perdido ao meu lado.

    Antigamente, alguns povos nórdicos acreditavam que ver um animal escuro depois da meditação era sinal de confirmação dos pensamentos, mas o que podia ser absorvido de tal visão? Voltei para o hotel, deixei uma caixinha para o recepcionista me liberar a entrada com o cachorro e dei um trato no animal. Banho, comida… Parecia outro bicho depois de algum tempo.

    Ainda naquela noite recebi uma ligação, inicialmente o recepcionista e depois um homem, cuja frase me tirou do sério novamente: “Passaremos às 21h amanhã, esteja pronto para negociar sua hermosa morena”. Não me ouviu xingando, não escutou e ignorou completamente. Fiquei naquela maldita situação de dependência, que abomino acima de qualquer outra cousa.

    Já era pouco mais de 5 da manhã eu tinha poucos minutos para providenciar algo ainda naquela noite. Revisei o que eu tinha de armamento. Na época eu já tinha o hábito de andar sempre com duas pistolas nos coldres nas costas, no caso duas MAC-50 de origem francesa,, que aliás ainda tenho, mas não tenho saudades pois as minhas ao menos  tinham o hábito de travar e dar fortes “beliscões” em minhas mãos, quando eram usadas para muitos tiros em sequência.

    Já tinha perdido a conta dos dias que eu havia passado “em claro”, não estava com fome e tudo que vinha a minha mente, eram as possibilidades de negociação e poderes que que eventualmente eu poderia utilizar para sair com Eleonor de onde estivéssemos.

    21 em ponto tocou o telefone, era o recepcionista dizendo que estavam me aguardando na entrada do prédio. Arrumei tudo o que pude e deixei um bilhete junto de alguns tocados para a camareira cuidar do cachorro enquanto eu estivesse fora. Desci e dei de cara com dois brutamontes, provavelmente capangas dos gangster que estavam com Eleonor. Não senti nenhuma energia sobrenatural nos dois então apenas os acompanhei para o carro, um belo e polido Lincoln preto.

    Os dois foram no banco da frente e me levaram sem dar nenhum pio até um açougue fora de Manhatan. Entramos pela frente, passamos por diversas portas e enfim me deixaram numa saleta que tinha apenas duas cadeiras e uma mesinha todas de madeira escura. Segundos depois ouço passos de mais de uma pessoa, eram os dois brutamontes seguidos por uma figura gorda, bem vestida com um terno feito sob medida, mas com cara de nojento.

    – Senhor Ferdinand vou direto ao assunto, me chamo Tony Castellanno e tu já deve ter ouvido falar de meu irmão, capiche? – Eu até tinha ouvido falar dos tais Castellanno da região, mas como continuei com meu semblante apático ele apenas continuou. – Enfim, encontramos tua garota aprontando no nosso pedaço e acredito que merecemos um ressarcimento pelo trabalho que ela nos causou, claro, obviamente se o senhor quiser ela viva ou em fatias para a viagem de volta, capiche?

    Neste momento ele ficou calado esperando uma resposta, então eu me mantive controlado olhando para o nada. – Ela está aqui? – Não senhor, mas posso chamar caso tenha interesse em iniciar, Cap… – Eu já estava puto com os tais “capiche” e o interrompi com um soco forte na mesa – Trás ela pra cá agora!

    Nesse momento um dos brutamontes deu um passo em minha direção, mas antes de tentar algo foi barrado com um aceno do balofo. – Senhor Ferdinand, não te exaltes, por favor, somos homens de negócio. Jonnhy vá buscar a dama! – Nesse instante eu me dei conta de que ele era um vampiro, sua energia era fraca, provavelmente por ter sangue sujo, mas isso mudava um pouco os improvisos que eu havia idealizado.

    Durante o tempo que ficamos aguardando ele tentou puxar assunto, se gabou inclusive que era parente de sangue do vampiro chefe da cidade e deu a entender que se eu tentasse algo me daria muito mal. Situação que me deixou ainda mais puto e afim de ver seu sangue podre colorindo as paredes sujas de onde estávamos.

    Senti a energia de Eleonor se aproximando de nós, mas ela estava muito fraca e provavelmente estava imobilizada por algum ritual. Dito e feito trouxeram a pobre coitada para a saleta toda amarrada, inclusive com os olhos vendados. Cena que de imediato mexeu comigo a ponto de não conseguir segurar mais o meu demônio. Era deixa de que ele precisava para aflorar em meu corpo, destruindo o pouco de humanidade que minha alma sempre insiste em manter.

