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  • Uma nova jornada – Parte VIII: rituais e uma viagem no tempo

    Uma nova jornada – Parte VIII: rituais e uma viagem no tempo

    “-Rebecca… Quero que guarde essa sensação com você. Essa energia pode ser muito maior…”

    Sentei sobre o tapete no chão, em posição de lótus. Sentia que aqueles sete dias de isolamento haviam trazido novamente momentos difíceis à tona, lembranças de um passado trancada em um velho porão, ou entre as paredes escuras de um casarão longe da sociedade, na época em que eu julgava que deveriam ter sido os melhores da minha juventude. Eu sabia que em poucas horas, Antoni viria me buscar e logo aquelas terríveis sensações de medo, tédio e loucura passariam.

    Tentei criar a sensação de estar respirando fundo, concentrando minha mente em meus objetivos, sentindo meu corpo e minha alma em tamanha concentração, capaz de fazer-me entrar em transe. Estava definitivamente me sentindo mais calma e preparada para os próximos passos. O jejum que inicialmente me irritava, havia sido suficiente para purificar meu corpo, tornando-me sensitiva a tudo que houvesse ao meu redor, transcendendo a mim mesmo.

    Alguém abre a porta. Abro os olhos devagar. “Antoni”. “Sim, minha querida, está na hora de irmos.” “Finalmente.” Levantei, conduzida por ele, pois embora o jejum houvesse trazido efeitos positivos, também havia me enfraquecido, tentei afastar sua semelhança com Thomas. “Não, você é muito diferente. Ele podia ter sido como você…” Chegamos até o jardim, e eu mal lembrava o caminho que havíamos percorrido até lá. Senti a grama gelada em meus pés também frios, olhei para um céu com poucas estrelas. Com ajuda subi no cavalo que estava preparado para nós e na garupa de Antoni cavalgamos por um tempo que não pude determinar. Havia mais pessoas conosco, mas não lembrava de nenhum daqueles rostos.

    – Rebecca, devo dar-lhe os meus parabéns. Muitos não suportaram o que você suportou. Sei que foi difícil, mas você está aqui. Se leu as instruções, sabe como serão os próximos procedimentos. Está pronta?

    -Apesar de estar me sentindo estranha, estou pronta sim.

    Eu estava apenas com uma túnica branca que vesti antes de sair do isolamento. O cabelo preso em um rabo de cavalo, o mais natural possivel, sem minhas unhas habitualmente pintadas de vermelho, sem maquiagem ou nem sequer um batom.  Deixando minha vaidade de lado por alguns instantes. Todos fizeram um grande circulo, de mãos dadas.  Antoni dizia calmamente algumas palavras que mentalizávamos. Depois em coro, proferimos uma espécie de oração ao universo. Aquele era o primeiro ritual na qual eu participava.

    Antoni pegou um pequeno jarro de barro, que lhe foi entregue junto a uma tigela rasa. Despejou um liquido naquela tigela, falando baixo uma mistura de palavras indecifráveis.  Em seguida, falou em voz em alta:

    – Vejam, este é o sangue de nossa aliança. Aquele que bebe deste sangue, afirmará seu destino. O sangue derramado, vindo de sacrifícios daqueles que lutaram por nosso clã.

    E então, caminhando até um a um todos bebiam daquele liquido. Antoni parou a minha frente. Olhei- o fixamente, sem saber se deveria continuar com aquilo. Beber daquele liquido poderia confundir as coisas.

    – Não se preocupe. Beba. – Falou.

    Peguei a tigela junto as suas mãos, hesitante. Bebi. Não era sangue de humanos. Era sangue de animal, usado apenas para compor a mistura. Junto ao sangue havia uma composição de ervas naturais que adormeceram meus lábios, junto a um leve ardor. Em poucos minutos, eu me sentia ainda mais estranha. Não vi mais nada e ninguém ao meu redor. Deitada sobre a grama molhada, um céu colorido caia sobre meus olhos e me levava para longe. Fazendo-me lembrar tudo o que havia escondido bem no fundo de minha memória, como um filme. Momentos bons e ruins, as fantasias de minha infância, os medos noturnos, os cheiros, as músicas, as descobertas, a perda das pessoas que amei, a ilusão que foi a minha vida, as mentiras, as decepções, as torturas, uma mistura desenfreada de tudo.

    Deixei o vento me embalar, as folhas me cobrirem, perdendo-me sobre a terra molhada sentindo estar em outro lugar, um lugar onde eu pudesse me reinventar, e deixar o passado para trás, para aceitar “viver” uma nova jornada.

    Quando todo aquele efeito passou, percebi que estava em pé, parada no mesmo lugar. Antoni prosseguia levando o líquido aos demais. Permaneci ali, voltando de minha pequena viagem, entendendo o que havia acontecido e me sentindo leve, convicta de que não havia nada na qual me culpar, “o mundo está melhor sem ele”.

    – Eu estou muito melhor sem você, Thomas. – Falei baixinho e sorri para Antoni, que me retribuiu o sorriso demonstrando satisfação e um certo carinho, enquanto continuávamos os rituais.

  • Uma nova jornada – Parte VI: novas experiências

    Uma nova jornada – Parte VI: novas experiências

    – Becky você irá me matar desse jeito!

    – Só se for de prazer, dear. Novas experiências devem ser sempre bem-vindas…

    Naquele momento, eu não podia evitar o sorriso e o desejo que transpareciam em meu rosto. E, afastando a sede pelo sangue de Lorenzo lembrei-me que após aquela noite, demoraríamos um tempo para ter momentos juntos e íntimos novamente.  Após aquela típica festa de fim de ano, eu já havia passado pelos primeiros processos e soube que meu pequeno treinamento seria semelhante ao de um iniciante para que eu pudesse vivenciar todas as etapas com maior aprofundamento. Antoni me acompanharia, para dar suporte quando necessário. Tive algumas aulas teóricas, conhecendo um pouco da história e métodos do clã. Fiz alguns testes básicos na qual me destaquei e fui avisada de que a partir de então, algumas fases poderiam se tornar mais difíceis, pois testariam meus limites, para aflorar meus poderes e instintos.

