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  • Uma amizade improvável – Parte final

    Uma amizade improvável – Parte final

    Lembrei porque eu não sou fã de Londres, porque os bares (pubs) fecham as portas até a meia noite e todos ficam igual siri na lata dentro do pub… Agora imagina isso para um vampiro como deve ser bacana, imaginou?! Então a merda é que eu estava sozinha seguindo o rastro da minha atual, ex, mais ou menos companheira, sei lá cara, nem sei que nome se da um relacionamento distorcido assim, será que é “Disturb Relationship”, “What Fuck Relationship”, “Go fuck yourself Relationship”! Muitos nomes, mas mesmo assim eu não conseguia chegar a conclusão de nenhum, para a minha alegria!!!! –”

    Enfim eu sabia onde Kate estava, ela era um ser de hábitos e achar a vampira fugitiva não seria um grande mistério. Porém antes de tudo, eu quis verificar algumas coisas, achei que o mais sábio seria achar um lugar para ficar e apenas no dia seguinte ir atrás de Kate.

    Como todos bem sabem, Daniel possuía alguns bons contatos na Inglaterra e me deu de um peculiar amigo dele para minha estádia, era um local de shows de um antigo amigo dele, um pouco afastado mas agradável, após sair do pub me dirigi até o local, era uma casa antiga e bem conservada.

    Ao entrar fui recebida pelo o que parecia o mordomo do local, ele me guiou até o dono da casa de show, Lord Sunigan -Daniel não descreveu você com clareza minha cara, não fez jus a ti!- Lord parecia um cara que saiu de um livro clichê de época escrito por uma autora que tem 80 gatos e mora em um porão. O cara era vampiro, fato! Cheio de trejeitos, trajado de smoking e com uma bengala na mão! A porra de uma bengala na mão! Que vampiro usa bengala? Me diz! Vampiro com problema na coluna? É cada coisa que me aparece, tio Lú ta tirando com a minha cara!

    Mas tudo bem, cada louco com a sua loucura! Afinal quem sou eu pra falar algo não? Pois bem seguindo o foco da história, depois de ser recepcionada por Lord, o mesmo me levou até o Bar e me deixou por la enquanto foi separar um quarto para mim.

    Fiquei ali observando o show, até que uma voz conhecida e antiga me chamou, roubando a minha atenção -Lilian King, cria de Trevor e capitã de uma das separações da Ordem! Que honra poder te ver por estes lados, finalmente saiu das medicações rednecks… – Ane Marie, uma bruxa muito conhecida minha e do Daniel, mais do Daniel… =x

    -Ane, quanto tempo! Mas devo dizer que não estou surpresa por te ver aqui! Afinal sei que ama a Europa e ainda mais os bares burlescos como este!- Ane além de bruxa era ninfomaníaca assumida e bom, tarada por natureza, apesar de se conter em lugares públicos, era uma louca assumida em quatro paredes. Seus longos cabelos castanhos claro e os olhos azuis sempre atraiam olhares maliciosos, alem do belo decote -Daniel me avisou que viria… Confesso que fiquei feliz, ainda mais ao saber que não está mais com Trevor… – Mais uma pérola dela que não me surpreendia, o fato de estar bem próxima de mim brincado com os botões da minha camisa jeans me agradavam, não vou mentir – Sim eu vim a procura de alguém…- Ane fica engraçadíssima com cara de brava, ainda mais quando não consegue o que quer – Ane pare com isso, sabe que não tenho problemas ao me dividir entre vocês! Não estou totalmente comprometida, lembra? E a minha atual é um tanto difícil e some com facilidade – Cara eu não presto, sou podre pronto, adoro uma novidade…. E vamos ser francos, Kate sumiu e eu posso fazer o que bem entendo!  =X

    Enquanto trocava algumas palavras com Ane recebi uma mensagem de Daniel onde ele apenas falou, “Surpresa!!!!!!! Espero que aproveite enquanto está solteira!!!!! Love U baby Sis!” Eu ja falei como amo meu irmão? – Daniel te mandou aqui? – perguntei provocando a bruxa – Não, ele avisou que viria e ele sabe que no fundo eu adoraria manter o papo entre amigas…- papo entre amigas? Uhum sei é sinceramente eu não me importo de manter o papo em dia, afinal eu mereço pelo menos um tempo de folga e alegria! Ainda iria atrás de Kate, mas por hora se fecha essa história e logo se iniciará uma no qual participei de uma  das maiores crises do meu clã desde que me tornei vampira!…

    Ps: Presente não se recusa não é mesmo?

    😉

  • A princesa bruxa Morgana

    A princesa bruxa Morgana

    Há muitos anos atrás havia um rei chamado Uther Pendragon, um humano cheio de força de vontade, moderadamente esperto e um pouco mais limpo que a maioria. Inclusive seu lema era: “Corpo limpo, alma limpa.” e baseado neste contexto ele criou, junto de sua esposa Vivienne, seis filhos e filhas. No qual um deles se chamava Arthur, um carinha que se tornou muito famoso na história

    A família real possuía muita rivalidade com uma comunidade hippie, que morava perto cujo lider se chamava Merlim, outro cara que ficou bem conhecido na história. Então conta a lenda que todos os filhos e filhas do rei eram as pessoas mais bonitas do reino, o que eu acho discutível, mas convenhamos isso não é muito relvante a história. O problema é que o Rei queria muito ter um último filho. Um varão, um homem que pudesse herdar tudo o que ele construiu, um macho, uma garanhão, que fosse mais propenso ao sucesso. Haja vista que todos os seus outros filho não apresentavam vontade para o negócio da família. Na verdade ele queria jogar para cima do filho todos os seus anseios e vontade reprimidas, mas isso também não é muito relevante para a história.

    Acontece que por algumas vezes ele e sua esposa tentaram, tentaram e mais algumas vezes tentaram (eles gostavam de tentar) e sua esposa parecia não vingar o bebe. Até que numa bela manhã, no início do verão ela comentou no desjejum: “Acho que desta vez vai render mo”. E lá estava o rei feliz da vida, mandou matar alguns carneiros, uns bois, uns marrecos e deu uma mega festa. Tanto que o povo dizia: “Se a festa já foi boa agora, imagina quando nascer”. Há ainda quem diga ainda que aquela época foi a mais harmoniosa e feliz que aquele reino já teve.

    Ao longo da gravidez a rainha passou por muitas dificuldades. Foram vários sangramentos, febre, diversos momentos onde as dores foram quase insuportáveis e inclusive me parece que alguns vampiros rondavam aquela região, mas ok novamente isso não é muito relevante para a história. Todavia algumas curandeiras foram chamadas, e ao invés de receitarem um paracetamol, que não obviamente não existia naquela época, lhe prestaram algumas compressas e pequenos rituais.

    Inclusive Merlim, que até então apenas um hippie maconheiro, foi chamado. Dizem que ele apareceu vestido com um chapéu muito loko, suas roupas pareciam um vestido de freira sujo e se não bastasse tudo isso, ele só conseguia parar em pé por causa de seu cajado. Vendo aquele infeliz de olhos vermelhos, o rei foi direto ao assunto:

    – Escuta aqui meu velho, dizem que tu manja dos paranauê e minha senhora tá comprometida, saca? Rola de fazer algum barato pra ela se restabelecer?

    O velho hippie deu uma balançada, parecia que ia cair, piscou algumas vezes e respondeu com toda sua sabedoria:

    – Podecre!

    Então depois de uns dias Merlin deu jeito nas dores da dona Vivienne. Ninguém sabe qual foi o procedimento, mas dizem que os olhos da rainha perderam o branco, dando lugar a um avermelhado singular e sua fome era igual a dos homens. Inclusive anos mais tarde ela engordou feito uma porca e Uther a deixou de lado por causa de algumas lideres de torcida, que frequentemente ia a seu reino para prestigiar os jogos dos cavaleiros.  Na boa desculpa ai, isso não é nada muito relevante para a história da Morgana.

