Tag: magia

  • O mistério do lobisomem – pt5

    O mistério do lobisomem – pt5

    – Levanta logo Fê, o sol já se foi a tempos!

    – Ahh pega leve lobinha, ontem foi pesado.

    – Antes de ontem tu quer dizer né? Já passa da meia noite

    – Puta que pariu… Eu tô atrasado… marquei a às 22 com  Pepe e o Hadrian.

    Coloquei a primeira camiseta que vi pela frente, a mesma bota, calça e fui de moto. Cortei alguns sinais, peguei uns atalhos e lá estavam os dois no canto marcado da praça.

    -Poww Fê, três horas depois do combinado??? Assim não tenho como te defender. – Falou Pepe indignada.

    – Tô de férias, lembra? Mas desculpa meus queridos, trouxeram os ingredientes que faltavam?

    – Boa noite, tudo bem com você? Eu tô ótima, obrigado por perguntar, você é o legitimo cavalheiro, quando quer…

    – Tá com saudades filha ou é ciúmes?

    – Aff…

    Hadrian que até então não havia dito nada, me entregou uma bolsa de academia e disse:

    – Isso foi tudo o que encontramos. Tá bem difícil achar esse tipo de coisa hoje em dia.

    Conferi o interior da bolsa com cuidado e faltava algo muito importante…

    – E o sangue?

    Pepe interrompeu Hadrian…

    – Olha, tu sabe muito bem que não atacamos crianças, então sangue de virgem tá foda de achar!

    – Eu posso dar um jeito nisso se algumas regras puderem ser quebradas. – Ironizou Hadrian.

    – Relax man, eu dou um jeito. Tô devendo essa pra vocês, semana que vem voltamos as nossas atividades!

    Os olhos de Pepe vibraram com minhas palavras. Então, sem mais delongas me despedi e voltei para a casa de Claire.

    Consegui, quase tudo só preciso de um pouco de sangue.

    – Isso não deve ser problema para um vampiro? – Ironizou ela…

    – Não, o problema é achar um virgem que não seja criança.

    – Boa sorte, aliás com tantas câmeras, smartphones e gadgets. Deve ser difícil caçar nas cidades.

    – Sempre foi lobinha, por isso que os centros de doação tem se multiplicado… Aliás descobri um aqui perto, sabe a lavanderia do vizinho?

    – Não acredito, eles parecem tão normais!

    – Pois é…

    É lá fui eu com uma trouxa de roupas pra lavar em uma das mãos.

    – Tô precisando lavar algumas roupas com o “serviço especial” de vocês.

    A atendente me deu um ticket para as roupas e um cartão NFC. Depois apontou uma porta. Aproximei o cartão da fechadura, que se destravou e liberou minha passagem escada a baixo.

    Ambiente claustrofóbico, com paredes de tijolos a vista e iluminação com poucas lâmpadas incandescentes.

    Havia uma sala de estar com meia dúzia de pessoas lendo revistas velhas ou mexendo nos celulares. Aproximei e soltei:

    – Algum virgem?

    Dois caras gargalharam, uma garota estou uma bola de chiclete e os outros pareciam não ter ouvido. Tentei novamente com o tom de voz mais alto:

    – PODE SER UMA VIRGEM TAMBÉM!

    Os caras riram mais ainda e quando estava prestes a ir embora uma das garotas se levantou e foi pra cabine mais próxima. Ela devia ter uns 16 anos, usava fone de ouvido onde tocava algo eletrônico e tinha cara de  indiana. Entendi que se encaixava no perfil e fui atrás.

    – Seguinte eu tô aqui pela grana fácil do sangue, mas ando tão emputecida com a vida, que se o senhor pagar bem a gente negocia.

    – Relaxa eu te pago bem mas tô aqui pelo sangue. Só preciso saber se é virgem mesmo.

    – Sim, eu sou de uma família onde as moças precisam casar virgem… Tem algumas seringas descartáveis ali na bacia, ou prefere me morder? Só peço que não morda no pescoço, por favor.

    – Relaxa, pode ser com a seringa mesmo. Pago $1000 por 300ml.

    – Por 300ml eu quero $3000, sou virgem lembra?

    – Ok realmente tá difícil achar gente com teu perfil…

    Não conversamos sobre mais nada ao longo da Seção. Fiz o recolhimento, paguei e fui pra “casa”.

    – Super discretos na lavanderia – Comentei com Claire.

    – E conseguiu o que queria?

    – Sim, espero eu…

    – Antigamente devia ser muito fácil conseguir sangue, todos só rituais antigos usam. – Falou ela irritada.

    – Sim, sim. Sem falar que era fácil esconder corpos.

    – Nossa, que desapego com a humanidade.

    – Ah claro, falou a wairwulff que nunca comeu carne humana (risos)

    – Pior que nunca comi mesmo! – Disse ela com toda firmeza possível no tom de voz.

    – Não acredito, mas ok. Se quiser algumas receitas, peço para o Carlos mandar…

    – Idiota!!!

    Depois disso ela foi pentear macacos e tratei de me preparar para o ritual de purificação, que antecede o ritual principal.

