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  • De volta a uma rotina nada normal – Parte V

    De volta a uma rotina nada normal – Parte V

    Uma dor horrível. Imensurável. Sentindo meu corpo entrar em combustão devido aos raios do sol, gritei desesperadamente quase que em súplica para que aquilo acabasse. Se fosse meu fim, que o fosse logo. Antes de perder a consciência, pude ver a escuridão novamente. Me senti envolvida e carregada por alguém, que eu já nem lembrava quem era naquele momento…

    Acordei sobressaltada, com fome, muita fome. E sim, com raiva, muita raiva. Encontrei-me envolto a uma manta que cheirava a queimado, óbvio, e ainda pude ver resquícios da fumaça em meu quarto que lentamente se desfazia. Levantei devagar, ainda sentindo a ardência em meu corpo que se recuperaria totalmente em algumas horas. As lembranças logo vieram à tona. Onde estaria aquele maldito humano? Pensei comigo mesmo. Podia ouvir sua respiração. Perto demais.  Estava atrás de mim encolhido contra a parede, ainda sem roupa. Olhando-me nervoso. Sem virar para trás, coloquei uma das mãos em minha cabeça, que ainda estava doendo. Mantendo meu autocontrole, pensei por alguns instantes. Que droga Lorenzo! Logo agora que eu estava gostando de você. Então, falei calma e sarcasticamente, ainda sem olhar para ele:

    – Loreeeeeenzo. Eu sei que está ai, meu querido. Depois de tudo o que fiz por você? Eu devia matá-lo imediatamente…

    Enquanto eu falava, percebi que ele chegou a prender a respiração. Então, me levantei devagar e caminhei em sua direção. Com o dedo indicador em seu queixo, o guiei para que se levantasse obediente e ficasse de frente para mim. Olhei-o fixamente por alguns instantes, seus olhos verdes semicerrados, sua boca tremula, o suor escorrendo, pude ouvir sua pulsação rápida. Roçando o nariz em seu pescoço, senti seu cheiro doce.  Eu estava com muita fome. Olhei – o novamente, e então segurando seu rosto com unhas longas e vermelhas, fechei os olhos e o mordi com todas as minhas forças.

    – Desculpe – Balbuciou. – Por favor, Rebecca, não faça isso. Eu te peço. Perdoe-me, eu não queria machucá-la. – Dizia sua voz fraca e lenta.

    – Eu preciso mais. O que fez comigo me deixou sem forças. – Respondi.

    – Não me mate, por favor. Não.  – Implorou.

    “Não me mate, por favor.” Repeti em minha mente inúmeras vezes, enquanto ainda o mordia. Então, satisfeita quase recuperada, agarrei-o pelos cabelos e o arrastei até um quarto sorrateiramente disfarçando dentro de minha biblioteca, onde eu guardava alguns utensílios básicos.

    – Como dizem alguns maus pais: Você vai ficar no canto escuro para pensar em suas travessuras. E depois eu vejo o que faço com você…. Loreeeenzo.

    Então, o tranquei lá. Ainda com os olhos vermelhos de raiva. Eu não podia negar, havia herdado a impaciência de meu sádico e antigo mestre.  E sinceramente, ser ferida inesperadamente e daquela forma, por causa de uma inconsequência, era humilhante demais para mim. Eu devia ter previsto o que aconteceria, como me distrai daquela forma? Durante horas, esses pensamentos perturbavam-me. O que vou fazer com o humano? O salvei e depois vou acabar com sua vida? Eu realmente não estava bem, pelo simples fato de ficar ponderando os fatos. Eu não tinha que preocupar-me com aquilo. Mas, estava realmente sentindo algo que o tempo aparentemente havia tirado de mim em relação a aqueles que eu escolhia como vitima. Eu estava sentindo: compaixão, e Lorenzo até o momento, não era uma vítima, afinal…

  • Lilian, à reunião – Pt1

    Lilian, à reunião – Pt1

     

     “Mamãe? Mamãe!”, “O que foi querida?”, “Não consigo dormir!”, “Lili amor… Está com medo?”, “O monstro mãe!”, “Monstros não existem querida!”, “Posso dormir com você mamãe?”, “Deite aqui pequena, mamãe lhe protege”, “Mamãe promete nunca me deixar?”, “Sempre estarei aqui Lili, sempre!”

    “Oh shit!”, sento na cama em questão de segundos, recordando novamente um sonho com minha falecida mãe, essa frequência de sonhos com ela e monstros infantis está me deixando cada vez mais preocupada. Recordo de outros sonhos que tive com ela recentemente e tento ligar os fatos, mas nada se encaixa, apenas ficam vagando como peças de um quebra-cabeça incompleto.

    Achei que seria apropriado tomar um banho antes de olhar meu celular e responder seres queridos, quem sabe depois sair com as meninas ou talvez passar um tempo com meu irmão de clã o Daniel. No banho pude tirar alguns minutos para espairecer enquanto sentia o toque suave da água tocar meu corpo gélido, esquecendo dos atuais eventos com Trevor, meu adorado e agora ex amado vampiro. Quem sabe até quando esta merda de briga e desentendimentos vai durar. Mas que sirva de lição para ele, talvez assim aprenda a ser menos arrogante em alguns aspectos.

    Senti que era hora de sair do banho, colocar alguns dos meus trajes de sempre, quem sabe uma regata, jaqueta de couro, tênis e jeans fossem suficientes para esta noite, não estava com vontade de fazer nada muito extravagante, quem sabe apenas dar uma volta de carro, achar algum vagabundo para me alimentar, jogar conversa fora com um humano que não suspeite o que sou, ou voltar para casa e atazanar o Daniel… Opções, poucas, mas para uma vampira com o tédio cantando no peito, tais opções sempre são bem vindas.

    Trajada e “arrumada”, desci as escadas do flat do Daniel, que agora era meu colega de casa e segui até a saída quando me deparo com as costas tatuadas e bem definidas do meu irmão, “Saindo Lili?”, “Não! Chegando! Claro que estou saindo Dani!”, “Ogra! Vais onde hoje?”, “Não sei, talvez me alimente e volte… Não estou na vibe de muitas aventuras…”, ” Trevor?”, “E teria outra explicação?”, “Vocês dois deveriam ser menos orgulhosos maninha”, ” Ah claro, orgulho e auto respeito, esqueceu deste detalhe?”, ” Detalhes, sempre criando obstáculos!”, ” Dani eu amo você, mas será que eu posso sair?”, ” Então Lili, maninha linda, saia e volte em duas horas…”, ” Eu posso saber por que?”, “Volte em duas horas que descobrirá numa reunião!”, “The fuck Dani?”…” Duas horas…”, “Ok DAD! Bye!”. 

