Categoria: Histórias

Nesta seção você encontra historias, contos e relatos relacionados ao mundo real e sobrenatural. Verifique a indicação de faixa etária no início de cada texto.

  • O mistério do lobisomem – pt2

    O mistério do lobisomem – pt2

    Claire dormiu praticamente o dia todo e ao contrário dela eu resolvi usar o tempo para terminar de arrumar minhas coisas e fazer alguns contatos. Liguei para meus amigos magistas da casa de Kieran e comuniquei que estava na região. Falei também com o vampiro líder da região, que é um velho conhecido e aliado e ainda avisei a Pepe que estava tudo bem.

    Horas mais tarde e já pela 16h ou 17h daquela tarde ela acordou.

    – Que poder tu usou em mim? Eu dormi feito uma pedra, fazia dias que eu não dormia assim…

    – Pelo visto o sono te fez bem, está até mais animada? Se quiser tem algumas frutas frescas na cozinha, algo de boas-vindas de quem me alugou aqui.

    – Obrigada Fê, mas não costumo comer frutas.

    – Sei da tua “dieta lupina”, mas quem sabe um pouco de vitaminas dê um pouco de cor a tua palidez? Aliás, pesquisei um dos agentes duplos e meus contatos passaram uma possível lugar que ele frequenta.

    – Por que estamos enrolando aqui então, vamos atrás dele agora…

    – Calma, ainda é dia, esqueceu que só posso sai à noite?

    – Eu vou dar uma olhada e te falo depois então…

    – Hey tô aqui pra te ajudar lembra?

    – Mas…

    – Mas, nada… Aguenta ai que vou te passar meu plano e tu me diz o que acha do procedimento.

    Ela fez cara de poucos amigos, mas depois de lhe contar o que havia planejado e dela ter colocado diversos poréns, porquês e contrapontos. Chegamos há um meio termo ao mesmo tempo em que o sol havia partido.

    Fomos no carro dela, por sorte era verão e aquela noite longa ia ser muito bem aproveitada. Não trocamos muitas palavras e ela fazia seu carrinho praticamente voar naquelas vielas à beira-mar. Em alguns momentos precisei me agarrar ao “puta merda” para não virar “omelete de vampiro”, mas não reclamei e chegamos rápido ao lugar. Rua pouco movimentada a beira de um penhasco, poucas casas residenciais ao redor e lá estava a padaria.

    Lugar pitoresco, que servia apenas como chamariz para turistas e para ocultar uma passagem secreta, que dava num subsolo movimentado. Entramos sem dificuldades haja vista as dicas de meus contatos e lá estava um ponto de encontro de hipsters, ricaços e bon vivants. Além é claro de alguns sujeitos parecidos com o perfil “agente secreto” no qual estávamos investigando.

    Circulei com Claire pelo lugar em seus diversos cômodos e eis que num piscar de olhos ela sumiu do meu campo de visão. Procurei por alguns instantes e logo à avistei ao lado de um velho, bem vestido, mas com cara de poucos amigos. Fui calmamente ao encontro deles, obviamente para não fazer “estardalhaço”, quando ela simplesmente empurrou o cara contra a parede e iniciou um intenso ataque histérico.

    – Quem tu pensa que é? – Xingou o velho em alto, bom tom e com sotaque britânico carregadíssimo.

    – Cala boca seu velho seu babão – Retrucou a bela, mas espalhafatosa lupina.

    Meu instinto protetor teve vontade de meter a mão naquele escroto, mas me segurei diante suas blasfêmias e segui  na direção de ambos. A essa altura o lugar inteiro observava a briga, alguns já se retiravam para outros cômodos e finalmente eu cheguei ao lado deles. Coloquei a mão no ombro de Claire apertei um pouco e falei quase sussurrando:

    – Calma garota, está chamando muita atenção…

    Inicialmente ela me ignorou, mas quando apertei mais forte seu ombro ela entendeu o recado e soltou o velhote. O problema é que o cara saiu correndo, um pouco mais rápido que o normal para um humano e lá fomos nós atrás dele. Passamos por diversas salas, escadas, algumas pessoas caíram. Até que enfim chegamos ao que parecia ser uma outra saída do lugar e próxima do mar. Onde finalmente o seguramos.

    – Puta que pariu! – Falei alto. Alguns me olharam e quem precisava fez cara de desentendido. – Ahh venha, precisamos conversar depois desse pequeno desentendimento inicial – Continuei, puto e arrastando o velhote para for a do recinto.

    Havíamos saído do lugar pelo lado de baixo e ao que parecia naquela noite escura estávamos numa praia, onde não havia areia mas sim uma espécie de pedras tipo brita muito pequenas.

    No meio do caminho o fujão havia resmungado algumas palavras e Claire aproveitou para interrogá-lo antes que algum segurança ou curioso aparecesse:

    – Anda fala logo o que tu sabe!

    – Cala boca sua puta!

    E antes mesmo de eu esboçar qualquer reação, Claire o pegou pelos cabelos e continuou:

    – Fala logo onde tá o meu pai, já arrinquei cabeças por menos e hoje estou com fome…

    – Ca-ca-calma, me-me solta!!!

    Mas ela não se comoveu com a gagueira aparente do velho, deu-lhe um belo de um soco de esquerda, largou-o e ainda complementou com dois chutes fortes e precisos.

    – Por favor para… – Tomou folego, tossiu um pouco de sangue e continuou. – Já basta ficar velho, apanhar de uma mulher é mais do que humilhação! Eu vou falar o que sei…

    Estava maravilhado vendo Claire agir como se fosse eu mesmo quando estou com raiva. Como eu já declarei algumas vezes aqui gosto de fêmeas ariscas… Mas voltando àquela momento:

    – Teu pai tá metido em algo grande, algo que envolve genética e cyborgs. Somente os mais antigos da Mão Vermelha, como ele tem acesso.

    – Tá isso eu já sabia… Anda fala quem tá com ele!!!

    – Ele tá com…

    Antes que ele pudesse terminar a frase ele começou a tremer no que parecia ser um choque fortíssimo. Ao mesmo tempo que vimos ao longe alguém perto da entrada do lugar e que desapareceu tão rápido quanto o percebemos.

    – Calma não encosta nele, deixa isso pra quem já morreu. – Comentei ironicamente. – Acho que alguém apagou ele, tô sentindo uma energia punk no corpo dele.

    Mexi em suas roupas, peguei sua carteira e um molho de chaves. O celular estava soltando fumaça então simplesmente larguei sobre seu corpo inerte.

    – Olha aqui na carteira dele, tem um endereço no caso de perda, quer tentar?

    – Vamos!

  • Uma nova jornada – Parte XI: o treinamento de Lorenzo

    Uma nova jornada – Parte XI: o treinamento de Lorenzo

    -Eu estava sentindo muito a sua falta!

    Olhei-o com atenção. Estava enrolado sobre mim, cheirando meu cabelo.

    – Eu também senti a sua falta. – Falei olhando o nada. – Mas, acho que conseguimos matar um pouco a saudade…

    Levantamos. Arrumamos a bagunça que fizemos no quarto. Após um banho, estávamos prontos. Eu acompanharia o último treinamento de Lorenzo e estava ansiosa para verificar o que ele havia aprendido e o quanto havia evoluído. Ao sairmos, encontramos Sophie no caminho.

    – Eu estava indo buscar vocês. Então, hoje irá mostrar o que aprendeu à sua futura mestra?

    Lorenzo olhou-me esperançoso. Disfarçando tratei de dar uma de desentendida.

    – Vamos logo? Estou ansiosa, deixemos os assuntos burocráticos para outro momento Sophie.

    A noite seria longa e eu esperava poder aproveitar para ver o máximo que pudesse, esperando ser surpreendida.  Lorenzo mostrou habilidades em várias modalidades de luta corporal, certamente por isso estava mais forte do que a última vez que o vi. No entanto, em poucos dias o corpo de Lorenzo sofreu mudanças consideráveis, porém nada extremamente absurdo, pois ele já tinha uma boa massa corporal. Ao que tudo indica, mesmo que fosse apenas um Ghoul, permaneceria desenvolvendo e aperfeiçoando habilidades, tais como para correr, escalar, dar grandes saltos e outros.