    – Vou sentir sua falta – Disse Lorenzo ofegante, interrompendo meus pensamentos. – Você realmente precisa desse… “isolamento”?

    – Parece que sim. – Falei desanimada ao lembrar esse detalhe – Mas, serão só alguns dias, querido.  Estive pensando. Você não sente falta de sua vida, digo antes disso tudo?

    – Às vezes sim, às vezes não. Era uma vida vazia. Estou contente por estar com você… Antoni tem uma aparência atraente, não acha? – Falou mudando repentinamente de assunto.

    – Sua aparência às vezes me deixa encabulada, na realidade. – Por um instante parei – Lorenzo, Antoni lhe atrai?

    – Atrairia se fosse um tempo atrás. E a você? Ele atrai?

    – Aonde quer chegar com isso? Como falei, fico apenas encabulada. Você deve saber o motivo…

    Felizmente, Lorenzo não insistiu no assunto, afinal, isso não era da conta dele. Um tempo depois, a senhorinha de olhos cor de mel ajudou-me a organizar o novo quarto na qual eu ficaria. Este em um local mais afastado dos outros aposentos. E durante nossas conversas ela revelou chamar-se por Lúcia. Havia sido uma serviçal de confiança para Antoni, durante décadas. Mas, com a idade ficou com a saúde debilitada e então, foi transformada. Imaginei que ela deveria ser muito importante para ele, e me sensibilizei com sua história. Durante todo o dia, descansei, li algumas instruções que me haviam sido deixadas, e mais alguns livros. Mais tarde, tomei um longo banho e enquanto me preparava alguém bateu na porta.

    -Posso entrar?

    Era Antoni.

    – Claro, fique a vontade. – Falei enrolando-me em um roupão de seda.

    Sentando- se ao meu lado, parecendo ignorar minhas condições pós-banho, comunicou-me que enquanto eu estivesse em meu treinamento, enviaria alguns professores e Ghouls de confiança para algumas atividades com Lorenzo. Aulas básicas de luta corporal, e até de alguns pequenos feitiços, caso ele mostrasse potencial.

    – Isso é ótimo. O manterá ocupado e menos entediado… Bom, o que faremos a partir de agora? – Aproveitei para perguntar.

    – Primeiro gostaria de lhe levar a um lugar. Vamos? – Falou esperançoso.

    – É… Tudo bem. Irei apenas me vestir, digamos, adequadamente. – Falei duvidosa.

    – Não há necessidade. É aqui perto… – Falou pegando minha mão já me conduzindo, sem me dar tempo para falar algo.

    Toda aquela pressa me deixou receosa. Mas, ainda não havia conhecido o lado “informal” e jovial de Antoni…  Assemelhando-se a um garoto ao me levar por algumas escadas até a parte mais alta do casarão.  Fazendo-me até rir em alguns momentos por tamanha empolgação. Ao chegarmos, ele abriu uma porta que dava acesso a uma grande sacada. Parei por alguns instantes, vislumbrada. Era uma paisagem e tanto. O céu escuro destacava suas estrelas. A lua, imponente, iluminava toda a fazenda. Era possivel ver as montanhas cobertas por gelo e toda a propriedade. Ouvir as vozes das pessoas conversando e os animais ao longe. Ficamos em silêncio por longos minutos, nunca havia sentido tamanha paz desde que… Enfim, fazia muito tempo. Olhei para Antoni que me esperava sair daquele momento de devaneio e vislumbre.

    – Eu costumo vir aqui sempre que tenho algo importante no que pensar ou para qual me preparar. – Disse ele, tranquilo – Sinta a energia que todo esse ambiente é capaz de lhe proporcionar, não é renovador?

    – É sim! – Falei voltando a admirar a vista.

    – Rebecca… Quero que guarde essa sensação com você. Essa energia pode ser muito maior. Mas antes, você precisará passar pelo isolamento, o que não é algo fácil. Já iniciou o jejum? – Perguntou-me.

    -Bom, na verdade estou sem me alimentar de verdade, desde que chegamos. Mas, meu problema não é esse.

    – Então, faz quase uma semana? Qual o problema?

    – Uhum – Falei preocupada – Não é tanto tempo assim, mas não quero chegar ao ponto de perder o controle. Isso é necessário Antoni? Digo, o isolamento?

    -Você não chegará a esse ponto. Mas, o jejum e o isolamento são importantes sim, para o primeiro ritual que participará conosco. Estude as instruções que lhe deixei. E lembre-se, estarei ao seu lado. Fique tranquila. – Falou aproximando-se.

    – Obrigada. Estudarei sim e, acho que ficarei bem. – Falei desviando o olhar.

    Antoni parou por alguns instantes, talvez pensando nas palavras certas. Mas sabiamente, resolveu deixar tudo como estava. Senti a brisa tocar meu rosto e ao guardar aquela sensação comigo, resolvi que era hora de me recolher, afinal não havia tempo a perder. Agradeci a Antoni novamente, e deixando-o voltei ao meu quarto para algo que lá no fundo ainda me apavorava… O isolamento.

  • Uma nova jornada – Parte IV: a viagem

    Uma nova jornada – Parte IV: a viagem

    Fomos recepcionados pessoalmente por Antoni, que foi nos buscar no aeroporto na qual aterrissamos com meu jato particular. Devido à diferença de horários, me arrependi de não ter saído mais cedo para poder chegar com tranquilidade depois da viagem. Ainda teríamos alguns quilômetros de viagem pela frente, e eu ainda estava receosa com a presença de um ser tão semelhante a Thomas… O clã ficava em uma cidade no interior dos Estados Unidos, uma região montanhosa e fria para Lorenzo. Logo que chegamos, observei que aquele não era o mesmo local que eu havia conhecido anteriormente, era uma fazenda em uma grande propriedade, e antes de exclamar qualquer coisa, Antoni foi logo explicando:

    – Aquela é uma de nossas sedes na cidade, digamos assim. Alguns vampiros-bruxos mais experientes ficam por lá. Aqui é um local onde temos mais contato com um meio natural, os iniciantes ficam instalados aqui, pois é onde conectamos melhor nossas energias, podendo contemplar a natureza em um todo.