    Confesso que sai com a curiosidade aos gritos, berrando “Mas que porra!”, na minha cabeça. Nós vampiros temos todo o tempo do mundo, mas esperar não é um dos meus dons, ainda mais sobre algum assunto que me foi jogado vagamente como uma bomba, o que será que o Daniel aprontou desta vez? Ou o que será que vem por ai para a Lilian aqui resolver? Ou ter que engolir!?

    Nestas horas eu realmente tenho que dizer que ” quero correr para as montanhas”, como diz uma adorada amiga, fugir para as montanhas nestes últimos dias de total confusão para mim, seria o ideal para manter alguma sanidade na minha cabeça… Mas infelizmente eu tenho compromissos e deveres a serem cumpridos e pedir “férias” agora não era uma opção.

    Ao cruzar a esquina algumas quadras de onde moro, um lugar um tanto deserto e sem muita atividade humana, ou quase nenhuma atividade humana, vejo um rapaz um tanto bêbado, tentando abordar sem muitas gentilezas uma pobre menina, que aparentava ter no máximo seus quinze anos… O rapaz sem noção tentando colocar a mão lá nas partes intimas da pobre coitada e a empurrando para a parede, claramente não estava sendo gentil ou consciente da merda que estava fazendo, a garota chorando pedindo que ele parasse, tentava empurrar o canalha em vão e ele com algum desvio mental, não parava de abusar da jovem menina. Era isso, achei minha presa, um babaca bêbado e abusador, praticamente um banquete aos meus olhos.

    Eu delicada do jeito que sou (até parece), apenas empurrei o pequeno agressor que caiu no chão como uma pedra, e então pedi que a moça assustada e com o coração claramente acelerado corresse para longe dali, sem gritar, que apenas fosse embora.

    O rapaz idiota redobrou a consciência e agora teria que enfrentar uma garota um pouquinho maior. Levantando com dificuldades o grande imbecil ficou parado na minha frente, “Caraca, antes era uma vadia pequena! Agora vem uma vadia do meu tamanho! Acho que vou gostar disso”, um burro abusador de garotinhas a menos no mundo, vinha em minha direção, tentou pegar um dos meus braços, oops errou, o outro braço, hummm acho que não, “Vadia você é feita do que? Vem aqui!”, caindo no chão de novo, desta vez com uma leve ajuda minha, o rapaz tentou pegar minhas pernas, em vão claro, sacudindo no chão de raiva, foi levantado por mim, minhas mãos o agarraram pelo pescoço e o ergueram no ar, ele percebeu que a vadia grandona era um tanto mais forte que ele, “Homens como você, deveriam ser torturados e banidos do mundo fisíco e sofrer punições horrendas no lugar que os humanos acreditam existir, qual mesmo o nome? Umbral?”.

    Dos olhos dele transbordaram lágrimas, e em mim transbordou um sorriso, “Chorando? Fique tranquilo, que hoje você deu sorte que eu não esteja com tempo de sobra, serei rápida”. Não precisou de muito, tomei de goles o sangue daquele canalha, deixei um pouco nele, que gemia baixinho no chão, logo sem paciência alguma, quebrei-lhe o pescoço e o arrastei para uma vala, sem deixar rastros, afinal o lugar apenas me favoreceu.

    Caminhei de volta para casa, agora alimentada e um pouco mais feliz, no elevador consegui até ouvir a música ambiente que tocava, era algo daquela cantora famosa e que para alguns está na moda, Lana Del Rey, uma música um tanto irônica “Born to Die” Hahaha. Mas  infelizmente ao sair para o Hall de entrada do flat, consegui sentir algumas presenças dentro do lugar, além  do Daniel, outros vampiros, e sim, eram antigos.

    Coloquei a chave na porta e a abri, quando chego na sala e vejo, Dani, Michael e Trevor sentados no sofá olhando para mim, minha reação foi única, parada e sem por hora mencionar nada, até que Trevor finalmente falou de um jeito amigável, “Lili, nós o achamos…”. O acharam? Eu estava mesmo ouvindo isso? “Isso é real ou estou em alguma piada mistica?”, “É real Lili!…” Ok agora a coisa ficou séria, “Lili?”, “A noite só melhora!”, foram as únicas palavras que consegui falar depois da inesperada noticia.

    Agora apenas me restava ir atrás e acertar algumas contas pendentes.

    I’m going behind you motherfucker! 😉

  • De volta a uma rotina nada normal – Parte IV

    De volta a uma rotina nada normal – Parte IV

    Beijei Lorenzo vorazmente.  Em meu quarto, joguei – o na cama. Sentada em cima dele, beijava-o e acariciava seu peito enquanto tirava sua camiseta.  Com as mãos em minha cintura, pressionava sua ereção em meu corpo e nos movimentávamos como em uma dança sincronizada. De repente ele parou.

    – Caramba o que estou fazendo!

    – Hum? O que foi Lorenzo?

    – Desculpa, mas eu não sei se consigo.

    – O que? Hahahaha Lorenzo, eu que devo lhe pedir desculpas, você não irá sair daqui assim.

    – Mas faz tempo que…

    – Shhhhhhhhhiiii – Falei colocando o dedo indicador em sua boca e rindo ao mesmo tempo – Quem manda aqui é eu.  Foi você quem começou com isso, agora terá que terminar. Espere aqui.

    Ele olhou-me sério e apreensivo, mas obedeceu. Quando voltei continuava exatamente como eu havia deixado. Tranquei a porta do quarto.  Com a corda que eu havia buscado, fiz alguns nós prendendo cada um de seus braços à cabeceira da cama. Olhando-me com os olhos arregalados, soube que ele queria perguntar o que eu iria fazer.

    – Você não estava me desejando? Irei matar seu desejo, mas a minha maneira, entendeu?

    Aumentei o volume do rádio que já estava ligado, tocando algumas das seleções de músicas que eu adorava e que me inspiravam nesses momentos. Então, lentamente tirei meu roupão, revelando apenas uma minúscula lingerie vermelha. Puxando seus pés, o mantive esticado sobre a cama e em um movimento rápido tirei sua calça e comecei a beijá-lo e a acariciar seu corpo e seu sexo.

    – Ah, por favor, não faça isso!

    – Hahahahah devia ter pensando antes. Agora, cala a boca que eu não mandei você falar!

