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  • De volta a uma rotina nada normal – Parte II

    De volta a uma rotina nada normal – Parte II

    Pode parecer o contrário, mas a vida de um vampiro nem sempre é cheia de emoções e aventuras. Apesar de a rotina de um ser totalmente noturno não ser nada simples ou comum.  Costumo dizer que temos a liberdade e a eternidade para fazer o que quisermos, mas, a realidade é que, é mais fácil cansar da vida, quando se vive tanto. É exatamente por isso que Ferdinand sempre fala algo mais ou menos assim: “- Para ser vampiro, é preciso acima de tudo valorizar o fato de poder viver.”

    Então, lá eu estava. Sentada observando a maneira em que aquele humano respirava, embora devagar e com dificuldades, pensando como deve ser respirar e sentir o ar preencher os pulmões de verdade.  Na noite em que o salvei, arrastei-o rapidamente até o carro e em velocidade máxima, praticamente voei até meu apartamento. Ele estava morrendo, o sol estava começando a aparecer, e por um instante cheguei a ficar tensa. Por pouco não tive meu corpinho queimado. Pensei em por que raios não fiquei na casa da Pepe. Mas, será que era meu destino salvá-lo? Ao chegar, levei-o até o quarto de hóspedes no primeiro andar, dei-lhe um pouco de sangue suficiente para poupar-lhe a vida, mas os ferimentos eram profundos. Estanquei o sangue, tentando evitar também a sede, pois apesar de meu autocontrole adquirido com os anos, aquela grande quantidade exposta me instigava a mordê-lo. Com minhas habilidades limpei os ferimentos e fiz alguns pontos em sua cabeça e rosto.

    Dias depois, pude ver que meu “paciente” recobrava a consciência. Acordava devagar, semicerrando os olhos várias vezes, ainda sentindo vertigens.  Olhou para mim fraco e curioso, até então minha aparência pareceu confortar-lhe.

    – O que houve comigo? – falou devagar.

    – Você sofreu um acidente, foi atacado por um grupo de delinquentes. Não se lembra de nada?

    – Sinceramente não. Quer dizer… Não sei.  Na verdade, me desculpe, mas estou com fome.

    Fazia décadas que eu não cozinhava algo. Era até estranho usar pela primeira vez minha cozinha. E foi algo engraçado, porque perdi totalmente o jeito. Mas, a sopa de ervilhas com omeletes que fiz, foram suficientes, ao vê-lo que se alimentava com muita vontade, até achei engraçado.

    – Do que está rindo? – Ele perguntou desconfiado.

    – De você. – Respondi.

    -Realmente, deve haver muita graça em alguém com fome porque quase morreu.

    – Sim, para mim é muito engraçado. E só está vivo porque eu o salvei.

    – Me desculpe… Devo lhe agradecer. Como é o seu nome?

    Por um instante, senti-me impaciente. Estava arriscando minha intimidade e identidade, levando aquele humano para onde eu morava, e, no entanto ele já se mostrava insolente. Sr. Erner castigava-me sempre que eu me comportava dessa maneira. Fiquei extremamente irritada, e minha feição chegou a mudar.

    – Meu nome não importa. Tome sua sopa.

    Então, deixei-o e fui para meu quarto.

  • O falsificador do Bordel

    O falsificador do Bordel

    Aos 4 anos ele aprendeu a ler e escrever praticamente sozinho, apesar de não ser muito chegado as aulas e crescer em um ambiente favorável ao sucesso ele tinha tudo para se dar bem na vida. Filho de migrantes nordestinos, desde cedo aprendeu a trabalhar e dar duro para conseguir o que queria. Mesmo assim, ele optou pelo caminho mais fácil, só que pelo visto nunca ninguém havia lhe dito que toda coisa que vem fácil se vai tão rápido quanto.

    Desde a primeira vez que lhe vi, a pouco mais de 2 semanas atrás, eu sabia que ele tinha algo a me oferecer além do precioso sangue. Isto claro desde que eu comecei a digamos brincar com minhas vítimas.