    Por falar no bebê, era uma tarde de inverno, a neve cobria todos os cantos de todos lugares abertos e não havia televisão para se distrair naquele lugar, muitos menos um edredom ou pipoca. Então a ansiedade era geral. Em função disso o parto da rainha era comentado por todos os lugares e se não fosse uma repentina tempestade, haveria uma multidão passando frio, fome e morrendo na expectativa do nascimento.

    – Cara como anda a minha senhora, to aflito, só ouço grito, gemidos e inclusive umas tolhas com sangue passaram por nós aqui agora a pouco… Anda fala ela e meu filho estão bem, ne?

    Apesar da pressão, da muitas perguntas e de todo aquele drama pré natal, Merlim fitou os olhos por alguns segundos. respirou e disse, colocando a mão sobre o ombro do rei:

    – Podecre, suave!

    Obviamente o rei ficou puto, pensou até em mandar cortar a cabeça do velho hippie e se não fosse um leve e surpreendente choro de bebê ao longe, ele teria dançado naquele instante.

    Uther correu e tão rápido quanto sua reação foi o seu entristecimento. Afinal lá estava uma linda menininha, de olhos grandes e cabelos preto fartos. “Tô fudido” disse ele em claro e bom tom. “O que vai ser de nós agora nas mãos daqueles moleques?”. Seu descontentamento com a pequena foi tanto, que ninguém percebeu um pequeno detalhe. Morgana era a sétima filha e como tal estaria fadada a bruxaria. Este sim é um fato muito relevante para a história.

    Dizem que no mesmo instante do nascimento o céu ficou negro. Milhares de raios foram visto por todo o reino e por 7 horas choveu. Caiu água o suficiente para levar embora a neve, transformando alguns lugares em pântanos inóspitos e outros foram devastados por completo. Inclusive foi nesse período que Morgause, filha mais velha de Uther, acolheu sua recém nascida irmã Morgana.

    O resto da história é bem conhecida. Arthur deixou de lado a putaria e se tornou um rei bem-visto e popular. Merlim, também deixou de lado o seu grupo de hippies sujos e passou a aconselhar espiritualmente Arthur. Morgause se tornou uma mãe para a pequena Morgana, que cresceu linda e gostosa, mas foi treinada pelo lado negro da força, vindo a se tornar uma das bruxas mais conhecidas da história.

  • Uma nova jornada: Parte Final – Presentes e Despedidas

    Uma nova jornada: Parte Final – Presentes e Despedidas

    -Está pronta, Becky?

    – Calma, falta só o batom!!!

    – Que demora em se arrumar!

    – Não faça cara feia, Loren… – Falei saindo do banheiro – Pronto, chato! Vamos?

    Antoni insistiu em fazer uma festa de despedida para nós. E confesso que estava ansiosa para voltar para minhas rotinas agitadas, sair do silêncio dos campos e voltar ao calor e agito urbano. Naquele mês, pude aproveitar muito minha estadia no clã, na qual fiz algumas amizades, adquiri aprendizados e me redescobri. Mas enfim, quando entramos no salão, todos nos receberam com entusiasmo. Foram algumas horas de boas músicas, conversas, risadas. Ao fim da festa eu e Lorenzo nos despedimos e nos recolhemos. Estava amanhecendo. Tudo já estava organizado para nossa partida, assim que anoitecesse novamente…

    – Lúcia, muito obrigada por cuidar de nós esse tempo que estivemos aqui. – Agradeci enquanto colocávamos as malas no carro.

    -Imagine minha querida, menina! – Disse aquela senhora de olhos brilhantes e meigos.

    Abracei Sophie que prometia me visitar em breve. Abracei Antoni que me puxando de canto disse-me reservadamente:

    – Espero que volte em breve. Quem sabe, para ficar…

    -Já conversamos sobre isso. – Respondi. – Quem sabe…

    – Tudo bem. Tudo há seu tempo! Tenho grande apreço por você e quero ajudá-la com Lorenzo. Hey! Quero lhe dar uma coisa que consegui um tempo atrás…Estava guardando para o momento certo.

    Era um pequeno envelope. Aceitei com gratidão sem noção do que se tratava. Tratei de abri-lo logo. Era algo que me pegou completamente de surpresa. Havia um retrato muito antigo e uma carta. Um pedaço totalmente desconhecido de minhas origens. Como ela era parecida comigo!

    – Que é ela, Antoni? – Perguntei curiosa.

    – É sua mãe, Becky. Sua mãe verdadeira. E a carta, é dela para alguém que não conseguimos identificar, me pareceu sem sentido. Leia quando tiver tempo, pode ser que descubra alguma coisa. Eu consegui isso com um amigo que me ajudava quando procurava por meu irmão e descobri o envolvimento dele com você. Foi uma das poucas informações que consegui sobre seu passado e de onde você veio. Mas, isso é mais importante para você do que para mim…

    Olhei por longos minutos para aquela imagem. Minha….Mãe… Abracei Antoni novamente sem saber o que dizer, podendo apenas agradecer e sabendo que a partir daquilo poderia encontrar mais pistas sobre minha família.

    – Obrigada! Não sei o que dizer… Enfim, vamos manter contato. Considero-lhes grandes amigos! E se eu descobrir algo, ficarei feliz em dividir a notícia com você.

    Ele sorriu. Um sorriso sincero. Fomos embora sabendo que teríamos uma longa viagem pela frente e logo minha rotina voltaria ao normal novamente. Já no avião, pensava no futuro e logo na transformação de Lorenzo, ele ainda tinha muito a aprender antes disso. Dormia abraçado a mim, eu olhava as estrelas e olhava o retrato daquela jovem tão parecida comigo. Que caminhos a levaram? Quais caminhos me levariam? Isso só o tempo poderia nos dizer. Em mim eu levava a certeza que no momento certo, todos nos veríamos outra vez. No entanto, aquele era o fim de mais uma de minhas jornadas…

  • Uma amizade improvável – Penúltima parte.

    Uma amizade improvável – Penúltima parte.

    Sabe o que é a pior coisa do mundo? É você não ter ação sobre todas as coisas a sua volta! Eu me perdi no meu duelo com Alex e esqueci que ali em volta estava rolando o caos terrestre. Em tempos como este a nossa única ação é a instintiva, sabe aquela que você usa quando precisa de algo ou conseguir alcançar aquele objetivo tão almejado, era aquilo que eu sentia e era aquilo que eu buscava.

    Lutar com a espada definitivamente não era um desafio para mim, muito menos contra um inimigo como o Alex. Meu real desafio era assimilar tudo aquilo, enquanto eu lutava com ele e desviava de suas investidas, me lembrei que um golpe e pronto era meu fim e isso acarretaria algumas coisas na minha roda de vida, no meu clã.

    Quando tive a chance pulei o mais alto possível, não previ e não me ative a uma estatística certeira, apenas pulei e voltei ao chão como uma flecha, minha espada em mãos e foi dai que consegui acertar Alex, não lhe arranquei a cabeça, não lhe acertei o peito, apenas lhe arranquei o braço esquerdo e ele por si caiu no chão, aos gritos e foi dai que tudo parou, o clã dele não nos atacava mais, foram socorrer seu mestre enquanto eu era puxada por Steven ainda em sua forma bestial de lobisomem.