    Escuridão, sangue e pedaços dos corpos dos três por toda sala, apenas Eleonor ainda amordaçada sob a mesinha. Minhas roupas estavam inutilizáveis, meu corpo apresentava várias escoriações, hematomas e eu não pude distinguir o sangue deles do meu. Parecia que tudo, a exceção de Eleonor e a mesa, havia sito colocado num liquidificador…

    Atordoado, sem saber direito o que havia acontecido novamente e tendo de pensar mais rápido que o normal. Peguei Eleonor nos braços e fui para o carro que por sorte ainda estava parado na frente do açougue. O “laranja” que cuidava do lugar provavelmente havia fugido em função do barulho e aliado a mania americana de deixar uma chave reserva no tapa sol, facilitaram nossa fuga.

    De volta a Manhatan, consegui parar num lugar tranquilo próximo ao hotel, desamarrei Eleonor e tentei acordá-la dando um pouco de meu sangue. No início ela não teve reação alguma, porém foi o tempo de meu sangue misturar-se ao seu para despertar. Muitos minutos se passaram até que ela finalmente voltou a si, querendo saber o que havia ocorrido. Resumi rapidamente os ocorridos, dando ênfase ao fato de que meu demônio parecia ter se acalmado mais rapidamente do que nas outras vezes.

    Por sorte havia um casaco no carro o que cobriu ao menos minhas partes íntimas para poder retornar ao quarto do hotel. Desta vez o recepcionista ficou preocupado, tive de inventar que havíamos sido assaltados (bla bla bla), mas ele pareceu ter ficado feliz quando fizemos check-out na noite seguinte e lhe damos uma grande gorjeta.

    Noites depois soube da verdadeira história, de que o plano inicial de Eleonor era me dar um susto, inclusive alguns dos envolvidos no incêndio eram amigos delas e ainda estavam vivos. Tinha o aval de meus irmãos e queriam me mostrar de alguma forma, que eu precisava descansar por uns anos. Aquele papo de que eu sempre falo por aqui de que a hibernação ajuda a trazer tranquilidade aos nossos companheiros demônios. Por fim, os gângsteres haviam sido apenas uns pobre coitados que se meteram com os Wampirs errados.

  • A vampira pin-up – pt5

    A vampira pin-up – pt5

    Um mandamento, um pensamento e uma flor em meio as cinzas do que ainda restava de paciência em minha cabeça. Novamente eu tive mais um dia sem sono, as pálpebras dos meus olhos simplesmente não queriam se tocar… Como Franz parecia não ter dado muita bola para o que havia acontecido liguei para o meu melhor amigo, Joseph. Tentei vários números que eu tinha em minha caderneta e quem disse que ele estava em algum deles?

    Torturado por meu próprios pensamento, fatigado por tudo o que eu já havia feito e ainda estava fazendo. Hoje eu vejo claramente como minha cabeça estava uma merda naquela época, mas te digo mancebo, que não desejo passar por aqueles pensamentos novamente.

    Perto das 20h o telefone do quarto tocou, era da recepção e o garoto me informou que havia uma encomenda, uma caixa embrulhada para mim. Desci o mais rápido que pude, pois certamente era algo do tal ameaçador misterioso. Dei aquela sacudida básica, parecia haver algo grande dentro, mas me contive e voltei para o quarto.

    Não havia bilhetes, apenas um “To: sir. Ferdinand” escrito a mão e com uma letra bonita, provavelmente teriam utilizando uma caneta tinteiro e nanquim, pensei.  Ao cheirar senti ainda um forte odor de enxofre, elemento bastante difundido entre os praticantes de magia ou feitiçaria. Tendo em vista os ocorridos e o fato de eu estar sozinho eu não tive outra escolha se não desembrulhar e abrir o pacote.