    – Compreendo. Antoni me diga sinceramente, o que pretende me convidando para passar esses tempos por aqui?

    Ele olhou-me como se pensasse “Jura que você não entendeu ainda?”, mas eu havia entendido muito bem. Queria apenas ouvir diretamente. Sua expressão aliviou-se, então ele explicou:

    – Eu sei que você precisa dessa vivência. Quero ajudá-la de alguma forma. Você herdou alguns poderes de Thomas que ainda desconhece. És muito jovem ainda. Além disso, se adaptar-se tenho esperanças que faça parte de nosso clã.

    Naquele momento, meu pensamento foi direto a Ferdinand “… só espero que não resolva ficar por lá definitivamente.” Expressando dúvidas, resolvi mudar o foco:

    – Mas, se herdei os poderes de Thomas, eu não deveria fazer parte do outro clã? Sei que eles me consideram uma inimiga, mas eu me encaixaria aqui?

    – Nossos dons e poderes são muito semelhantes, pois, como lhe já contei, nossos clãs agiam em conjunto séculos atrás, a diferença é como e de que forma absorvemos essas energias e para quê as usamos atualmente. Mas, enfim, é cedo para abordamos tudo isso. Irei mostrar onde ficarão instalados. Vocês precisam descansar.

    Dormi durante quase todo aquele dia. Ao acordar, eu e Lorenzo organizamos nossas coisas. Até que alguém bateu na porta de nosso quarto.

    – Com licença – Disse uma pequena senhora de olhos cor de mel e cabelos curtos ondulados – Trouxe uma refeição para seu amigo. Senhora, Antoni precisa conversar com você em particular.

    – Obrigada e… Não precisa me chamar de senhora, por favor. – Olhei para ela e sem uma explicação aparente, senti certa afeição por aquela pequena senhorinha. Ela servia Lorenzo, enquanto saí.

  • Uma nova jornada – Parte III: a primeira vez de Becky

    Uma nova jornada – Parte III: a primeira vez de Becky

    Após a minha conversa com o Fê, entrei em contato com Antoni. Nos falamos pela primeira vez após a França e marcamos a data na qual Lorenzo e eu faríamos nossa viagem. Antoni empolgado, explicou-me que eu deveria passar ao menos um mês junto a eles para que pudesse conhecer boa parte dos métodos de seu clã. Um mês passaria rápido, mas era um tempo que me pareceu longo, visto que eu teria que adiantar muitos negócios em minhas empresas, para poder me desligar totalmente de tudo. Questionei-o sobre o fato de Lorenzo ser um humano, e isso não pareceu um problema para Antoni que se prontificou a recebê-lo de qualquer maneira. Confesso que nas noites que antecederam a viagem, já com os preparativos sendo encaminhados, tentei controlar a ansiedade e o desejo de desistir. Mas, muitas vezes, Lorenzo me incentivava e renovava meus ânimos, “Eu estarei lá com você, Beckynha…”

    Na véspera da viagem, saímos para fazer algumas compras logo que anoiteceu. Lorenzo precisava de algumas roupas de inverno, e ajudá-lo com isso, me distrairia. Na volta, brincávamos no carro enquanto o motorista que eu havia contratado dirigia discretamente. Pela primeira vez em décadas, resolvi contratar alguns funcionários fixos para questões pessoais. O motorista era um homem alto, moreno e de poucas palavras, que dirigiria para mim, apenas durante a noite. Planejava contratar uma funcionária para cuidar do meu novo apartamento, e para me acompanhar nos locais onde eu estivesse, por período integral, mas ela certamente teria que se tornar uma Ghoul também, por tanto, eu não havia decidido nada sobre isso. Deixando essas questões de lado e voltando ao que interessa, o clima no carro pareceu esquentar, e eu já planejava algumas artimanhas para praticar com Lorenzo, quando chegássemos em casa. Subimos o elevador em meio a abraços, beijos e amassos, mas quando chegamos, fui interrompida.

    – Rebecca, calma, por favor!

    – Ah Lorenzo, para com isso… – Falei enquanto dava algumas mordiscadas em seu pescoço.

    – Rebecca, estou falando sério. Será que posso comandar nossa brincadeira ao menos uma vez?!

    Olhei surpresa para sua expressão séria. Lorenzo me contrariar tinha se tornado algo raro, após transformá-lo em meu Ghoul. Mas, depois que voltamos da França, algo estava diferente. Talvez o ritual que fizeram, ou o tempo em que ele ficou sem o meu sangue, tivesse mudado algo. Nos primeiros dias, Lorenzo havia ficado deturpado, demonstrando pequenos sinais de loucura, como uma espécie de abstinência. Mas, logo havia se recuperado. Em volta a esses pensamentos, demonstrei certa preocupação, o que o fez se explicar rapidamente, deixando-me mais tranquila:

    – Rebecca, eu também tenho meus impulsos e meus desejos. Gosto de você, do sei jeito. Mas, queria tentar algo diferente. Você desperta em mim vontades diferentes.

    – Como assim Lorenzo?

    – Eu quero amar você. Não simplesmente fazer sexo, entendeu?

    Pensei por alguns instantes.

    – Eu não sei bem como fazer isso. O jeito que conheço é esse.

    – Mas, existem outros jeitos. Deixe-me mostrar a você? – Falou segurando meu queixo e sorrindo.