    Nosso pequeno atrito havia começado ali, mas terminar, seriam outros 500, por hora era assistir Alex ser levado por seus companheiros de clã e ouvir seus gritos de dor e vingança ecoarem noite a fora. Já eu senti que era hora de ir para casa, assim como todos os outros, me despedi de Joshua e agradeci a sua ajuda -Lili sempre que precisar! E caso queira se divertir, nosso bar e clã estarão sempre abertos para você!- dei um abraço e vi enquanto partiam dali com suas várias motos e o ronco forte que elas faziam em conjunto.

    Segui caminho junto dos meus queridos seres sobrenaturais, Daniel, Trevor e Steven, todos indo comigo até em casa após Steven liberar seus companheiros. Quando pisei no lugar vi que Kate não estava ali, não pareci surpresa, talvez ela tivesse medo e tenha fugido, não era novidade, era algo típico, sumir quando eu mais preciso.

    Deitei na cama após me despedir de Trevor e Daniel, estes voltariam para suas casas e algum dia em breve, nos veríamos de novo. Steven deitou ao meu lado e me abraçou, ele sabia que eu não estava bem, mas não se atreveu a falar, apenas ficou quieto e abraçado comigo. A noite passou e o Sol veio e ele teve que ir, precisava trabalhar e ver a sua casa, disse que voltaria e eu sei que voltaria.

    Olhar aquele lugar e tentar entender tudo o que havia se passado era difícil, eu protegi alguém que simplesmente sumiu enquanto eu estava lá fora brigando por ela também. De uma coisa eu tenho certeza, eu tenho um dedo muito podre pra escolher meus companheiros de relacionamento, talvez seja o carma da minha vida, não vida, vida de merda, como queira chamar.

    Sair a procura de sangue não iria me ajudar, sair a procura de putaria não iria me ajudar e sair a toa não iria me ajudar, talvez ficar em casa fosse o melhor remédio. Eu queria entender como uma pessoa que chega tão repentinamente pode acabar tão fácil com a gente? Ainda mais se ela bate no teu peito! Kate conseguiu, me fez de trouxa, roubou meu coração (que merda clichê) e foi embora como se eu tivesse lhe feito um favor e nada mais.

    Andei pela casa e fui até meu armário trocar de roupa, quem sabe tomar um banho, quando abro o armário me deparo com um bilhete, clássico de despedida:

    Lili por vezes tentei dizer a mim mesma para não abandonar você! Mas ficar com você apenas lhe traira problemas e perigos constantes! Você não merece isso… Sabe eu não queria ir embora, eu não queria ficar longe de você! Partir e não olhar para trás é difícil, você me deixou sem chão no momento que te vi! Sei que foi egoísmo meu pedir que fosse a luta por mim e está sendo egoísmo maior lhe deixar! Mas não eu não posso ficar, eu sei que você vai voltar bem, por é isso melhor ir embora e deixar você longe do perigo! Assim ele não virá atrás de você!

    Espero um dia te rever, pelo menos pra te abraçar novamente.

    Com carinho K.

    Kate, Kate, você me trazer problemas? Está sendo um tanto egocêntrica achando que tudo gira  torno de você! O buraco é muito mais baixo e ficou mais ainda agora que eu deixei o mestre deles maneta! Enfim oque eu vou fazer a não ser analisar esse bilhete tirado de uma passagem aérea velha minha…. Pera, passagem, quem escreve em um bagulho desse? Não pera, calma aí, vamos rever tudo, Kate não é daqui, e me falou por várias vezes como gosta de Londres… Ta na hora de fazer algo diferente quem sabe mudar minha rotina?! E quem sabe ela pare de jogar MMORPG, porque esse lance de deixar dicas é muito coisa de quem joga MMO online e vive nas quests do computador, no nosso caso era quest da vida! Ps: os bons nerds, geeks e afins entenderam! 😉

  • O mistério do lobisomem – pt2

    O mistério do lobisomem – pt2

    Claire dormiu praticamente o dia todo e ao contrário dela eu resolvi usar o tempo para terminar de arrumar minhas coisas e fazer alguns contatos. Liguei para meus amigos magistas da casa de Kieran e comuniquei que estava na região. Falei também com o vampiro líder da região, que é um velho conhecido e aliado e ainda avisei a Pepe que estava tudo bem.

    Horas mais tarde e já pela 16h ou 17h daquela tarde ela acordou.

    – Que poder tu usou em mim? Eu dormi feito uma pedra, fazia dias que eu não dormia assim…

    – Pelo visto o sono te fez bem, está até mais animada? Se quiser tem algumas frutas frescas na cozinha, algo de boas-vindas de quem me alugou aqui.

    – Obrigada Fê, mas não costumo comer frutas.

    – Sei da tua “dieta lupina”, mas quem sabe um pouco de vitaminas dê um pouco de cor a tua palidez? Aliás, pesquisei um dos agentes duplos e meus contatos passaram uma possível lugar que ele frequenta.

    – Por que estamos enrolando aqui então, vamos atrás dele agora…

    – Calma, ainda é dia, esqueceu que só posso sai à noite?

    – Eu vou dar uma olhada e te falo depois então…

    – Hey tô aqui pra te ajudar lembra?

    – Mas…

    – Mas, nada… Aguenta ai que vou te passar meu plano e tu me diz o que acha do procedimento.

    Ela fez cara de poucos amigos, mas depois de lhe contar o que havia planejado e dela ter colocado diversos poréns, porquês e contrapontos. Chegamos há um meio termo ao mesmo tempo em que o sol havia partido.

    Fomos no carro dela, por sorte era verão e aquela noite longa ia ser muito bem aproveitada. Não trocamos muitas palavras e ela fazia seu carrinho praticamente voar naquelas vielas à beira-mar. Em alguns momentos precisei me agarrar ao “puta merda” para não virar “omelete de vampiro”, mas não reclamei e chegamos rápido ao lugar. Rua pouco movimentada a beira de um penhasco, poucas casas residenciais ao redor e lá estava a padaria.

    Lugar pitoresco, que servia apenas como chamariz para turistas e para ocultar uma passagem secreta, que dava num subsolo movimentado. Entramos sem dificuldades haja vista as dicas de meus contatos e lá estava um ponto de encontro de hipsters, ricaços e bon vivants. Além é claro de alguns sujeitos parecidos com o perfil “agente secreto” no qual estávamos investigando.

    Circulei com Claire pelo lugar em seus diversos cômodos e eis que num piscar de olhos ela sumiu do meu campo de visão. Procurei por alguns instantes e logo à avistei ao lado de um velho, bem vestido, mas com cara de poucos amigos. Fui calmamente ao encontro deles, obviamente para não fazer “estardalhaço”, quando ela simplesmente empurrou o cara contra a parede e iniciou um intenso ataque histérico.

    – Quem tu pensa que é? – Xingou o velho em alto, bom tom e com sotaque britânico carregadíssimo.

    – Cala boca seu velho seu babão – Retrucou a bela, mas espalhafatosa lupina.

    Meu instinto protetor teve vontade de meter a mão naquele escroto, mas me segurei diante suas blasfêmias e segui  na direção de ambos. A essa altura o lugar inteiro observava a briga, alguns já se retiravam para outros cômodos e finalmente eu cheguei ao lado deles. Coloquei a mão no ombro de Claire apertei um pouco e falei quase sussurrando:

    – Calma garota, está chamando muita atenção…

    Inicialmente ela me ignorou, mas quando apertei mais forte seu ombro ela entendeu o recado e soltou o velhote. O problema é que o cara saiu correndo, um pouco mais rápido que o normal para um humano e lá fomos nós atrás dele. Passamos por diversas salas, escadas, algumas pessoas caíram. Até que enfim chegamos ao que parecia ser uma outra saída do lugar e próxima do mar. Onde finalmente o seguramos.