    Com Sophie ele aprendeu o básico de inglês e alemão, o que com certeza lhe seria muito útil, mas que ele melhoraria comigo ao longo do tempo, e com certeza, aprenderia outros idiomas também. Aprendeu também alguns poucos feitiços, coisa básica que até alguns humanos conseguiriam fazer. Ainda era muito cedo para dizer quais dons e poderes Lorenzo desenvolveria além das habilidades normais, caso eu o transformasse em vampiro.  Cada treino havia sido breve e superficial devido ao tempo disponível, tanto por nós, quanto por alguns professores. Mas, quando o final da noite se aproximava, senti certo orgulho pelo esforço e empenho dele em me dar o seu melhor.

    Uma das últimas habilidades que mostrou ter aprendido eram com algumas armas de fogo. E nisso ele era realmente bom. Tinha uma percepção de distâncias e precisão incrível para acertar os alvos.

    -Becky, venha cá. Quer atirar? Quero que acerte naquele alvo. Está vendo aquele ponto minúsculo em vermelho? – Desafiou-me Lorenzo.

    – Humm vamos ver! – Respondi , indo em sua direção.- Por que não me ajuda?- Provoquei.

    Sophie observava divertindo-se, dei uma piscada para ela. Engatilhei a espingarda Calibre 12. Lorenzo encostou o corpo em minhas costas “ajudando” a me posicionar e a “segurar” a espingarda de maneira adequada, como se eu não soubesse… Senti seu cheiro e o calor de seu corpo. Pude ouvir sua respiração. Observei o alvo na mira. Lorenzo afastou o corpo. “Ahh, fica mais um pouco babe…”

    – Prontos? – Perguntei.

    O tiro preciso acertou o alvo em cheio. Respirei fundo distribuindo meu orgulho.

    – Tente novamente naquele lá. – Continuou.

    -Olha que vou acabar humilhando você… – Respondi.

    Lorenzo veio mais perto novamente. A espingarda não dava muito impulso, mas deixei o braço mais solto. Engatilhei, observei o alvo na mira e… Buum! Acertei novamente, claro.

    – Becky!!! Meu nariz. – Disse Lorenzo, com as mãos no rosto logo atrás de mim.

    Virei para trás já achando graça. Acertei uma cotovelada proposital em cheio em Lorenzo. Sophie caiu na gargalhada e Lorenzo meio rindo, meio reclamando resolveu acabar com os desafios.

  • Uma nova jornada – Parte X: todo sentimento é uma forma de amor?

    Uma nova jornada – Parte X: todo sentimento é uma forma de amor?

    “Pretendo descobrir

    No último momento

    Um tempo que refaz o que desfez

    Que recolhe todo sentimento

    E bota no corpo uma outra vez (…)

    (…)Prefiro, então, partir

    A tempo de poder

    A gente se desvencilhar da gente”

    “Rebecca”, “Lorenzo”, “Ah Ahmmmm…”

    Acordei devagar após um sonho bom.  Estiquei cada osso enrijecido ouvindo-os estralar. Passei as mãos do outro lado da cama e… Ninguém.

    – Olá. Descansou? Beba um pouco, mas vá devagar. – Disse Antoni quando cheguei à pequena cozinha da cabana.

    Assenti. Ah sim, a fome. Eu estava sem me alimentar há o que? Dez dias? Seria possivel? Tomei um copo de sangue com calma, degustando seu sabor e sentindo que até então tudo estava sobre controle. Após alguns minutos, senti algo queimar por dentro e uma forte náusea me atingiu.

    – Isso é normal? – Perguntei.

    – É sim. Por algumas horas. Deve se alimentar aos poucos, devagar… Mesmo naturais, é o efeito das substâncias que usamos no ritual. Além disso, foram bons dias em jejum.

    – Já vamos embora?

    Antoni me olhou de soslaio e assentiu. Arrumamos o necessário e partimos. Foram algumas horas de cavalgada e para espantar o tédio tentei observar e gravar o caminho. Pensava em quando veria meu “Loren” novamente enquanto todos seguiam em silêncio. “Queria que me ajudasse a cuidar de tudo isso aqui.” As palavras de Antoni, porém, também não saiam de minha cabeça. Seria esse meu lugar e meu real caminho?

    Como eu teria mais umas semanas para aprender coisas novas e conviver com aquele mundo um pouco diferente do que eu estava acostumada, decidi não pensar sobre o assunto e deixar as coisas acontecerem no seu tempo… Infelizmente, quando chegamos Antoni me orientou a não encontrar Lorenzo. Mas, enviei sangue suficiente para que ele pudesse beber, afinal era meu dependente. Acho que no fundo Antoni queria nos manter afastados o máximo possivel, o que me irritou, mas não me fez contestar o pedido.  Os dias e noites passaram devagar.  Passava horas do dia estudando sobre o clã, sobre procedimentos de magia, efeitos, poderes e fenômenos, energias espirituais e físicas, entre outros, na biblioteca, aprendendo seus métodos, inicialmente na teoria.

    Durante a noite, Antoni e eu realizávamos os rituais e outras práticas, além de treinos e exercícios de concentração.  Nem sempre tudo saía perfeito, mas as experiências sempre vinham com lições e conceitos importantes. Consegui aprimorar alguns detalhes nas minhas viagens astrais e dons de manipulação, sempre orientada a usá-los de maneira inteligente e quando o necessário.  Descobri que tinha um grande potencial para levitação, e para controlar meu corpo físico mesmo durante as viagens. Mas para conseguir tais feitos com perfeição, precisarei de décadas de treino! No entanto, em um dos exercícios, consegui movimentar um pouco um dos dedos das mãos, o que me encheu de entusiasmo e esperança…

    Alguém bate na porta. Eu já estava pronta para deitar e descansar um pouco.

    – Entre.- Falei.

    – Rebecca? – Era Antoni – Acho que tem alguém precisando falar com você…

    Vendo- o abrir o restante da porta, ergui o olhar, já entusiasmada. Lorenzo estava um pouco diferente. Mais forte, robusto, cheio de alegria com aquela timidez e olhar curiosos de sempre, porém muito mais seguros. Mas, sentiam minha falta. Abracei-o sentido seu cheiro doce já ativando meu desejo, não por seu sangue. Por ele.  Dei-lhe um beijo tímido quando senti um sobressalto. Parei. Olhei para Lorenzo que sorria com os olhos. Olhei para Antoni logo atrás, que esperava, disfarçando a tensão.  Enrijeci, uma pontinha de vergonha atingiu-me. Caminhei até Antoni.

    – Muito obrigada por trazê-lo, Antoni.

    Ele ergueu o olhar e sorriu com o canto dos lábios.

    – Podemos conversar apenas um instante em particular? Logo os deixarei matarem a saudade…

    Lorenzo fez sinal que esperaria. Antoni e eu fizemos uma pequena caminhada dentro do casarão. Alguns minutos em silêncio e finalmente ele falou:

    – Rebecca, são suas ultimas noites aqui. Foi muito bom ter sua companhia neste mês e poder lhe ensinar o pouco que sei. Eu realmente gostaria que ficasse, mas percebi que não posso lhe pedir isso.  Peço-lhe então que continue praticando, você tem um grande potencial.  Estarei aqui para o que precisar. Sempre.

    – Por favor, me chame de Becky. Eu lhe agradeço muito por esse mês aqui. Durante todos esses dias eu tive a oportunidade de me conhecer melhor. Deixar coisas para trás e buscar uma nova jornada. Descobri a leveza, harmonia, equilíbrio e o respeito com o que há em nosso redor. Levarei isso para sempre comigo, querido. Mas, descobri que ainda não encontrei meu lugar. Não encontrei onde meu coração frio está.  Quem sabe um dia eu descubra. – Falei e coloquei minha mão direita em seu peito.

    Segurando e acariciando minha mão, Antoni fechou os olhos por alguns instantes e me permitiu ver seus pensamentos. Lá pude ver o quão suas intenções eram sinceras. “Seu coração está onde está a sua felicidade. Vá e seja feliz. E um dia, se for seu destino. Volte. Eu estarei aqui.” Então, deixei-me levar por um sentimento momentâneo, porém intenso. Beijei Antoni sentindo um carinho estranho e não menos apaixonado. Foi apenas um beijo. Um carinho expressando gratidão. Um presente e talvez uma lembrança.