    Papel pardo ao chão, sentidos aguçados e lá estava eu com uma caixa de chapéu em mãos recheada de itens. Havia algumas mechas de cabelo, uma calcinha de renda preta, alguns batons, dinheiro e um vidro contendo aparentemente sangue já coagulado. Além disso, havia também um bilhete, onde provavelmente utilizaram a mesma caneta e tinta. Muita raiva, ódio e todos os palavrões possíveis vieram a minha cabeça ao ler o que o infame folhetinho continha:

    “Imagino que tenhas passado o teu dia indagando sobre o outro bilhete? Sim, te conhecendo como conhecemos provavelmente fizeste isso, tua impaciência e  falta de controle sobre os teus  dons, são os teus maiores defeitos Ferdinand… Para que tenhas certeza de que estamos falando muito sério te enviamos o que havia na bolsa da Eleonor, bem como um pouco de seu sangue e alguns fios de seu cabelo. Não aceitaremos nada a menos do que a tua vida em troca por ela. Reflita mais um pouco até nos encontrarmos!”.

    Puto da vida liguei novamente para Joseph, que desta vez me atendeu depois de umas quatro ou cinco tentativas. Ele foi extremamente atencioso, me acalmou, mas também como todo bom amigo me jogou na cara que tudo aquilo era culpa minha e da minha rotina Casanova desregrada. Parece que alguns amigos gostam de nos dar na cara nesses momentos… Apesar disso, ele me deu algumas dicas e procedimentos que poderia fazer. Na visão dele eu deveria procurar o vampiro chefe da cidade, mesmo sob pena de ser punido pela morte de alguns de nós.

    Franceses e suas tagarelices, eu não podia correr o risco de ser punido por algo que na minha cabeça não havia sido culpa minha. Malditas vadias e seus rituais de fertilidade… Como eu poderia saber que meu demônio não gosta desse tipo de estimulação?

  • Torturas, sexo com vampiros. Pt2

    Torturas, sexo com vampiros. Pt2

    Pensei comigo – Seria uma embosca, teriam percebido nossas operações e interceptaram algo pelas comunicações que fizemos on-line? Possuiriam eles o poder de perceber os sobrenaturais?  – Confesso que por alguns segundos antes de iniciarmos a comunicação, um pânico comedido tomou conta de mim, a ponto de quase falar a palavra combinada para abortar a operação.

    – Boa noite e antes de tudo peço que não se assustem com a quantidade de gente aqui hoje, faremos uma festinha mais tarde, fizeram boa viagem? Você é a Fátima que queria uma garotinha, não é mesmo? – Disse a vampira em tom mais baixo e que pareceu muito espontânea de inicio, beirando a tagarelice para falar a verdade.

    – Sim – Viemos atrás da garotinha, este é meu segurança Roberto – Apontando para mim com a cabeça.

    Por sorte a vampirinha me deu apenas um oi, diferente do vampiro, que estava à mesa junto de um cara e não tirou os olhos de mim. Os outros presentes praticamente não deram bola. Estavam conversando, alguns jogavam baralho em uma mesa, outros assistiam tv ou apenas comiam algo, talvez pizza.

    Os olhos atentos do vampiro seguiram cada um dos nossos passos até a saída por completo da sala. – Não gostei daquele cara, fica em cima Paulo – Informou minha audição aguçada. – Vai dar merda – Pensei  comigo, mesmo assim mantive o personagem e segui atentamente os passos da vampirinha.

    Ela não parou de falar até chegamos no porão e para que tenham ideia eu tive a impressão de ela falou a vida inteira em poucos segundos. Cousa que nem o pior tagarela dos geminianos teria feito. Percebi muitas câmeras por todos os lados e ao chegar ao porão outra surpresa. Um local grande, com ventilação artificial, vários beliches e muitas crianças… Provavelmente mais 20 até onde contei.

    Assim que comentei sobre a quantidade de crianças ouvi um “puta que pariu” pelo ponto de rádio e certamente os policiais que nos ouviam deviam estar afoitos para dar flagrante. Enquanto a tagarela nos falava do lugar e mostrava a tal virgem que queríamos comprar, percebi a chegada sorrateira do tal Paulo. Ele ficou na porta nos observando e ali mesmo no local começaram as negociações.

    – Havíamos acertado por 5 mil verdinhas não é mesmo? – Naquele instante percebi mais ainda como alguns seres não tem escrúpulos algum, afinal dentre tudo, nos pareceu que ela estava vendendo um saco de batatas premiadas.

    Pagamos a quantia que estava num pacote pardo em um dos meus bolsos e fomos levados para fora do lugar junto da garotinha. Operação 100%, tudo perfeito, o flagrante gravado em áudio, a saída tranquila do lugar…

    Até que alguém nos grita desesperado pelo ponto: – Abortar, rápido, rápido, rápido… E um clarão de fogo, seguido pelo barulho de disparos pode ser ouvido ao longe. Provavelmente vindos de onde os policiais do apoio estavam.

