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  • Odeio o anoitecer – Parte 2 de 2

    Odeio o anoitecer – Parte 2 de 2

    O clima estava pesado, Hector não é um tipo de vampiro dos mais tranquilos e eu não sou flor que se cheire, ainda mais quando me deixam puto por pouca bosta. Porém, quando o assunto é tacar a mão em alguns filhos da puta eu posso sempre contar com meus aliados/amigos.

    Eliot foi por terra usando sua velocidade vampiresca. Hector também utilizou sua agilidade sobrenatural, mas também estava invisível aos olhos humanos. Eu também usei minha velocidade acima da média humana, mas fui um pouco atrás e antes de chegar no lugar me transformei em névoa.

    Os dois caras da guarita certamente não viram o que lhes atropelou e os cães foram soltos do lado de fora do lugar. Seria muita sacanagem matar os bichos, que mal sabiam o que faziam naquele por ali. Eu ainda estava em forma de névoa quando adentrei galpão principal, consegui perceber que havia cerca de 20 pessoas entre homens e mulheres, sendo dois caras aparentemente os administradores.

    Desfiz minha transformação por trás de um deles e em coisa de uns 30 segundos eu o ataquei silenciosamente. Segurei sua boca para que não fizesse muito barulho e até tive vontade de lhe morder suas veias saltadas do pescoço, mas seria exposição desnecessária, sem falar das câmeras. Mesmo com os rostos cobertos seria bizarro demais para um humano ver outro sendo sugado ao seu lado.

    Então apliquei um desajeitado mata-leão e antes que o outro “administrador” percebesse o que estava acontecendo Eliot lhe deu uma coronhada certeira na têmpora direita. Neste momento os trabalhadores já estavam desesperados, outros suplicavam por suas vidas e decidimos uma abordagem mais simplista, amarramos todos, alguns tentaram resistir, inclusive uma garota havia conseguido escapar, mas Hector a achou em meio a mata com facilidade.

    Mandei o aviso de missão concluída para meu amigo da polícia federal e fizemos uma breve vistoria no local, atrás de coisas que nos fossem úteis. Havia dinheiro, havia algumas drogas que Hector insistiu em pegar uma parte. Eliot foi atrás da central de câmeras para apagar nossa “estadia no lugar” e eu aproveitei o tempo antes da chegada da polícia para dar uma boa olhada geral enquanto tentava contato com Claire, no qual não me respondeu de imediato.

    Em minhas andanças pelo lugar havia apenas um item que me despertou interesse, um medalhão de prata, que estava no pescoço de uma das garotas que trabalhavam no lugar. Não era nada muito trabalhado, mas ele parecia ter uma energia diferente, sem contar a pedra verde encrustada, que possuía um tom escuro quase negro.

    Ao conversar com ela sobre tal artefato, ela disse que era um presente de sua mãe e que antes tinha ganhado de sua vó. Inicialmente, fiquei receoso de lhe tomar aquilo, mas se não fosse eu provavelmente algum corrupto da policia o faria na hora que fosse presa. Ela obviamente resistiu, gritou como se fosse criança e acabei lhe fazendo dormir com uma coronhada. Peguei junto do colar sua carteira de motorista, assim poderia dar uma analisada em seus antepassados, como hobbie e quando me sobrasse um tempo.

    Fora isso tudo revisamos as amarras e saímos do lugar cerca de duas horas antes da polícia chegar. Ainda era madrugada e voltamos tranquilamente para o refúgio de Hector. Dado o tempo de chegada eu recebo uma mensagem amistosa de meu amigo: “Parabéns, trabalho até que limpo desta vez, mas está cada vez mais difícil explicar para eles esses trabalhos justiceiros. Vê se demora um pouco para me chamar de novo. Valeu!”

    Mostrei a mensagem para Hector, que ficou puto e reclamou mais um pouco, mas nada que mereça ser escrito aqui. Eliot estava feliz, tais missões sempre foram muito empolgantes para ele, mas depois da broxada do meu contato na policia, vamos ter de “navegar por outras águas”.