    Embora envergonhado, ele estava gostando. Embora tentasse evitar, estava excitado e controlando seus gemidos de prazer. Era engraçado despertar essas sensações em alguém assim. Para mim estava sendo tudo totalmente diferente do que eu já havia visto. Ele era um homem diferente dos que conheci pelo mundo. Arranhei seu peito definido fazendo- o sangrar um pouco. O cheiro de seu sangue era tentador. Mas, eu não queria mordê-lo. Não ainda. Queria senti-lo. Vi que naquele momento ele se empolgava. Ainda amarrado, sentei sobre si e o pressionei contra meu corpo. Eu comandava. E no ritmo da música me movimentava e dava gargalhadas de prazer enquanto o observava ter um orgasmo rápido.  Soltei as amarras e ele investiu contra mim, segurando- me no colo, bateu com minhas costas na parede e demonstrou querer mais.  Deixei-o à vontade durante as últimas horas que se seguiram, enquanto nos beijávamos então, em um momento de excitação, o mordi e o mantive paralisado e quieto, sentindo a dormência tomar seu corpo com minha mordida…

    Horas depois, acordei ao lado de Lorenzo, que me olhava apavorado. Eu, porém, falei sorrindo e me esticando:

    – Olá Lorenzo, como está sentindo-se?

    – Eu estou estranhamente bem. Mas, você… Quem é você?

    Droga. Será que ele lembra que o mordi? Pensei comigo mesmo.

    – O que foi Lorenzo? Qual é o problema, não gostou do que fizemos?

    – Não é isso. Eu gostei sim, pode acreditar. Nunca havia sentido prazer dessa forma. Mas, vendo você dormir… É… Você tem alguma coisa estranha. Seu corpo é tão gelado. Estava dormindo de olhos abertos, parecia morta…

    Merda! Foi como voltar no tempo e relembrar como foi descobrir o que Sr. Erner era. Aqueles olhos paralisados como o de um defunto. Sua expressão morta enquanto dormia. Então naquele momento nostálgico, me distrai e não vi Lorenzo levantar…

    – Hey, o que está fazendo! Não faça isso!

    Foi quando senti o sol queimar-me violentamente.

  • O que fazemos com a Eleonor?

    O que fazemos com a Eleonor?

    Muitos de vocês que acompanham meu blog e redes sociais, sabem ou deveriam ter visto que tenho passado por diversos altos e baixos em meu humor. Isso sem sombra de dúvidas se deve ao fato de que minha doce morena Eleonor, está numa fase complicada. Situação gerada por ela mesma, mas que piorou nos últimos meses com o rapto da garota no qual ela havia adotado. A questão da adoção foi discutida aqui em outros posts, mas irei resumir para os novos leitores do site.

    Eu tive um envolvimento com uma humana que se chamava Stephanie, um relacionamento relâmpago na verdade, onde nos aproximamos muito rápido e nos afastamos muito mais rápido ainda. Nos encontramos algumas vezes, criei uma certa proximidade com ela e sua filhinha… nos envolvemos. Até o momento em que percebi a cruel realidade e me afastei. O problema é que um dos meus “inimigos” soube desta proximidade e a transformou em vampira. Uma vampira adoradora das forças infernais, um tipo de ser impar e infelizmente desprezível. Situação que resultou em sua morte, tão logo meu clã soube dos ocorridos.

    Diante de tal situação, a filhinha de Stephanie acabou ficado órfã e Eleonor decidiu adotá-la. Nem Franz, nem eu gostamos da ideia, mas diante a teimosia de Eleonor acabamos permitindo. O problema é que uma das protegidas de Eleonor soube desta situação toda, decidiu agir como justiceira e agiu corretamente como eu ou Franz deveríamos ter feito. “Sequestrando” a garota e levando-a de volta para os seus parentes de sangue. Com isso Eleonor entrou numa fase extremamente complicada. Ela realmente havia se apegado a garotinha, eu também nutri muitos sentimentos por ela e até Franz agiu como se fosse humano em nossos momentos de plena tranquilidade “familiar”.

    Soube que algumas noites atrás até mesmo a Becky, uma das suas melhores amigas foi rejeitada, então decidimos levar este caso da forma mais séria que nos fosse possível. Eu passei por um momento delicado como este, obviamente em circunstâncias diferentes e acabei hibernando por uns 50 anos por indicação da própria Eleonor. Será que está chegando o momento de ela também adotar tal procedimento?

    A cada noite que passa tenho mais certeza que alguns anos de hibernação podem fazer muito bem a minha adorada amiga, irmã, mãe e por vezes amante… (pensativo)

    Já conversei pessoalmente sobre isso com Franz e falaremos com ela hoje à noite mesmo, espero que ela entenda todas as consequências de seus atos. Além de tudo o que ela vai ter de enfrentar se continuar agindo desta forma. Inclusive cabe a mim julgar no lugar do barão e ainda estou pensando como ele agiria neste momento. Prisão, tortura, banimento? Não sei, a cabeça dele também estava conturbada nas últimas décadas e é possível que Franz e eu também fossemos punidos diante tudo isso.

  • Noite dos namorados

    Noite dos namorados

    Estamos com uma promo no Twitter. Use a sua imaginação e nos envie qualquer coisa que tiver na cabeça: imagem, vídeo, foto… Marque meu user @fe_wampir e torça!!!

    Quem tiver o tweet com mais “estrelinhas” vai receber uma ligação do Franz pelo Hangout.

    Digamos que o vampirão anda meio sozinho e quer ao menos uma “companhia virtual”, na noite dos namorados 😉

  • A depressão de Eleonor

    A depressão de Eleonor

    Noite após noite o mundo gira e com isso todos, eu disse todos somos surpreendidos por notícias. Estas podem ser diferentes dos nossos objetivos, ou podem ser favoráveis a tudo o que imaginamos como sendo perfeito para os nossos caminhos…

    Eleonor me ligou, estava aflita e parecia alguém drogado ou sofrendo de forte depressão. Quase pude sentir a tremedeira de seus membros e a aflição era extremamente perceptível em seu gaguejar. Disse-me que fora seguida e que não tinha mais ninguém para ligar, pois Franz obviamente a mandaria a merda. Eu também não fui muito agradável na última conversa que tivemos, mas como vocês lembram eu tenho sempre de manter as cousas em ordem para os reais interesses de nosso clã.

    Tratei de viajar o mais rápido que pude para o seu refugio na Europa e lá encontrei-a de uma forma deplorável. Em seu próprio quarto e ao lado de sua cama estava um cadáver irreconhecível, aliás, se não fossem os trajes masculinos provavelmente eu passaria a eternidade tentando descrever o sexo daqueles restos humanos.