  • Vampiros, sexta-feira 13 e pseudo bruxas

    Vampiros, sexta-feira 13 e pseudo bruxas

    Há tantos fatos sobre vampiros que não fazem sentido, que as vezes nem mesmo eu consigo usar palavras para explicar. Por que alguns vampiros suam de verdade e lacrimejamento e outros sangram? Por que certos vampiros tem poderes mentais, enquanto outros têm habilidades com o corpo, ou ainda alguns exercem influência sobre os elementos da natureza? E o que tem haver isso com sexta-feira 13…

    Cara, se estais aqui em busca de explicações sobre o porque disso tudo, desculpa, sorry… NÃO SEI.

    Sério, tenho minhas habilidades, domino-as até certo ponto e não sei de onde vem ou para onde vão. Por vezes me sinto abençoado, em alguns momentos me sinto um pequeno Deus. Só que também há momento mas em que me sinto um anticristo, amaldiçoado, demoníaco ou maldito.

    Ao meu ver, saber o porquê das coisas é importante, pois gera algo chamado “liberdade”. Sim, acredito que ao jogar certos dons aos deuses, ou pelo menos aquilo que é difícil de lidar ou entender. Nos permite a liberdade de agir, a liberdade para tentar ou praticar aquela tal tentativa e erro.

    Noites atrás eu estava naquele lugar que mencionei no post. Onde levei uma pseudo bruxa para o meu quarto de hotel. Fizemos aquilo que nossos corpos quiseram e depois troquei uma ideia com ela. Eu já tinha percebido que ela era apenas um “cosplay de bruxa”, mas resolvi levar o lance dela um pouco mais para frente por diversão.

    Foi quando entramos nesse papo de Deus(a), sobrenaturais e afins, aliás foi onde consebi essa ideia de “liberdade pelos Deuses”.

    A garota não conseguiu ir muito longe nas suas explicações acerca dos “seus poderes”. Juro, ela acredita piamente ser abençoada e detentora de poderes psíquicos.

    • Pensa em algo e deixa eu adivinhar.
    • Tô pensando…
    • Vocês tá pensando em nós!
    • Cara, tô pensando no que vou fazer amanhã…

    Na verdade eu estava pensando em como mandar ela embora mais rápido.

    E tu querido(a) leitor tens alguma explicação para a existência de vampiros, sexta-feira 13 e bruxas?

  • Capítulo Amor vampiro – 1 de 4

    Capítulo Amor vampiro – 1 de 4

    Hey babe, acabei de publicar a primeira parte do capítulo Amor Vampiro lá no meu livro no Wattpad. Foi um momento muito importante da minha não vida. No qual conheci minha amada Suellen, mas não vou contar mais do que isso por aqui.

    Outra novidade deste capítulo é que farei atualizações semanais, ou seja, semana que vem já vai sair a parte 2. Então corre lá, da uma lida e depois me diz o que achou?

    Segue o link direto para este capítulo: https://www.wattpad.com/215221226-ilha-da-magia-amor-vampiro-1-de-4

    Se quiser você também pode acessar a página do livro aqui no site e saber todos os detalhes desta produção original, aqui do site: https://www.vampir.com.br/ilha-da-magia/

  • Capítulo 4 do livro Ilha da Magia

    Capítulo 4 do livro Ilha da Magia

    Todo mês eu penso no que vou lhes falar sobre o capítulo que estou entregando. Afinal, são momento de minha vida/morte jogados a todos os ventos e isso sempre me emociona. Não me emociona no sentido de chorar num canto feito uma menininha birrenta, mas sim no sentido de que me vem a mente cada parte do que vocês estão prestes a ler.

    O conteúdo a seguir contém “spoilers”, não prossiga caso não tenha lido as outras partes.

    Nesse capítulo nós ainda estávamos na velha Desterro, passaram-se semanas desde a minha transformação e tive minha primeira alimentação. No qual pela primeira vez tive a vida de um humano em minhas mãos . Além disso, recebi notícias de Helga e sua carta bagunçou mais uma vez minhas ideias já deturpadas sobre o mundo e momento no qual estava.

    A partir desde capítulo eu agilizei um pouco mais as falas, conversas e relatos. Espero que gostem da leitura!

    Ir para a página do livro Ilha da Magia

    Fazer download do capítulo 4 em pdf

    Küss,
    Ferdinand

  • Os mortos não voltam – Parte III

    Os mortos não voltam – Parte III

    Antoni Erner era seu nome.

    Após Sophie finalmente contar o pouco que sabia sobre ele e sua história, conclui que era tão misterioso quanto o irmão, Thomas Erner. Após uma longa conversa, decidimos que investigaríamos melhor sobre o clã de bruxos-demônios, como resolvemos chamá-los, e que iríamos em busca de Lorenzo. Afinal, eu já estava preocupada com sua vida e segurança e, depois do que fizeram em meu apartamento, eu não poderia deixar barato. Mas, para isso, segundo Sophie, precisaríamos do auxílio daquele que desejava manter-me afastada tanto dele, quanto da própria Sophie, que até então, era sua protegida. Confesso que ansiava por esse encontro, estava curiosa. Qual seria a reação dele ou me ver? Sentiria raiva por mim, ou ele não queria me conhecer por que dei fim à “não-vida” de Thomas?