    Na noite seguinte eles dois voltaram as suas rotinas em algum lugar do planeta e eu fui atrás de Claire, que ainda não havia retornado meu contato e estava me deixando preocupado. Sobre o colar mandei pelo correio para Sebastian, que ficou de analisar sua procedência junto da Cláudia.

    E la estava eu com outros pensamentos, outras preocupações e anseios, mas quem não fica assim diante o anoitecer?

  • Odeio o anoitecer – Parte 1 de 2

    Odeio o anoitecer – Parte 1 de 2

    Certamente, um dos períodos no qual eu mais me sinto triste é o entardecer. Não deveria ser assim, afinal esse período do dia nos equivale ao “amanhecer da noite”, mas alguns sentimentos são quase impossíveis de se explicar. Digo isso, pois foi o que me aconteceu tempos atrás, o que de certa forma me motivou a sair e dar um rolê. Antes que me perguntem eu não posso sair de dia, mas o céu estava com aquela cor roseada.

    Moto na estrada, em alguma rodovia grande do interior e o objetivo seria me encontrar com Hector. Nosso projeto “Os escolhidos”, estava parado, então a ideia seria levantar um pouco a poeira. Minutos depois eu cheguei no local combinado e lá estava ele junto de Eliot, sentados numa mesa de bar do interior, essas de plástico com marca de cerveja barata.

    Hector reclamou pelo encontro ser tão cedo, mas tive de marcar naquele horário em função de minhas insônias frequentes. Papo vai e vem, ele me contou sobre o que andava fazendo e decidimos ir para o seu refúgio, numa casinha de madeira de difícil acesso, no que parecia ser um sítio. Inclusive, reclamei, pois a estrada era horrível, quase furei os pneus da moto e arranhei algumas partes de baixo. Poxa, vocês sabem do amor que tenho pelas minhas motocas…

    – Relaxa, se quiser eu mando te entregar uma moto novinha.

    – Cara sabes que esse modelo não está mais em fabricação.

    – Pra mim moto é tudo igual.

    – Tá tá, me mostra logo o que tens feito aqui nesse fim de mundo…

    Diante os fatos ele me mostrou algumas foto aéreas e aparentemente era uma fazenda grande, onde dentre tantos detalhes se armazenava e distribuíam drogas sintéticas. Sendo a principal uma derivação, ainda sem nome e muito próxima da tal Flakka, consumida nos USA.

    Se há algo que adoro fazer é estourar esse tipo de lugar e não me faltava vontade para que fôssemos naquela noite mesmo. No entanto, como o objetivo desse nosso projeto é ajudar a sociedade, não bastava entrar lá e quebrar tudo, tínhamos também de prender os culpados e fazer com que eles chegassem até a polícia federal.

    Então liguei par a o meu amigo na PF e avisei dos nossos planos. No início ele ficou com o pé atrás, mas depois de alguns minutos ele consultou o banco de dados e como sempre viu que nossa ajuda seria vital. Está certo que nossas empreitadas deixam muitos destroços, mas vem cá. Precisamos nos divertir também…

    Consegui, que alguns agentes fossem ao local nos próximos dias e tratamos de planejar uma ação rápida. Como sempre entraríamos ocultos por algum feitiço/poder e dentro do lugar trataríamos de prender os lideres. Eliot já havia ido ao lugar e possuíamos algumas rotinas e detalhamentos sobre os melhores caminhos a serem seguidos.

    A verdade é que estes lugares possuem pouca vigilância. Nos filmes são vistos cercas altas, vigilância com câmeras e muitos seguranças. Só que isso é coisa de filme babe e a realidade é muito mais simples. Por que gastar tanto com segurança se podes gastar mais com trabalhadores? Tendo em vista essa realidade havia na verdade apenas dois galpões grandes, um onde as pessoa dormiam e se alimentavam e outro onde estava a produção das drogas.

    Por fora havia até uma meia dúzia de câmeras, que mandavam as filmagens para uma casinha pequena, onde dois caras se revesavam na segurança. As cercas em volta do lugar eram simples e estavam ali apenas para que os três Dobermans não fugissem, ou os empregados.