    As vestes de minha doce morena, eram trapos e todo aquele luxo, que ela sempre fez questão de mostrar a todos, não passavam de velhas recordações de minha memória centenária. É preciso dizer no entanto que seus lindos olhos azuis continuam delicados e gentis, aliás estavam mais gentis do que nunca, como um cão que foi deixado de lado na mudança.

    – O que diabos aconteceu aqui?

    Bem que ela tentou falar algo, mas havia algo de muito errado com ela e suas ações se resumiram a um forte e longo abraço. Daqueles que apenas dois seres consanguíneos podem interpretar.

    – Acalma-te minha doce morena. Vou te levar ao banheiro e quero que tomes um belo banho, depois conversamos…

    Nunca achei que fosse encontrar ela naquelas condições, mas há quem diga que o tempo machuca mais que uma estaca no peito. Por sorte Pepe está sempre comigo e pedi que cuida-se daquele lugar. Ainda para piorar era um local central e provavelmente cercado de câmeras, vida noturna e provavelmente policia.

    Mesmo com um longo banho e roupas limpas ela ainda estava abatida e estava nítido que além da falta de sangue ela devia ter feito magias ou se “drogado“ como uma inconsequente.

    – Cadê a menina? O que houve com vocês?

    Diante as minhas perguntas ela fechou a cara, fez até um pouco de “bico“ como aqueles das crianças e finalmente desembuchou:

    – Foi tudo muito rápido… Eu havia saído numa noite qualquer para me alimentar e deixei ela com uma das minhas Ghouls. Na volta eu não encontrei mais ninguém aqui. Desci, vasculhei por todos os lados e não achei nada. Fiquei apavorada, desolada e quando cheguei na portaria, os instintos estavam aflorados e senti o perfume daquela vadia perto do lugar. Falei com o vigia daquela noite e ele mentiu qualquer coisa. Decidi então ler a memória dele e descobri que havia um plano para tirar a ”G” de mim. Minha Ghoul tinha contato com aquela vagabunda da Débora que era tua secretaria. Da mesma forma que a vadia loira fez, ela também quebrou nosso laço e fugiu com a “G“ para qualquer lugar do mundo. O resto tu deves imaginar, eu trouxe ele para cá e suguei a sua alma…

    – Bom a julgar pelo estado do corpo isso já faz mais de duas semanas, tu precisa se alimentar, não queremos que encontre tua morte final dessa forma…

    – Eu quero morre Fe, se não consigo cuidar nem de uma garotinha vou cuidar do que?

    – Não é assim, Pepe vai dar um jeito aqui, eu vou ligar para alguns amigos e quero que voltes conosco para a “Fazenda“. Vamos tentar resolver tudo isso, ainda bem que damos um jeito naquela vadia loira… Mesmo morta ela ainda fode conosco… Aquela filha da Puta maldita.

    Fiz as tais ligações que prometi para Eleonor, mas achar uma criança entre 5 e 10 anos é como aquela agulha do palheiro, vai ser muito difícil e pior ainda vai ser o trabalho com Eleonor.

    Na noite seguinte fizemos uma parada no caminho e na outra noite chegamos à fazenda, espero que os ares daquele lugar ajudem minha doce morena.

  • De volta a uma rotina nada normal – Parte II

    De volta a uma rotina nada normal – Parte II

    Pode parecer o contrário, mas a vida de um vampiro nem sempre é cheia de emoções e aventuras. Apesar de a rotina de um ser totalmente noturno não ser nada simples ou comum.  Costumo dizer que temos a liberdade e a eternidade para fazer o que quisermos, mas, a realidade é que, é mais fácil cansar da vida, quando se vive tanto. É exatamente por isso que Ferdinand sempre fala algo mais ou menos assim: “- Para ser vampiro, é preciso acima de tudo valorizar o fato de poder viver.”

    Então, lá eu estava. Sentada observando a maneira em que aquele humano respirava, embora devagar e com dificuldades, pensando como deve ser respirar e sentir o ar preencher os pulmões de verdade.  Na noite em que o salvei, arrastei-o rapidamente até o carro e em velocidade máxima, praticamente voei até meu apartamento. Ele estava morrendo, o sol estava começando a aparecer, e por um instante cheguei a ficar tensa. Por pouco não tive meu corpinho queimado. Pensei em por que raios não fiquei na casa da Pepe. Mas, será que era meu destino salvá-lo? Ao chegar, levei-o até o quarto de hóspedes no primeiro andar, dei-lhe um pouco de sangue suficiente para poupar-lhe a vida, mas os ferimentos eram profundos. Estanquei o sangue, tentando evitar também a sede, pois apesar de meu autocontrole adquirido com os anos, aquela grande quantidade exposta me instigava a mordê-lo. Com minhas habilidades limpei os ferimentos e fiz alguns pontos em sua cabeça e rosto.

    Dias depois, pude ver que meu “paciente” recobrava a consciência. Acordava devagar, semicerrando os olhos várias vezes, ainda sentindo vertigens.  Olhou para mim fraco e curioso, até então minha aparência pareceu confortar-lhe.

    – O que houve comigo? – falou devagar.

    – Você sofreu um acidente, foi atacado por um grupo de delinquentes. Não se lembra de nada?

    – Sinceramente não. Quer dizer… Não sei.  Na verdade, me desculpe, mas estou com fome.

    Fazia décadas que eu não cozinhava algo. Era até estranho usar pela primeira vez minha cozinha. E foi algo engraçado, porque perdi totalmente o jeito. Mas, a sopa de ervilhas com omeletes que fiz, foram suficientes, ao vê-lo que se alimentava com muita vontade, até achei engraçado.

    – Do que está rindo? – Ele perguntou desconfiado.

    – De você. – Respondi.

    -Realmente, deve haver muita graça em alguém com fome porque quase morreu.

    – Sim, para mim é muito engraçado. E só está vivo porque eu o salvei.

    – Me desculpe… Devo lhe agradecer. Como é o seu nome?

    Por um instante, senti-me impaciente. Estava arriscando minha intimidade e identidade, levando aquele humano para onde eu morava, e, no entanto ele já se mostrava insolente. Sr. Erner castigava-me sempre que eu me comportava dessa maneira. Fiquei extremamente irritada, e minha feição chegou a mudar.

    – Meu nome não importa. Tome sua sopa.

    Então, deixei-o e fui para meu quarto.