    Clique aqui para ler a parte 3.

  • Assalto ao vampiro

    Assalto ao vampiro

    Sabe aquela noite em que você acha que não vai acontecer nada de diferente, porém em poucos minutos se vê sendo surpreendido por algo extremamente bom? Pois então meus queridos leitores, a noite de ontem foi assim. Estava eu em busca de um pouco de sangue, afinal eu preciso me alimentar pelo menos a cada duas semanas, quando sou surpreendido por minha doce e imprevisível Julie.

    A história foi um tanto quanto inusitada e mais ou menos assim:

    Decidi que eu precisava de uma boa caçada, por que fazia tempo que eu não perseguia nenhum meliante. Como eu já disse por aqui, o sangue fresco e carregado de adrenalina é sempre muito melhor, do tipo que a menor lembrança, me faz inclusive salivar. Então me arrumei, preparei um dos carros e parti para uma rua próxima a um ponto de venda e entorpecentes.

    Minutos depois eu estacionei o carro e fiquei por um tempo observando a região. Meu carro novo e limpinho obviamente chamava atenção e ao perceber que algumas pessoas ficaram observando eu tratei de sair rapidamente do lugar e me escondi em um lugar onde ainda podia vê-lo. A rua onde as drogas eram vendidas ficava a um quarteirão e dizem que não há roubos próximos destes lugares, haja vista que policia perto é sempre um problema. Todavia, eu tentei a sorte, pois sempre há um ou outro desavisado.

    Não tardou e logo alguns caras começaram a passar perto do carro, alguns até tentaram ver algo dentro, mas as películas muito escuras dificultavam a observação. Alguns minutos haviam se passado e em certo momento dois caras começaram a bater papo próximo do lugar. Além disso, para minha sorte um deles estava armado, ou aparentava estar, pois havia um volume a mais nas suas costas e logo acima da cintura.

    Eles estavam observando tudo ao redor e um deles inclusive deu uma olhada por baixo do meu carro, certamente procurando algum rastreador.” Ok, acho que tirei sorte grande!” – pensei comigo. Então tratei de por o óculos de grau, baguncei um pouco o cabelo, desarrumei a camisa para fora da calça e gargarejei um pouco de Jack Daniels, que eu levava numa whiskeira de metal no bolso. Dando a entender assim que eu poderia ser um executivo vindo de algum happy hour e possivelmente alcoolizado.

    Em seguida sem que eles percebessem eu comecei a descer a rua em direção ao carro e quando eu vi que um deles me percebeu eu comecei a interpretar uma comedida bebedeira. Inclusive desativei o alarme ao longe, para que eles percebessem que o carro era meu. Já próximo ao carro eu parei, fiz um pouco de barulho com o chaveiro e sim, um deles previsivelmente veio ao meu encontro.

    – Tá a fim de um lance do bom? Bora se envolver, tenho de tudo heim e na classe pro doutor…

    Mesmo com ele falando cada vez mais e sem parar eu continuei andando até parar a frente da porta. No entanto, percebi que o outro ia fazer algo e fiquei aguardando com a mão na maçaneta.  Até soltei um “Obrigado, não tô afim cara…”, mas junto do clique da maçaneta, o cara mais próximo a mim foi rapidamente para trás do veiculo e o outro veio com um 38 em minha direção.

    Para minha surpresa ele estava calmo, mas segurou firmemente o meu braço esquerdo dizendo na maior cara lavada: – Entra ai cara, isso é um sequestro e nós vamos dar uma voltinha. Diante de tais argumentos eu apenas deixei ser conduzido, mas confesso que tive vontade de rir, ao mesmo tempo em que pensei: “Hahahah mal sabe ele com quem está lidando, pobre mancebo…”.

    Já dentro do carro, eu apenas aguardei ansioso a sequencia dos acontecimentos. O primeiro cara se acomodou no banco do motorista e ficou revirando tudo que podia, enquanto o outro armado e junto a mim no banco traseiro, olhou rapidamente ao redor e depois nos disse: – Passa a chave para ele, em que banco o doutorsinho tem conta, nos queremos uma grana cara, se você for gente fina te liberamos em algum lugar depois…

    Naquele instante eu já estava começando a ficar com fome, mas não queria atacá-los em plena rua. Lembrei então de um banco que ficava perto de uma praça meio escura e os fiz me levar até lá. No caminho, algo em torno de 5 minutos, percebi pelo morder de lábios que o meliante da frente havia cheirado cocaína e o de trás provavelmente havia fumado maconha, haja vista o forte cheiro em suas roupas e suas pupilas dilatadas. Seriam então presas fáceis, mas aguardei até que o marginal da frente estacionasse.