    Lembro- me que a primeira vez que me envolvi com alguém, foi com Thomas, claro. Tenho tentado apagá-lo de minha memória, mas certas coisas são inevitáveis. Mas, naquele momento, as lembranças vinham para mostrar que outras opções existiam, e que eu tinha direito a pelo menos experimentar outro lado. Talvez um lado mais humano que se perdeu completamente no tempo. Aquela era uma primeira vez. A primeira vez em que eu, Becky, me permiti sentir algo, ao menos mais carinhoso. Sem dor, sem tortura, sem sofrimento. Sem causar isso em alguém. Era redescobrir o controle e meus desejos. Era, de certa forma, uma nova maneira de privação e de sentir prazer, talvez…

    Lorenzo pegou- me no colo, rindo e lançando-me em cima da cama. Tirou a camisa e me deixou admirá-lo. Meu desejo de arranhá-lo e vê-lo sangrar precisaram ser contidos. Depois, veio lentamente em minha direção com seus lindos olhos verdes me fitando. Fiquei observando, a espera. Despiu-me lentamente, enquanto espalhava beijos quentes por todo o meu corpo. Deitado sobre mim, já nu, parou por alguns instantes e olhando em meus olhos afagava meus cabelos, beijava meu rosto, meus olhos, o canto dos meus lábios, pedindo para que eu sentisse aquilo tudo e tivesse paciência. Sua língua procurando a minha e chegando até minhas presas, o que me provocou certa reação, que consegui controlar. Era algo que foi se tornando bom, e me permiti ir além do desejo de mordê-lo. Provocando-me desta forma, nossos corpos se uniram em um movimento lento, até chegarmos ao ápice, explorando, delimitando e sentindo com mais intensidade um ao outro. Passamos um bom tempo enrolados. Seu corpo quente aqueceu meu corpo frio e gélido, fazendo me sentir bem. Fechei os olhos por alguns instantes, sentindo sua respiração, ouvindo seu coração bater forte e logo me lembrei de nossa viagem. Logo lembrei que Lorenzo estaria comigo, e que isso também foi se tornando algo bom.

  • Uma nova jornada – Parte II: conversa entre amigos

    Uma nova jornada – Parte II: conversa entre amigos

    Aquele som de telefone em espera e eu, cada vez mais ansiosa. Então, finalmente ouço sua voz grave e divertida:

    – Hey Becky, qual é o ar da graça?

    – Oi Fê! Muito ocupado? Está a fim de sair para bater um papo? Ter uma conversa num lugar bacana…

    – Humm como sabes que estou sem planos para hoje à noite? Tá sabes que não nego um “rolê”, ainda mais com essa lua gigante no céu. Te encontro ai antes da meia noite!!

    – Ok, cinderela, até daqui a pouco, então… – Brinquei.

    – Hey! Cinderela não!! Sabes bem que no meu conto de fadas eu tô mais pra “lobo mal”. – Falou fingindo repreensão.

    – Em pele de cordeiro, claro… – Completei.

    E naquele momento, imaginei que meu amigo deveria ter revirado os olhos e caído na gargalhada enquanto desligava o telefone. Avisei Lorenzo que iria sair por algumas horas, troquei de roupa e ao sentir a presença de Ferdinand por perto, peguei minha Gucci e desci calmamente o elevador, até me deparar com aquele loiro de olhos azuis.

    – Pra quem precisava de um lugar tranquilo… Acho que essa aqui é uma das ruas mais calmas da cidade!

    – Já ouviu que é mais fácil se camuflar em uma multidão? Mas, aqui é um lugar tranquilo, sim. Os bares e restaurantes são boêmios, há cafés, pubs e os frequentadores são na maioria pessoas maduras, não vejo arruaças por aqui. Vamos caminhando? Tem um lugar bacana por perto!

    – Vamos, vamos. Tu com essa empolgação de sempre… – Exclamou, esticando o braço e fazendo a frente para irmos.

    Enquanto caminhávamos, jogávamos conversa fora em meio a risadas devido ao Fê e suas piadas sem graça. Chegando a um restaurante típico italiano, sentamos em uma mesa discreta.

    – Em que posso servi-los?- Disse o garçom, se aproximando.

    – Nos traga uma garrafa do seu melhor vinho, querido. – Pedi tentando afastá-lo rapidamente.

    Não bebemos o vinho, claro, mas desse modo nos deixaram ter nossa conversa.

    – Então, brincadeiras a parte, o que tu me contas? – Questionou Ferdinand.

    – Na verdade Fê, eu gostaria da sua opinião. Recebi um convite.

    – Um convite, sei!?

    – De Antoni.

    – Do gêmeo do babaca lá do Erner???

    – Do gêmeo do babaca do Erner… Ele pediu desculpas, falou em redenção e nos convidou para passar ao menos uns tempos com o clã dele.

    – Nos convidou?

    – Eu e Lorenzo.

    – Humm…

    – O que acha disso? Ele não tem obrigação de concertar o passado, e coisas que não fez. Mas…

    – Bom, tu que sabes. Se vai te fazer bem, não vejo mal algum em buscar mais conhecimento. Mas, me diz uma coisa. Essa cabecinha linda tem algum motivo em especial para ir?

    – É… Não. Só curiosidade, vontade de aprimorar meus poderes, eu nunca tive um treinamento eficaz. Aprendi tudo sozinha, vamos ver como me saio por lá…

    – Tá, já sei. Está se sentindo carente e desamparada sem um mestre….

    – Eu carente? Sabes que não. – Falei mostrando a língua e rindo – Não é isso. Na verdade, nem sei o que é ter um mestre, de fato. Mas, a Eleonor me ajudou muito e tenho você agora. Mas, com eles é diferente.

    – Tudo bem, vai. Vai tranquila, só espero que não resolva ficar por lá definitivamente. Sabes que nosso clã precisa de ti. Só tenta me passar, tipo uns boletins informativos de vez em quando, principalmente se encontrar algo de muito estranho. No mais é de boas, te dou essas “férias”… – Falou dando uma piscadela. – Aliás tu ficaste sabendo da última peripécia do Franz?

    Confesso que me senti mais tranquila depois daquela conversa. Mas, percebi que era melhor mudar mesmo de assunto.

    – Do Franz? Não. O que ele fez dessa vez?…. Não!….Sério?…Ele é louco…. – Exclamei enquanto ouvia o Fê falar, já animado e divertindo-se.

    E assim as horas passaram voando, como sempre acontece quando dois amigos geminianos se encontram.