    Apesar dessas preocupações, muitas outras dúvidas e questões inexplicadas pairavam sobre minha mente. Carreguei-as comigo, me sentindo exausta, e fui inquieta para meu quarto arrumar minhas malas. Iríamos fazer uma viagem longa. Depois de tudo pronto, caminhei até o escritório, fiz algumas ligações, e revirando os baús antigos de Erner, procurava alguma informação que pudesse nos auxiliar, ou ao menos esclarecer a bagunça que havia em minha cabeça após tantas novidades. Antoni seria parecido com Thomas? Isso Sophie não havia me falado. Como esses dois irmãos se separaram? Ela também não sabia explicar. Como os dois haviam se tornado vampiros? Porque Erner nunca mencionou o irmão? Como Antoni entrou para um clã de bruxos? Aliás, como Sophie conseguiu se envolver com os dois?

    Eu estava confusa. Perdida em meus questionamentos e devaneios, acabei não percebendo de imediato que uma folha havia caído em meio aquela bagunça, de um dos diários que guardava. Muitos relatos e anotações eu ainda não havia lido e talvez neles encontrasse algo. Peguei a folha nas mãos. Não era uma folha. Era um retrato, muito antigo, em preto e branco, feito com materiais desconhecidos por mim. Havia dois meninos, sentados em uma calçada de um jardim sombrio, seus olhares profundos estavam direcionados para quem pintava a imagem. Ao fundo uma casa, ou casarão, como chamava na época, com muitos andares, havia uma porta com algum enfeite pendurado e janelas largas. Nas mãos os meninos seguravam uma espécie de símbolos diferentes. Olhei com atenção. Virei a foto. “1565. 3 a” era o que estava escrito. Virei o retrato novamente. Observei os símbolos. Um deles eu havia visto a pouco tempo… Estava marcado na parede do meu quarto de hóspedes. Havia muito mais coisas envolvidas e obscuras do que eu poderia imaginar naquela história. Thomas e Antoni eram gêmeos. Se eu tivesse coração ele certamente pararia. “Gelei”. Guardei tudo rapidamente no cofre, carregando comigo apenas aquela imagem, dobrada dentro do bolso da minha jaqueta. No relógio, já eram 20:17. Alguém bateu na porta dando-me um susto.

    – Rebecca? Está na hora, vamos?

    Abri a porta de mal humor. Ahhh Sophie, porque mente para mim? Pensei.

    – Desculpe Sophie, mas não gosto que ninguém venha aqui no andar de cima sem minha permissão. Eu sei que horas são. – Falei emburrada.

    Pegamos as malas e materiais que julguei serem necessários. Sophie passou no hotel que estava, para pegar suas coisas. No caminho, liguei para Ferdinand para avisar e contar o que estava acontecendo, então, soube por ele que Lilian estaria por perto de onde iríamos. Talvez ela pudesse ajudar, ou poderíamos apenas nos encontrar para aliviar um pouco o stress. Então, pegamos meu avião particular e partimos, tínhamos algumas horas até chegar em nosso destino com segurança.

  • Os mortos não voltam – Parte II

    Os mortos não voltam – Parte II

    Sophie ficou apavorada com o olhar que dirigi a ela, mencionou até minha semelhança com Sr. Erner. De fato, eu tinha muito em comum com ele, e, acabei aprendendo com aquele sádico mestre as piores coisas, infelizmente. Mas, diferente de suas atitudes totalmente impulsivas e doentias, eu havia também aprendido com os longos anos, a ser paciente e a ponderar algumas questões antes de sair “chutando o pau da barraca” , como costuma dizer um velho amigo meu, apesar de muitas vezes o meu lado geminiano ser mais forte. Ouvi minha nova e estranha amiga com atenção, e ao final, pude perceber que, apesar de eu estar com certa raiva, suas intenções eram as melhores possíveis, mas, para nossa infelicidade, ela vinha carregada de problemas e questões obscuras que acabaram afetando e envolvendo a mim, e com certeza também a Lorenzo.

    – Então, está me dizendo que depois que Erner a abandonou você se refugiou e tornou-se membro de um clã de bruxos-vampiros que se fixaram nos Estados Unidos? Mas, o que isso tem a ver com o que está acontecendo, pode explicar?

    – Nem todos os clãs são como o nosso. Alguns existem apenas para propagar o caos e a maldade no mundo. Nosso superior, nos ensina a praticar magia por meio de energias naturais. Porém, há bruxos humanos, bruxos vampiros, entre outros, e há bruxos na qual dizemos que se originam diretamente do inferno. São uma espécie de seres que estão constantemente atrás de almas na qual possam possuir e retirar a energia e tornarem suas magias cada vez mais fortes e terríveis. São representandos por esse maldito simbolo ali na parede… – Falou apontando para o simbolo.

    Olhei para aquelas manchas e marcações feitas pelo fogo. Mas, como sempre, estava muito curiosa e intrigada com toda aquela história para me perder em meus pensamentos naquele momento, sabia que havia algo por trás de tudo aquilo. Compreendi que Sophie não tinha culpa, não totalmente, mas ela não estava me contando tudo. Tentei ler seus pensamentos, mas ela se protegia muito bem quanto a isso. Estava ficando sem paciência, odiava ser enrolada.