    Não me entendam mal com relação à brincadeira com a “comida”. Como estou em uma fase relativamente tranqüila, eu posso me dar a liberdade de fazer esse tipo de coisa. Afinal agindo assim eu poupo a Beth das preocupações e a minha vitalidade agradece, pois vou direto ao alvo. Sem contar que evito surpresas desagradáveis que venham de encontro com as minhas necessidades bissemanais.

    Se existe uma coisa que menosprezo são os péssimos hábitos de saúde e limpeza. Não que isso possa influenciar no caráter de uma pessoa, mas pelo fato de que o sabor do sangue se altera. O Rodrigo sempre depois de cometer um crime ia para casa e por vezes dormia com os sapatos. Lavar as mãos antes de comer ou tomar um belo banho depois de se deitar com uma prostituta, com certeza não constavam no seu checklist diário.

    Apesar de já saber que o seu sangue teria um gosto ruim eu resolvi investir e dar uma chance ao acaso. Resolvi então ir até o seu local de trabalho, um bordel onde ele fazia os seus trambiques diariamente. Um local afastado do centro da pequena cidade e isolado próximo a uma pequena floresta de eucaliptos para corte.

    Ao entrar na casa em forma humana senti um cheiro forte de sexo, mas o local era tão mal cuidado que uma coisa boa como essa havia se tornado repulsiva. De qualquer maneira, agüentei e fui em direção ao bar. O barmam, que era uma mulher velha, me pergunta:
    – Vai querer um quarto gringo? Tem essas duas ai desocupadas.

    Olho em direção as meninas. Uma era negra com cara de que recém havia saído da adolescência e a outra mais velha, morena clara que estava com um sorriso de lado e era bem barrigudinha. Fiz cara de desdém e perguntei sobre o Rodrigo e ela me respondeu:

    – Quem quer falar com ele?
    – Senhora diga que é o Thiago, quero falar com ele sobre uns documentos.

    Ela pegou um telefone celular que estava em um de seus bolsos, digitou algo e falou:
    – Patrão tem um Gringo aqui ele quer esquentar umas paradas contigo.

    Ela ouve a resposta e me comunica:
    – Entra ali cara.

    Ao entrar vejo uma salinha simples com o Rodrigo e outro cara conversando. Ao me verem eles param e ficam calados me analisando. EU mantenho a atuação e pergunto:
    – Boa noite, quem é o Rodrigo, eu preciso de uns documentos, o Wagner me deu a dica.

    O meliante que não tinha cara de muitos amigos, brinca com um palito que estava na sua boca, o pega com a mão direita e cutuca uma pistola que estava na sua cintura dizendo:
    – Cara se o viado do Wagner te mandou vou ter que cobrar mais caro., sabe como é comissão e tal, negócios. Fala ai lgringo o que que tu quer?

    Por um breve momento, eu penso comigo: “Pra que ficar fazendo esse joguinho, eu podia simplesmente, pular neles dois e ir embora alimentado…” Mas me seguro mais um pouco e digo:
    – Calma seu Rodrigo, só preciso de um R.G. novo. Pago bem fica tranqüilo.

    Nisso eu coloco a mão no bolso, percebo a mão dele pegando na arma, mas sou mais rápido e mostro um macinho com algumas notas de 50. Antes que ele diga algo eu jogo o dinheiro na mesa e falo denovo:
    – Pega ai tem R$2000,00 se o serviço for bom tem mais de onde isso veio.

    Ele pega o macinho, da uma cheirada, pensa por um instante, aponta o rosto em uma das notas e fala:
    – Gringo não te conheço, mas se esse cara aqui ta te apresentando a gente vai ser amigo, senta ai. Amaral da a cadeira pro doutor, não seja mal educado.

    O Tal de Amaral levanta, como ele era um pouco mais baixo que eu ele meio que fica na ponta dos pés me olha nos olhos e sai. Depois disso eu bati um pão com o falsificador. Peguei mais uns nomes, falei de alguns documentos que eu precisava e fingi que fui embora. Fui para um local escuro perto de onde ficava o carro dele, me escondi dentro no banco de trás e o esperei até a hora que ele decidiu ir embora perto das três e alguma coisa.