    Olhei-o em seus olhos. E o deixei, indo embora devagar. Ao voltar abracei Lorenzo com força. “Meu Lorenzo, ainda não me atrevo a lhe dizer. Mas, lá no fundo sei que o que sinto por você, é “mais” do que eu podia imaginar”.

  • Livro Ilha da Magia – As rotinas de um clã de vampiros

    Livro Ilha da Magia – As rotinas de um clã de vampiros

    Hoje inicia-se uma nova fase em meu livro, um momento no qual eu ainda vivia em Berlin e pela primeira vez fiquei a frente de meu clã. Uma responsabilidade imensa para um vampiro jovem e que com certeza influenciou para todo o sempre a minha existência.

    Sem mais delongas, segue abaixo os primeiros parágrafos, a primeira parte completa do capitulo pode ser lida no Wattpad.

    Muitas noites haviam se passado, o treinamento de Sebastian ia muito bem e inclusive ele já havia adquirido muitas habilidades, quando recebemos notícias de Georg e Franz. O navio que os havia levado até o Brasil retornara a Prússia trazendo algumas cartas para todos nós. Cada um de nós recebeu uma correspondência selada, inclusive Sebastian e ao que tudo indicava eram instruções e notícias para todos.

    A minha carta fora enviada por Franz que comentou em poucas palavras a viagem e a chegada ao Rio de Janeiro. Dizia que a viajem havia sido tranquila, porem as notícias vindas de Desterro não eram muito boas:

    “Acabamos de aportar no Rio de Janeiro e os Wampir daqui nos informaram que houve um aumento considerável na quantidade de rituais bruxólicos em Desterro. Ao que tudo indica tua família mortal está bem e não há necessidade de te preocupardes. Iremos para lá assim que possível somente para ter certeza que tudo está bem e para ver se conseguimos descobrir maiores detalhes de tais ritos nefastos.”

    Diante de tais palavras era impossível não ficar preocupado. No entanto o que me fez ficar preocupado de verdade foi o último parágrafo daquela carta:

    “Antes de sairmos às pressas de Berlin soubemos que existe um Wampir traidor em Berlin. Há alguém que simplesmente está sendo consumindo pelos poderes malignos e queríamos que tu fizesses uma investigação rápida. Não sabemos gênero, cor ou raça então isto será um trabalho difícil. Este é na verdade um pedido de Georg e tomes muito cuidado meu irmão. Vemos-vos em breve! Cuide de todos, pois tu podes! Lembra-te disto.”

    Ficamos por um bom tempo debatendo as notícias recebidas e o grande assunto da noite foi a questão do Wampir infiltrado. Eu de imediato pensei naquele velho rabugento do Achaïkos e foi quem desprendeu minha maior atenção nas noites em que se seguiram. Na verdade, podia ser até mesmo alguém do meu clã, ou pior ainda, Suellen….

  • Uma Amizade Improvável pt 7

    Uma Amizade Improvável pt 7

    -Então quer dizer que você é o arrombado que anda nos perseguindo? – cara de uma coisa você pode ter certeza, não tente ser filho(a) da puta comigo, eu vou descobrir e vou acabar querendo fuder com a sua vida em grande estilo! Não me importa se você é um bosta miserável ou um milionário com pinto pequeno, o que importa é que eu vou atrás de você e vou acabar com a sua vidinha medíocre de alguma forma sensacional com direito a platéia.

    A cena era a seguinte, nós com os regrados, motoqueiros sobrenaturais, membros da Ordem e aquela vontade louca de ver sangue jorrar e de preferência explodir com tudo. Do outro lado tínhamos os inimigos mais antigos da Ordem recém saídos de algum buraco da terra e com sede de vingança, sei lá eu que caralhos era essa vingança, mas era uma e eles espionaram o nosso atual comandante e eu, EU, EU, EU, uma coisa eu tinha certeza, eles não tinham algum tipo de amor a imortalidade deles, porque se me espionaram viram que uma vez que pisar no meu “calo” eu arranco até os olhos da cara, só por diversão de ver o sofrimento do idiota que se atreveu a me irritar, cortesias de ensinamentos by professor Hector! Thanks Babe! 😉

    Do outro lado o tal do Alex e aquele ar de superioridade que logo menos eu ia enfiar de volta no rabo dele de tanto chute meu que ele iria levar, tudo isso deixando aquela situação de clãs um de frente pro outro, cena clássica de guerra saca, lindo de se ver, o que era ruim de se ver era a falta do Steven que tinha se enfiado no inferno novamente e sumido da face da terra, mas tudo bem, conhecendo meu amigo/amante nas horas vagas/conselheiro e assim vai, logo ele apareceria com alguma ótima surpresa ou não né, vai saber, não sei os dias que ele fica de TPM… =x

    Trevor tinha aquela expressão muito bem conhecida dele de ” Eu vou arrancar a sua cabeça e dar para os seus amigos comerem!”, Daniel e o sorriso galã psicopata dele, Joshua com uma arma na mão e olhando como se tudo aquilo não passasse de uma festa junto de seus companheiros que pareciam muito felizes por estarem ali, afinal para nós redneck’s uma boa briga é sempre muito bem vinda é quase que um método de meditação, quase isso, mas ajuda né?! O Gabriel e os regrados com aquela expressão de paisagem morta de sempre, mas pelo menos estavam ali com o mesmo propósito que o nosso e o chefe deles era bonito de se olhar e para melhorar a situação ele parecia o próprio demônio encarnado lutando, então era uma vantagem imensa a nossa.

    Eu resolvi dar um passo para frente já com a minha fiel amiga em mãos e o líder da Devil se achou no direito de ficar bem perto de mim e abrir a boca pra falar bosta, como se o que ele já fez não tivesse sido merda o suficiente – Lilian, como está a Kate? Diga que mando lembranças! – a cara de pau dele era tanta que eu apenas sorri como se aquilo não passasse de uma piada – Pode ficar tranquilo meu caro, quando ela estiver embaixo de mim eu mando lembranças… Ou talvez apenas mostre a sua cabeça pendurada na minha parede, você seria um ótimo enfeite! – se ele tinha alguma esperança de que eu iria amarelar, toda a esperança tinha ido embora da face dele depois da minha inusitada resposta – Vejo que puxou o jeito ácido de seu mestre?! Talvez os filhos sigam os pais afinal… – eu acho que as vezes, só as vezes a minha paciência volta, mas ela volta nas horas mais desproporcionais. A minha única atitude foi dar as costas e voltar para o meio dos meus aliados e esperar o que o cara iria vomitar de besteiras pra cima da gente.

    Trevor sorriu de volta pra mim e piscou, ele tinha algo em mente e no fundo do meu coração algo iria dar errado, muito errado. Agora ao lado do Daniel esperei assim como os outros a volta, o que viria, Joshua parecia impaciente e seus companheiros também, Gabriel ainda estava na mesma posição, apenas observava o quebra-cabeça sendo montado. Olhei para trás e voltei a olhar para Alex ele tinha o olhar fixado em mim, mas quebrou o olhar e se virou para nada mais nada menos que o meu mestre – Trevor, creio que estivesse esperando a visita de Caios, mas ele meio que morreu e agora eu assumi o controle… – sério? Controle de que meu filho? Controle de drogas? De prostitutas? Porque de vampiros que não era! – Ah vah! Sério? Eu achei que você era a putinha dele que veio aqui a trabalho, talvez fazer o trabalho sujo por ele! – eu amo as respostas sarcásticas do meu adorado Trevor – Não meu caro, deixo esse papel para sua pupila ali! Mas vim aqui para pegar minha mulher de volta, acabar com você e com esses dai da Ordem, os motoqueiros caipiras e esses ai que não sei o que são… – Gabriel apenas olhou na direção do líder da Devil e sorriu, andou até ele sorrindo com as mãos em seu sobretudo, eu já falei o quanto o vampiro é gato? Enfim, quando ele chegou mais perto estendeu uma das mãos para um cumprimento “amigável” – Prazer, Gabriel, sou apenas um regrado cumprindo deveres! – não sei se era possível, mas Alex ficou mais branco do que já era, ficou estático alguns segundos, ligando os fatos até que percebeu que se ele veio pra matar vampiros e sumir sem ninguém o punir, ele estava bem equivocado, porque se ele tinha um plano bom, nós tínhamos um melhor ainda.

