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  • Príncipe de Tóquio / Grito No Vazio Parte 2

    Príncipe de Tóquio / Grito No Vazio Parte 2

    Agora já posso andar pelas ruas de Tóquio tranqüilo.

    Já fui apresentado ao vampiro mandachuva da cidade e ele liberou minha estadia. Gente fina ele um tal de Hirotshio Tshuki do clan Toreador. Esse clan é ligado a arte e ao auspícius um dom de sangue, que aumenta a percepção extra-sensorial. Ou seja eles conseguem olhar pra ti e dizer: Como vai a dor de barriga José? Ou ainda, “Por que você não me fala a verdade sobre suas intensões”.

    Bom a medida que aparecerem coisas novas em minhas pesquisas orientais eu vou comentando, o príncipe me prometeu uma festa com alguns amigos amanhã, vamos ver no que da…

    Segue abaixo a segunda parte de:

    “Um Grito No Vazio”

    Tudo aconteceu tão rápido que mesmo agora Alessandra teve dificuldades de lembrar. Ela lembrou de Paulo recebendo um violento golpe na cabeça e caindo esparramado a frente, ela tentou se virar tentou gritar, mas foi prensada contra a parte traseira do Honda civic, sua boca foi tapada por uma mão enluvada por luvas de borracha, dessas de médico. Alessandra lembra de sentir o aperto gelado pressionando seu corpo escultural contra o carro, em seguida a luva de borracha deu lugar a um pano com um cheiro forte de formol… E então tudo ficou escuro.

    A simples lembrança do aperto forte a pressionando contra a traseira do carro, e a visão do corpo de Paulo caído no chão trouxe lágrimas aos olhos e soluços na garganta de Alessandra. Mais uma vez sua vontade foi mais forte, e após uma breve luta contra o pânico, a mulher voltou a si. Ela precisava escapar! Para onde tinha sido levada? E que gotejar era esse que ficara tão profundamente gravado em sua mente? Agora mais calma Alessandra tentou forçar as amarras em seu pulso, eram feitas de simples ataduras, e talvez estivessem até mesmo podres… Alessandra forçou, as amarras não estavam podres, mas o nó que prendia seu braço à cadeira não era de fato feito por um escoteiro, e desatou com relativa facilidade.

    Desesperada, a moça tratou de desamarrar rapidamente o outro pulso, em seguida desamarrou os pés. Alessandra finalmente tentou levantar, e então percebeu a estupidez que havia cometido… Alessandra não lembrava a última vez que havia sentido dor, mas esta certamente se entranhou em sua memória, e ao cair no chão devido à fisgada que sentiu do calcanhar até a parte interna da coxa, Alessandra teve a certeza de que jamais esqueceria dessa dor. O susto foi tamanho que a moça se quer conseguiu gritar e, no chão, ao olhar para seu calcanhar percebeu que os tendões haviam sido cuidadosamente cortados e anestesiados. Alessandra chorou, chorou como nunca antes, as lágrimas se misturavam com a secreção nasal, e o inchaço nos olhos logo deixou Alessandra parcialmente cega. Ela então se arrastou a um canto da sala, ainda de olhos fechados, e se encolheu, numa vã esperança de que a dor abandonasse suas pernas.

    “Plim!…” “Plim!…” “Plim!…”

    O gotejar mais uma vez surgiu na mente de Alessandra quando seu choro e soluços deram lugar ao silêncio sepulcral da sala. Alessandra assoou o nariz na manga de sua blusa, e subitamente seu nariz foi invadido por uma série de odores e cheiros. O cheiro de sangue e fezes fez Alessandra ter ânsias, e enquanto se curvava sobre o ventre para vomitar ela finalmente viu a origem do gotejar. Primeiramente Alessandra viu um balde, onde as gotas vermelhas caíam, respingando e emporcalhando o chão, Alessandra ergueu os olhos devagar, temendo o que estava prestes a ver… O grito de pavor finalmente surgiu em sua garganta quando Alessandra viu Paulo pendurado de cabeça para baixo, preso por uma corrente com um gancho preso de maneira firme em seu baixo ventre. Paulo teve a garganta cortada, e a língua ensangüentada foi puxada através do feio corte, em uma típica “gravata colombiana”, a fonte do gotejar era, na verdade, as últimas gotas de sangue que ainda haviam no corpo do namorado de Alessandra. O grito mais uma vez rompeu do âmago mais profundo de Alessandra, mas dessa vez foi subitamente sufocado quando a porta de ferro da sala se abriu em um ruído estrondoso. Alessandra viu o vulto de um homem usando chapéu, porém a forte luz exterior ofuscou a precisão da imagem. Alessandra conseguiu ver o reflexo do óculos escuro do homem, que ao sentir o pânico e o cheiro de morte soltou apenas uma risadinha cínica.