    – Puta que pariu! – Falei alto. Alguns me olharam e quem precisava fez cara de desentendido. – Ahh venha, precisamos conversar depois desse pequeno desentendimento inicial – Continuei, puto e arrastando o velhote para for a do recinto.

    Havíamos saído do lugar pelo lado de baixo e ao que parecia naquela noite escura estávamos numa praia, onde não havia areia mas sim uma espécie de pedras tipo brita muito pequenas.

    No meio do caminho o fujão havia resmungado algumas palavras e Claire aproveitou para interrogá-lo antes que algum segurança ou curioso aparecesse:

    – Anda fala logo o que tu sabe!

    – Cala boca sua puta!

    E antes mesmo de eu esboçar qualquer reação, Claire o pegou pelos cabelos e continuou:

    – Fala logo onde tá o meu pai, já arrinquei cabeças por menos e hoje estou com fome…

    – Ca-ca-calma, me-me solta!!!

    Mas ela não se comoveu com a gagueira aparente do velho, deu-lhe um belo de um soco de esquerda, largou-o e ainda complementou com dois chutes fortes e precisos.

    – Por favor para… – Tomou folego, tossiu um pouco de sangue e continuou. – Já basta ficar velho, apanhar de uma mulher é mais do que humilhação! Eu vou falar o que sei…

    Estava maravilhado vendo Claire agir como se fosse eu mesmo quando estou com raiva. Como eu já declarei algumas vezes aqui gosto de fêmeas ariscas… Mas voltando àquela momento:

    – Teu pai tá metido em algo grande, algo que envolve genética e cyborgs. Somente os mais antigos da Mão Vermelha, como ele tem acesso.

    – Tá isso eu já sabia… Anda fala quem tá com ele!!!

    – Ele tá com…

    Antes que ele pudesse terminar a frase ele começou a tremer no que parecia ser um choque fortíssimo. Ao mesmo tempo que vimos ao longe alguém perto da entrada do lugar e que desapareceu tão rápido quanto o percebemos.

    – Calma não encosta nele, deixa isso pra quem já morreu. – Comentei ironicamente. – Acho que alguém apagou ele, tô sentindo uma energia punk no corpo dele.

    Mexi em suas roupas, peguei sua carteira e um molho de chaves. O celular estava soltando fumaça então simplesmente larguei sobre seu corpo inerte.

    – Olha aqui na carteira dele, tem um endereço no caso de perda, quer tentar?

    – Vamos!

  • Uma nova jornada – Parte XI: o treinamento de Lorenzo

    Uma nova jornada – Parte XI: o treinamento de Lorenzo

    -Eu estava sentindo muito a sua falta!

    Olhei-o com atenção. Estava enrolado sobre mim, cheirando meu cabelo.

    – Eu também senti a sua falta. – Falei olhando o nada. – Mas, acho que conseguimos matar um pouco a saudade…

    Levantamos. Arrumamos a bagunça que fizemos no quarto. Após um banho, estávamos prontos. Eu acompanharia o último treinamento de Lorenzo e estava ansiosa para verificar o que ele havia aprendido e o quanto havia evoluído. Ao sairmos, encontramos Sophie no caminho.

    – Eu estava indo buscar vocês. Então, hoje irá mostrar o que aprendeu à sua futura mestra?

    Lorenzo olhou-me esperançoso. Disfarçando tratei de dar uma de desentendida.

    – Vamos logo? Estou ansiosa, deixemos os assuntos burocráticos para outro momento Sophie.

    A noite seria longa e eu esperava poder aproveitar para ver o máximo que pudesse, esperando ser surpreendida.  Lorenzo mostrou habilidades em várias modalidades de luta corporal, certamente por isso estava mais forte do que a última vez que o vi. No entanto, em poucos dias o corpo de Lorenzo sofreu mudanças consideráveis, porém nada extremamente absurdo, pois ele já tinha uma boa massa corporal. Ao que tudo indica, mesmo que fosse apenas um Ghoul, permaneceria desenvolvendo e aperfeiçoando habilidades, tais como para correr, escalar, dar grandes saltos e outros.

    Com Sophie ele aprendeu o básico de inglês e alemão, o que com certeza lhe seria muito útil, mas que ele melhoraria comigo ao longo do tempo, e com certeza, aprenderia outros idiomas também. Aprendeu também alguns poucos feitiços, coisa básica que até alguns humanos conseguiriam fazer. Ainda era muito cedo para dizer quais dons e poderes Lorenzo desenvolveria além das habilidades normais, caso eu o transformasse em vampiro.  Cada treino havia sido breve e superficial devido ao tempo disponível, tanto por nós, quanto por alguns professores. Mas, quando o final da noite se aproximava, senti certo orgulho pelo esforço e empenho dele em me dar o seu melhor.

    Uma das últimas habilidades que mostrou ter aprendido eram com algumas armas de fogo. E nisso ele era realmente bom. Tinha uma percepção de distâncias e precisão incrível para acertar os alvos.

    -Becky, venha cá. Quer atirar? Quero que acerte naquele alvo. Está vendo aquele ponto minúsculo em vermelho? – Desafiou-me Lorenzo.

    – Humm vamos ver! – Respondi , indo em sua direção.- Por que não me ajuda?- Provoquei.

    Sophie observava divertindo-se, dei uma piscada para ela. Engatilhei a espingarda Calibre 12. Lorenzo encostou o corpo em minhas costas “ajudando” a me posicionar e a “segurar” a espingarda de maneira adequada, como se eu não soubesse… Senti seu cheiro e o calor de seu corpo. Pude ouvir sua respiração. Observei o alvo na mira. Lorenzo afastou o corpo. “Ahh, fica mais um pouco babe…”

    – Prontos? – Perguntei.

    O tiro preciso acertou o alvo em cheio. Respirei fundo distribuindo meu orgulho.

    – Tente novamente naquele lá. – Continuou.

    -Olha que vou acabar humilhando você… – Respondi.

    Lorenzo veio mais perto novamente. A espingarda não dava muito impulso, mas deixei o braço mais solto. Engatilhei, observei o alvo na mira e… Buum! Acertei novamente, claro.

    – Becky!!! Meu nariz. – Disse Lorenzo, com as mãos no rosto logo atrás de mim.

    Virei para trás já achando graça. Acertei uma cotovelada proposital em cheio em Lorenzo. Sophie caiu na gargalhada e Lorenzo meio rindo, meio reclamando resolveu acabar com os desafios.

  • Uma nova jornada – Parte X: todo sentimento é uma forma de amor?

    Uma nova jornada – Parte X: todo sentimento é uma forma de amor?

    “Pretendo descobrir

    No último momento

    Um tempo que refaz o que desfez

    Que recolhe todo sentimento

    E bota no corpo uma outra vez (…)

    (…)Prefiro, então, partir

    A tempo de poder

    A gente se desvencilhar da gente”

    “Rebecca”, “Lorenzo”, “Ah Ahmmmm…”

    Acordei devagar após um sonho bom.  Estiquei cada osso enrijecido ouvindo-os estralar. Passei as mãos do outro lado da cama e… Ninguém.

    – Olá. Descansou? Beba um pouco, mas vá devagar. – Disse Antoni quando cheguei à pequena cozinha da cabana.

    Assenti. Ah sim, a fome. Eu estava sem me alimentar há o que? Dez dias? Seria possivel? Tomei um copo de sangue com calma, degustando seu sabor e sentindo que até então tudo estava sobre controle. Após alguns minutos, senti algo queimar por dentro e uma forte náusea me atingiu.

    – Isso é normal? – Perguntei.

    – É sim. Por algumas horas. Deve se alimentar aos poucos, devagar… Mesmo naturais, é o efeito das substâncias que usamos no ritual. Além disso, foram bons dias em jejum.