    Ele entrou no Opala que possuía películas muito escuras, jogou um envelope no banco do carona e arrancou. Pensei que ele seria mais esperto e me veria rápido, mas não, ele andou um pouco até me ver pelo retrovisor. Claro que se assustou, mas conseguiu parar o carro em uma valeta. Bem que tentou me dar uma coronhada com a pistola, mas segurei o seu braço e o fiz derrubar a arma sobre o banco. Antes que ele tentasse outra brincadeira eu segurei os seus dois braços pelos nervos que ficam entre o braço e o ombro. Isso lhe fez gemer um pouco e lhe preguei os dentes no pescoço. Maldito sangue sujo, nem a adrenalina toda que ele havia liberado conseguiu disfarçar o sabor do precioso néctar. Todavia, serviu com o seu propósito de me deixar nutrido por mais algum tempo.

    O Corpo? Nada como um bom fogo para apagar qualquer vestígio da minha presença, mesmo por que quem iria reclamar o desaparecimento de um cara que não existe?

  • Ai aiiiiiii aaaaiiiii (espreguiçando)…

    Ai aiiiiiii aaaaiiiii (espreguiçando)…

    Nada como uma boa noite de soninho gostoso. 

    E o melhor de dormir é acordar, caraaaaaa que fome ( sorriso sarcástico )
    Hoje é um dia bom para uma caçada, nada como um sanguinho fresco, esquece essa coisa de bolsa de sangue eu quero um pescoço. Humm deixa eu ver, ahhh ja sei o negócio é experimentar uma dessas novas casas de Strip de Floripa, quem sabe uma loira? Morenaa? Não, hoje eu to mais seleto, quero uma ruivinha e com sardas.

    O primeiro passo para uma boa caçada é se arrumar, um vampiro que se prese nos dias de hoje, não anda desarmado, eu sempre levo minha pistola por baixo do casaco, podem me pegar eu sei, mas é melhor andar assim do que estar desarmado na frente de um Peludo enfurecido. Na verdade não é tanto problema assim andar armado, afinal a maioria dos lugares que frequento são de propriedade de vampiros conhecidos. Uma boa pistola hoje é como uma boa espada antigamente, você pode ter uma boa habilidade de luta corporal, mas é como os “malaco” do morro dizem ” O berro é respeito guerreiro”.

    Lembro de uma vez que sai para uma boa caçada desarmado, na época a moda eram os mosquetes, usados pelos soldados que guardavam a velha Desterro. E um deles meio bêbado resolver brincar de tiro ao alvo com minha pessoa. Doeu cara, apesar de ser vampiro a parada queima e arde tanto quanto a luz do sol. Não preciso dizer quem foi o meu lanche naquela noite, mas desde então não saio mais desarmado. Ainda confio mais em minhas garras, mas já penso a notícia no Jornal de Domingo? ” Homem é morto por decapitação no centro de Florianópolis, a polícia procura vestígios do assassino…” Não ne, de tiro a coisa é muito mais limpa =)

    Uma coisa legal em tomar sangue ao vivo e não de bolsas é a emoção e o êxtase. Quando tomamos sangue ao vivo é muito bom, é prazer similar ao sexo, mas existem cainitas que acham melhor. 

    A velha história de lamber a ferida para cicatrizar é real, nossa saliva tem um efeito cicatrizante nas pessoas. No outro dia não há nada além de um vermelhidão no local. 

    Uma coisa importante é o tempo, se você se esquece e continua tomando o sangue de uma pessoa ela seca e morre, para isso nós inventamos uma regra. Primeiro concentração total pra não ficar extasiado, e em segundo nós contamos até 3 e meio, quando der o meio depois do 3 é hora de largar e lamber para cicatrizar. Fazendo isso em umas duas pessoas temos uma refeição completa e a pessoa fica levemente sonolenta.  Depois que se alimentam, alguns vampiros que tem habilidades mentais, usam esse dom para apagar a memória do indivíduo. Assim eles podem sugar varias vezes a mesma pessoa sem ela saber.

    Como eu não herdei isso do meu senhor eu preciso de muita lábia ou algumas gotas de clorofórmio… É uma opção drástica, mas não quero ter de usar a força em donzelas que ganham sua vida usando o corpo. Já penso tadinhas, estragar o equipamento de trabalho das moças =)

    Fui, deu de bla bla que o estômago ta roncando ( como se o meu funcionasse aheuhauehauheau)

    Bju