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  • Minha família de Vampiros

    Minha família de Vampiros

    Naquele clima de família reunida no final de ano, com uma criança correndo pelos quatro cantos do lugar e todos jogados no sofá, depois de uma bela noitada. Percebi que Eleonor me olhava de uma forma diferente. Lembrei-me de imediato das épocas em que namorávamos de uma forma séria e de certa forma senti aquela saudade que às vezes aperta o coração. Inclusive, pensei em me levantar e lhe abraçar de uma forma fraternal, mas ela possuía outros planos.

    Não sei se eu estava tão relaxado a ponto de deixar de lado minhas proteções mentais, mas ela foi incisiva por telepatia:

    “Depois que a pequena dormir, eu queria ficar um pouco contigo, estou com saudades. Convenhamos Fê, mal nos vimos neste ano que passou”.

    Eu sorri e lhe mostrei a língua, depois fiz sinal com a cabeça para subirmos aos quartos. Ela apenas sorriu e disse a todos:

    – Gente a noite foi ótima, fazia muito tempo que eu não ficava tão feliz com vocês por perto, mas está na hora dessa mocinha ir dormir.

    A pequena fez um pouco de manhã, não queria sair do colo do tio Franz, mas Eleonor a pegou no colo e subiu. Franz, como sempre, teve de uma piadinha:

    – Nessa horas meu lado paterno aflora… ops passou, vejam só (risos)

    – Eu até me animo também, mas a Pepe e o Sebastian suprem essas minhas necessidades. Por falar nisso H2 por onde anda?

    – Não sei maninho, o liberei no final do ano para fazer o que quisesse. Sabes que gosto desse tipo de reunião, mas ele preferiu fazer alguma espécie de retiro. Acho que ainda não se esqueceu de seu passado como padre. Enfim e vocês dois como anda o casamento?

    Sebastian olhou para Claudia, deu uma risadinha boba e quase nos afogou com tanto amor:

    – Por alguns anos eu cheguei a pensar em dedicar minha eternidade aos livros ou estudos, mas quando encontrei a Claudia. Descobri que o mais importante é ter alguém especial, no qual possamos compartilhar todos os acontecimentos. O casamento foi apenas uma celebração social para vocês, o que importa é que nossas almas foram feitas uma para a outra…

    Ao terminar a frase eles se beijaram e obviamente os mandamos para o quarto, debaixo de muitas piadas e risos. Pepe nos acompanhou nas risadas e piadas. Tive um momento pai, percebendo sua evolução como vampira e antes que ela decidisse ir dormir fiz uma piadinha:

    – A noite inteira tu não comentou nada sobre internet ou teus jogos e afins. Fico feliz que estejas um pouco longe disso.

    – Ah FÊ tenho evitado esse meu vicio, mas já que você tocou no assunto . Está todo mundo indo dormir, acho que vou dar uma olhada nos e-mails tudo bem?

    – Claro minha filha vai la…

    – Então mano, acho que vou subir também…

    – Ah vá maninho, sei muito bem em quarto vai dormir este dia. Só não te esqueças dos nossos negócios na América Latina, se elas forem para lá vamos ter problemas de novo…

    – Ok ok ok…

    Por vezes “Irmãos mais velhos” são um porre, ainda mais se ele for um vampiro igual ao Franz, que tem olhos e ouvido na nuca.  Até pensei no caso dele estar com um pouco de ciúmes, tendo em vista o seu passado com ela, mas em nossas últimas conversas ele não havia mencionado nada. Apenas discutimos alguns assuntos do clã e no que cada um tem feito para a continuidade dos negócios.

    Sem mais delongas subi par ao quarto de Eleonor e lá estava a pequena numa caminha improvisada ao chão, e sobre a cama estava Eleonor impecavelmente deliciosa, trajando apenas uma calcinha minúscula preta. Contrastando com sua pele branquinha e seus cabelos longos negros e sedosos.

    O que falar deste dia? Mordidas, unhadas, sangue, prazer, tesão, apertões, parede, chão, cama, teto… Tudo o que tu possas imaginar que um casal de vampiros possa fazer entre 4 paredes e claro, mais um pouco.