    – Sei de tudo isso. Pode ir direto ao ponto? – Questionei.

    – Está certo… Um desses grupos é nosso clã inimigo. Quando vim atrás de você, não pedi autorização ao meu superior e por tanto estou sem proteção, de modo que esses inimigos conseguem se aproximar e nos prejudicar de alguma forma, pois, somos seus alvos contantes. Acabei dando-lhes a chance de me pegarem, só que…

    -Só que o quê, ora, diga-me logo!

    – Acho que pegaram Lorenzo para nos atingir, atrair, melhor dizendo.

    – Eu imaginei… Mas não entendo o que ele tinha a ver com isso.

    – Na verdade, nada. – Falou Sophie com desdém – É como agem, sabiam que você procuraria por ele. Querem nos atrair, como falei. Peço desculpas, sei que fui inconsequente, mas não imaginei que te atingiriam. Se soubesse, teria tomado mais cuidado, mas cheguei a acreditar que o próprio Erner teria voltado, eles são tão manipuladores quanto ele…- Falou divagando – Além disso, não pedi autorização ao meu superior porque… ele não queria que eu viesse atrás de você.

    – Olha, nem eu, nem Lorenzo tínhamos algo a ver com suas bruxarias, mas….Calma, espera um pouco. Por que seu mestre, superior, ou o diabo que seja, não queria que você me encontrasse? Como assim manipuladores? – Eu estava zonza naquele momento, mas peguei os fatos no ar.

    Sophie me olhou arregalada, como sempre, ela e suas expressões apavoradas, percebeu que havia falado demais, pensou por alguns instantes mas, finalmente resolveu falar:

    – Porque meu superior e Sr. Erner eram irmãos.

  • Segundo capitulo Ilha da Magia

    Segundo capitulo Ilha da Magia

    Hey people, acabei de publicar na página do livro o segundo capítulo do meu livro. Como este capítulo ficou um pouco menor que o anterior eu resolvi liberar ainda este mês. Muitos estão me pedindo para soltar mais capítulos por mês mas isso está em discussão, pois além de revisar duas ou três vezes antes de publicar, em muitos eu ainda estou trabalhando.

    Sobre o que aconteceu neste capítulo eu não vou fazer spoiler, mas garanto que ele conta uma parte muito importante da existência de qualquer vampiro. Divirtam-se!

  • Minha família de Vampiros – Continuação

    Minha família de Vampiros – Continuação

    Sai da casa de Eleonor com a consciência tranquila. Pois assim como ela havia me ajudado nas épocas em que meu demônio estava a flor da pele, eu fiz a minha parte lhe devolvendo um pouco de sanidade. Pode não ter sido da forma mais fraterna, mas se há algo que aprendi depois de tanto tempo lidando com os mais diversos tipos de almas. É que tudo o que é importante, deve ser tido sem delongas, na cara mesmo.

    Pista de terra, solavancos, pancadas de um lado e de outros na poltrona. Apesar de imortal e de ter tantas horas de voo nas lembranças, é um dos lugares onde me sinto menos confortável. Provavelmente pelo fato de ser uma situação onde não tenho o controle em minhas mãos por completo. Apesar disso, pousamos pouco depois das duas da manhã numa fazenda e assim que as portas se abriram, vi que já estavam nos esperando.

    Habitualmente, sempre ativo minha respiração ao chegar a locais novos e naquele momento senti um perfume persistente e adocicado. Provavelmente, floral e que misturado ao cheiro da grama com terra molhada, trouxe diversas lembranças instantaneamente.

    Claire vestia o mesmo sobretudo bege da última vez que lhe vi, estava bem maquiada e segurava um guarda-chuva grande. Sua feição era amistosa e ao que tudo indicava estava feliz em nos ver. Hadrian e Becky estavam ao seu lado e logo a frente, encostado a um furgão estava um cara grande. Provavelmente algum peludo aliado a mão vermelha – Pensei comigo.

    -Hi guys! Did you have a nice trip?

    Perguntou Claire e lhe respondi em inglês algo do tipo:

    – Não, mas ao te ver tudo melhorou…

    Ela apenas sorriu e com seu jeito sempre peculiar me estendeu o guarda-chuva e ofereceu abrigo até o carro. Hadrian estava utilizando uma espécie de magia sobre si, que o mantinha seco e ao perceber que Franz ficaria ao relento, gesticulo dois movimentos e estendeu-lhe o mesmo feitiço.

    No carro ele se sentou ao meu lado e sussurrou:

    – Eu podia ter feito uma redoma de proteção contra chuva sobre todos, mas resolvi te dar uma mãozinha. Será que ela percebeu?

    Soltei uma risada leve e pensei em comentar algo, mas Franz foi mais rápido soltou um comentário desnecessário:

    – Esse sobretudo me faz pensar se ela veste algo por baixo…

    O silêncio surgiu, todos olharam para ele. Como que se falássemos: “Cala boca seu mané”, mas ele insistiu na piada:

    – Ah qual é gente, vocês nunca viram aqueles filmes, onde a garota usa um desses para esconder um belo espartilho, cinta liga e tal?

