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  • Fui traído! E agora? – pt2

    Fui traído! E agora? – pt2

    Eu estava em meu sítio aproveitando uma maravilhosa noite sentada na varanda, lendo um bom livro. Por um instante, observei a lua cheia e pensei na hipótese de que talvez pudesse haver algum peludo por perto, e mesmo com os riscos eu estava tranquila. Lá era um dos meus novos refúgios, um ambiente calmo e pacato em que só se ouve os barulhos dos insetos. Além disso, só ficaria por lá no fim de semana e logo voltaria para a cidade e seu “agito” noturno.

    Após tantos anos “vivendo” com receio, eu me sentia livre e protegida com a ideia de ter encontrado um novo clã. Ou melhor, um clã, pois até então, eu nunca havia feito parte de algum. Naquele momento, tudo o que eu esperava era ser aceita, e acho que eu estava me saindo bem. Pois, apesar de ser brincalhona e ter a aparência frágil eu era sim, muito forte e fiel com aqueles que me mostravam merecedores. E diante de tal situação, eu sentia que tinha encontrado verdadeiros amigos, talvez até uma família.

    Estava quase amanhecendo. Resolvi voltar para dentro da casa e fui direto tomar um bom e demorado banho.  Na volta, olho para o celular. Duas ligações perdidas. Uma era de Eleonor. A outra, de Franz. Liguei para minha querida amiga que logo me encheu de perguntas sobre o que eu havia achado dos “meninos”, pois, ao saber do nosso encontro, não conseguiu conter a curiosidade.

    -Ah Ferdinand é super querido. De cara ficamos muito amigos e descobrimos inúmeras afinidades. Ainda não conheci os outros pessoalmente a não ser o… Franz, uma figura. Mas nem vem Eleonor! (risos)

    Ficamos horas no telefone “fofocando”. Mas enquanto falava com ela, imaginava por que raios Franz estava me ligando.

    -Alô? É…Oi… Franz? É a Becky. Desculpe retornar só agora. Eleonor me ligou e sabe como é…

    -Oi, ah sim. Imagino que ficaram horas falando de mim!

    Naquele momento, olhei para o teto do quarto e soltei um “convencido” e imediatamente o questionei:

    – Precisa de algo?

    -Preciso sim, de sua ajuda. Ferdinand mandou chamá-la também. Mas, só poderei explicar quando você chegar aqui, “sabe como é…”

    Enfim, trocamos mais uma ou duas palavras e combinamos de nos encontrar, pois, eu estava curiosa para saber o que estava acontecendo…

  • A Revelação: a história de Rebecca – Parte I

    Bom inicialmente, peço desculpas aos leitores pela demora. Ferdinand entrou em contato comigo faz alguns meses, e só neste momento consegui parar para lhes contar um pouco mais sobre essa longa história. Conforme havia prometido ao meu querido Ferdinand, ai está. Espero que gostem!

    Quando senti que meu corpo recobrava a consciência novamente, mantive os olhos fechados. “- Becky… Becky!”. Minha mãe? Eu podia ouvir sua voz me chamando. Mas, eu sabia que era apenas minha imaginação, “ele” brincando com minha mente novamente, fazendo me sentir uma marionete. Afinal, eu não poderia lembrar sua voz. Nem cheguei a conhecê-la. Permiti que meus olhos abrissem. Por mais um longo tempo, permaneci olhando em direção à parede, observando todo aquele sangue que o manchava. Eu ainda podia sentir as dores, os cortes e as torturas que passei nos últimos cinco ou… vinte dias que permanecia ali? Não sabia ao certo por quanto tempo estava passando por tudo aquilo e, por quanto tempo ainda teria que suportar. Ele parecia se divertir, ao destroçar cada parte de meu corpo, esperando ele se regenerar para iniciar o processo outra vez. E eu percebia que a cada sessão, este se recuperava mais rápido. Após os processos, ele me alimentava e então, se apossava de meu corpo, fazendo com que todo o meu ódio e dores tornassem-se prazer. Um prazer que eu não tinha poder de controlar.