    -Licença, eu vim aqui pra matar alguém, vingar algumas mortes aqui na minha região, será que rola? – Joshua parecia entediado e deixou bem claro que Alex e seus capangas tinham matado na cidade dele e não sairiam dali impunes. O que me intriga é que esses imbecis vieram aqui em busca de uma vingança que foi no tempo em que Michael ainda era “novo” e Odin saia por ai trepando com geral… Tipo pra que agora? Quanta paciência pra esperar, depois vir até aqui sem o caso bem pensado, ou pelo menos com um plano B na manga. Pra que? Por que não ficou lá na sede deles bebendo sangue, lendo algum manual de ” Como não ser idiota!” Ou fazendo um tricô? Teria sido mais produtivo! Do que vir aqui perder tempo, tudo bem que tempo a gente tem de sobra, mas poxa tem coisas que dá pra contornar, mas não como temos tempo vamos lá encher o saco do inimigo que eu não vejo desde as cruzadas, enfim que alegria, aqui estamos e pra ajudar ele quer a Kate de volta, vai ter duas de volta!

    Mas como tudo pode piorar, Alex achou que seria bacana ofender o líder dos Ascendent’s, Joshua -Ninguém pediu a opinião do redneck ali! Você não tem que ir trepar com a sua irmã ou algo assim? – Nunca, nunca na sua vida insulte um redneck, ainda mais se ele for sobrenatural, se fizer isto tenha em mente que é a mesma coisa que falar ” Pode vir eu estou afim de apanhar!”, bastou o cara falar merda que o barraco estava armado com direito a aquelas cenas típicas de briga de bar em que até garrafada estava rolando, eu mesma guardei de volta a katana e cai na porrada como se não houvesse o amanhã! Era soco, xingo, chute, xingo, mordida, xingo puxada na barba, xingo, puxada no cabelo, xingo e sangue pra tudo quanto é lado, era a coisa mais humana e sem noção que eu tinha participado desde que fui transformada, porque não era aquela briga de sobrenaturais que rola poderes místicos, espadas, magia, possessão, lobisomens saindo pela culatra, não meus caros, era pancadaria da velha e boa maneira que vem ai desde os primórdios.

    Quando eu visualizei o Alex, ah me joguei pra cima do canalha, ele ia apanhar pelo que fez com a Kate. Nós dois no chão rolando igual em briga de bêbado, quando conseguimos levantar dei lhe um soco no meio da fuça e ele devolveu depois em mim, ficamos atracados um no outro com trocas de socos, meus rosto ia ficar lindo depois, só que não.

    Enquanto rolava aquela baixaria com tudo voando e aquela zoeira infernal, vi Trevor batendo em dois vampiros, Daniel cortando outros dois, Gabriel apenas com as mãos conseguiu abrir a cabeça de um como se o mesmo fosse uma lata, Joshua parecia estar possuído e batia e metia a bala nos que apareciam a sua frente. Eu consegui me soltar dos braços do Alex e quando tive a chance lhe dei um chute no meio do peito, o vampiro levantou voo e caiu a alguns metros de mim e logo ao fundo ouvi o que parecia um bando de lobisomens chegando, quando me dou por conta tinham cinco deles apenas nos observando e eu muito a lá cuzona vibe, sabia quem eram e apenas soltei – Steven, falaram que os rednecks são tudo uns merdas! O que você acha disso?- Foi pra acabar com tudo, foi lindo de ver, aqueles lobisomens arrancando braços, pernas e cabeças daquele bando de idiotas Devil’s do caralho que os parta, com o OK sorridente do Gabriel, que arrancava com os dentes a orelha de um outro vampiro inimigo.

    Alex se levantou e voltou correndo em minha direção, minha reação foi única, peguei a katana e ele viu, diminuiu o ritmo e viu que agora o buraco entre eu e ele tinha ficado bem lá embaixo – Eu estava esperando pra você fazer isso, nada mais justo que lhe acompanhar! – Alex retirou o casaco e embaixo puxou a própria katana, ambos em posição de luta, no meio da bagunça, era aqui e agora que tudo seria resolvido e eu apenas o olhei e não contive a minha língua – Bring it all, Bitch!

    Tudo mudará
    Nada permanece igual
    Ninguém é perfeito
    Ah, mas todo mundo pode ser culpado
    Tudo em que você confia
    E tudo o que você pode salvar
    Vai deixar você de manhã
    E volta para encontrá-lo no dia

  • Uma nova jornada – Parte IX: a sós com Antoni

    Uma nova jornada – Parte IX: a sós com Antoni

    Quando meu primeiro ritual chegou ao fim, percebi que as horas haviam passado como se fossem segundos. Todos ajudamos a organizar as coisas para o retorno, e nos cumprimentamos ao final.  Montamos nos cavalos, preparados para ir para “casa”, mas logo, percebi que estaria amanhecendo e preocupei-me.

    – Ficaremos em uma pequena vila aqui perto onde descansaremos e partiremos ao anoitecer. – Disse Antoni. O fato de ele ler meus pensamentos constantemente estava começando a me incomodar.

    Cavalgamos por cerca de vinte minutos e então chegamos à vila com algumas pequenas cabanas. Cada responsável se dirigiu com seus grupos de aprendizes para as instalações. Ajudei Antoni a levar os cavalos para um local onde ficassem aquecidos e em segurança. Em seguida, fomos até onde ficaríamos instalados e confesso, que estava ainda mais preocupada com a ideia de ficar sozinha com ele por um dia inteiro. A cabana tinha um aspecto aconchegante, lareira, cortinas, sofás com almofadas, uma pequena adega para vinhos…

    – Se desejar pode tomar um banho. No quarto há algumas coisas suas que pedi para Lúcia separar. – Disse Antoni, prestativo.

    Realmente estava precisando de um bom banho para acalmar os ânimos. Peguei o que precisava dentro de uma mochila no quarto, e fui para o banheiro trancando a porta. Sentindo a água quente sobre meu corpo, refleti por alguns minutos sobre ideias perturbadoras que invadiam minha mente. Após o banho, Antoni que estava lendo qualquer coisa sentado numa das poltronas, olhou-me de canto e franziu o cenho,  levantou e disse que tomaria um banho também. Deitei no sofá, exausta. Acordei apenas com o barulho da porta do banheiro sendo aberta, minutos depois. Acho que cochilei naquele meio tempo.  Sem dar atenção ao barulho, permaneci ali. Logo, senti a mão de Antoni sobre meus cabelos molhados, acordando-me. Abri os olhos e então sentei no sofá. Ele estava vestindo apenas uma calça de moletom cinza mescla. Observei-o enquanto ia se sentar na poltrona novamente. Afundei no sofá fazendo cara feia, o filho da p… tinha um corpo ainda mais bonito do que Thomas.  Lembrei de Lorenzo repentinamente. “Mas que droga.”

    – O que foi?- Perguntou ao ver minha expressão.

    – Nada. Estou cansada. – “Não posso falar sobre ele estar sem camisa, estou usando um baby doll nada decente” – Pensei.

    Risos.

    – Está rindo de mim, Antoni? – Perguntei. “Leu meus pensamentos de novo?”

    – Estou. Desculpe, acho que estou sendo inconveniente.

    – Está mesmo.

    – Estou? – Perguntou provocando-me. – Precisamos conversar Rebecca, sobre coisas sérias.

    Perguntei sobre o que ele queria conversar, e obviamente era sobre o ritual e como eu estava me sentindo.  Porém, acabamos engatando uma conversa que me distraiu por um tempo, do clima tenso anterior, e então comecei a me sentir mais a vontade, descobrindo algumas afinidades com alguém que foi se mostrando atencioso e curioso, mas… Com intenções que eram deixadas no ar sempre que possivel. Em certo momento, Antoni tocou em um assunto que me deixou sensibilizada, falando sobre coisas pessoais suas, deixando algumas de suas fraquezas transparecerem.  Mas, eu estava realmente cansada e receosa de que ele pudesse investir contra mim, sem saber qual seria minha reação diante disso. Agradeci pela conversa, por me ouvir e por falar. Antes de ir para o quarto, dei-lhe um abraço fraternal. “Você é diferente dele, não me decepcione.” Pensei.  Mas, ele queria mais. Ainda abraçado a mim, disse em meu ouvido:

    – Não vá dormir ainda. Sei que está cansada. Mas, queria sua companhia por mais tempo.