  • De volta à uma rotina nada normal – Parte I

    De volta à uma rotina nada normal – Parte I

    Foram várias noites de viagem, com paradas em hotéis durante o dia. Ao longo do caminho aproveitei para passar em alguns lugares e resolver problemas com os negócios de algumas das empresas que “herdei” de Sr. Erner. Lilian e eu revezamos a direção, não por cansaço, mas porque ambas adoramos dirigir. Literalmente colocamos o papo em dia. Paramos em alguns bares e zoamos os caras que pensavam que éramos garotas indefesas se aventurando na estrada. Tivemos que trocar dois pneus ao longo do caminho, e para isso sim, acabamos precisando de auxilio, o que um pouco de sorte resolveu. Estávamos chegando em “casa” finalmente. Tudo o que eu queria era voltar para minha rotina nada normal. E, além disso, também queria dar um pulo para matar a saudade da Pepe e do Ferdinand e contar ao meu amigo – irmão minhas últimas peripécias, o que rendeu boas gargalhadas.

    Passando-se algumas noites, mesmo com muitas coisas para resolver depois de ter voltado, e mesmo todos muito ocupados, marcamos uma reunião informal e ao final, eu, Pepe e Claudia deixamos os rapazes e resolvemos passar em um barzinho para curtimos uma noite mais tranquila entre amigas. No caminho, buscamos a Lilian e então, as meninas começaram com um assunto que, de certo modo, para mim era engraçado:

    – Becky, você não vai mesmo conversar direito com Hector?- Perguntou Claudia.

    – Conversar sobre o que? – Respondi distraída enquanto dirigia.

    – Mas, você não gostou do tempo que passou por lá? – Disse Pepe, curiosa.

    – Gostei sim. Mas tenho outros compromissos, outros interesses. Não poderia ficar lá o resto da eternidade.

    – Mas, você veio embora sem se despedir dele. – Soltou Lilian.

    – Não tinha porque me despedir, Lilian. – Falei rindo – Hector e eu somos bem resolvidos e desencanados. Cada um foi para um lado e ponto. Se tivermos a oportunidade de trabalharmos juntos novamente, ótimo. Senão, já valeu as experiências que tivemos.

    – E que experiências eim… – Falou Lilian se abanando.

    -Hahaha Chega de papo! Chegamos! Vamos curtir a noite?!

    Confesso que só não viramos a noite, porque Claudia estava preocupada com Sebastian. Mas, nos divertimos, bebemos e rimos muito. Porém, por incrível que pareça, foi uma noite tranquila e sem aventuras, até certo ponto…

    Estávamos voltando. Deixei Claudia e Lilian perto de suas residências. Pepe ainda iria um bom caminho comigo. Quando chegamos, ela perguntou se eu gostaria de dormir por lá, já estava quase amanhecendo. Agradeci, pois sabia que daria tempo de chegar a meu apartamento tranquilamente. Desci do carro, para acompanhá-la. Despedimos-nos e ela entrou.  Ainda rindo ao lembrar as bobagens que as meninas falaram sobre Hector, estava entrando no carro quando parei para observar um rapaz que vinha caminhando apressado enquanto um grupo de mais ou menos quatro ou cinco, vinham atrás, rindo, xingando-o e ameaçando – o.

    – Hey viadinho. Nós vamos acabar com você!

    Logo o alcançaram, fizeram uma distribuição de socos e ponta pés. Um deles quebrou uma garrafa de cerveja em sua cabeça. Fiquei ali, pensando se deveria ajudá-lo, estava um pouco cansada de agir como justiceira. Suspirei. Olhei o relógio. Um pouco mais de diversão não faria mal. Dei de ombros. Fui em direção ao grupo, que não percebeu minha presença. Usando um pouco da minha velocidade e força, joguei dois deles a certa distância com um único golpe, deixando os outros assustados e procurando quem havia feito aquilo. Foi quando apareci caminhando calma e graciosamente sobre meu salto agulha de 15 cm, em meio à escuridão das árvores, o que os deixou surpresos.

    – Vocês não têm vergonha, bando de frouxos? Cinco contra um?- Falei apontando para o pobre rapaz.

    – E você não se enxerga mocinha, há essa hora dando sopa pela rua? – Disse um deles me desafiando.

    – Hum, olha o vestidinho dela, deve ser só mais uma puta. – Disse outro.

    -Hahahah de mocinha a puta… Decidam-se! Ou melhor, deixem que eu lhes mostre o que sou!

    Minhas presas estavam afloradas. A expressão demoníaca. Divertindo-me, rapidamente coloquei-me atrás de um deles e o mordi fazendo- o gritar. Os outros assustados saíram correndo mais surpresos ainda por minha força.  Assim que aquele verme desmaiou, deixei-o desacordado na calçada, certamente, acordaria pela metade da manhã, imaginando estar bêbado com um hematoma no pescoço. Empurrei – o com o pé e cuspi seu sangue no chão.

    -Nossa, que super corajosos…

    Fui até o pobre rapaz que havia apanhado daqueles delinquentes. Estava muito ferido e os cortes que havia levado o fizeram perder uma grande quantidade de sangue. Em meio aos ferimentos não deixei de observar que ele tinha lindos olhos verdes, que no momento reviravam-se e piscavam rapidamente. Foi quando me lembrei sobressaltada, da hora e do maldito sol.

    -Droga, já está amanhecendo. – Falei comigo mesmo.

    Não havia tempo para ajudá-lo. Seria mais fácil simplesmente deixá-lo ali, estava quase morto. Mas, no impulso fiz outra escolha, que até então eu não sabia ter sido ou não a mais correta…

  • Sangue frio – Final

    Sangue frio – Final

    Quando Hector chegou, eu já estava com minhas malas prontas. Confesso que, estava empolgada por saber que teria a companhia de minha amiga novamente. Hector também pareceu animado com a viagem, já que precisaríamos encontrar Lilian em um ponto mais perto de onde ela estava. Mas, deixou transparecer que não gostaria de ficar muito tempo fora do litoral. Alugamos um jato particular e partimos a noite. Durante a viagem, concluímos que nossos trabalhos juntos estavam chegando ao fim. Mas, não falamos do assunto. Logo que chegamos, alugamos um galpão temporário por meio de alguns contatos que tínhamos, onde realizaríamos nossas atividades. Antes de Lilian chegar, estávamos preparando os equipamentos e nosso sangue já estava fervendo. Nossas próximas vitimas eram um tipo de gente imunda, e nossas preferidas, pois com elas não nos restavam nem um pouco de piedade. Em determinado momento, em minha distração, não percebi que Hector me observava:

    – O que foi Becky? No que está pensando?

    – Eu? Talvez no mesmo que você Hector.

    -Hum, na verdade acho que nem imaginas o que há em meus pensamentos, pequena -Falou sarcástico.