    – Já vamos embora?

    Antoni me olhou de soslaio e assentiu. Arrumamos o necessário e partimos. Foram algumas horas de cavalgada e para espantar o tédio tentei observar e gravar o caminho. Pensava em quando veria meu “Loren” novamente enquanto todos seguiam em silêncio. “Queria que me ajudasse a cuidar de tudo isso aqui.” As palavras de Antoni, porém, também não saiam de minha cabeça. Seria esse meu lugar e meu real caminho?

    Como eu teria mais umas semanas para aprender coisas novas e conviver com aquele mundo um pouco diferente do que eu estava acostumada, decidi não pensar sobre o assunto e deixar as coisas acontecerem no seu tempo… Infelizmente, quando chegamos Antoni me orientou a não encontrar Lorenzo. Mas, enviei sangue suficiente para que ele pudesse beber, afinal era meu dependente. Acho que no fundo Antoni queria nos manter afastados o máximo possivel, o que me irritou, mas não me fez contestar o pedido.  Os dias e noites passaram devagar.  Passava horas do dia estudando sobre o clã, sobre procedimentos de magia, efeitos, poderes e fenômenos, energias espirituais e físicas, entre outros, na biblioteca, aprendendo seus métodos, inicialmente na teoria.

    Durante a noite, Antoni e eu realizávamos os rituais e outras práticas, além de treinos e exercícios de concentração.  Nem sempre tudo saía perfeito, mas as experiências sempre vinham com lições e conceitos importantes. Consegui aprimorar alguns detalhes nas minhas viagens astrais e dons de manipulação, sempre orientada a usá-los de maneira inteligente e quando o necessário.  Descobri que tinha um grande potencial para levitação, e para controlar meu corpo físico mesmo durante as viagens. Mas para conseguir tais feitos com perfeição, precisarei de décadas de treino! No entanto, em um dos exercícios, consegui movimentar um pouco um dos dedos das mãos, o que me encheu de entusiasmo e esperança…

    Alguém bate na porta. Eu já estava pronta para deitar e descansar um pouco.

    – Entre.- Falei.

    – Rebecca? – Era Antoni – Acho que tem alguém precisando falar com você…

    Vendo- o abrir o restante da porta, ergui o olhar, já entusiasmada. Lorenzo estava um pouco diferente. Mais forte, robusto, cheio de alegria com aquela timidez e olhar curiosos de sempre, porém muito mais seguros. Mas, sentiam minha falta. Abracei-o sentido seu cheiro doce já ativando meu desejo, não por seu sangue. Por ele.  Dei-lhe um beijo tímido quando senti um sobressalto. Parei. Olhei para Lorenzo que sorria com os olhos. Olhei para Antoni logo atrás, que esperava, disfarçando a tensão.  Enrijeci, uma pontinha de vergonha atingiu-me. Caminhei até Antoni.

    – Muito obrigada por trazê-lo, Antoni.

    Ele ergueu o olhar e sorriu com o canto dos lábios.

    – Podemos conversar apenas um instante em particular? Logo os deixarei matarem a saudade…

    Lorenzo fez sinal que esperaria. Antoni e eu fizemos uma pequena caminhada dentro do casarão. Alguns minutos em silêncio e finalmente ele falou:

    – Rebecca, são suas ultimas noites aqui. Foi muito bom ter sua companhia neste mês e poder lhe ensinar o pouco que sei. Eu realmente gostaria que ficasse, mas percebi que não posso lhe pedir isso.  Peço-lhe então que continue praticando, você tem um grande potencial.  Estarei aqui para o que precisar. Sempre.

    – Por favor, me chame de Becky. Eu lhe agradeço muito por esse mês aqui. Durante todos esses dias eu tive a oportunidade de me conhecer melhor. Deixar coisas para trás e buscar uma nova jornada. Descobri a leveza, harmonia, equilíbrio e o respeito com o que há em nosso redor. Levarei isso para sempre comigo, querido. Mas, descobri que ainda não encontrei meu lugar. Não encontrei onde meu coração frio está.  Quem sabe um dia eu descubra. – Falei e coloquei minha mão direita em seu peito.

    Segurando e acariciando minha mão, Antoni fechou os olhos por alguns instantes e me permitiu ver seus pensamentos. Lá pude ver o quão suas intenções eram sinceras. “Seu coração está onde está a sua felicidade. Vá e seja feliz. E um dia, se for seu destino. Volte. Eu estarei aqui.” Então, deixei-me levar por um sentimento momentâneo, porém intenso. Beijei Antoni sentindo um carinho estranho e não menos apaixonado. Foi apenas um beijo. Um carinho expressando gratidão. Um presente e talvez uma lembrança.

    Olhei-o em seus olhos. E o deixei, indo embora devagar. Ao voltar abracei Lorenzo com força. “Meu Lorenzo, ainda não me atrevo a lhe dizer. Mas, lá no fundo sei que o que sinto por você, é “mais” do que eu podia imaginar”.

  • Livro Ilha da Magia – As rotinas de um clã de vampiros

    Livro Ilha da Magia – As rotinas de um clã de vampiros

    Hoje inicia-se uma nova fase em meu livro, um momento no qual eu ainda vivia em Berlin e pela primeira vez fiquei a frente de meu clã. Uma responsabilidade imensa para um vampiro jovem e que com certeza influenciou para todo o sempre a minha existência.

    Sem mais delongas, segue abaixo os primeiros parágrafos, a primeira parte completa do capitulo pode ser lida no Wattpad.

    Muitas noites haviam se passado, o treinamento de Sebastian ia muito bem e inclusive ele já havia adquirido muitas habilidades, quando recebemos notícias de Georg e Franz. O navio que os havia levado até o Brasil retornara a Prússia trazendo algumas cartas para todos nós. Cada um de nós recebeu uma correspondência selada, inclusive Sebastian e ao que tudo indicava eram instruções e notícias para todos.

    A minha carta fora enviada por Franz que comentou em poucas palavras a viagem e a chegada ao Rio de Janeiro. Dizia que a viajem havia sido tranquila, porem as notícias vindas de Desterro não eram muito boas:

    “Acabamos de aportar no Rio de Janeiro e os Wampir daqui nos informaram que houve um aumento considerável na quantidade de rituais bruxólicos em Desterro. Ao que tudo indica tua família mortal está bem e não há necessidade de te preocupardes. Iremos para lá assim que possível somente para ter certeza que tudo está bem e para ver se conseguimos descobrir maiores detalhes de tais ritos nefastos.”

    Diante de tais palavras era impossível não ficar preocupado. No entanto o que me fez ficar preocupado de verdade foi o último parágrafo daquela carta:

    “Antes de sairmos às pressas de Berlin soubemos que existe um Wampir traidor em Berlin. Há alguém que simplesmente está sendo consumindo pelos poderes malignos e queríamos que tu fizesses uma investigação rápida. Não sabemos gênero, cor ou raça então isto será um trabalho difícil. Este é na verdade um pedido de Georg e tomes muito cuidado meu irmão. Vemos-vos em breve! Cuide de todos, pois tu podes! Lembra-te disto.”

    Ficamos por um bom tempo debatendo as notícias recebidas e o grande assunto da noite foi a questão do Wampir infiltrado. Eu de imediato pensei naquele velho rabugento do Achaïkos e foi quem desprendeu minha maior atenção nas noites em que se seguiram. Na verdade, podia ser até mesmo alguém do meu clã, ou pior ainda, Suellen….

  • Uma Amizade Improvável pt 7

    Uma Amizade Improvável pt 7

    -Então quer dizer que você é o arrombado que anda nos perseguindo? – cara de uma coisa você pode ter certeza, não tente ser filho(a) da puta comigo, eu vou descobrir e vou acabar querendo fuder com a sua vida em grande estilo! Não me importa se você é um bosta miserável ou um milionário com pinto pequeno, o que importa é que eu vou atrás de você e vou acabar com a sua vidinha medíocre de alguma forma sensacional com direito a platéia.