    Acima de tudo, minha mente oscilava em sentimentos de repugnância e atração e eu já não conseguia definir o que aquele homem era para mim. No entanto, apesar de entender o que estava acontecendo e no que eu estava me tornando, não conseguia compreender por que estava acontecendo comigo e onde tudo havia começado.  Ele me observava tentado deduzir o que eu estava pensando. Então, caminhou até onde eu estava. Jogada e encolhida, como o resto de alguma coisa. Erguendo-me, me levou para o quarto em que eu lembro ter acordado inicialmente. Em seguida, senti por alguns minutos a água quente sobre meu corpo frio, suportando suas mãos sobre mim. E após aquele banho, deitou-me na cama dizendo que era hora de descansar… Eu devo ter dormido por uma semana inteira. Ao acordar, percebi que ele permaneceu ali, sentado na poltrona ao meu lado, esperando que eu acordasse.

    -Olá, minha pequena. Não se preocupe. A pior parte do processo acabou…

    Sentando-me, perguntei lentamente:

    – Não sei se devo perguntar o que vêm daqui para frente, não é?

    -Bom, digamos que há um longo caminho. Mas, por enquanto posso dizer apenas que estarei ausente por uns dias. Não tente fugir, pois não achará o caminho de volta. Deve ter consciência que sua vida anterior acabou e que agora terá uma nova vida! A casa estará a sua disposição, mas cuidado com o que mexer e aonde vai, posso estar fora por uns dias, mas saberei exatamente sobre todos os seus passos….

    Ele saiu do quarto, sem se despedir. Não sei por qual razão esperei que se despedisse. Odiei-me por tais expectativas. Então, afundei-me no travesseiro, e na escuridão do quarto me vi uma prisioneira eterna.

     

  • O Manipulador: a história de Rebecca – Parte I

    O Manipulador: a história de Rebecca – Parte I

    A Rebecca W. Erner me procurou há um tempo atrás e gostei do que ouvi dela. Portanto, nada mais justo do que liberar um espacinho para ela falar por aqui também. Espero que gostem de suas histórias!

    O Manipulador, A História de Rebecca – Parte I

    Abri os olhos. Olhei para um céu pálido e triste. Dores. Fechei os olhos. Abri os olhos novamente, e percebi árvores que cresciam sem fim e que pareciam debruçarem-se sobre mim. Tentei levantar, mas meu corpo parecia morto. Aos poucos, fui podendo fazer alguns movimentos até conseguir me recostar em um daqueles enormes troncos. Respirei fundo. Não conseguia me lembrar o que havia acontecido, e nem onde estava, percebia apenas que não era minha cama quente e macia.

    Tentei manter a calma e identificar o que havia acontecido comigo, pernas raladas e com cortes profundos que ardiam de maneira insistente. Um dos meus braços parecia estar quebrado e eu não podia nem pensar em movê-lo, e percebi que também havia cortado a cabeça, mas aparentemente, não parecia ser algo pior do que em todo o resto do meu corpo. O que havia acontecido comigo? Eu realmente preferia não lembrar ao pensar nas possibilidades. Tentei levantar, e quando finamente consegui, andei alguns metros e caí outra vez. Tive que começar esse processo de tentar sair daquele lugar várias vezes, até conseguir identificar uma luz à frente. Caminhei vagarosamente em direção a luz que parecia nunca se aproximar, até identificar que… Aquele era o meu automóvel!

    Então, eu lembrava. Lembrava de tudo. Ou quase tudo. Estava confusa. Lembrei de Alice que voltava da festa comigo. Eu não havia bebido, e voltávamos tranquilamente. Teríamos sofrido um acidente? Mas como eu havia parado em um lugar tão distante do automóvel? Alice ainda estaria lá? E então, quando me aproximei melhor, pude vê-la. Sentada no banco do carona, também tão machucada quanto eu, em seu corpo sem vida parecia dormir, até que… Seus olhos se abrem esbugalhados e, ouço uma voz aterrorizante que diz:

    – É hora de acordar minha pequena!

    Então caí novamente.