    Rua deserta, com apenas alguns mendigos dormindo próximos a entrada do banco 24h e foi então que encontrei o momento que eu precisava. Num instante de descuido eu segurei numa chave de braço o cara que estava a frente e com a outra mão desarmei o que estava ao meu lado. Sim, usei minha rapidez e minha força superiores. Os dois obviamente ficaram surpresos, e o de trás ainda tentou se desvencilhar, mas o contive segurando-o fortemente pelo braço.

    Eis aquele momento em que meu companheiro aflora, as presas crescem e eu me deixo levar pelo doce, quente e avassalador poder demoníaco. Às vezes fico sem palavras para descrever o poder de se possuir e controlar totalmente a vida nas próprias mãos, e por isso vou deixar que a imaginação de vocês faça o resto, quem sabe ao encontro de algo parecido pelo qual eu sempre sinto.

    Alimentei-me com o que estava atrás ao mesmo tempo em que mantinha preso o da frente. Era um sangue amargo, daqueles do tipo venoso e muito sujo, ou seja, o meu predileto. Dane-se a contagem de segundo, naquele instante eu queria ir além e possuir aquela alma até o último pulsar de seu coração nefasto. E não tardou para que isso acontecesse… A estase da alimentação, o prazer equivalente ao orgasmo intenso… Pena que foram apenas alguns segundos e estes rompidos por uma doce surpresa…

    Ao reabrir os olhos dei de cara com Julie que nos observava atenta e sentada comportadamente ao banco do carona a frente. Ao me ver ela abriu um sorrisinho sacana e levou sua mão até minha boca, limpando um pouco do sangue de minha barba ao mesmo tempo que me disse: – Quanta fúria Fê, tudo isso era fome ou estavas apenas matando a saudade de mim com um simples lanchinho?

    Sabe quando tu ficas sem reação ou palavras? Pois então, esse foi o caso. No entanto, me permiti o gracejo, soltando o meliante ao meu lado e segurando rapidamente o pulso de Julie. Havia ficado um pouco de sangue em um de seus dedos, o que certamente rendeu uma bela e sexy lambida…

    Quanto ao cara do banco da frente? Bom, Julie também fez um belo jantar e na sequencia nos livramos deles. Sabe combustão espontânea? Então, transformar corpos humanos rapidamente em cinzas é um dos dons de minha bela morena.

    Nas últimas semanas que se passaram Julie já havia retornado e contado sobre o engano que havia ocorrido. Na verdade ela não iria sumir, ficaria apenas por um tempo tratando de alguns de seus negócios. Inclusive cabe aqui aquela dica de não se deixar levar pelas fofocas alheias…

    Ah sim, Julie criou um twitter e vai participar do blog, aguardem novidades…

  • Demônios e um sequestro – 3 de 3

    Demônios e um sequestro – 3 de 3

    Depois de ser “liberada da possessão” a camareira precisou receber os cuidados dos poderes mentais de Franz, que na sequencia saiu junto de H2 para fazer alguns preparativos para nossa busca. Fiquei com Julie no quarto, na expectativa de que ela acordasse de seu transe e me fornecesse mais dicas sobre o que poderíamos fazer.

    Não tardou e cerca de uns 20 min mais tarde ela reabria seus lindos olhos e antes que eu lhe dissesse qualquer cousa ela me fala: “Detesto estes momentos, ficar desacordada e sem o controle da situação, não faz meu tipo…” Certamente aquelas palavras lembraram-me de muitos momentos íntimos que tivemos, e para minha sorte ou não, ela aproveitou a situação e me puxou pelo colarinho da camisa. Na sequência me tascou um beijo daqueles que só uma possuída pelas artes das trevas se atreve a dar.