    A cena era a seguinte, nós com os regrados, motoqueiros sobrenaturais, membros da Ordem e aquela vontade louca de ver sangue jorrar e de preferência explodir com tudo. Do outro lado tínhamos os inimigos mais antigos da Ordem recém saídos de algum buraco da terra e com sede de vingança, sei lá eu que caralhos era essa vingança, mas era uma e eles espionaram o nosso atual comandante e eu, EU, EU, EU, uma coisa eu tinha certeza, eles não tinham algum tipo de amor a imortalidade deles, porque se me espionaram viram que uma vez que pisar no meu “calo” eu arranco até os olhos da cara, só por diversão de ver o sofrimento do idiota que se atreveu a me irritar, cortesias de ensinamentos by professor Hector! Thanks Babe! 😉

    Do outro lado o tal do Alex e aquele ar de superioridade que logo menos eu ia enfiar de volta no rabo dele de tanto chute meu que ele iria levar, tudo isso deixando aquela situação de clãs um de frente pro outro, cena clássica de guerra saca, lindo de se ver, o que era ruim de se ver era a falta do Steven que tinha se enfiado no inferno novamente e sumido da face da terra, mas tudo bem, conhecendo meu amigo/amante nas horas vagas/conselheiro e assim vai, logo ele apareceria com alguma ótima surpresa ou não né, vai saber, não sei os dias que ele fica de TPM… =x

    Trevor tinha aquela expressão muito bem conhecida dele de ” Eu vou arrancar a sua cabeça e dar para os seus amigos comerem!”, Daniel e o sorriso galã psicopata dele, Joshua com uma arma na mão e olhando como se tudo aquilo não passasse de uma festa junto de seus companheiros que pareciam muito felizes por estarem ali, afinal para nós redneck’s uma boa briga é sempre muito bem vinda é quase que um método de meditação, quase isso, mas ajuda né?! O Gabriel e os regrados com aquela expressão de paisagem morta de sempre, mas pelo menos estavam ali com o mesmo propósito que o nosso e o chefe deles era bonito de se olhar e para melhorar a situação ele parecia o próprio demônio encarnado lutando, então era uma vantagem imensa a nossa.

    Eu resolvi dar um passo para frente já com a minha fiel amiga em mãos e o líder da Devil se achou no direito de ficar bem perto de mim e abrir a boca pra falar bosta, como se o que ele já fez não tivesse sido merda o suficiente – Lilian, como está a Kate? Diga que mando lembranças! – a cara de pau dele era tanta que eu apenas sorri como se aquilo não passasse de uma piada – Pode ficar tranquilo meu caro, quando ela estiver embaixo de mim eu mando lembranças… Ou talvez apenas mostre a sua cabeça pendurada na minha parede, você seria um ótimo enfeite! – se ele tinha alguma esperança de que eu iria amarelar, toda a esperança tinha ido embora da face dele depois da minha inusitada resposta – Vejo que puxou o jeito ácido de seu mestre?! Talvez os filhos sigam os pais afinal… – eu acho que as vezes, só as vezes a minha paciência volta, mas ela volta nas horas mais desproporcionais. A minha única atitude foi dar as costas e voltar para o meio dos meus aliados e esperar o que o cara iria vomitar de besteiras pra cima da gente.

    Trevor sorriu de volta pra mim e piscou, ele tinha algo em mente e no fundo do meu coração algo iria dar errado, muito errado. Agora ao lado do Daniel esperei assim como os outros a volta, o que viria, Joshua parecia impaciente e seus companheiros também, Gabriel ainda estava na mesma posição, apenas observava o quebra-cabeça sendo montado. Olhei para trás e voltei a olhar para Alex ele tinha o olhar fixado em mim, mas quebrou o olhar e se virou para nada mais nada menos que o meu mestre – Trevor, creio que estivesse esperando a visita de Caios, mas ele meio que morreu e agora eu assumi o controle… – sério? Controle de que meu filho? Controle de drogas? De prostitutas? Porque de vampiros que não era! – Ah vah! Sério? Eu achei que você era a putinha dele que veio aqui a trabalho, talvez fazer o trabalho sujo por ele! – eu amo as respostas sarcásticas do meu adorado Trevor – Não meu caro, deixo esse papel para sua pupila ali! Mas vim aqui para pegar minha mulher de volta, acabar com você e com esses dai da Ordem, os motoqueiros caipiras e esses ai que não sei o que são… – Gabriel apenas olhou na direção do líder da Devil e sorriu, andou até ele sorrindo com as mãos em seu sobretudo, eu já falei o quanto o vampiro é gato? Enfim, quando ele chegou mais perto estendeu uma das mãos para um cumprimento “amigável” – Prazer, Gabriel, sou apenas um regrado cumprindo deveres! – não sei se era possível, mas Alex ficou mais branco do que já era, ficou estático alguns segundos, ligando os fatos até que percebeu que se ele veio pra matar vampiros e sumir sem ninguém o punir, ele estava bem equivocado, porque se ele tinha um plano bom, nós tínhamos um melhor ainda.

    -Licença, eu vim aqui pra matar alguém, vingar algumas mortes aqui na minha região, será que rola? – Joshua parecia entediado e deixou bem claro que Alex e seus capangas tinham matado na cidade dele e não sairiam dali impunes. O que me intriga é que esses imbecis vieram aqui em busca de uma vingança que foi no tempo em que Michael ainda era “novo” e Odin saia por ai trepando com geral… Tipo pra que agora? Quanta paciência pra esperar, depois vir até aqui sem o caso bem pensado, ou pelo menos com um plano B na manga. Pra que? Por que não ficou lá na sede deles bebendo sangue, lendo algum manual de ” Como não ser idiota!” Ou fazendo um tricô? Teria sido mais produtivo! Do que vir aqui perder tempo, tudo bem que tempo a gente tem de sobra, mas poxa tem coisas que dá pra contornar, mas não como temos tempo vamos lá encher o saco do inimigo que eu não vejo desde as cruzadas, enfim que alegria, aqui estamos e pra ajudar ele quer a Kate de volta, vai ter duas de volta!

    Mas como tudo pode piorar, Alex achou que seria bacana ofender o líder dos Ascendent’s, Joshua -Ninguém pediu a opinião do redneck ali! Você não tem que ir trepar com a sua irmã ou algo assim? – Nunca, nunca na sua vida insulte um redneck, ainda mais se ele for sobrenatural, se fizer isto tenha em mente que é a mesma coisa que falar ” Pode vir eu estou afim de apanhar!”, bastou o cara falar merda que o barraco estava armado com direito a aquelas cenas típicas de briga de bar em que até garrafada estava rolando, eu mesma guardei de volta a katana e cai na porrada como se não houvesse o amanhã! Era soco, xingo, chute, xingo, mordida, xingo puxada na barba, xingo, puxada no cabelo, xingo e sangue pra tudo quanto é lado, era a coisa mais humana e sem noção que eu tinha participado desde que fui transformada, porque não era aquela briga de sobrenaturais que rola poderes místicos, espadas, magia, possessão, lobisomens saindo pela culatra, não meus caros, era pancadaria da velha e boa maneira que vem ai desde os primórdios.

    Quando eu visualizei o Alex, ah me joguei pra cima do canalha, ele ia apanhar pelo que fez com a Kate. Nós dois no chão rolando igual em briga de bêbado, quando conseguimos levantar dei lhe um soco no meio da fuça e ele devolveu depois em mim, ficamos atracados um no outro com trocas de socos, meus rosto ia ficar lindo depois, só que não.