    – Desculpe. Mas, é melhor assim.

    -Por quê? Você está pensando no humano?

    – Ele se chama Lorenzo. – Retruquei – Sim, estou pensando nele. Mas,também penso em você…

    -É? Mas, gosta dele?

    – Não sei Antoni. Olha, obrigada por esses dias aqui e pelo o que tem me ensinado. Você seria um ótimo mestre. Mas, tem sido um ótimo amigo também!

    – Eu gostaria de ser mais do que um mestre ou um amigo para você, Rebecca. – Falou segurando minhas mãos. – Queria que me ajudasse a cuidar de tudo isso aqui. Mas, não se preocupe. Não quero que pense nisso agora e não quero estragar a amizade que estamos começando a construir. Além disso, ainda tenho muito a lhe ensinar antes desse mês acabar.

    – Tudo bem. Peço apenas que me respeite e ficará tudo certo. Eu preciso mesmo de descanso, desculpe. – Falei indo para o quarto.

    – Tudo bem, descanse e ao anoitecer voltaremos para a fazenda.

    Deitei na cama, abraçando os travesseiros.  E confesso que todo o sono evaporou. A insônia que me atingiu fazia meus pensamentos irem longe e causarem uma confusão interna. Será que gosto de Lorenzo? Será que quero ficar com Antoni?  Será que quero ficar aqui? O que eu quero afinal? Eu sabia que não deveria ter vindo…

    Depois de longos minutos entreguei-me a um sono sem sonhos, perturbada com tantas dúvidas e sentimentos confusos que surgiam.

  • Uma nova jornada – Parte VIII: rituais e uma viagem no tempo

    Uma nova jornada – Parte VIII: rituais e uma viagem no tempo

    “-Rebecca… Quero que guarde essa sensação com você. Essa energia pode ser muito maior…”

    Sentei sobre o tapete no chão, em posição de lótus. Sentia que aqueles sete dias de isolamento haviam trazido novamente momentos difíceis à tona, lembranças de um passado trancada em um velho porão, ou entre as paredes escuras de um casarão longe da sociedade, na época em que eu julgava que deveriam ter sido os melhores da minha juventude. Eu sabia que em poucas horas, Antoni viria me buscar e logo aquelas terríveis sensações de medo, tédio e loucura passariam.

    Tentei criar a sensação de estar respirando fundo, concentrando minha mente em meus objetivos, sentindo meu corpo e minha alma em tamanha concentração, capaz de fazer-me entrar em transe. Estava definitivamente me sentindo mais calma e preparada para os próximos passos. O jejum que inicialmente me irritava, havia sido suficiente para purificar meu corpo, tornando-me sensitiva a tudo que houvesse ao meu redor, transcendendo a mim mesmo.

    Alguém abre a porta. Abro os olhos devagar. “Antoni”. “Sim, minha querida, está na hora de irmos.” “Finalmente.” Levantei, conduzida por ele, pois embora o jejum houvesse trazido efeitos positivos, também havia me enfraquecido, tentei afastar sua semelhança com Thomas. “Não, você é muito diferente. Ele podia ter sido como você…” Chegamos até o jardim, e eu mal lembrava o caminho que havíamos percorrido até lá. Senti a grama gelada em meus pés também frios, olhei para um céu com poucas estrelas. Com ajuda subi no cavalo que estava preparado para nós e na garupa de Antoni cavalgamos por um tempo que não pude determinar. Havia mais pessoas conosco, mas não lembrava de nenhum daqueles rostos.

    – Rebecca, devo dar-lhe os meus parabéns. Muitos não suportaram o que você suportou. Sei que foi difícil, mas você está aqui. Se leu as instruções, sabe como serão os próximos procedimentos. Está pronta?

    -Apesar de estar me sentindo estranha, estou pronta sim.

    Eu estava apenas com uma túnica branca que vesti antes de sair do isolamento. O cabelo preso em um rabo de cavalo, o mais natural possivel, sem minhas unhas habitualmente pintadas de vermelho, sem maquiagem ou nem sequer um batom.  Deixando minha vaidade de lado por alguns instantes. Todos fizeram um grande circulo, de mãos dadas.  Antoni dizia calmamente algumas palavras que mentalizávamos. Depois em coro, proferimos uma espécie de oração ao universo. Aquele era o primeiro ritual na qual eu participava.

    Antoni pegou um pequeno jarro de barro, que lhe foi entregue junto a uma tigela rasa. Despejou um liquido naquela tigela, falando baixo uma mistura de palavras indecifráveis.  Em seguida, falou em voz em alta:

    – Vejam, este é o sangue de nossa aliança. Aquele que bebe deste sangue, afirmará seu destino. O sangue derramado, vindo de sacrifícios daqueles que lutaram por nosso clã.

    E então, caminhando até um a um todos bebiam daquele liquido. Antoni parou a minha frente. Olhei- o fixamente, sem saber se deveria continuar com aquilo. Beber daquele liquido poderia confundir as coisas.

    – Não se preocupe. Beba. – Falou.

    Peguei a tigela junto as suas mãos, hesitante. Bebi. Não era sangue de humanos. Era sangue de animal, usado apenas para compor a mistura. Junto ao sangue havia uma composição de ervas naturais que adormeceram meus lábios, junto a um leve ardor. Em poucos minutos, eu me sentia ainda mais estranha. Não vi mais nada e ninguém ao meu redor. Deitada sobre a grama molhada, um céu colorido caia sobre meus olhos e me levava para longe. Fazendo-me lembrar tudo o que havia escondido bem no fundo de minha memória, como um filme. Momentos bons e ruins, as fantasias de minha infância, os medos noturnos, os cheiros, as músicas, as descobertas, a perda das pessoas que amei, a ilusão que foi a minha vida, as mentiras, as decepções, as torturas, uma mistura desenfreada de tudo.

    Deixei o vento me embalar, as folhas me cobrirem, perdendo-me sobre a terra molhada sentindo estar em outro lugar, um lugar onde eu pudesse me reinventar, e deixar o passado para trás, para aceitar “viver” uma nova jornada.

    Quando todo aquele efeito passou, percebi que estava em pé, parada no mesmo lugar. Antoni prosseguia levando o líquido aos demais. Permaneci ali, voltando de minha pequena viagem, entendendo o que havia acontecido e me sentindo leve, convicta de que não havia nada na qual me culpar, “o mundo está melhor sem ele”.

    – Eu estou muito melhor sem você, Thomas. – Falei baixinho e sorri para Antoni, que me retribuiu o sorriso demonstrando satisfação e um certo carinho, enquanto continuávamos os rituais.

  • O mistério do lobisomem – pt1

    O mistério do lobisomem – pt1

    Leia como esta história começou...

    Já era quase 3h da manhã quando meu jatinho desceu em Londres. O voo foi uma bosta e por vários momentos pensei que teria de chegar a nado. Apesar disso, o motorista estava a postos na saída do aeroporto particular e me levou tranquilamente até uma casa que aluguei pela internet.

    A casa não tinha muitos detalhes, era simples, com acesso a internet e próxima de uma locadora de veículos. Onde naquela mesma madrugada aluguei um potente 4×4. Acomodei as malas, separei algumas roupas, utensílios e minha munição especial num canto. Depois enquanto remontava minhas pistolas, tratei de ligar para a lobisomem. Tentei por uma, duas e na terceira vez Claire me atendeu:

    – Oi, chegou?

    – Sim, estou aqui arrumando minhas malas… Vens para cá?

    – Ok, que bom que veio rápido!

    – Te disse que viria assim que possível, babe!

    Silêncio…

    – Manda o endereço, vou colocar uma roupa e vou até ai.

    – A velha frieza europeia…

    – What?

    – Nada. Vou te mandar pelo Whatsapp… see you soon, babe!