    – Ao menos posso deduzir, não é mesmo? – Falei provocando-o.

    – Bom, de certa forma eu entendo.

    – Entende? Acho que não. Hector eu preciso…

    Hector veio em minha direção, interrompeu o que eu iria dizer, e me surpreendeu com um beijo, ordenando em seguida:

    – Tudo bem. Agora vá receber a Lilian, ela já chegou.

    Abri a porta para Lilian revirando os olhos. Odeio quando me dão ordens. Mas, ao ver minha amiga, nos abraçamos feito duas bobas. Hector sem paciência foi direto ao ponto:

    – O que temos aqui querida Lilian?

    – Os presentes que lhe prometi.

    Foi então, que vi a empolgação nos olhos de Hector novamente. No porta malas do carro havia dois pobres imundos. Mais assustados do que eu imaginava, a considerar o que praticavam. Lilian sentou-se e assistiu de camarote. O cenário estava montado. Duas velhas macas de hospital, nossos velhos bisturis, alicates, facas de corte muito bem afiadas, alguns fios de arame farpado. Hector e eu até nos vestimos divertidamente com jalecos e luvas, fazendo Lilian rir de nosso teatrinho. Amarramos nossas cobaias nas suas respectivas macas com os fios de arame. Hector iniciou a sessão cortando as roupas fedorentas daqueles seres…

    -Querido Hector, imagino que saibas contar?

    – Hahaha Mas é claro! – Falou olhando- me com seu jeito sacana e tentador.

    -Então ajude-me por favor?

    Um, dois, três… Arranquei os dentes daqueles infelizes. Quatro, cinco, seis…um a um e muito lentamente.

    – O que acham de virarem nossas bonequinhas particulares?- Disse Hector para ambos, com uma expressão demoníaca, assim que terminei meu trabalho.

    Cortamos a sangue frio, os braços e pernas daqueles infelizes, que já não tinham forças para gritar. E costuramos algumas próteses fajutas de pano no lugar. Costuramos também seus olhos. Decidimos que antes de matá-los, eles deveriam provar do próprio veneno. Deveriam sofrer e sentir o que sentiam aquelas pobres crianças. Após mais alguns detalhes, nossa obra de arte estava pronta. Lilian resolveu “tomar um ar” e eu fiquei em seu lugar. Peguei um cigarro para mim e observei todo o trabalho de Hector, que não pareceu nenhum pouco incômodo com minha presença. Eu de certa forma, diverti-me com os sons aterrorizados que aqueles coitados faziam cada vez que eram tocados e violados. E ao final, até ajudei Hector a lhes dar uma bela surra e a pendurá-los para deixá-los morrer lentamente, enquanto todo seu sangue escorria por meio dos cortes que fizemos no pescoço de cada um. Servidos, até brindamos ao cumprimento de nossa missão. Por fim, limpamos o local e Hector se encarregou dos corpos.

    – Bom, hoje teremos que ficar em um hotel. Partimos assim que anoitecer? – Disse Hector.

    – Obviamente, não temos mais nada para fazer aqui. – Respondeu Lilian – Esse lugar me deixou depressiva.

    – Vampiro lá tem depressão? – Falei rindo.

    E caímos na gargalhada. Eu e Lilian dividiríamos o mesmo quarto. Mas, pedi para encontrar-me com ela lá depois, e fui conversar com Hector.

    – Estava te esperando. – Disse ele, quando bati na porta e entrei.

    – É eu imaginei.

    – Venha cá.

    Sim, eu não me encontrei com Lilian no quarto. Hector e eu passamos o dia lá, emaranhados um no outro matando nossa sede e desejos. Quando anoiteceu, Hector demorou-se para levantar. Encontrei Lilian que ficou me enchendo de perguntas, pegamos a caminhonete e partimos. Quando Hector acordou, imaginei que deve ter apenas encontrado o meu bilhete:

    “Querido, o jato particular está lhe esperando para que possas retornar ao litoral. Eu e Lilian fomos de caminhonete, pois tenho alguns lugares para visitar. E…Isso não foi uma despedida. Beijinhos. Até mais, quem sabe…”

  • Estranhos e loucos – final

    Estranhos e loucos – final

    Enquanto me escondia próxima daquele maldito lugar, esperando Dani mandar o sinal para atacarmos, imaginei como aquelas pequenas crianças se sentiam, tentei imaginar o desespero em cada pequeno e isso me ajudou a focar no plano para terminar logo com tudo.

    – Pronta?
    – Sim e você Carlos?
    – Estou pronto… Apenas quero que acabe o sofrimento destas crianças.
    – Eu também…
    – Ao sinal sabe o que fazer… Estarei logo atrás Lili…

    Carlos retornou a floresta, sabia que iria se transformar, enquanto eu e os outros ouvimos o sinal do Daniel e então corremos até o galpão. Passados alguns segundos senti uma forte presença logo atrás de mim, sabia que Carlos estava ao nosso encalço.

    Dani logo juntou-se ao meu lado e com o sempre sorriu como se isso não passasse de uma leve rotina. Invadimos o local através das janelas, o mesmo estava com suas salas cirúrgicas em atividade e com muitos seguranças, que com a nossa chegada repentina, apontavam suas armas em nossa direção, “Quem diabos são vocês?”, o mais alto entre eles perguntou “ Isso, somos o demônio batendo a porta e chamando todos vocês, seus cretinos de volta para casa! O que acham disso?”, consegui ouvir Dani em toda sua melhor forma de ironia falar, enquanto nós nos preparávamos para a inevitável e previsível troca de tiros.

    Carlos agora fazia uma entrada triunfal pela porta da frente, esta agora destruída e com alguns corpos desmembrados enfeitando o chão como tapetes velhos. Logo ao lado do grande lobisomen Carlos, uma figura muito bem conhecida entre todos nós surgia em suas vestes tradicionais de luta e com a sua adorada katana banhada de sangue, um dos mestres da Ordem, Michael, mais uma vez mostrava do que era capaz de tecer em apenas alguns segundos. Já eu empunhei a espada como um sinal de aviso, mas isso não foi o suficiente para prolongar a espera do confronto, estes idiotas metidos a soldados entraram em uma formação de batalha barata como se fosse protegê-los do destino amistoso que havíamos traçado para quem fosse cúmplice daquela merda em conjunto e isso foi o suficiente para começar o confronto. Tiros por todo lado, pessoas gritando, crianças chorando, e Ana Li, fechando as saídas, ninguém iria sair dali aquela noite, pelo menos não sairia vivo para contar história alguma.