    Acordei apenas na noite seguinte e percebi de imediato que estava sozinho. A respiração e o coração da pequena não ecoavam pelo quarto e Eleonor também não estava do meu lado. Arrumei-me enquanto tentava se lembrar do que havia rolado com Eleonor e apesar de tudo de bom que tivemos foi consumido por uma tremenda sensação de culpa. Jogada na cara de Eleonor assim que a encontrei na sala.

    – Nossa fazia tempo que eu não dormia tanto tempo, acho que desmaiei na verdade.

    – Fê por que tu não ficas conosco um tempo, quem sabe curte a pequena como se fosse tua filha e eu tua mulherzinha…

    Sem um “oi” ou qualquer introdução, ela me jogou aquilo e fui obrigado a lhe responder a altura:

    – Sabes dos meus comprometimentos com o clã, sabes de todo o peso que carrego nas costas e te odeio por levar tanto tempo pensando nisso. Por que não ficasse conosco quando eu te pedi? Tu simplesmente pegou a pequena veio para cá e te isolou. Somos uma família, lembra? Não Eleonor, eu não devia ter ido para tua cama ontem e não posso, pelo menos agora, me dedicar a esse joguinho de “Papai e mamãe”.

    Nesse momento era possível ver algumas lágrimas em seu rosto, lagrimas estas de sangue e que me comoveram de certa forma, mas não o suficiente para conter o que estava “entalado na minha garganta”.

    – Sabes que isso é uma palhaçada e assim como tu me recomendou uma vez eu te peço agora. Não gostarias de hibernar por uns tempos? Por a alma e os pensamentos em ordem? Pensa nisso e me liga que venho correndo ao teu encontro. Só por favor não cai nesse joguinho humano sentimentalista e hipócrita. Somos superiores a tudo isso.

    Ela chorou ainda mais depois de minhas duras palavras e de certa forma parecia ter captado o recado. Não soltou nenhum “piu” e apenas me abraçou forte antes que de eu partisse. Beijei sua testa , dei um beijo na bochecha da pequena e fui ao encontro de Franz no aeroporto.

     

  • Promessas de ano novo

    Promessas de ano novo

    1 – Fazer justiça pelos que não podem se defender sozinhos.
    2 – Praticar o consumo de sangue consciente.
    3 – Manter a tradição da família.
    4 – Dar mais atenção as pessoas que nos amam.

    Início de ano é sempre a mesma coisa, pessoas fazendo suas famosas listinhas com afazeres e pensamentos sobre desejos e ambições para o novo período de ano que se inicia. Pelo que me lembro essa história de contar o tempo surgiu com um papa chamado Gregório? Bom, se alguém souber quem foi me avise, pois não tenho certeza. Enfim, é uma época em que os humanos repensam o ano que passou e planejam forçadamente o que virá. Digo forçadamente afinal é algo tão falado na mídia que se torna meio que obrigação pensar e planejar o que será feito no ano que se sucede.

    Isso é algo que acho ruim, pois as pessoas deviam planejar cada uma há seu tempo o que virá e o que desejam para si. Se não é sempre a mesma história: Todo mundo promete, mas quase ninguém conclui… Além do que não é apenas questão de planejamento pessoal é questão de como se leva a vida o que se faz e o que se deixará de bom para as próximas gerações…

    Papo estranho? Não mesmo! É que às vezes eu preciso dar umas cutucadas, afinal vejo tanta coisa ruim ou mal feita por ai que me da nos nervos.

    Vampiros comemoram a virada de ano? Eu que sou mais participante da sociedade humana sim em parte, mas a grande maioria não, afinal depois de alguns séculos a questão espaço tempo passa de forma diferente para nós e é difícil até mesmo lembrar datas como aniversários ou que marcaram.

    Sem contar o fato de que nossa sociedade possui mais de 5000 anos de história e comparar as coisas através do calendário ocidental se torna algo estranho e complexo.

    Esses são os pensamentos e filosofias que circundam minha cabeça durante as noites, muitas vezes precisamos nos adaptar ao meio em que vivemos mas no fundo o passado e o que fizemos sempre retorna para nos assombrar ou pelo menos confundir.

    O que eu fiz no ano novo? Fui com a Beth para a casa de um casal de amigos, depois dos fogos e das promessas voltamos para nossa casa para continuar nossos caminhos. Afinal, existem coisas que nunca tiram férias, como: Asmodeus, Belzebu, Mammon, Belphegor, Azazel, Leviatã e o famoso Lúcifer.