    Estava tirando um cochilo quando ouvi barulho de carro. Lavei o rosto e fui para a porta. Abri antes que ela batesse e mesmo com a surpresa, não consegui animar ou assustar aquele rosto pálido e tristonho.

    – Hey que bom te ver, entre minha querida!

    Até pensei em lhe dar um beijo, ao menos no rosto, mas vamos por partes. Ela se acomodou num sofá, sentei ao seu lado e preferi focar no assunto que nos reuniu.

    – Então, alguma novidade?

    – Poucas, mas acho que sei quem está com ele. É um grupo rival da Mão Vermelha e há alguns agentes duplos que me preocupam…

    – Tens os nomes? Podemos ir atrás de alguns deles. Precisamos começar por algum lugar… faz O que, um mês que ele sumiu?

    – 23 dias e algumas horas! – Disse ela suspirando e se jogando para trás no sofá.

    Aproximei-me, envolvi meu braço direito em seu ombro e com a mão esquerda arrumei seus cabelos.

    – Hey, calma nós vamos achá-lo. Tu sabe que ele é forte e vai sair dessa. Vai por mim tenho experiência com caras tipo o teu pai. Eles são duros na queda. Só precisamos achar algum caminho ou pista.

    – Obrigada pela ajuda, sem meu pai por perto não sei nem por onde andar direito. Me sinto no escuro e perdida, num lugar que conheço desde pequena… (suspiros)

    – Sei como é já passei por isso algumas vezes e ficar longe de quem amamos é o pior sentimentos de todos.

    Nesse momento ela se encostou em meio peito e fechou os olhos. Adormeceu como uma criança carente, que se aconchega e relaxa nos braços de uma mãe ou de um pai…

  • A transformação de Sebastian

    A transformação de Sebastian

    Tempos atrás, vocês me pediram para detalhar melhor como havia sido a transformação de Sebastian. Tivemos inclusive um post por aqui e dedicado a tal momento. Todavia, eu sempre dizia que isso estaria de forma completa em meu livro Ilha da Magia. Eu sei que demorei um pouco para publicar o livro, bem na verdade a culpa foi de uma editora, que me enrolou, mas antes tarde do que nunca… Está no ar um dos momentos mais especiais de minha estadia na Berlin do sec. XIX.

    Sem mais delongas segue o link para a publicação no Wattpad

    Abaixo o início deste, que é o 21º capítulo publicado do meu livro Ilha da Magia:

    “Foi nestas primeiras noites seguidas à viagem de Georg que eu precisei fazer algumas reuniões com nossos Ghouls, principalmente com aqueles que controlavam os negócios do clã e apesar de ser um jovem iniciante no mundo dos negócios vampirescos, felizmente todos me respeitaram. Foram momentos em que meu sangue sempre falou mais alto e ser cria direto de Georg, possibilitava fazer até mais do que eu queria.

    Em função de tantos afazeres a semana passou muito rápido e quando ví já estávamos no sábado. Quando aproveitei a noite para descansar um pouco, folhear alguns livros e pedir ajuda a Joseph com os preparativos para a transformação de Sebastian. Não havia nenhum “ingrediente” muito difícil de encontrar e juntamos tudo que precisava no próprio quarto de Sebastian para facilitar seu descanso após transformação. Assim que aprontamos tudo Joseph foi dormir e eu fiquei por mais um tempo acordado e pensativo. Acabei dormindo ao longo do dia em uma poltrona qualquer do castelo.

    Acordei no domingo à noite e depois de um dia de sono muito conturbado. Haja vista que a ala destruída do castelo estava de reforma e imagino que vocês saibam o tamanho do barulho, que pedreiros podem produzir. Isto era algo que estávamos protelando há tempos, mas Eleonor havia decidido que o castelo deveria estar perfeito para o casamento e também seria uma surpresa para Georg. Como ela era mais velha, estava empolgada com a festa e queria agradar nosso ancião, eu apenas apoiei e liberei o dinheiro…”

    Leia o capítulo completo no wattpad: http://w.tt/26eLp5X

  • Uma amizade Improvável pt 6

    Uma amizade Improvável pt 6

    A minha paciência estava perdida em algum lugar do mundo mas não por perto de mim, se eu tivesse um coração pulsante ele provavelmente teria saído pela minha boca… Daniel estava aqui, Steven estava aqui, Trevor estava aqui, mas faltavam os meus companheiros rednecks sobrenaturais, eu precisava deles… Nós todos precisávamos deles! Eu fiquei igual um tigre rondando o perímetro da casa, não consegui sentar e esperar tranquilamente, andei e fumei no mínimo um maço de cigarro do lado de fora, – Oi meu amor… Ainda bem que não és mais humana, se não já teria tido um infarto… Vem cá! – apesar das desavenças e confusões dos últimos tempos eu não conseguia ficar brava com Trevor, ele iria ser o meu eterno amor, por mais que a gente fique neste lance chove não molha. Fiquei ali abraçada nele, como uma criança querendo colo, e ele com seus braços fortes me mantinha “protegida”, – Sabe essa idéia de você e outra mulher é algo que me dá o maior tesão… – ele tinha que soltar uma dessas – Não estraga o momento T! – apenas lhe dei um soco de leve na barriga e sai do seu abraço apertado.

    Quando eu abri a porta consegui sentir algo por perto, mas não era uma presença estranha eu conhecia quem se aproximava, voltei os olhos para o portão e lá estava o Gabriel e alguns regrados conhecidos meus, vindo na minha direção – Lilian, prazer em te rever! – fizemos nossos comprimentos e entramos em casa. Gabriel se sentou enquanto os outros cinco que o acompanhava ficaram nas janelas e nas portas de entrada armados e em estado de alerta – Lilian, onde está a Kate? – quando ele me fez a pergunta eu fiquei com medo, sabia que ele colocaria a Kate na parede – Chame-a aqui, por favor… – levantei e fui até o quarto, quando abri a porta vi que ela estava acordada e apenas fez um sinal de aprovação com a cabeça e se dirigiu até a sala, eu a segui .

    Kate sentou na poltrona que havia de frente ao Gabriel e ao lado dos meus amados vampiros e lobisomem, eu sentei em seu lado oposto , o regrado agora com um charuto cubano em mãos olhava para ela, ele não precisou falar nada, ela se prontificou a falar, acanhada na poltrona, mas teve coragem para contar tudo – Eu sei que na cabeça de vocês eu vim até a Lilian para trazer apenas problemas, mas não, agora não mais… Eu fiquei te vigiando Trevor por alguns meses enquanto você estava sozinho, eu sou muito boa nisso e sei como disfarçar minha presença…

    Trevor parecia um pouco irritado, mas deixou que a pequena vampira continuasse a falar – Quando eu vi a Lilian na sua casa e depois que descobri que vocês eram muito próximos, achei que se eu lhe atingisse no teu ponto mais fraco, talvez eu conseguisse lhe atrair e ajudar o meu ex clã com sua vingança em cima da Ordem… – e as coi sas só melhoram cada palavra dela, era um tiro no pé – Segui você até aqui Lilian, vi como você age com quem você ama, com teus amigos, com teus clãs aliados e percebi que vingança contra um ser como você e os seres da Ordem seria um erro, pois vocês não querem confusão, querem apenas seguir os anos do modo como tem feito durante todo esse tempo…

    Agora ela tinha a atenção de todos, Daniel estava passado, Steven fumava feito um louco, Trevor aparentemente queria voar no pescoço dela e Gabriel tinha aquela cara de paisagem de sempre e eu não sabia se eu levantava, corria, fumava, me enfiava em uma caverna ou apenas mandava ela se fuder, mas o que eu fiz foi ficar sentada e acender um cigarro, afinal mais tiros no pé iriam vir – Resumindo tudo, meu ex o Alexander, líder da Devil, me pediu que seguisse os principais membros e achasse os pontos fracos e com isso ele iria conseguir acabar com a Ordem, da mesma forma que vocês acabaram com eles… Mas quando eu tive a oportunidade de falar com você Lilian e vi que você possuía um caráter justo assim como todos os outros que fazem parte da sua vida e da do Trevor, eu desisti…Na minha cabeça vocês eram terríveis, destruidores, como Alexander fala para todos da Devil… Mas não vocês são o contrário do que somos, vocês são justos e nós somos movidos pelo ódio e isso não era mais o caminho que eu queria seguir… Mas quando eu realmente te vi Lili, frente a frente, eu não consegui me conter e com os passar dos dias, os poucos dias que me envolvi com você eu acabei me apegando e… – Kate travou, aquela típica travada que ela dá quando não consegue admitir algo, ela olhou em minha direção e vi uma leve gota de sangue cair de seus olhos, – Eu me apaixonei por você e voltei atrás, não queria te machucar, não queria que te machucassem… Eu me neguei a continuar para o Alexander, tentei me esconder dele mas ele descobriu e então veio até aqui e fez o que fez comigo, a sorte é que eu consegui fugir se não eu não estaria aqui para lhe contar a história… Me desculpe…. Eu não imaginei que fosse me apaixonar por você. – depois de uns dez tiros no pé agora eu levei um tiro no meio da minha cara com direito a platéia e meu ex de testemunha.