    As palavras dele pareciam ecoar numa sala vazia, mas a fim de quebrar o gelo. Claire se manifestou de uma forma mais informal que o normal:

    – Calcinha preta, sem sutiã, meia calça nude e um vestidinho marrom escuro, decotado e com cinco dedos acima dos joelhos.

    Não sei se foi Franz ou eu, que teve a imaginação mais atiçada diante tal descrição minuciosa, mas o importante é que o restante da viagem foi bastante descontraído. Foram mais 50 minutos até o local que nos hospedaria e lá encontramos novamente o Pai de Claire. O velho parecia mais tenso do que quando o conhecemos naquele casebre “fake”. Além disso, parecia que estava de alguma forma puto com nossa presença. Tanto que ele apenas deu um beijo no rosto de Claire e sem nos cumprimentar, foi logo chamando o até então mudo, que estava conosco na Van:

    – Vamos Peter, precisamos dar andamento aos testes…

    -Sim, senhor!

  • Girls night out – Final

    Girls night out – Final

    “Sete botas pisaram no telhado
    Sete léguas comeram-se assim
    Sete quedas de lava e de marfim
    Sete copos de sangue derramado
    Sete facas de fio amolado
    Sete olhos atentos encerrei
    Sete vezes eu me ajoelhei
    Na presença de um ser iluminado
    Como um cego fiquei tão ofuscado
    Ante o brilho dos olhos que olhei”

    Encontrei-me com Hadrian e Trevor, mestre de Lilian, em uma cidade estratégica e próxima de onde nossas vampiras estavam. Sujeito diferente, de traquejo eloquente e de certa forma disciplinado. Pelo que soube é um pouco mais velho que eu e suas habilidades vampirescas são muito peculiares. Seguindo a linha de possessão da alma e de todas as energias disponíveis no mundo, no qual ele e a maioria dos orientais chamam simplesmente de “Ki”.

    – Então és tu que anda arrastando as asas para cima da minha pequena menina.

    – Hahaha relaxa, minha relação com tua filha é puramente fraternal.  Afinal ela é praticamente uma das amiguinhas da minha pequena menina também.

    – Aham sei… E tu ai com essa cara de mau, tá com fome ou vai me morder?

    Hadrian não falou nada ou sequer se moveu para cumprimentar o mestre de Lilian. Visto o ocorrido, resolvi quebrar o gelo e comentei.

    – Ele tá puto com uma humana ai. Relaxa que isso passa durante a nossa missão. Por falar nisso elas mandaram mais algum sinal? Honestamente achei que elas dariam conta do tal “maguinho”.

    – Relaxa meu amigo que mulher é igual biscoito, tu come uma, mas ainda tens mais umas 20 no pacote… Pois agora, eu confio nas habilidades da Lilian, eu a treinei pessoalmente, mas acho que elas fuderam com algum detalhe crucial do plano. É bem provável que nem tenham feito um plano direito e pensando bem, cabe a nós dar um fim adequado para isso.

    – Mulheres são complicadas, mas tuas palavras me fazem muito sentido caro samurai. Respondeu então Hadrian.

    – Eu sei…  Já tive uma cota de complicações, mas eu adoro uma bela complicação. Hahaha

    Diante tal apresentação informal e um tanto incomum, revisamos os planos e partimos para os lugares onde elas poderiam estar. Não foi difícil achar o primeiro lugar em que elas foram aprisionadas e ao tocar nos corpos dos seguranças Trevor descobriu para onde elas haviam sido levadas. Não me perguntem como ele descobriu isso…

    Partimos então para o segundo lugar e lá estavam Becky e Pepe presas dentro daquela armadilha das trevas. Imediatamente Hadrian falou que conteria a magia e Trevor correu para tirá-las do raio de ação do feitiço. Eu por outro lado fiz o que comecei a tomar gosto nos últimos tempos: entreguei-me ao meu demônio.

    A transformação tem me ocorrido cada vez mais rápido e a media que eu corria eu percebia os músculos crescendo, junto dos pelos e demais feições animalescas. Mirei a porta e entrei com tudo, quebrando moveis e rasgando a carne de quem aparecesse a minha frente. Espalhando sangue e vísceras por todos os lados. Parei apenas quando o tal mago criou uma luz mágica e que me cegou instantaneamente.

    Momento no qual meus aliados também chegavam ao palco da carnificina. Lilian ainda estava amarrada a uma cadeira e aparentemente xingava todos que estavam ali antes que eu entrasse.  Porém  assim que entrei ela caiu e teve de esperar alguém que lhe libertasse. Hadrian foi o primeiro a agir e foi rápido. Utilizou seu poder de levitação e estourou a cabeça da maldita bruxa contra o teto do lugar.

    Eu ainda estava na forma bestial e recuperando a visão para atacar aquele filho de uma puta,  quando Trevor rapidamente assumiu minha frente falando e batendo palmas doentiamente:

    – Parabéns seu babaca. Finalmente nos encontramos, então quer dizer que tu queria fuder com a minha filha? Você pensou realmente que sairia bem dessa? Vem cá meu querido filho de uma vaca que hoje é você que vai levar uma bela enrabada, seu maguinho de merda. Ninguém mexe com a minha pequena! Seu puto!