    A porta fechou-se atrás do Doutor, e então se iniciou o verdadeiro tormento de Alessandra.

    Continua…

  • Meu amigo Doutor

    Meu amigo Doutor

    Olá caríssimos,

    Já que ainda não tenho muitos assuntos aqui de Tóquio eu lhe deixo alguns trechos produzidos por um amigo meu: o Doutor.

    Por favor não tenham medo de sua palavras simples e diretas. Ele é apenas um estudioso…

    Um Grito No Vazio – Parte 1

    Alessandra abriu os olhos lentamente ao ouvir o som incessante do gotejar não muito distante.

    “Plim!…” “Plim!…” “Plim!…”

    A cada um desses “plins” Alessandra recobrava sua consciência, ou pelo menos o que restara dela. Desnorteada, ela apelava para sua visão para tentar captar fios de memória capazes de juntar-se formando uma lembrança do que havia lhe acontecido. Lentamente ela observou a sala que estava, se é que aquilo podia ser chamada de sala. Alessandra olhou inicialmente para o teto, era de concreto bastante antigo dado as marcas de mofo e as falhas no reboco… “Bem pode ser fruto da umidade excessiva de uma cidade do litoral”, pensou Alessandra, pelo menos disso ela entendia, afinal se formara com honras na faculdade de engenharia civil, a pelo menos cinco anos atrás. Os olhos de Alessandra detiveram-se por um momento em uma estranha mancha no teto, era de um castanho avermelhado, como se algo tivesse espirrado no teto. “Isso não é mofo, é sangue!” Pensou a jovem assustada, Alessandra mexeu o pescoço, tentando olhar o resto da sala escura, foi então que a dor terrível varando-lhe a espinha fez com que a moça gritasse, e então se lembrou do que havia acontecido…

    Alessandra tentou controlar seu medo, talvez aquilo fosse apenas um sonho ruim. A bela garota fechou os olhos com força e falou a si mesma “Acorde!…” Mas a dor que Alessandra sentia no corpo era real, muito real, assim sendo ela novamente forçou-se a abrir os olhos e contemplar sua realidade.

    “Plim!…” “Plim!…” “Plim!…”

    O gotejar continuava, fazendo Alessandra tomar coragem para mais uma vez explorar com os olhos o local onde estava. Ela percebeu que estava sentada em uma cadeira acolchoada e relativamente confortável, como uma cadeira de dentista, mas não estava em um limpo e claro consultório odontológico, Alessandra estava em uma sala pequena, não mais que quatro por quatro metros, iluminada somente pela débil luz de uma lâmpada incandescente. As paredes eram velhas e mofadas, decididamente fruto da umidade, a ausência de janelas e a sensação sufocante fizeram a engenheira crer que estava no subsolo de algum prédio. Porém, por mais que se esforçasse não conseguia encontrar a origem do gotejar. Alessandra começou a chorar, as amarras de couro em seus punhos e tornozelos a impediam de se levantar, ela sentia uma dor incrível no corpo todo, como se tivesse levado uma surra, porém, por um breve momento a mulher perdeu-se em seus pensamentos, ainda na luta incessante para lembrar o que havia lhe acontecido.

    Novamente de olhos fechados, Alessandra lembrou-se de estar passeando no shopping center com seu namorado. Paulo César era um bem sucedido engenheiro, quinze anos mais velho que Alessandra, mas ele fora tão gentil com ela quando Alessandra se formou que simplesmente a conquistou. Ela lembrou-se de estar saindo do Shopping de mãos dadas com Paulo, eles caminhavam no estacionamento para chegar até o Honda civic de Paulo, carro que Alessandra tanto gostava. Ela estava tão feliz! Caminhava sorrindo e brincando com Paulo, tomando um delicioso Sunday de morango do Bobs, o preferido de Alessandra.