    Como combinado eu iria atrás dos “Chefões”, Carlos e Michael iriam atrás do local onde esta equipe doentia mantinha as crianças, enquanto Daniel, Matsuya, Misiak, Tsuko, Gabriel e Ana li destruíam os outros. Sangue, por todos os lados, consegui ver Daniel usar suas habilidades e decaptar vários homens ao lado de Matsuya e Misiak. Gabriel e Ana Li impediam que alguém tentasse sair, estraçalhando e fatiando em pedaços os que se aproximavam.

    O cheiro era ainda pior, era como estar em um banquete repleto de pratos deliciosos e não poder provar nada devido a uma significante dieta. Enquanto seguia pelos corredores em busca dos tais chefões, tive que combater alguns seguranças e algumas pessoas desavisadas que cruzavam meu caminho, eu acho que eram clientes, e eis que me bate a conclusão que, nem sempre o cliente tem razão, pelo menos os que estavam sem a cabeça na minha frente não tinham nenhuma.

    Senti uma sala repleta de variados cheiros e vozes em um tom baixo discutindo, “ Quem são esses delinquentes?”, “ Senhor creio que sejam vampiros!”, “Seu idiota, isso não existe!”, “E um lobo…”, Lobo? Está louco? Vampiros? Lobos?”, “Sim senhor, com presas, agiam como se possuíssem algum tipo demoníaco no corpo…”, ” Você por um acaso é idiota? Não existe este tipo de ser no mundo! São apenas histórias para assustar crianças! “. Agora a mulher falava, era a sócia daquele local. Histórias? Então deixarei que a história tome vida e venha assombrar muito mais que crianças. Era ali e essma era a hora de entrar em ação. Chutei a porta com força, imobilizei e acertei o coração de um segurança com minha katana, me protegi dos tiros com o corpo do mesmo, logo que a oportunidade surgiu fui até o outro e cortei-lhe o braço, depois uma das pernas, vi o homem gritar e cair no chão. Quando me dei por conta lá estavam os três donos, um homem idoso trajado com um fino terno, o outro estava no auge da vida aos trinta e poucos e uma mulher, loira, elegante e agora com medo, medo do que eu faria com ela.

    Sem pestanejar amarrei os dois homens e peguei a loira pelos cabelos, “Sabe, é uma pena lhe decepcionar e abrir teus olhos ao saber que sim, nós existimos e não, não somos histórias para assustar crianças inocentes, mas sim para destruir filhos da puta iguais a vocês!”, esta vadia de quinta seria a primeira que eu iria lidar, os outros dois daria de presente para Hector e Becky.

    A loira seria apenas o exemplo do que estaria por vir, sentei a vagabunda em uma cadeira e a amarrei, tapei os olhos dela e então cortei as vestes daquele lixo humano, deixando exposta assim como eles deixavam os pequeninos nas macas cirúrgicas. Ergui um dos braços enquanto ela chorava, dei-lhe um tapa na cara e ela chorou mais “Pode chorar biscate encarnada, coisa que você impediu para aqueles seres inocentes ali embaixo enquanto enchia a calcinha de dinheiro”, outro tapa e agora com um golpe cortei o braço, aos gritos ela pedia clemência…. Clemência? Me poupe! Peguei uma das minhas adagas e como se fosse uma médica cirurgiã consegui arrancar o nariz da loira, seguido das orelhas, enquanto os outros dois presos assistiam aterrorizados, “ Meus caros, o que faço com ela não vai ser nada comparado ao que um amigo meu fará com vocês!”.

    Logo após arrancar a língua daquela puta, que agora estava perto da morte, achei que seria hora de acabar com tudo, com um golpe rápido e preciso a cabeça da loira agora rolava pelo chão, como um pedaço de carne vazio e eu senti um leve sorriso surgir em meu rosto. Os outros dois agora em lágrimas e entre desculpas e arrependimentos tardios, me chamando de demônio, o que eu considero engraçado por que na verdade os demônios eram eles! Apenas o exemplo do que praticavam era uma amostra grátis de tendências demoníacas ou macabras, chame do que achar melhor.

    Senti que Daniel e Matsuya agora estavam ali comigo, informando que estava tudo acabado, as crianças estavam bem e seriam encaminhadas para os hospitais ali da região. Para meu alivio e de todos, conseguimos salvar cerca de doze pequenos, que agora seriam levados de volta aos seus devidos lugares. Já os que não tiveram a mesma sorte, creio que de alguma forma conseguimos vinga-los trazendo um certo tipo de paz ou luz no fim do túnel.

    Todos os seguranças, clientes e equipes médicas que participavam das atrocidades, agora mortos seriam queimados como sinal de conquista da Ordem, algo clichê que mas que ainda existe como forma de vingança ou alerta aos inimigos.

    – Conseguimos querida.
    – Dani, sem vocês aqui nada disso seria possível… Eu e o Carlos estamos imensamente agradecidos.
    – Eu sei que sim grandona. Podemos ir para casa?
    – Você poder ir na frente, tenho que levar aqueles outros dois em um lugar especial…
    – Como queria Lili, eu te vejo em casa.

    Ao me despedir de Daniel, fui até o Carlos em sua forma bestial, este acenou com a cabeça, eu sabia que ele falava obrigada e de alguma forma iriamos nos ver de novo.

    – Obrigada também Carlos, foi um prazer lhe conhecer, adorei a oportunidade. Até logo.
    Entrei então na caminhonete que Michael havia me deixado e acenei para os outros, sei que nôs veríamos em breve e que despedidas naquele momento não eram necessárias. Segui então o rumo até o local onde me encontraria com Becky e Hector, passadas algumas horas e próxima do local resolvi mandar uma mensagem avisando a minha chegada, ‘ Becky estou chegando’, ‘ Ok Lili estamos prontos. Vai amanhecer, gostaria de passar a noite aqui?’, ‘Claro, não perderia a chance de assistir o que farão com estes cretinos!’.

    Ao chegar me deparei com Becky na porta e uma figura masculina que sem dúvidas era Hector.

    – O que temos aqui querida Lilian?
    – Os presentes que lhe prometi Hector.

    Abri a porta da caminhonete e lá estavam os dois sujeitos, amarrados e com os olhos inchados, mal sabem eles o que estava por vir.

    – Muito obrigado minha cara! Alias, será um prazer ter você de telespectadora, seja muito bem vinda!