  • Uma nova jornada – Parte I: o convite

    Uma nova jornada – Parte I: o convite

    Após aquele “conflito” com o clã de bruxos inimigos, a quase volta do espírito de Erner e o sequestro de Lorenzo, senti-me grata por todo o esforço e ajuda que Antoni, Sophie e seu clã dedicaram a mim. Porém, decidi ao menos por um tempo, não manter contato com eles e durante o período que fosse necessário, eu e Lorenzo nos manteríamos em segurança, reservados e longe de qualquer agito. Mas, ao contrário do que imaginam, não tiramos férias…

    Quando voltamos da França, meu apartamento no Brasil havia sido invadido. Por sorte, meus documentos e materiais mais importantes estavam muito bem escondidos e não foram roubados. Com isso, precisei correr contra o tempo para encontrar uma nova moradia e um local seguro para nos instalarmos, a fim de despistar também, alguns regrados que me localizaram, diante toda aquela confusão.

    Após grande parte dos dilemas resolvidos, reforcei uma série de questões sobre segurança e privacidade, algo que foi extremamente necessário. Mas, após algumas noites, sentido a calmaria novamente. Lorenzo e eu aproveitávamos nosso tempo juntos…

    – Becky, você sempre me salvando… – Dizia enquanto rolava para mais perto de mim, na cama.

    – Digamos que, não fui eu quem lhe salvou… Mas, fiz o possivel, meu querido. – Disse já levantando.

    – Aonde vai, baby?

    – Preciso checar uns e-mails, é rapidinho. – Falei dando-lhe um beijo rápido.

    Caminhando a passos curtos, pensava em Lorenzo, e em seu futuro. Mas, já em meu novo escritório, concentrada em meus negócios, logo vi que havia em minha caixa de mensagens um e-mail um tanto inesperado. Abri rapidamente e comecei a correr os olhos pelas palavras nele escrito:

    “Boa Noite, Sra. Rebecca,

    Venho por meio deste, pedir-lhes novamente desculpas por meu mau comportamento, enquanto esteve conosco. Sei que não deveria ter agido de tal maneira. Espero que a senhora e seu humano, estejam bem e em segurança. Gostaria de aproveitar e fazer-lhes também um humilde convite. Nosso clã estará sempre receptivo em recebê-los para que conheçam nossos métodos e nossa irmandade. Peço que pondere sobre a possibilidade de ao menos passarem uma temporada conosco. Ficarei muito grato se aceitar, pois desejo redimir todo o mal feito por meu desconhecido irmão. Aguardo ansiosamente, Antoni.”

    Receei por alguns instantes, ainda surpresa. Durante as noites que se seguiram, me encontrava pensando sobre a hipótese. De fato, aprenderia muitas coisas e esclareceria dúvidas que carregava comigo, poderia aprimorar meus dons e poderes, talvez fosse relevante passar um tempo daqueles que eram os mais próximos de minha origem, mas antes, eu deveria conversar com alguém importante…

  • Odeio o anoitecer – Parte 2 de 2

    Odeio o anoitecer – Parte 2 de 2

    O clima estava pesado, Hector não é um tipo de vampiro dos mais tranquilos e eu não sou flor que se cheire, ainda mais quando me deixam puto por pouca bosta. Porém, quando o assunto é tacar a mão em alguns filhos da puta eu posso sempre contar com meus aliados/amigos.

    Eliot foi por terra usando sua velocidade vampiresca. Hector também utilizou sua agilidade sobrenatural, mas também estava invisível aos olhos humanos. Eu também usei minha velocidade acima da média humana, mas fui um pouco atrás e antes de chegar no lugar me transformei em névoa.

    Os dois caras da guarita certamente não viram o que lhes atropelou e os cães foram soltos do lado de fora do lugar. Seria muita sacanagem matar os bichos, que mal sabiam o que faziam naquele por ali. Eu ainda estava em forma de névoa quando adentrei galpão principal, consegui perceber que havia cerca de 20 pessoas entre homens e mulheres, sendo dois caras aparentemente os administradores.

    Desfiz minha transformação por trás de um deles e em coisa de uns 30 segundos eu o ataquei silenciosamente. Segurei sua boca para que não fizesse muito barulho e até tive vontade de lhe morder suas veias saltadas do pescoço, mas seria exposição desnecessária, sem falar das câmeras. Mesmo com os rostos cobertos seria bizarro demais para um humano ver outro sendo sugado ao seu lado.

    Então apliquei um desajeitado mata-leão e antes que o outro “administrador” percebesse o que estava acontecendo Eliot lhe deu uma coronhada certeira na têmpora direita. Neste momento os trabalhadores já estavam desesperados, outros suplicavam por suas vidas e decidimos uma abordagem mais simplista, amarramos todos, alguns tentaram resistir, inclusive uma garota havia conseguido escapar, mas Hector a achou em meio a mata com facilidade.

    Mandei o aviso de missão concluída para meu amigo da polícia federal e fizemos uma breve vistoria no local, atrás de coisas que nos fossem úteis. Havia dinheiro, havia algumas drogas que Hector insistiu em pegar uma parte. Eliot foi atrás da central de câmeras para apagar nossa “estadia no lugar” e eu aproveitei o tempo antes da chegada da polícia para dar uma boa olhada geral enquanto tentava contato com Claire, no qual não me respondeu de imediato.

    Em minhas andanças pelo lugar havia apenas um item que me despertou interesse, um medalhão de prata, que estava no pescoço de uma das garotas que trabalhavam no lugar. Não era nada muito trabalhado, mas ele parecia ter uma energia diferente, sem contar a pedra verde encrustada, que possuía um tom escuro quase negro.

    Ao conversar com ela sobre tal artefato, ela disse que era um presente de sua mãe e que antes tinha ganhado de sua vó. Inicialmente, fiquei receoso de lhe tomar aquilo, mas se não fosse eu provavelmente algum corrupto da policia o faria na hora que fosse presa. Ela obviamente resistiu, gritou como se fosse criança e acabei lhe fazendo dormir com uma coronhada. Peguei junto do colar sua carteira de motorista, assim poderia dar uma analisada em seus antepassados, como hobbie e quando me sobrasse um tempo.

    Fora isso tudo revisamos as amarras e saímos do lugar cerca de duas horas antes da polícia chegar. Ainda era madrugada e voltamos tranquilamente para o refúgio de Hector. Dado o tempo de chegada eu recebo uma mensagem amistosa de meu amigo: “Parabéns, trabalho até que limpo desta vez, mas está cada vez mais difícil explicar para eles esses trabalhos justiceiros. Vê se demora um pouco para me chamar de novo. Valeu!”