    Os “amassos” duraram mais alguns instantes, até que infelizmente reassumi o controle sobre meu demônio e coloquei uma breve pausa naquele momento profano. A linda boca carnuda de Julie mantinha constantemente um sorrisinho sacana e aquilo me deixou incomodado. Eu precisava saber mais das Wampir de meu clã e aquela pervertida não prestava nenhuma atenção no que eu falava… Tentei argumentar e pedir algumas informações, porém ao fim de uns 5 mim aquelas mãos geladas abriram o zíper de minha calça. Fora a típica situação onde os sentimentos do passado excitam o lado humano macho, que por sua vez precisa esquecer-se da matilha e agir como o alfa diante uma bela fêmea.

    Ao fim de mais ou menos uma hora, Franz e H2 retornaram e ai então finalmente pude se desvencilhar de cima daquele corpo macio e agora quente. Vestimos-nos e depois na sala, ao invés de uma, eram três me olhando com o famoso sorrisinho sacana. Confesso que nunca fui um líder nato, porém nesse tipo de situação eu prefiro manter as rédeas: …ram, ram, ram… Pigarreei e falei na sequência:

    – Bom, senhores… Sabemos o local onde Eleonor e Stephanie estão, agora o que vocês dois conseguiram para a ação de amanhã? Neste momento eu olho com a cara mais fechada que podia para h2, que percebe rapidamente a situação e responde com sua voz grave e alta de sempre.

    – Contei a Franz de um filme que eu vi, que imediatamente fez Franz se lembrar do que os senhores fizeram no Texas em meio aquela tribo indígena…

    Nesse momento Franz interrompe sua cria e nos fala:

    – Resumindo é aquela situação para se chegar atirando meu irmão. Talvez Julie possa nos dar cobertura com seus dons e tu, eu ou ambos na forma bestial, o que achas?

    Enquanto as lembranças daquele ataque de índios possuidos, vinham a minha mente. Julie se pronunciou. Fazendo enfim o que eu tanto queria, que era ouvir os pontos fracos daqueles malditos. Suas descrições foram precisas com relação a quais de nosso poderes os afetariam mais e ao fim de mais algum tempo, havíamos traçado o que eu julguei ser naquele amanhecer: o plano ideal.

    Descansamos durante todo aquele dia, Julie sozinha no quarto e nós três na sala. Franz, não pregou os olhos, pois ao final de nossa conversa sentiu algo diferente, tal qual uma espécie de premonição. Apesar disso, todos descansaram a sua maneira e partimos assim que tudo foi resolvido no loft.

     

    O início da noite surgia, e com ele a vontade de sair da garagem. O forte ronco do motor da Dodge 2500 ecoava por todo o lugar, H2 estava ao volante e a cada acelerada mais brava que ele dava, ficava mais nítida a intensa ansiedade de todos. Meu relógio de bolso que sempre está correto, informou 17h e 37m e isso foi suficiente para o tão esperado cantar de pneus. Confirmando assim nossa partida a toda velocidade para a maldita fazenda onde Eleonor e sua cria estavam presas.

    H2 havia recheado a caçamba da caminhonete com alguns de seus “brinquedinhos prediletos”. Uma Bazuca M9A1, algumas granadas estilhaçantes, fuzis e um pouco de munição, sendo estas últimas chamadas por ele de “batizadas”. Inclusive este tipo de colocação me faz lembrar uma das lendas que rondam H2, no qual alguns dizem que ele já foi padre…

    A escuridão completa e o silencio mórbido do interior só eram rompidos por nossa 2500. Muita poeira, muitos buracos e todo aquele mato a beira da estrada de chão batido, foram os primeiros a estimular nossa sede por uma boa briga. Foi a típica situação em que o coração, se estivesse vivo, saltaria ao peito em frenéticas e ritmadas batidas.

    E a adrenalina aumentou ainda mais, quando começamos a sentir ao longe a energia sobrenatural emanada, por todos aqueles que deveriam estar presentes em tal antro infernal. Neste momento pedimos a H2 que parasse a caminhonete e nos preparamos. Julie e eu fomos pelo mato no intuito de fazer algo surpresa, enquanto h2 e Franz iriam começar a festa pela porteira da frente.

    Tomei Julie em meus braços e com minha velocidade junto da força chegamos rapidamente até uma clareira, onde fizemos uma breve leitura do lugar. A área útil era muito grande e lá estavam apenas duas casas de madeira, um galpão com maquinário agrícola e alguns poucos homens armados e de vigília. Procurei pelas energias de Eleonor ou Sthephanie, no entanto, somente Eleonor vinha aos meus pensamentos e estava muito fraca.