    Enquanto rolava aquela baixaria com tudo voando e aquela zoeira infernal, vi Trevor batendo em dois vampiros, Daniel cortando outros dois, Gabriel apenas com as mãos conseguiu abrir a cabeça de um como se o mesmo fosse uma lata, Joshua parecia estar possuído e batia e metia a bala nos que apareciam a sua frente. Eu consegui me soltar dos braços do Alex e quando tive a chance lhe dei um chute no meio do peito, o vampiro levantou voo e caiu a alguns metros de mim e logo ao fundo ouvi o que parecia um bando de lobisomens chegando, quando me dou por conta tinham cinco deles apenas nos observando e eu muito a lá cuzona vibe, sabia quem eram e apenas soltei – Steven, falaram que os rednecks são tudo uns merdas! O que você acha disso?- Foi pra acabar com tudo, foi lindo de ver, aqueles lobisomens arrancando braços, pernas e cabeças daquele bando de idiotas Devil’s do caralho que os parta, com o OK sorridente do Gabriel, que arrancava com os dentes a orelha de um outro vampiro inimigo.

    Alex se levantou e voltou correndo em minha direção, minha reação foi única, peguei a katana e ele viu, diminuiu o ritmo e viu que agora o buraco entre eu e ele tinha ficado bem lá embaixo – Eu estava esperando pra você fazer isso, nada mais justo que lhe acompanhar! – Alex retirou o casaco e embaixo puxou a própria katana, ambos em posição de luta, no meio da bagunça, era aqui e agora que tudo seria resolvido e eu apenas o olhei e não contive a minha língua – Bring it all, Bitch!

    Tudo mudará
    Nada permanece igual
    Ninguém é perfeito
    Ah, mas todo mundo pode ser culpado
    Tudo em que você confia
    E tudo o que você pode salvar
    Vai deixar você de manhã
    E volta para encontrá-lo no dia

  • Uma nova jornada – Parte IX: a sós com Antoni

    Uma nova jornada – Parte IX: a sós com Antoni

    Quando meu primeiro ritual chegou ao fim, percebi que as horas haviam passado como se fossem segundos. Todos ajudamos a organizar as coisas para o retorno, e nos cumprimentamos ao final.  Montamos nos cavalos, preparados para ir para “casa”, mas logo, percebi que estaria amanhecendo e preocupei-me.

    – Ficaremos em uma pequena vila aqui perto onde descansaremos e partiremos ao anoitecer. – Disse Antoni. O fato de ele ler meus pensamentos constantemente estava começando a me incomodar.

    Cavalgamos por cerca de vinte minutos e então chegamos à vila com algumas pequenas cabanas. Cada responsável se dirigiu com seus grupos de aprendizes para as instalações. Ajudei Antoni a levar os cavalos para um local onde ficassem aquecidos e em segurança. Em seguida, fomos até onde ficaríamos instalados e confesso, que estava ainda mais preocupada com a ideia de ficar sozinha com ele por um dia inteiro. A cabana tinha um aspecto aconchegante, lareira, cortinas, sofás com almofadas, uma pequena adega para vinhos…

    – Se desejar pode tomar um banho. No quarto há algumas coisas suas que pedi para Lúcia separar. – Disse Antoni, prestativo.

    Realmente estava precisando de um bom banho para acalmar os ânimos. Peguei o que precisava dentro de uma mochila no quarto, e fui para o banheiro trancando a porta. Sentindo a água quente sobre meu corpo, refleti por alguns minutos sobre ideias perturbadoras que invadiam minha mente. Após o banho, Antoni que estava lendo qualquer coisa sentado numa das poltronas, olhou-me de canto e franziu o cenho,  levantou e disse que tomaria um banho também. Deitei no sofá, exausta. Acordei apenas com o barulho da porta do banheiro sendo aberta, minutos depois. Acho que cochilei naquele meio tempo.  Sem dar atenção ao barulho, permaneci ali. Logo, senti a mão de Antoni sobre meus cabelos molhados, acordando-me. Abri os olhos e então sentei no sofá. Ele estava vestindo apenas uma calça de moletom cinza mescla. Observei-o enquanto ia se sentar na poltrona novamente. Afundei no sofá fazendo cara feia, o filho da p… tinha um corpo ainda mais bonito do que Thomas.  Lembrei de Lorenzo repentinamente. “Mas que droga.”

    – O que foi?- Perguntou ao ver minha expressão.

    – Nada. Estou cansada. – “Não posso falar sobre ele estar sem camisa, estou usando um baby doll nada decente” – Pensei.

    Risos.

    – Está rindo de mim, Antoni? – Perguntei. “Leu meus pensamentos de novo?”

    – Estou. Desculpe, acho que estou sendo inconveniente.

    – Está mesmo.

    – Estou? – Perguntou provocando-me. – Precisamos conversar Rebecca, sobre coisas sérias.

    Perguntei sobre o que ele queria conversar, e obviamente era sobre o ritual e como eu estava me sentindo.  Porém, acabamos engatando uma conversa que me distraiu por um tempo, do clima tenso anterior, e então comecei a me sentir mais a vontade, descobrindo algumas afinidades com alguém que foi se mostrando atencioso e curioso, mas… Com intenções que eram deixadas no ar sempre que possivel. Em certo momento, Antoni tocou em um assunto que me deixou sensibilizada, falando sobre coisas pessoais suas, deixando algumas de suas fraquezas transparecerem.  Mas, eu estava realmente cansada e receosa de que ele pudesse investir contra mim, sem saber qual seria minha reação diante disso. Agradeci pela conversa, por me ouvir e por falar. Antes de ir para o quarto, dei-lhe um abraço fraternal. “Você é diferente dele, não me decepcione.” Pensei.  Mas, ele queria mais. Ainda abraçado a mim, disse em meu ouvido:

    – Não vá dormir ainda. Sei que está cansada. Mas, queria sua companhia por mais tempo.

    – Desculpe. Mas, é melhor assim.

    -Por quê? Você está pensando no humano?

    – Ele se chama Lorenzo. – Retruquei – Sim, estou pensando nele. Mas,também penso em você…

    -É? Mas, gosta dele?

    – Não sei Antoni. Olha, obrigada por esses dias aqui e pelo o que tem me ensinado. Você seria um ótimo mestre. Mas, tem sido um ótimo amigo também!

    – Eu gostaria de ser mais do que um mestre ou um amigo para você, Rebecca. – Falou segurando minhas mãos. – Queria que me ajudasse a cuidar de tudo isso aqui. Mas, não se preocupe. Não quero que pense nisso agora e não quero estragar a amizade que estamos começando a construir. Além disso, ainda tenho muito a lhe ensinar antes desse mês acabar.

    – Tudo bem. Peço apenas que me respeite e ficará tudo certo. Eu preciso mesmo de descanso, desculpe. – Falei indo para o quarto.

    – Tudo bem, descanse e ao anoitecer voltaremos para a fazenda.

    Deitei na cama, abraçando os travesseiros.  E confesso que todo o sono evaporou. A insônia que me atingiu fazia meus pensamentos irem longe e causarem uma confusão interna. Será que gosto de Lorenzo? Será que quero ficar com Antoni?  Será que quero ficar aqui? O que eu quero afinal? Eu sabia que não deveria ter vindo…

    Depois de longos minutos entreguei-me a um sono sem sonhos, perturbada com tantas dúvidas e sentimentos confusos que surgiam.