    Mostrei a mensagem para Hector, que ficou puto e reclamou mais um pouco, mas nada que mereça ser escrito aqui. Eliot estava feliz, tais missões sempre foram muito empolgantes para ele, mas depois da broxada do meu contato na policia, vamos ter de “navegar por outras águas”.

    Na noite seguinte eles dois voltaram as suas rotinas em algum lugar do planeta e eu fui atrás de Claire, que ainda não havia retornado meu contato e estava me deixando preocupado. Sobre o colar mandei pelo correio para Sebastian, que ficou de analisar sua procedência junto da Cláudia.

    E la estava eu com outros pensamentos, outras preocupações e anseios, mas quem não fica assim diante o anoitecer?

  • Odeio o anoitecer – Parte 1 de 2

    Odeio o anoitecer – Parte 1 de 2

    Certamente, um dos períodos no qual eu mais me sinto triste é o entardecer. Não deveria ser assim, afinal esse período do dia nos equivale ao “amanhecer da noite”, mas alguns sentimentos são quase impossíveis de se explicar. Digo isso, pois foi o que me aconteceu tempos atrás, o que de certa forma me motivou a sair e dar um rolê. Antes que me perguntem eu não posso sair de dia, mas o céu estava com aquela cor roseada.

    Moto na estrada, em alguma rodovia grande do interior e o objetivo seria me encontrar com Hector. Nosso projeto “Os escolhidos”, estava parado, então a ideia seria levantar um pouco a poeira. Minutos depois eu cheguei no local combinado e lá estava ele junto de Eliot, sentados numa mesa de bar do interior, essas de plástico com marca de cerveja barata.

    Hector reclamou pelo encontro ser tão cedo, mas tive de marcar naquele horário em função de minhas insônias frequentes. Papo vai e vem, ele me contou sobre o que andava fazendo e decidimos ir para o seu refúgio, numa casinha de madeira de difícil acesso, no que parecia ser um sítio. Inclusive, reclamei, pois a estrada era horrível, quase furei os pneus da moto e arranhei algumas partes de baixo. Poxa, vocês sabem do amor que tenho pelas minhas motocas…

    – Relaxa, se quiser eu mando te entregar uma moto novinha.

    – Cara sabes que esse modelo não está mais em fabricação.

    – Pra mim moto é tudo igual.

    – Tá tá, me mostra logo o que tens feito aqui nesse fim de mundo…

    Diante os fatos ele me mostrou algumas foto aéreas e aparentemente era uma fazenda grande, onde dentre tantos detalhes se armazenava e distribuíam drogas sintéticas. Sendo a principal uma derivação, ainda sem nome e muito próxima da tal Flakka, consumida nos USA.

    Se há algo que adoro fazer é estourar esse tipo de lugar e não me faltava vontade para que fôssemos naquela noite mesmo. No entanto, como o objetivo desse nosso projeto é ajudar a sociedade, não bastava entrar lá e quebrar tudo, tínhamos também de prender os culpados e fazer com que eles chegassem até a polícia federal.

    Então liguei par a o meu amigo na PF e avisei dos nossos planos. No início ele ficou com o pé atrás, mas depois de alguns minutos ele consultou o banco de dados e como sempre viu que nossa ajuda seria vital. Está certo que nossas empreitadas deixam muitos destroços, mas vem cá. Precisamos nos divertir também…

    Consegui, que alguns agentes fossem ao local nos próximos dias e tratamos de planejar uma ação rápida. Como sempre entraríamos ocultos por algum feitiço/poder e dentro do lugar trataríamos de prender os lideres. Eliot já havia ido ao lugar e possuíamos algumas rotinas e detalhamentos sobre os melhores caminhos a serem seguidos.

    A verdade é que estes lugares possuem pouca vigilância. Nos filmes são vistos cercas altas, vigilância com câmeras e muitos seguranças. Só que isso é coisa de filme babe e a realidade é muito mais simples. Por que gastar tanto com segurança se podes gastar mais com trabalhadores? Tendo em vista essa realidade havia na verdade apenas dois galpões grandes, um onde as pessoa dormiam e se alimentavam e outro onde estava a produção das drogas.

    Por fora havia até uma meia dúzia de câmeras, que mandavam as filmagens para uma casinha pequena, onde dois caras se revesavam na segurança. As cercas em volta do lugar eram simples e estavam ali apenas para que os três Dobermans não fugissem, ou os empregados.

    Tudo mapeado e prontos para agir eu recebo uma mensagem da Claire no meu smartfone:

    – Fê quado puder me liga.

    Como havia um pouco de tempo antes da ação daquela noite eu resolvi ligar e fui surpreendido por um pedido inesperado de ajuda:

    – Obrigada por retornar brevemente. Tô desesperada meu pai sumiu e não posso falar disso com o nosso grupo, acho que tem gente daqui envolvida, me ajuda, por favor?

    Nessas horas eu sempre lembro do Franz pegando no meu pé, que eu não resisto aos pedidos de uma mulher carente, mas quando falei da situação para Hector ele foi enfático:

    – Cara sério? Na boa se tu for atrás dela vou mandar a merda esse nosso projeto.

    – Hey pera lá meu velho, não é bem assim…

    – Ferdinand tu não tem compromisso cara, tá sempre atrás qualquer putinha que te liga.

    – Ah vai a merda…

    – Vai se fude…

    Vendo que o clima estava uma bosta e prestes a ficar pior Eliot prontamente nos interrompeu:

    – Senhores não é hora pra discussões tolas, vamos focar nessa missão de hoje e ao final disso o Ferdinand pode ir correndo para onde quiser. Vai ser rápido.

    Hector ficou na expectativa, eu até ponderei por algum tempo, na verdade Hector estava certo, mas poxa, não sou de ferro e ele me ofendeu.

    – Tá relaxa vou ajudar vocês, mas porra Hector vê se cala boca, tu me confunde como Franz as vezes.

    – Tô errado cara?