    Pensei em ir lá e dar um abraço nela, mas não demorou muito e ouvimos o som maravilhoso do que parecia um grupo enorme de motoqueiros chegando, sai da sala correndo e quando chego no quintal me deparo com alguns bons e velhos amigos e para minha surpresa até o líder deles estava junto, Joshua, o famoso redneck vampiro, líder dos Ancedent’s – Isso que eu chamo uma boa reunião de gangue não é mesmo? – sim, aquilo era praticamente uma reunião de gangues e logo logo a porrada iria comer solta.
    “Andando por esse mundo sozinho

    Deus toma sua alma, você está só
    O corvo voa a frente, numa linha perfeita
    Sobre a cama do Diabo, até você morrer

    Essa vida é curta, amor isso é fato
    É melhor viver direito, não tem volta
    Tem que quebrar o barraco, antes que eles te derrubem
    Tem que viver essa vida”

  • Uma amizade Improvável pt 5

    Uma amizade Improvável pt 5

    Amizade improvável

     

    Vamos lá, eu abro a porta e lá está uma Kate nua, nua, NUA! E não é aquele nú bom que a gente pode receber de vez em quando em uma booty call, nãoooo! Comigo tem que ser sempre na moeda do azar, tem que ser um nú com o ser machucado e pedindo ajuda! A minha sorte me fascina, juro, me deixa fascinada e encantada, sqn!

    Peguei Kate no colo e a levei até o sofá da sala, lá lhe dei um cobertor e um copo de sangue, parecia fraca, parecia que havia entrado em uma luta. Esperei até que ela recuperasse a força (e um pouco da dignidade, sejamos honestos, não é legal aparecer assim na casa alheia) e esperei alguns minutos até que ela falasse algo, quando começou a falar logo percebi a mudança drástica na feição, a tristeza agora cedia lugar para o medo – Lili, o que você foi fazer na minha casa¿ – ela sabia a resposta, eu não precisava entrar em detalhes, aliás eu não precisava nem explicar, ela por si só respondeu a própria pergunta – Foi me investigar não é¿! Eu imaginei, afinal um vampiro da antiga Ordem é treinado para se proteger… ‘Proteja a ti e ao teu companheiro, em hora de batalha proteja todos e em hora de guerra proteja até o último soldado!’ , não é mesmo… O eterno clã criado das entranhas do inferno, trazido ao vampirismo, o exército de quem não posso pronunciar o nome…. – Oi, o que, como assim¿ Como ela sabia os nossos dizeres, a história do clã não é novidade para ninguém do mundo sobrenatural, mas as dizeres de guerra, nossos juramentos eram, me inclinei para mais perto dela e fiz sinal que continuasse, eu não iria falar nada por hora, queria tudo o que ela pudesse me dizer – Eu sei sobre tudo, eu fui atrás para descobrir tudo sobre o Trevor e acabei chegando até você! Meu clã é inimigo do teu, desde que os dois vampiros fundadores se desentenderam, quando um queria a disciplina e não o caos, o outro era dominado pelo poder e almejava o caos… – OH shit! Não é qualquer clã antigo, não é qualquer inimigo que se pode conter, é algo que vai além da força, vai além do que eu posso conter, apenas os antigos saberiam como lidar, mas maioria dorme enquanto Michael e Trevor comandam o clã.

    Levantei do sofá ainda desorientada com a informação, achávamos que o clã havia dissipado e dividido depois dos séculos, já Trevor achava que era apenas poeira na história vampírica mas não, eles se reuniram, se auto modelaram de novo, uma ameaça tão grande como qualquer outra vinha por ai, teríamos que tomar medidas drásticas, mas antes eu tomaria conta deste caso na minha sala.

    Sentei novamente, agora de frente para Kate, com a minha katana descansando em minhas pernas, acendi um cigarro, a pequena vampira me espionou por algum tempo, então sabia que se eu estava armada com a minha fiel escudeira, minha paciência havia ido pro espaço, bem longe do meu consciente – Agora Kate, já que descobri que você deu uma paparazzo com a gente, especialmente Trevor e eu, tens que explicar algumas coisas que estão me deixando curiosa – eu não iria machuca-la ou matar a vampira, apenas queria a verdade e a partir dali pensar na atitude a ser tomada – Por que você veio aqui, por que você está machucada e por que caralhos vocês está aqui pelada como uma meretriz no fim da festa¿ – Ok, minha paciência morreu e eu estava em modo automático, até que ela sem pestanejar olhou em meus olhos e eu não vi mentira, eu não vi táticas eu vi apenas a verdade – Por que eu não quis continuar com isso, eu não queria te perseguir mais ou levar informações ao clã que eu pertencia, eu me recusei e… – sabe quando você já prevê o que a pessoa vai falar, por que passou por algo não igual mas semelhante, então – E eles vieram até mim, vieram aqui, me ameaçaram, me bateram e acharam que seria legal me…. – eu abracei ela, sabia o que fizeram com ela, não precisava falar mais nada, não eram vampiros, eram animais disfarçados de vampiros.

    Levei Kate até minha banheira, ajudei ela a tomar banho, coloquei um conjunto de moleton meu nela, deixei que ela dormisse mais um pouco. Peguei o celular e liguei para Trevor, contei tudo, contei sobre estarem nos vigiando, contei sobre Kate, falei do fato dela ter largado o clã e eles a seguirem, torturarem e abusarem dela, contei que estava sozinha e que precisava de alguém mais comigo.

    Trevor falou que pegaria o jato e viria para cá assim que anoitecesse de novo, pediu que eu ligasse para Daniel e que eu ficasse dentro de casa e sempre alerta com qualquer movimento diferente do lado de fora.

    Liguei para Daniel, o mesmo estava a quilômetros de mim, iria chegar em alguns minutos, falei com Steven e ele também estava a caminho, seria o primeiro a chegar. Fechei a casa, subi as grades de emergência e esperei sentada  no sofá, com a katanna de um lado, minha Ak 47 do outro, minha Eagle Desert no coldre da minha calça e duas adagas na mesa da frente, se fossem tentar algo, teriam que lidar comigo e minha loucura antes.

    Eis que meu celular então recebe uma mensagem, número desconhecido, abri a mensagem e lá estava a confirmação que o pau iria comer e a coisa estava feia, “ Foi uma tristeza muito grande cortar os pneus de uma moto tão linda como a tua, Lili! Gostaria de fazer isso com teu belo pescoço, mas antes me aproveitar de você claro… Espero que vocês se reúnam, todos vocês, por que vão precisar de ajuda! Avise seu adorado mestre, Trevor, que a Devil Dagger se levanta novamente. Fique bem querida, cuide da sua nova amiguinha, nossa ex integrante, enquanto ainda é tempo!”