    Tudo mapeado e prontos para agir eu recebo uma mensagem da Claire no meu smartfone:

    – Fê quado puder me liga.

    Como havia um pouco de tempo antes da ação daquela noite eu resolvi ligar e fui surpreendido por um pedido inesperado de ajuda:

    – Obrigada por retornar brevemente. Tô desesperada meu pai sumiu e não posso falar disso com o nosso grupo, acho que tem gente daqui envolvida, me ajuda, por favor?

    Nessas horas eu sempre lembro do Franz pegando no meu pé, que eu não resisto aos pedidos de uma mulher carente, mas quando falei da situação para Hector ele foi enfático:

    – Cara sério? Na boa se tu for atrás dela vou mandar a merda esse nosso projeto.

    – Hey pera lá meu velho, não é bem assim…

    – Ferdinand tu não tem compromisso cara, tá sempre atrás qualquer putinha que te liga.

    – Ah vai a merda…

    – Vai se fude…

    Vendo que o clima estava uma bosta e prestes a ficar pior Eliot prontamente nos interrompeu:

    – Senhores não é hora pra discussões tolas, vamos focar nessa missão de hoje e ao final disso o Ferdinand pode ir correndo para onde quiser. Vai ser rápido.

    Hector ficou na expectativa, eu até ponderei por algum tempo, na verdade Hector estava certo, mas poxa, não sou de ferro e ele me ofendeu.

    – Tá relaxa vou ajudar vocês, mas porra Hector vê se cala boca, tu me confunde como Franz as vezes.

    – Tô errado cara?

    – Tá vamos nos concentrar nisso aqui, um problema de cada vez…

  • Reunião na fazenda

    Reunião na fazenda

    Mais uma noite na fazenda e hoje Willian virá nos visitar. Na verdade, pedi que Hector o trouxesse junto, pois passaria muito próximo de sua cidade a caminho daqui. É uma pena que Eleonor e Sebastian estejam longe pois seria praticamente uma reunião de clã.

    Na noite de hoje eu quero ver a interação de meus pupilos juntos dos demais vampiros da família. É provável que eu apresente à Deb os detalhes do projeto “Escolhidos”, atualmente mantido pelo Hector. Eles já foram informados que serão avaliados e provavelmente cada um terá uma reação diferente.

    Eu poderia fazer isso na forma de uma surpresa, mas Hector e Franz sabem ler pensamentos e eu sei me comunicar com eles por telepatia. Eu já havia falado deste meu dom por aqui? Não sei ler mentes como meus irmãos, mas ao menos conseguimos nos falar sem que os outros percebam.

    Até o momento todos os meus Ghouls estão progredindo bem. Penélope passou dois dias admirando seus presentes e depois disso conseguiu hakear um site importante. Deb me surpreendeu não caindo na lábia de Franz e até me confidenciou que detesta homens folgados como ele (eu ri). Willian também fez progressos interessantes, mas como eu já disse para ele, espero muito mais de sua cabeça agitada e inovadora.

    Como este processo ainda vai levar um bom tempo eu decidi voltar minha atenção ao livro e ao projeto “Escolhidos”. Sei que os novos daqui ficarão um pouco confusos e preciso explicar que a decisão de ter uma nova cria, não tem nada a ver como projeto “Escolhidos”. Aliás, vivo recebendo pedidos de afiliação no grupo “Escolhidos” do site, mesmo tendo colocado um aviso bem grande por lá: “No momento, não aceitamos pedidos para novos membros.” Vai entender…

    O projeto “Escolhidos” é algo conjunto com Hector, onde “matamos o tempo” ajudando a polícia em casos de difícil resolução. Não é nada oficial ou que tenha base politicas ou governamentais e prefiro chamar de filantropia vampiresca. Por favor não me perguntem mais sobre isso, é o máxim oque posso falar do assunto. Ainda nesta semana falarei do último caso resolvido por Hector.

    Sobre o livro estou pensando em lançá-lo somente on-line, o que acham disso?