    – Tá vamos nos concentrar nisso aqui, um problema de cada vez…

  • Os mortos não voltam – Parte VI

    Os mortos não voltam – Parte VI

    – Sophie, levante minha querida. Eu não disse para ir direto para casa? -Dizia Antoni para Sophie que levantava sem entender grande parte do que havia acontecido.

    Naquele momento, eu já vestia minha blusa e tentava me recompor. Acordei Lilian que ria e fazia brincadeiras comigo, enquanto eu meio séria, meio rindo, dizia que teríamos que conversar sobre o que havíamos feito em outro momento.

    -Relaxa – Cochichou para mim – Apenas curtimos! Eu curti, hahaha.

    – Hum, percebe-se. Mas, colocaram alguma coisa na minha bebida. – Falei fazendo-me de emburrada mas, preocupada com a presença de Antoni.

    Quando percebi, Sophie falava algo com ele e apontava para mim. “Merda. Preciso de um buraco para me enfiar.” Pensei. Foi como ver Thomas caminhando em minha direção, imponente, seguro, porém com o olhar mais leve e tranqüilo. Ao seu lado, estava o rapaz da tatuagem. Eu sabia!

    – Senhora Erner, és mais bela pessoalmente do que imaginei. Muito Prazer, Antoni.

    – És mais parecido com Thomas do que eu podia prever. Realmente são gêmeos idênticos. – Falei de certo modo grosseiro, fazendo Antoni olhar-me estranho.

    – Bom, não temos muito tempo. Quer ou não resgatar seu humano?

    – Ele não é meu humano. Seu nome é Lorenzo.

    – Tanto faz… – Falou dando-me as costas, o que me deixou mais irritada.

    Naquele momento, minha irritação com Antoni foi substituída por fortes dores. Maldita Bebida. Eu sempre bebo em situações complicadas ou para relaxar de maneira controlada. M,as com doses exageradas, essa sensação é momentânea, o arrependimento chega quando minha garganta arde como fogo, e então, vomito tudo. Quando consegui me recompor daquela situação horrenda, Sophie fez sinal para mim e Lilian. Devíamos segui-los. Alguns quilômetros depois, na garupa de Lilian, observava o casarão onde se encontrava o clã de bruxos vampiros na qual Antoni pertencia e havia se tornado mestre, ou protetor. Ao entrar, Antoni cordialmente nos explicava para o que servia cada lugar naquela casa, evitando sempre olhar para mim, desde aquela frustrada apresentação. Após subir algumas escadas, entramos em um escritório onde se encontravam algumas obras de arte, mapas, livros e até esculturas.

    – O clã de bruxos demônios como apelidaram, concentra-se nessa região da França. – Falou apontando um mapa. – Meus informantes nos passaram que eles levaram aquele rapaz para lá, já que é o local onde suas energias possuem mais poder.

    – Eles farão um ritual, Tom? – Perguntou Sophie.

    Revirei os olhos “Tom” repeti mentalmente. Mas, por que raios fariam um ritual com Lorenzo? Pensei. Antoni se direcionou a mim assustando-me e, em seguida, para as meninas:

    – Preciso conversar com Senhora Erner, em particular.

    Eu e as meninas nos entreolhamos, Sophie demonstrou que aquilo era necessário e pedindo licença, levou Lilian consigo para fora. Então, tranquilamente, Antoni caminhou até a janela, e olhando para a escuridão contou-me coisas que eu nem imaginava, enquanto eu observava seu reflexo no vidro e lembrava-me de Thomas.

    – Quando meu irmão e eu nascemos,  nossos pais pertenciam a uma seita que unia dois clãs diferentes. Meu pai era um dos lideres. Os dois grupos trabalhavam em conjunto em prol dos mesmos objetivos. Mas, uma discórdia entre meu pai e um dos outros lideres do clã, fez com que nos tornássemos inimigos. Isso é uma longa história. Meus pais foram assassinados. Eu e Thomas fomos encontrados e levados para abrigos em diferentes partes do mundo. Anos depois, o líder que havia entrado em discórdia com meu pai nos encontrou, possuía ainda mais poder, e fomos atingidos por uma terrível doença, a qual fomos obrigados a aceitar ser transformados em vampiros para viver, mas, também havia uma condição. Eu deveria pertencer ao clã de bruxos vampiros. Mas, Thomas estava marcado a ser parte do clã de bruxos demônios. No fim, o interesse era nos tornar imortais. Eu soube de todos esses detalhes anos depois… Nunca vi meu irmão. O que sei é que quando você o matou, o clã de bruxos demônios ficou sem seu futuro líder.

    – O que? Thomas seria o líder deles?- Falei impressionada.

    – Sim. Ele estava se preparando para isso. Rebecca, você não sabe onde se meteu. Nada é o que parece! Eu avisei Sophie para não te procurar, para protegê-la. Você só conseguiu matar Thomas porque ele estava vulnerável depois dos rituais de preparação na qual havia se submetido naquela época. Senão nunca conseguiria. Agora, eles pegaram o humano para fazê-la sofrer, eles virão atrás de você e farão o ritual, na qual se prepararam durante décadas! – Falou caminhando em minha direção e segurando-me nos braços. – Eles são bruxos vindos do inferno que se apoderam de outros corpos, são sugadores e manipuladores, tentarão fazer a alma amaldiçoada de Thomas possuir o corpo de Lorenzo!

  • Capítulo 4 do livro Ilha da Magia

    Capítulo 4 do livro Ilha da Magia

    Todo mês eu penso no que vou lhes falar sobre o capítulo que estou entregando. Afinal, são momento de minha vida/morte jogados a todos os ventos e isso sempre me emociona. Não me emociona no sentido de chorar num canto feito uma menininha birrenta, mas sim no sentido de que me vem a mente cada parte do que vocês estão prestes a ler.

    O conteúdo a seguir contém “spoilers”, não prossiga caso não tenha lido as outras partes.

    Nesse capítulo nós ainda estávamos na velha Desterro, passaram-se semanas desde a minha transformação e tive minha primeira alimentação. No qual pela primeira vez tive a vida de um humano em minhas mãos . Além disso, recebi notícias de Helga e sua carta bagunçou mais uma vez minhas ideias já deturpadas sobre o mundo e momento no qual estava.