    Confesso que naquela situação eu queria apenas ver uma última cabeça rolando, mas comecei a rir doentiamente ao mesmo tempo em que minha transformação era  desfeita e Trevor cuidava do “big boss”. O tal mago tentou resistir, mas o vampiro parecia imune aos seus feitiços, inclusive os mentais. Tanto que ele se aproximou rapidamente do infeliz, segurou com força os seus braços e o encarou em silêncio por alguns instantes.

    – Sabe, hoje eu acordei com muita fome… E acho que acabei de achar minha refeição…

    Em seguida o corpo do mago começou a tremer e alguns poucos como eu, Hadrian e talvez Becky conseguimos ver a energia dele se esvaindo em direção a boca de Trevor. Pouco tempo depois o corpo do infeliz parceria uma múmia antiga e havíamos presenciado uma nova forma de alimentação.

    Em seguida e Becky soltou Lilian, que estava completamente transtornada. Tanto que ela não disse nada e imediatamente se dirigiu ao corpo mumificado do infeliz. Sem piedade alguma ela arrancou a cabeça dos restos mortais e veio a minha direção com aqueles lindos olhos verdes gigantes. Entregou-me dizendo:

    – Aqui está o prometido boss. Espero que ajude como um peso de mesa.

    Com um belo sorriso e o que me pareceu um piscar de olhos, ela se afastou e foi em direção de Trevor, que a recebeu com um longo abraço.

    Apagamos nossos vestígios em ambos os lugares. Pepe anexou os bens e ações do maldito ao nosso inventário e nosso clã está mais próximo do clã de Lilian. Trevor é um sujeito que lida com as cousas de um modo muito peculiar, mas confesso que estou feliz por ter seus dons ao nosso lado.

    – Ferdinand meu caro, que tal irmos até o nossa casa, lá vocês podem descansar e se recuperar. Acredito que nossa atual aliança permita a discussão de alguns negócios bastante lucrativos!

    – Claro, ótima ideia! Mesmo por que vai amanhecer em breve e eu adoro negócios lucrativos.

    – Ótimo, ótimo. Vou adorar a companhia de vocês e creio que as meninas queiram ficar juntas mais um tempo. Lili meu amorzinho, tome sua espada. Becky e Pepe. É um enorme prazer conhecer tão belos seres como vocês.

    Lilian revirou os olhos e deu uma leve risada, obviamente ela havia ficado envergonhada diante as palavras de seu mestre. Porém, apesar de alguns atos doentios eles pareciam ser “bons vampiros”. Ofereci uma carona para Pepe na garupa da moto, mas ela preferiu o conforto da Mercedes de Trevor. Aliás, todos foram com ele de carro e eu atrás comendo poeira. Estava apenas de calças rasgadas e torci para que nenhum “policial mala de interior” surgisse para acabar com o meu estase pós-batalha.

    PS: Trevor passou o dia inteiro dando em cima de Becky.

  • Bruxaria (magia moderna)

    Bruxaria (magia moderna)

    Neste tempo que “fiquei de molho” em função da transformação de minha doce Pepe, Aproveitei para por em dia minhas leituras e escrevi mais algumas páginas de meu livro, que vai sair no primeiro semestre do ano que vem.  Sim, depois de muito tempo enfim essa trilogia vai deixar de ser apenas um projeto e isso é tudo o que posso falar, ao menos por agora.

    Pois bem, dediquei boa parte do meu tempo livre para me aprofundar na bruxaria contemporânea, ou como eu prefiro chamar: magia moderna.  Seus ritos, procedimentos e  adaptações as práticas tradicionais. Confesso que eu esperava mais criatividade ou pelo menos que este assunto estivesse mais na ótica dos povos de hoje, mas no geral foram poucas as adaptações ritualísticas desde aquelas retratadas nos primórdios do sec. XIX.

    Sou um mero entusiasta deste assunto e não é do meu interesse que isto se pareça com compendium, mas nesta onda atual de compartilhamentos, julgo importante quaisquer menções, mesmo que mínimas, sobre um assunto tão fantástico. Noites atrás, por exemplo, nós publicamos um breve rito sobre amor na página do Facebook e foi uma das publicações mais acessadas.

    Delongas a parte, pedi para Hadrian produzir um texto em parceria comigo e segue abaixo boa parte do que conversamos nas últimas noites…

    Meu primeiro contato com magia ocorreu há longos anos e desde então minha visão sobre o mundo teve diversas alterações. Passei a acreditar na energia, experimentei-a em suas mais diversas formas e inclusive fiquei de joelhos ao perceber, que apenas uma centelha dela pode arruinar diversos caminhos. Portanto, para que compreendas parte do que digo é necessário, antes de tudo, que entendas um simples conceito: não existe bem ou mal, existe energia e as consequências de sua aplicação, estas aliás, que podem ressoar eternamente.