  • Os escolhidos

    Os escolhidos

    Anos atrás no final de 2007 eu passeava com minha ex por Desterro, quando num momento inesperado, reencontrei Hector. Era para ser um simples passeio de barco pela ilha, mas para minha surpresa o velho pirata estava na mesma marina cuidando de seus negócios marítimos.

    Logo que nos vimos foi aquele elegante papo de cavalheiros “Seu puto, não acredito que estou te vendo por aqui…” Situação que trouxe as velhas histórias a tona e fizeram com que ele mesmo se oferecesse para ser nosso “capitão” num de seus barcos. Foi um passeio muito prazeroso no qual pude rever os detalhes do mar de minha ilha natal. Cousa que eu não fazia a mais de 50 anos.

    Coincidências a parte o reencontro com Hector havia sido num momento muito importante, uma fase boa de reencontro pessoal, estabilidade amorosa e no qual eu procurava algo além de meus afazeres de clã. Pois convenhamos, ter uma vida eterna só de trabalho, nunca foi objetivo para nenhum vampiro…

    Apesar das peculiaridades da história de Hector , vocês já devem ter percebido que somos muito parecidos. Família humana cheia de detalhes e segredos, mestres importantes na sociedade de sangue vampiresca, objetivos e funções parecidas no clã… Então, talvez por isso tenhamos nos tornado bons amigos.

    Continuando, noites depois eu marquei uma reunião com Hector em uma casa que eu havia alugado. Sebastian e Eliot, cria de Hector, também nos acompanharam e surgia ali os primeiros passos de nosso novo projeto: “Os escolhidos”.

    A ideia não é criativa, tão pouco original, mas com poderes sobrenaturais, dinheiro e tempo livre só tinhamos uma cousa a fazer: Virar super-heróis? Não, é muita exposição para alguém que não pode sair à luz do dia, precisa de sangue… No entanto, ajudar a resolver crimes nos pareceu ser um bom passatempo…

    Esse rumo havia sido tomado depois que conheci o irmão de Beth, cara que já foi citado por aqui em vários momentos, no qual apelidei de “delegado”. Como a influência dele é relativamente interessante, seria uma base boa para nosso projeto.

    Tendo então os planos traçados eu simplesmente juntei a fome com a vontade de comer. Aproveitei o final de ano com as famílias reunidas e marquei um encontro com todos. Naquela noite Hector usou seus poderes mentais e convenceu o delegado a ser nosso informante e lá mesmo reafirmamos nosso pacto de sangue. Aquele pacto no qual os vampiros bebem o sangue um do outro para criar uma espécie de contrato ou laço mais estreito. É algo bem complexo, mas de forma resumida vampiros com estes pactos têm obrigação de se ajudar acima de qualquer outra cousa.

    O final de ano havia passado e já em fevereiro tivemos nossa primeira reunião no local escolhido para ser a sede dos escolhidos. Cada um de nós cinco havia ficado responsável por juntar determinados “brinquedos”. Computadores de alto desempenho, armas militares, veículos fortemente equipados com armas e blindagem, entre outros. Inclusive já tínhamos uma missão inicial, monitorar o tráfego de mulheres brasileiras para os EUA.

    Todavia, o projeto teve de ficar de lado, pois em meio às investigações Hector e Eliot foram seguidos e uma de suas bases, aquela que guardava a cripta do velho Rafael Santiago sofrera um ataque. Esse é um grande problema no qual sempre enfrentamos por vezes o lugar escolhido para hibernação é atacado, às vezes algum terremoto ou desastre natural ocorre e as criptas precisam ser evacuadas…

    Mas o projeto “os escolhidos” morreu, Ferdinand? Não mancebo, é disso que falarei agora, pois desde então estávamos envolvidos na escolha de novos locais para criptas e cheios de afazeres pessoais. Por vezes eu até tentei levar tudo sozinho e contei várias histórias por aqui, mas agora nos sobrou tempo para retomar tudo.

    Por enquanto, como as histórias envolvem muitos detalhes,  elas serão divulgadas somente para um grupo seleto do site…