    Não, apenas nós quatro não iriamos conseguir muita coisa, eu precisava de mais gente, afinal todo nosso condado estaria em perigo, foi que a idéia surgiu, meus amigos motoqueiros, clã do norte poderia me ajudar afinal eles devem algo para a Ordem e não arriscariam ver suas terras invadidas por seres assim. Precisava chamar Gabriel, o regrado que me ajudou antes, talvez ele trouxesse alguns membros com ele, afinal não posso sair matando vampiros a torto e direito, iria me fuder legal se fizesse isso sem o o ok de algum deles, peguei o telefone e liguei para ele – Gabriel eu …. – Fui interrompida pelo próprio – Já sei, e já estamos aqui, senti  a presença e permaneci no Tennessee, conheço a Devil e sei do que são capazes, eles se auto remodelaram Lili… Estarei ai daqui alguns minutos e áh antes que me esqueça, a vampira Kate é ex mulher do mestre supremo do clã…. – AHHHHHHHHHH que sorte a minhaaaaaaaaaa!!!!

    Como se a minha ‘vida’ precisasse de mais emoção, agora eu estou aqui com a ex do fodão da Devil dormindo na minha cama, após ter chego aqui nua!!!!! Por que ela não me contou este detalhe¿ Se ela estiver mentindo ou omitindo algo eu juro que arranco as tripas dela assim que ela acordar.

    “Quem é que está escrevendo, João, o Revelador, escreveu o livro dos sete selos

    Agora Deus desceu na viração do dia, e chamou Adão pelo seu nome

    Mas ele se recusou a responder, porque ele estava nu e envergonhado

    Quem é que escrevendo, João, o Revelador, escreveu o livro dos sete selos

    Agora Cristo tinha 12 apóstolos, e três deitou fora

    Ele disse: “Olhe para mim uma hora, enquanto eu vou ali orar”

    Mary Margaret eles estavam lá e ouviram cada palavra que ele disse

    disse “Ide dizer aos meus discípulos, eu disse me encontrar na Galiléia”

    E diga-me quem é que está escrevendo “, João, o Revelador”

  • Uma nova jornada – Parte VII: o isolamento e a insanidade

    Uma nova jornada – Parte VII: o isolamento e a insanidade

    Ao fechar a porta do quarto senti o silêncio invadir minha alma. Eram apenas sete dias. Só sete dias. Eram longos sete dias, e noites…  Olhei ao redor.  No quarto havia algumas janelas trancadas por cadeados.  Um detalhe antes despercebido. Tudo era muito confortável e iluminado, ao menos. Havia uma cama grande com cobertores macios e travesseiros altos, como eu gosto.  Um armário com minhas coisas. Sem celular, internet ou algo do tipo. Uma mesa na lateral. Uma cadeira. Uma poltrona. Na mesa alguns livros, canetas, lápis e folhas de papel, o que eu precisava para me manter ocupada por um tempo. Olhei o banheiro com mais atenção. Chuveiro grande, uma banheira, sais de banho, toalhas macias e muitos espelhos. Fechei a porta do banheiro.

    Olhei o quarto novamente e percebi que ao lado da cama havia algumas folhas impressas. Sim, as instruções. Sete dias… Bufei e revirei os olhos ao lembrar isso.  Mas, por enquanto, eu tinha o que fazer. Ler. Sim, ler as instruções.

    “Conforme o determinado e de acordo com o procedimento padrão de nosso clã, seguem as instruções e observações julgadas como essenciais para o ritual de purificação e iniciação na qual o iniciante deve se comprometer a seguir os ensinamentos e conduta a ele transmitida. Após um conhecimento aprofundado a cerca do histórico, métodos e objetivos do clã. O iniciante deverá passar por rituais e processos de preparação que o auxiliará a usar seus dons e poderes de acordo com os fundamentos e objetivos do clã. Parte desse processo consiste em um isolamento do iniciante, que pode variar de 7 (sete) à 10 (dez) dias e noites consecutivos, na qual o objetivo se dá no afastamento de intervenções externas, a fim de que o iniciante aprofunde-se em si mesmo. Juntamente com o Jejum que auxilia a conexão do individuo com as energias e…”

    Pulo algumas páginas, tentando me concentrar na parte burocrática e no blá,blá, blá da coisa. Leio mais alguns trechos com algumas instruções e percebo que definitivamente já estou entediada. As horas passaram e me distrai com alguns livros. Refleti sobre assuntos pessoais, lembrei-me de momentos com Lorenzo, da última conversa com Antoni na sacada, lembrei do vislumbre que a vista de lá me trouxe e da sensação de paz. Lembrei-me de Ferdinand também claro, como esquecê-lo? Meu amigo. Guardando esses pensamentos comigo, entreguei-me aos travesseiros, na cama, abraçando-os com força e, então peguei no sono, deveria estar amanhecendo lá fora, calculei.

    “-Hey minha pequena, Rebecca. Venha cá, senhorita.

    Relutei por alguns instantes, mas se eu não fosse certamente ele me buscaria. O que seria ainda pior. Ao me aproximar, ouvi o tilintar do gelo em seu copo de whisky, percebi seus pequenos olhos negros seguindo cada movimento meu. Seu olhar brilhava sordidamente, um olhar que revelava seus pensamentos e planos mais obscuros e insanos.

    -Sente-se… Aqui. – Falou usando as mãos para dar tapinhas leves nas próprias pernas.

    Tal ordem me fez engolir seco. Obedeci com repugnância e ao mesmo tempo curiosidade. Sentei em seu colo olhando para o chão e trêmula senti suas mãos roçarem minha nuca. Calafrios. Seguido de seu nariz, que desenhava círculos em meu pescoço.

    – Rebecca. És tão… Deliciosa. Olhe para mim. – Falou fazendo-me carícias e puxando-me pelo queixo.

    Pensei alguns segundos e então o encarei. Seus olhos negros, pequenos e brilhantes. Observei seus lábios entreabertos e me aproximando dei-lhe um beijo sem jeito e desengonçado. Um beijo retribuído com força. Suas mãos me apertavam e me faziam arquejar. Então, suas mãos apertaram meu pescoço, erguendo-me. Arrastou-me e jogou-me contra a parede, de costas.

    – Boa garota, sempre voraz ao final, agora terás o que merece. – Falou enquanto afrouxava o cinto.”

    Acordei sobressaltada. Acho que meu sonho havia virado pesadelo. Ele nunca sairá de meus pensamentos. Maldito Erner.  Levantei pensando em algo para passar o tempo. Enchi a banheira e fiquei algumas horas de molho, relaxei e quase adormeci de novo. Havia mais cinco dias e noites para passar aqui. Suspirei desanimada…

    Dia/Noite 3: “Já li dois livros. Fiquei três horas na banheira, de novo. Li um pouco das instruções. Nas instruções diz para meditar. Eu costumo fazer isso sempre. Mas aqui, assim não tem graça. O silêncio é irritante. Faz tanto tempo que não sinto o silêncio com tanta intensidade. Quero sair daqui. Mas tenho que aguentar, só mais… Quatro dias… Vou tentar meditar, é o que resta.”

    Dia/Noite 4: “Meditei tanto que quase fui parar em outra dimensão. Será que isso é possivel? Acho que sim, talvez. Caramba, quanta fome! Nunca fiquei tanto tempo sem me alimentar. A fome me deixa irritada. Merda, porque diabos eu concordei com isso?”

    Dia/Noite 5: “Tédio. Já li todas as instruções, todos os livros, rabisquei todas as folhas, quebrei todos os lápis. Contei todos os pequenos desenhos do papel de parede. Não tomei banho, estou um trapo. Enrolada nos cobertores, por cima de todos os travesseiros. Com o roupão preto. Encaro o teto por horas. Preciso sair daqui. Desse quarto. Desse isolamento. Dessa insanidade que começa a me atingir. Acho que vou dormir novamente.”

    Dia/Noite 6: “Amanhã vou sair daqui. Falta pouco. Só mais hoje. Amanhã vou sair daqui. Fome. Que ódio.Vou tomar um banho e ficar mais apresentável para quando Erner, digo, Antoni chegar. Por que são tão parecidos fisicamente? Porque são gêmeos, idiota! Eram gêmeos. Você matou Erner, não lembra?”

    Olhei-me no espelho. Vi minha beleza refletida. Eu matei Erner. Aquilo fazia tanto tempo. O mundo estava tão bem sem ele. A chuveirada que tomei alguns instantes atrás havia sido renovadora. Mas, senti que mais alguns dias dentro daquele quarto , em jejum, e eu começaria a ficar louca. Mais do que eu já estava me sentindo.

    “Amanhã. É amanhã. Amanhã vou sair daqui.” Pensei.