    Quando o magista faz a consagração, abre o círculo e pratica algumas evocações ou invocações em seu altar. Ele deve ter em mente que isso lhe gerará alguma espécie de reação. Sabe a lei de ação e reação? Este é um conceito muito simples e que deveria ser à base do aprendizado dos estudantes.  Este é o ponto no qual eu queria chegar nesta dissertação, pois foi o que mais me surpreendeu na magia moderna.

    Vejo atualmente muitos aprendizes praticando a velha arte da forma errada, pensando apenas no momento e esquecendo-se do futuro de seus atos. A magia não é uma brincadeira de crianças, tanto que antigamente muitos adeptos somente podiam estudá-las mediantes diversas provas de proficiência. Hoje em dia a internet rompeu esta barreira, permitindo o acesso a rituais, feitiços e práticas até então guardados a sete chaves. Algo fabuloso, mas extremamente perigoso.

    Portanto, esta foi minha dica para os iniciantes. Estou trabalhando outros textos com o Hadrian e a nossa ideia é trazer mais destes assuntos aqui para o site. Inclusive falarei numa próxima parte sobre a preparação do altar, do ritual de consagração e de como tais procedimentos podem ajudar na concentração para as invocações e evocações.

  • A bruxa sumiu – pt12

    A bruxa sumiu – pt12

    Uma delas me imobilizou, outra desfez minha transformação e a última me nocauteou. Acordei no porão, sobre aquela mesma cama no qual Helen havia satisfeito minhas necessidades sexualmente profanas.

    Uma forte dor de cabeça, misturada com a sensação de vertigem confundiam minha cabeça, a ponto de eu perder completamente a noção do tempo. Além disso, a maldita sensação de fome tomava conta dos meus pensamentos. Indicando que para eu melhorar seria necessárias pelo menos umas duas bolsas de sangue ou dois humanos saudáveis.

    Sentei-me e em seguida levantei. Percebi barulhos no andar térreo e alguns raios de luz vindos por de baixo da porta no alto da escadaria. Subi as escadas e com o ranger da madeira, os barulhos cessaram… Fui surpreendido pela rápida abertura da porta e por um maldito vento que me jogou escadas a baixo.

    Desnorteado, tentei de recompor e assim que voltei à realidade percebi a presença do mesmo lobisomem da outra noite no alto das escadas. Também havia mais alguém no porão, mas provavelmente estava invisível ou ainda pior, podia ser algum demônio sedento de ódio ou sabe-se lá o que mais. Aguardei.

    – Fica quietinho ai se não meus amigos vão purificar tua alma. – Disse a tal peluda no alto.

    Pela voz tive a impressão de ser Helen, mas meus olhos mostravam apenas um vulto negro, disforme e intrigante. Eu sabia que se caso não me alimentasse eu liberaria o diabo dentro de mim, mas mesmo assim aguardei afinal Hector e H2 deveriam estar planejamento meu resgate.

    Depois que o vulto falou comigo ele(a) fechou a porta e a presença lupina foi-se junto. Fiquei por alguns segundos pensando no que fazer, até que a presença do porão se revelou:

    – Como é que tu vai atrás dos diabinhos e não me chama babe…

    Julie apareceu sentada no colchão. Trajava um belo sobretudo, calça legging, botas até o joelho e um espartilho de causar inveja as putas da rua Augusta. Estava para matar, literalmente!

    – Hector me chamou, disse que tu não me querias aqui, mas desconsiderei teu último “bolo” e vim dar uma focinha. Pelo visto cheguei em boa hora? Venha Fê, beba um pouco do meu sangue.

    Mesmo sabendo que teria alguns problemas eu não resisti à oferta e me atraquei naquele belo pescoço gelado, de carne dura e cheio de sangue. Alimentei-me apenas do suficiente para recompor minhas energias, limpei a boca e comentei.

    – Ah sabes como minha “vida” é corrida babe, veja onde estou agora. Suponho que tenhas montado algum plano junto de Hector e H2?

    – Claro que sim, mas primeiro precisamos sair daqui de baixo. Faz três noites que está aqui, tens noção disso? Suponho que não… Vá até aquele canto que eu preciso fazer uma coisinha.

    Fiquei puto ao saber que estava há tanto tempo naquele maldito porão e tudo o que eu queria naquela noite era o sangue daquelas vadias na minha boca. Já não me importava mais com os motivos de tudo e até repensei se deveria continuar o projeto com Hector. Apesar de minha indignação aguardei o ritual de Julie e depois de algumas palavras, gestos e algumas folhas que ela mastigou, o lugar começou a se estremecer. A escuridão completa tomou conta de nós até que a porta do alto da escadaria finalmente se abriu.

    Senti Julie puxar meu braço esquerdo, senti as escadas sob meus pés e depois de alguns lances estávamos novamente na superfície. Tudo ainda estava muito escuro, no entanto já era possível ver as linhas entorno dos objetos. Julie ao meu lado e mais dois outros seres ao nosso redor. Um deles era o tal lobisomem, que parecia estar perdido e o outro alguém que estava simplesmente parado, talvez conjurando algo.

    Confesso que estava ficando aflito quando abruptamente as sombras se desfizeram e pude ver o que realmente estava acontecendo. A minha frente estava Marie-Arthur, ao seu lado Helen na forma intermediária entre Lobisomem e humano e ao invés de Julie, a tal bruxa que sumiu agora apertava meu braço com toda a força que podia.