  • Uma nova jornada – Parte VIII: rituais e uma viagem no tempo

    Uma nova jornada – Parte VIII: rituais e uma viagem no tempo

    “-Rebecca… Quero que guarde essa sensação com você. Essa energia pode ser muito maior…”

    Sentei sobre o tapete no chão, em posição de lótus. Sentia que aqueles sete dias de isolamento haviam trazido novamente momentos difíceis à tona, lembranças de um passado trancada em um velho porão, ou entre as paredes escuras de um casarão longe da sociedade, na época em que eu julgava que deveriam ter sido os melhores da minha juventude. Eu sabia que em poucas horas, Antoni viria me buscar e logo aquelas terríveis sensações de medo, tédio e loucura passariam.

    Tentei criar a sensação de estar respirando fundo, concentrando minha mente em meus objetivos, sentindo meu corpo e minha alma em tamanha concentração, capaz de fazer-me entrar em transe. Estava definitivamente me sentindo mais calma e preparada para os próximos passos. O jejum que inicialmente me irritava, havia sido suficiente para purificar meu corpo, tornando-me sensitiva a tudo que houvesse ao meu redor, transcendendo a mim mesmo.

    Alguém abre a porta. Abro os olhos devagar. “Antoni”. “Sim, minha querida, está na hora de irmos.” “Finalmente.” Levantei, conduzida por ele, pois embora o jejum houvesse trazido efeitos positivos, também havia me enfraquecido, tentei afastar sua semelhança com Thomas. “Não, você é muito diferente. Ele podia ter sido como você…” Chegamos até o jardim, e eu mal lembrava o caminho que havíamos percorrido até lá. Senti a grama gelada em meus pés também frios, olhei para um céu com poucas estrelas. Com ajuda subi no cavalo que estava preparado para nós e na garupa de Antoni cavalgamos por um tempo que não pude determinar. Havia mais pessoas conosco, mas não lembrava de nenhum daqueles rostos.

    – Rebecca, devo dar-lhe os meus parabéns. Muitos não suportaram o que você suportou. Sei que foi difícil, mas você está aqui. Se leu as instruções, sabe como serão os próximos procedimentos. Está pronta?

    -Apesar de estar me sentindo estranha, estou pronta sim.

    Eu estava apenas com uma túnica branca que vesti antes de sair do isolamento. O cabelo preso em um rabo de cavalo, o mais natural possivel, sem minhas unhas habitualmente pintadas de vermelho, sem maquiagem ou nem sequer um batom.  Deixando minha vaidade de lado por alguns instantes. Todos fizeram um grande circulo, de mãos dadas.  Antoni dizia calmamente algumas palavras que mentalizávamos. Depois em coro, proferimos uma espécie de oração ao universo. Aquele era o primeiro ritual na qual eu participava.

    Antoni pegou um pequeno jarro de barro, que lhe foi entregue junto a uma tigela rasa. Despejou um liquido naquela tigela, falando baixo uma mistura de palavras indecifráveis.  Em seguida, falou em voz em alta:

    – Vejam, este é o sangue de nossa aliança. Aquele que bebe deste sangue, afirmará seu destino. O sangue derramado, vindo de sacrifícios daqueles que lutaram por nosso clã.

    E então, caminhando até um a um todos bebiam daquele liquido. Antoni parou a minha frente. Olhei- o fixamente, sem saber se deveria continuar com aquilo. Beber daquele liquido poderia confundir as coisas.

    – Não se preocupe. Beba. – Falou.

    Peguei a tigela junto as suas mãos, hesitante. Bebi. Não era sangue de humanos. Era sangue de animal, usado apenas para compor a mistura. Junto ao sangue havia uma composição de ervas naturais que adormeceram meus lábios, junto a um leve ardor. Em poucos minutos, eu me sentia ainda mais estranha. Não vi mais nada e ninguém ao meu redor. Deitada sobre a grama molhada, um céu colorido caia sobre meus olhos e me levava para longe. Fazendo-me lembrar tudo o que havia escondido bem no fundo de minha memória, como um filme. Momentos bons e ruins, as fantasias de minha infância, os medos noturnos, os cheiros, as músicas, as descobertas, a perda das pessoas que amei, a ilusão que foi a minha vida, as mentiras, as decepções, as torturas, uma mistura desenfreada de tudo.

    Deixei o vento me embalar, as folhas me cobrirem, perdendo-me sobre a terra molhada sentindo estar em outro lugar, um lugar onde eu pudesse me reinventar, e deixar o passado para trás, para aceitar “viver” uma nova jornada.

    Quando todo aquele efeito passou, percebi que estava em pé, parada no mesmo lugar. Antoni prosseguia levando o líquido aos demais. Permaneci ali, voltando de minha pequena viagem, entendendo o que havia acontecido e me sentindo leve, convicta de que não havia nada na qual me culpar, “o mundo está melhor sem ele”.

    – Eu estou muito melhor sem você, Thomas. – Falei baixinho e sorri para Antoni, que me retribuiu o sorriso demonstrando satisfação e um certo carinho, enquanto continuávamos os rituais.

  • O mistério do lobisomem – pt1

    O mistério do lobisomem – pt1

    Leia como esta história começou...

    Já era quase 3h da manhã quando meu jatinho desceu em Londres. O voo foi uma bosta e por vários momentos pensei que teria de chegar a nado. Apesar disso, o motorista estava a postos na saída do aeroporto particular e me levou tranquilamente até uma casa que aluguei pela internet.

    A casa não tinha muitos detalhes, era simples, com acesso a internet e próxima de uma locadora de veículos. Onde naquela mesma madrugada aluguei um potente 4×4. Acomodei as malas, separei algumas roupas, utensílios e minha munição especial num canto. Depois enquanto remontava minhas pistolas, tratei de ligar para a lobisomem. Tentei por uma, duas e na terceira vez Claire me atendeu:

    – Oi, chegou?

    – Sim, estou aqui arrumando minhas malas… Vens para cá?

    – Ok, que bom que veio rápido!

    – Te disse que viria assim que possível, babe!

    Silêncio…

    – Manda o endereço, vou colocar uma roupa e vou até ai.

    – A velha frieza europeia…

    – What?

    – Nada. Vou te mandar pelo Whatsapp… see you soon, babe!

    Estava tirando um cochilo quando ouvi barulho de carro. Lavei o rosto e fui para a porta. Abri antes que ela batesse e mesmo com a surpresa, não consegui animar ou assustar aquele rosto pálido e tristonho.

    – Hey que bom te ver, entre minha querida!

    Até pensei em lhe dar um beijo, ao menos no rosto, mas vamos por partes. Ela se acomodou num sofá, sentei ao seu lado e preferi focar no assunto que nos reuniu.

    – Então, alguma novidade?

    – Poucas, mas acho que sei quem está com ele. É um grupo rival da Mão Vermelha e há alguns agentes duplos que me preocupam…

    – Tens os nomes? Podemos ir atrás de alguns deles. Precisamos começar por algum lugar… faz O que, um mês que ele sumiu?

    – 23 dias e algumas horas! – Disse ela suspirando e se jogando para trás no sofá.

    Aproximei-me, envolvi meu braço direito em seu ombro e com a mão esquerda arrumei seus cabelos.

    – Hey, calma nós vamos achá-lo. Tu sabe que ele é forte e vai sair dessa. Vai por mim tenho experiência com caras tipo o teu pai. Eles são duros na queda. Só precisamos achar algum caminho ou pista.

    – Obrigada pela ajuda, sem meu pai por perto não sei nem por onde andar direito. Me sinto no escuro e perdida, num lugar que conheço desde pequena… (suspiros)

    – Sei como é já passei por isso algumas vezes e ficar longe de quem amamos é o pior sentimentos de todos.

    Nesse momento ela se encostou em meio peito e fechou os olhos. Adormeceu como uma criança carente, que se aconchega e relaxa nos braços de uma mãe ou de um pai…