  • Sangue frio – Pt5

    Sangue frio – Pt5

    Conteúdo impróprio para menores de 16 anos: Sexo, drogas e rock ‘n roll

    Deixei meu corpo gélido e pálido relaxar na água quente daquela banheira com sais e aromas. Fechei os olhos que queimavam como fogo e refleti por alguns instantes. De onde eu estava, conseguia ouvi-lo caminhando vagarosamente de um lado a outro no andar de baixo, enquanto balançava o gelo em seu copo com whisky.  Em certo momento, ouvi que subia as escadas. Tão logo estava escorado na porta do banheiro, me olhando. As lembranças do que haviam acontecido horas atrás perturbavam minha mente e eu não podia evitar a sensação que despertavam em mim. Tentei disfarçar. Juro.

    – O que foi? – Questionei logo que senti sua presença.

    – Não consigo ficar lá embaixo, sabendo que tu estás aqui nessas condições… E além disso, me surpreendeu muito essa noite.

    – É mesmo? Que bom… E, quanto ao “nessas condições” podemos resolver o seu problema, também estou precisando me divertir um pouco. – Falei sarcástica…

    Algumas horas atrás…

    Por incrível que pareça, eu gostava do jeito de Hector e sabia que aprenderia muito com ele. Naquela noite chuvosa, saímos com o carro. Era hora de agirmos, pois nossa vítima já estava capturada. Era hora da diversão! Ao chegarmos ao local que havíamos preparado, não pude deixar de notar que parecia mais úmido e sombrio. O ambiente estava carregado com uma energia maligna, porém, tentadora que, instigava meu demônio. Entramos e só o som da porta pareceu assustar aquele ser esguio e apavorado. Hector fez a frente, cheio de atitude, rindo daqueles olhos arregalados que nos observavam. Como ele ficava sexy daquele jeito. Eu entrei imponente, controlando minha raiva daquele ser. Hector sentou em uma mesa que havia logo a frente de onde nosso brinquedinho estava amarrado. Acompanhando- o sentei na cadeira, e posicionei minhas pernas em cima da mesa com os pés nas pernas de Hector. Ficamos ali por alguns instantes encarando aquele verme, deixando-o mais apavorado ainda com nossas expressões.

    – O que querem de mim!! – Grita agitado.

    – Não adianta gritar. Não somos surdos e ninguém em um raio de 20 km irá ouvi-lo aqui. – Fala Hector erguendo a sobrancelha, irônico.

    Levanto-me. Vou até o Mini System. Coloco um pen drive. Deixo a música tocar. Pego algumas folhas com as fotos que confiscamos do computador daquele imundo e as espalho ao seu redor em inúmeras cópias. Hector que observava curioso e ao mesmo tempo divertindo-se, disse:

    – Rebecca, por que não mostra do que é capaz? Quero ver suas habilidades! Já que estamos aprendendo tanto um com o outro, não é mesmo? Vamos! Fique a vontade, ele é todo seu. Satisfar-me-ei, por ora, observando-a. Além disso, ele já me parece recuperado da surra que lhe dei mais cedo. – Fala cruzando os braços.

    Concordando puxei a cadeira mais para perto.  Caminhei ao redor daquele ser, sentindo sua aura espiritual e em seguida, sentei-me bem a sua frente, deixando Hector ver tudo. Precisei controlar-me para não arrancar sua cabeça. Encarei-o.

    – Olhe para mim Filho da Puta! Agora! – Sim, eu falo palavrão quando estou com raiva.

    Confesso que minhas habilidades ainda são primárias, mas eu tenho potencial, sei bem disso. E no momento em que minha mente começou agir sobre a dele, pude ver o quanto meu dom de manipulação já era forte. Em minhas mãos, vesti uma espécie de próteses de garras afiadíssimas banhadas em ouro. Era um instrumento de tortura que eu havia adorado.  Cravei- as no rosto daquele infeliz e deixei-o em meio a algumas alucinações. Em sua mente, criancinhas meigas se tornavam seus piores demônios, ao mesmo tempo em que o fazia sentir como se seu corpo ardesse em chamas. Seus olhos reviravam expelindo gritos de dor e desespero. Minha mente o feria fazendo cada nervo retorcer e sua pele suar frio, até que feri com as próteses os seus genitais, fazendo o urinar e defecar ali mesmo, envolto ao sangue dos cortes calculadamente bem feitos. Mas, eu ainda queria mais. Lambendo os dedos, lhe dei sangue suficiente para se recuperar, até suas vertigens passarem. Olhei para Hector, que imaginou minhas intenções. Caminhei até ele que no momento parecia triunfante e excitado com a cena que acabava de presenciar. Continuava sentado na mesa, de maneira despojada. Puxei-o pela camisa brincando. Hector envolve as mãos em minha cintura, nos beijamos e então, começamos a rir.

    – Hey você! Olhe para cá. – Provoca Hector.

    Aquele pedaço de lixo ergue a cabeça lentamente, em meio às dores.

    – Você sabe o que é fuder uma mulher de verdade? Aliás, você sabe o que É FUDER de verdade?

    O obrigamos a nos ver jogados em cima daquela mesa. E confesso que foi uma experiência satisfatória. Hector violentamente rasgou meu vestido. Eu arranquei suas roupas e envolto a beijos e mordidas, bebíamos o sangue um do outro. Colocou-me sentada na ponta da mesa, e em pé de frente para mim, fez-me tocar seu sexo, movimentando- o em um vai e vem frenético, enquanto mordia a ponta dos meus seios, fazendo- me arrepiar. Nós nos divertíamos com a frustração e expressão de “Argh, pelo amor de deus” daquele pobre coitado. Senti a penetração de Hector com uma intensidade extraordinária, enquanto nos embalávamos no ritmo das músicas que tocavam. Estávamos em êxtase, fazendo as posições mais mirabolantes possíveis. Mas, infelizmente, nossa plateia estava aos trapos e seu corpo parecia morto. Decidimos que era hora de fazê-lo acordar. Acompanhando as instruções de Hector, o vampirata mais sádico e gostoso que já conheci, utilizamos bisturis, açoites e correntes para darmos uma bela surra naquele infeliz, arrancando e espalhando pedaços de sua carne por todo o chão, enquanto bebíamos seu sangue podre. Até que seu corpo entregou-se de vez.

    – Sim, isso é o que merece um verme pedófilo como esse. – Hector cuspe no rosto já morto daquele ser enquanto fala.

    Arrumamos nossas coisas, limpamos o local e fomos embora. No caminho, refleti que pensava ser sádica, mas não tanto assim. Eu havia descoberto outro ser dentro de mim. Outra Rebecca. Tão ruim quanto aquele pirata, ou seria sua influência?

    Conclui que, sim, eu aprendi muito com ele, e sim, definitivamente éramos uma bela dupla.