    A partir desde capítulo eu agilizei um pouco mais as falas, conversas e relatos. Espero que gostem da leitura!

    Ir para a página do livro Ilha da Magia

    Fazer download do capítulo 4 em pdf

    Küss,
    Ferdinand

  • Os mortos não voltam – Parte V

    Os mortos não voltam – Parte V

    A música tocava alto demais para meus ouvidos sensíveis, e apesar de conseguir controlar isso, naquela noite eu estava extremamente desnorteada. Olhava ao redor procurando alguém com quem pudesse conversar. Alguém que fosse útil, talvez. Sophie resolveu dar uma volta com Lilian, que a todo instante perguntava se eu estava me sentindo bem, e não queria deixar-me sozinha, depois que contei os últimos acontecimentos e depois que mencionei estar com maus pressentimentos. “Relaxa um pouco e vamos nos divertir”. Sentei próxima ao balcão do barzinho e pedi uma bebida. Observando todos naquela festa, por um instante pensei que tudo aquilo era uma miserável perda de tempo. Lorenzo estava em apuros e eu estava ali, no meio daquela gente bêbada e alterada.

    – Você é daqui?

    – Oi? – Não percebi que alguém civilizado havia sentado ao meu lado.

    – Você… Nunca lhe vi por aqui. Aqui todos se conhecem…

    – Então, deve conhecer a Lilian. Vim com ela. – Falei sem olhar para ele, concentrada nas últimas gotas de meu Martini.

    – Ah sim, conheço ela de vista, Hélder, muito prazer. – Falou estendendo uma das mãos.

    Cumprimentei aquele rapaz que a principio não parecia interessante. Mas, como boa observadora que sou, percebi em seus olhos azuis outras intenções ao falar comigo. Após trocar algumas frases em meio a uma conversa desconexa, percebi que ele tinha uma tatuagem no pescoço, logo abaixo da orelha. Era um símbolo. Ele era um bruxo. Lembrei-me imediatamente do retrato de Thomas e Antoni, que por sinal, ainda estava no bolso da minha jaqueta. Minha memória visual era ótima. O símbolo tatuado naquele rapaz era o mesmo que Antoni tinha em suas mãos naquela imagem antiga. Percebi que eram do mesmo clã. Então, me perguntei se Thomas, que tinha em suas mãos o outro símbolo, o mesmo marcado na parede de meu apartamento, pertencia ao clã inimigo. Olhei para ele curiosa e ainda confusa com meus pensamentos, as peças estavam se encaixando, e acabei sendo impulsiva demais ao perguntar:

    – Você conhece algo sobre o clã de bruxos demônios? Conhece Antoni Erner?

    – Do que está falando?- perguntou surpreso, semicerrando os olhos e depois tentando disfarçar- Hahahahah, olha…acho melhor beber mais um drink, por minha conta, e vir comigo, vocês precisam esperar aqui….

    Sem entender nada, acabei tomando drinks que não devia, e havia algo na bebida que inexplicavelmente surtiu um efeito sobre mim. Não lembro como acabei indo dançar com aquele rapaz desconhecido. Mais tarde, Lilian e Sophie juntaram-se a nós estranhamente risonhas. Lembro-me que minha tensão passou por algumas horas e em alguns momentos, eu já nem sabia por que estava naquela festa. Lorenzo parecia estar ali comigo, sorrindo, dançando. Seus olhos verdes correndo sobre mim. Senti seu beijo adocicado em meio a um sorriso. De repente, uma forte dor de cabeça atingiu-me. Delirando, ouvi apenas:

    – Durma bem, minha pequena.

    Quando acordei, não sabia ao menos que horas eram. Se era noite ou se era dia. Estava zonza. Com certeza teria uma ressaca daquelas. Vi Sophie adormecida entre dois rapazes. Alguns bêbados perdidos. Encontrei-me junto a Lilian, vestindo apenas minha saia e meu sutiã. Quando dei por mim, comecei a perceber e a lembrar tudo o que havia acontecido. Caramba. A festa havia rendido. Olhei para Lilian. Nos beijamos? Pensei. Não. Foi mais do que isso. Mas havia sido bom. No momento tornou-se engraçado. Levei as mãos à cabeça. Durma bem minha pequena… Olhei ao redor. Então percebi, havia uma presença estranha e ao mesmo tempo familiar ali, nos observando.

  • O estilo “Gótico Suave”

    O estilo “Gótico Suave”

    Olá Morceguinhos,

    Nós meros mortais somos cheios de curiosidades sobre os vampiros. Dentre essas e outras, está o fato de imaginarmos como esses seres noturnos geralmente se vestem. Recentemente, pela oportunidade de ter mais contato com vampiros e vampiras, pude perceber que ao contrário do imaginado, nem todos se vestem com “capas pretas”. Os vampiros são muito mais estilosos do que pensamos!! E sim, seguem as tendências de moda!

    A maioria é adepta de estilos sóbrios e discretos para camuflarem-se entre nós com facilidade. Mas, uma tendência moderna, que identifiquei por meio de pesquisas com algumas vampiras que conheci até o momento, e que se encaixam perfeitamente as suas preferências, é o estilo “Gótico Suave”.  Um estilo vindo do gótico original, porém, mais leve, que permite o uso de peças claras ou com estampas diversas e com influências da tendência Boho.  Os acessórios com tachas, spikes e correntes incrementam looks compostos por saias longas ou curtas, calças de couro ou jeans rasgado, croopeds super estilosos, por exemplo, com makes mais carregados, porém, não tão pálidos como o habitual para as humanas pois as vampiras não tem muito o que fazer, quanto a isso, com olhos mais escuros e batons nos tons vinho, roxo ou vermelho.

    Essa tendência já está rolando há um tempo, mas só agora está ficando mais conhecida entre os humanos e influentes da moda por aqui. Para quem ainda não conhece, ou quer se inspirar segue algumas imagens na galeria!

    As vampiras adoraram! E vocês?

    Beijos, Helena.