    Comentei com Julie de me transformar em névoa para localizar mais facilmente as Wampir de meu clã. Porém ela foi incisiva me apontando: – Eleonor está no porão daquela casa! Foi quando no mesmo instante lhe dei um voto de confiança, passando nas sequência as coordenadas para Franz.

    Cerca de 3 minutos depois iniciava uma grande movimentação no lugar. A luz havia sido cortada provavelmente por h2 e alguns seguranças engatilhavam suas armas, ao mesmo tempo em que alguns outros indivíduos saíam das casas no intuito de entender o que estava acontecendo. Além disso, e para minha surpresa, entre eles estava Stephanie… A linda mulher que havia conquistado meu morto coração no início deste ano… Seus cabelos que viviam soltos agora estavam amarrados estilo rabo de cavalo, seu olhar era muito concentrado, sendo a maior mudança a sua energia, que agora era mais fraca e diferente.

    Mostrei para Julie quem era Stephanie e sua expressão ao vê-la não foi das melhores. Tanto que depois de uma breve analise ela se virou pra mim e tentou dizer algo, mas foi interrompida abruptamente pelo barulho de nossa caminhonete.

    Toda ação ou briga um pouco mais intensa, sempre geram novas sensações e esse resgate não fugiu a regra. Haja vista, que foi um daqueles do tipo que irá perambular por nossas cabeças por muito tempo…

    Ao longe era possível ver os grandes faróis da caminhonete, que vinha a toda para cima dos seguranças e em direção há uma das casas. Em cima da caçamba estava Franz no que nós chamamos de forma bestial, aquela mesma em que ficamos parecidos com um lobisomem. Ele estava com a bazuca no ombro e isso por si só já fez alguns presentes borrarem suas calças. Ainda se não bastasse uma besta empunhando um arsenal, H2 também havia feito um de seus procedimentos padrão antes de qualquer briga. Ele aumentou o som do rádio da caminhonete ao máximo e em meio às explosões provocadas por Franz era possível ouvir a agitada Highway to hell do ACDC.

    Os métodos de briga de Franz, H2 e até mesmo os meus podem ser vistos por muitos como joviais ou até impensados, no entanto, sempre deram muito certo. O ataque surpresa inesperadamente pela porta de entrada, havia pego de surpresa quase todos os nossos inimigos. Tanto que logo depois que H2 jogou a caminhonete contra uma das casas surgiu em mim o momento ideal para que Julie e eu agíssemos.

    A pequena e endiabrada Wampir iniciou um de seus rituais enquanto eu também adquiria minha forma bestial. Não tardou e uma nuvem cinza quase preta tomou conta da frente da casa onde teoricamente estava Eleonor. O ritual a meu ver era parecido com o que ela havia feito anteriormente no loft, porém agora todos que estavam próximos simplesmente perdiam a consciência.

    Já em forma bestial resolvo ir em direção à nuvem/casa, porém Julie me segura e amarra uma espécie de cordão feito de plantas em meu pulso direto. Nesta forma nos ficamos muito arredios, porém me contive o máximo que pude e ainda consegui ouvir algumas palavras da bela morena: “Vá e salve tua irmã, isso te protegerá do meu ritual”. Aquelas palavras me soaram tal qual um incentivo e certamente quem tivesse me vendo, perceberia uma besta com ódio nos olhos e muita sede de sangue.

    Deste momento em diante, quando meu demônio assume parte de minhas ações eu só consigo me recordar de poucas cousas. Porém antes de entrar na nuvem e depois na casa eu me lembro de desmembrar alguns amaldiçoados e também o que mais me marcou, ver Stephanie atacando H2. Nestes momentos dificeis as escolhas precisam ser feitas em frações de segundos, o que inevitavelmente me levou para dentro da casa, unicamente com o objetivo de salvar Eleonor.

    Dentro do lugar a nuvem de Julie havia feito um belo estrago, várias pessoas estavam pelo chão, porém antes que eu pudesse me dirigir para o porão sou surpreendido por um tiro de pistola, provavelmente .40 e que atingiu meu ombro direito. O forte impacto do projétil desloca minha atenção a quem o disparou e lá estava uma mulher seminua. Como eu estava praticamente ignorando a dor e antes que ela disparasse novamente, eu utilizei toda minha velocidade para lhe imobilizar agarrando-a pelo pescoço. Ela até tentou pronunciar alguma coisa, mas minha força foi tanta que lhe quebrei o pescoço em poucos segundos.