    Marie-Arthur realmente conjurava algo e assim quem as sombras se desfizeram jogou aquilo sobre mim. Novamente fui paralisado, a bruxa que sumiu me sentou no sofá e mais uma vez tive aguardar (puto da vida), a continuidade do que parecia ser o pior jogo no qual alguém  havia me submetido…

  • A bruxa sumiu – pt10

    A bruxa sumiu – pt10

    Chegamos à casa do infeliz embalados pelo som do Strokes. Reptilia certamente nos incentivou a entrar no lugar arrebentando a porta da frente e gritando para todos os ventos a famosa frase cinema: “Mãos para o alto”. Hector imobilizou o amante, H2 partiu para cima do veterano e eu fiquei de apoio na retaguarda na expectativa, caso houvesse mais alguém ou eventuais surpresas.

    Por sorte eram apenas os dois, ambos na faixa dos 50, um pouco acima do peso e que de inicio não ofereceram nenhuma reação. Para ser honesto foram bem pacíficos e nem se manifestaram quando os amarramos nas cadeiras, deixando apenas as bocas livres para balbuciar eventuais respostas as nossas perguntas.

    Tsshhpa… Estalou o tapa de Hector na cara do tal veterano. – Desembucha, hoje tô sem paciência, anda logo! Sabe muito bem por que estamos aqui…

    – Não fala nada! Vão vir atrás da gente… – Disse o affaire do tal veterano.

    Certamente ele não sabia com quem estava lidando e convenhamos, mereceu a coronhada que o desmaiou dada por Hector.

    – Calma pessoal sem violência, vou explicar o que sei, mas por favor não nos matem… Helen é filha de nosso grão mestre e o que está acontecendo são duas ou três situações em paralelo. Nossa instituição está por todo o Brasil e estamos passando por uma renovação das lideranças regionais. Helen estava sendo cotada para ser a líder da “região 666”, a mais importante de todas. Só que alguém que disputaria isso com ela não gostou da concorrência e mandou eliminá-la.

    – E sobre a mãe dela o que tu sabes? – Perguntei.

    – Bom sobre a esposa de nosso gloriosos grão mestre (bla bla bla), ela foi raptada por uma grupo rival ao nosso, no qual temos rixas territoriais. Vocês devem saber como é isso… Eles só vão liberar o que sobrou dela, quando sairmos da “região 666” entendem o rolo?

    – Cara que merda… que merda…  – Resmungou Hector.

    H2 que até agora não havia falado nada, colocou suas mãos sobre o ombro do veterano e resmungou alguma cousa numa língua completamente desconhecida para mim. Depois disso, concentrou-se e por alguns instantes o corpo do se estremeceu. Não foi nada muito perceptível, mas suficiente para que voltasse a nossa realidade com outro semblante.

    – Este não é o teu lugar, não somos teus súditos e tu voltará de onde veio! – Disse H2 com tom de imponência, praticando alguma espécie de exorcismo no tal veterano.

    Por alguns instantes o homem balançou a cabeça, suas expressões variavam entre a alegria, a tristeza e a indagação, até que finalmente a arrogância permaneceu e ele vomitou em nossos pés… Parte do suco gástrico sujou as calças de H2, que permaneceu imóvel e alguns respingos sujaram o braço de Hector. Este de tão puto que ficou ameaçou dar um soco no veterano, mas foi interrompido abruptamente por H2 que continuou o exorcismo. Mais alguns gestos, um pouco do que parecia ser água benta e o veterano nos falando, utilizando uma voz rouca e um vocabulário de Umbanda.

    – Suncê precisa agradá pai véio, suncê qué dá reza pra pai véio e não dá pito pra pai véio? Espirito sem luz, pai véi não é… Suncê usa mandiga em pai véio, pai véio não conta mironga sem agrado!

    Nesse instante Hector pegou uma carteira de cigarros na sua mochila, acendeu um deles e colocou na boca do veterano. Na sequencia ordenou em claro e bom tom:

    – Pai véio, precisamos saber a verdade sobre a alma da bruxa Helen e por que tu desceste neste cavalo!

    Na sequencia H2 e o tal “pai véio” conversaram com mais algumas frase até que finalmente a entidade saiu do corpo e o tal veterano voltou à realidade. Extremante suado, cuspindo o cigarro e reclamando do gosto de vômito. Sua voz era diferente daquela do início da ”entrevista” e cheia de trejeitos.

    Neste momento H2 olhou para Hector e consentiu. O ex-pirata empunhou sua espada e cortou a cabeça do sujeito, o que fez seu sangue podre jorrar por todo o sofá branco. Pensei em perguntar o que faríamos com o seu amante, mas o próprio H2 tratou de se aproximar dele com uma adaga e o apunhalou seu coração sem dó nem piedade.

    Eu poderia detalhar mais tudo o que fizemos, mas o importante é que o “pai véio” confirmou a história da Helen e de sua mãe, além do fato importantíssimo de que ambas ainda estavam vivas em algum lugar de nosso plano.