    De acordo com Julie a maior fraqueza de um seguidor das trevas é o longo tempo que precisam para conjurar seus rituais, neste caso atacá-los de surpresa é sempre a melhor alternativa. Então depois de uma breve verificada nos cômodos do lugar, eu fui para onde julguei que seria o porão da casa. No escuro total foi possível ver Eleonor sugando o sangue de um pobre coitado, no entanto, quando me viu ela parou e me disse: “Fê?” e depois deu uma risadinha perguntando via telepatia a mesma cousa.

    Quando estamos nesta transformação não conseguimos pronunciar qualquer palavra que seja, então telepatia ou leitura mental é uma boa forma de ao menos compreender o que se passa pela cabeça do Wampir. Cultura vampiresca a parte, ela percebeu que era eu e tratamos de sair logo daquele lugar maldito.

    Estranhamente Eleonor não havia sido afetada pelo ritual de Julie, e saímos tranquilamente por onde eu havia entrado. Todavia, ao rever a situação do lado de fora fomos pegos de surpresa por algo que mexeu muito comigo. Lá estava H2 ao chão sendo socorrido por Julie, que lhe doava um pouco de seu próprio sangue, enquanto Franz ainda na forma bestial segurava Stephanie pelo pescoço. Foram pouco segundo em que eu desfazia minha transformação e vagarosamente ia na direção deles.

    Sabe quando tu queres gritar, mas como num sonho as palavras não saem? Foi assim que presenciamos Franz utilizar suas garras para adentrar o peito de Stephanie, arrancando-lhe na sequência, sem qualquer dó ou piedade, seu desfalecido coração…

    Nem eu ou Eleonor sabíamos o que estava acontecendo, mas Eleonor que estava em sua forma normal e ainda mais vendo sua cria sendo sacrificada, tratou de correr o mais rápido que fosse ao seu socorro. Naquele instante eles estavam prestes a iniciar uma briga apocalíptica, quando Julie percebeu a situação e falou em claro e bom tom: “Parem, sua alma já estava perdida…”

    Naquele momento, Franz simplesmente largou o corpo desfalecido da jovem Wampir ao chão e tratou de voltar seu próprio corpo ao estado normal. Eu sabia que o momento estava complicado e mesmo nu tratei de procurar um transporte. Entre corpos queimados ou mutilados eu encontrei um Fiat do tipo Wekeend, no qual fiz uma ligação direta e voltei até eles. Todos entraram rapidamente e tratamos de ir embora do lugar o mais rápido que fosse possível. Julie nos disse que o efeito de sua “nuvem” duraria mais alguns minutos e isso foi o tempo que precisávamos para sair da zona de contato.

    Horas depois chegamos a um lugar seguro, no qual H2 havia previamente preparado para passarmos o dia que viria pela frente. Ficamos por ali até o inicio da outra noite, quando nos reestabelecemos e voltamos finalmente para um lugar seguro. Nesta outra noite Eleonor estava muito chateada, havia sido sequestrada, torturada, perdera uma cria e eu que até então estava com ela, agora estava com Julie.

    Como se ainda não bastasse tudo isso, tivemos de escutar também em meio a nossa conversa, mais uma daquelas frases célebres de Franz: “Já que tudo foi resolvido, inclusive com nossa querida maninha, fato que deixará papai muito feliz. Podemos ir relaxar por hora em algum dos nossos puteiros, em meio aqueles belos e deliciosos sacos de sangue quente o que acham?”.

    H2 e eu rimos, Julie ignorou, já Eleonor simplesmente fechou a cara e foi para um dos quartos. O mais engraçado é que Franz realmente falava sério, partindo minutos depois com seu pupilo em busca de diversão. Fiquei mais um tempo com Julie, que também nos deixou, mas que antes de sair me incentivou a ir cuidar de Eleonor.

    Assim terminava mais uma de nossas histórias, onde mais uma vez havíamos escapado por pouco de nossos inimigos. Noites depois Eleonor decidiu ir para junto de Georg, levando consigo a filhinha de Stephanie e na expectativa de ficar talvez por algum tempo aprendendo algo novo junto de nosso mestre. Já eu estou aqui fazendo o de sempre, tirando minhas fotos, administrando nossas empresas e tentando produzir novas histórias, numa espécie de recomeço junto Julie.