Já que me pediram detalhes, vou contar-lhes mais de minhas lembranças junto a alguns acontecimentos.
“Eu estava caminhando por uma estrada escura, tudo estava muito estranho e ao mesmo tempo muito real. Eu conseguia até mesmo sentir o cheiro das árvores. Ao longo do caminho avistei um menininho de olhos negros, imaginei o que ele estaria fazendo ali, àquela hora. Aproximei-me e o questionei se estaria perdido. Ele olhou-me nos olhos e logo se transformava em um homem com feições demoníacas, agarrou-me pelo braço. Eu tentei livrar-me dele, mas ele dizia que logo viria me buscar…”
– Rebeeecaaa, o que pensa que está fazendo? Pensa que não vejo os seus passos nesta casa? Quer voltar para o porão?
Ele e sua voz mansa e ao mesmo tempo assustadora me faziam paralisar.
-Minha doce e ingênua menina, além de tudo é tola. Se sair nesse horário o sol lhe fará cinzas.
-Não sou tão ingênua assim- Falei me aproximando – Nem ao menos tola.
Meus dedos caminharam por seu peito e subiram até seu queixo, em seguida, roçaram seus lábios fazendo com que suas presas aflorassem. Ele semicerrou os olhos que ardiam como fogo. Olhava-me com ódio e furor por eu conseguir tê-lo em minhas mãos nesses momentos. Com um movimento violento, agarrou-me pela cintura me fazendo sentar em cima da mesa. Suas mãos apertavam meu pescoço enquanto me beijava, sentindo o pouco sangue que havia em minhas veias. Esperei que ele me mordesse, mas suas mãos desceram e com força rasgavam o vestido que eu usava. Era incrível, mas ainda sentia-me arrepiar. Mas, algo além disso me fazia perder o controle, eu queria… Mordê-lo.
Em um movimento rápido, puxei seus cabelos e sem tempo para pensar senti minhas presas cravarem em seu pescoço. Senti uma dor terrível em minha cabeça enquanto bebia seu sangue. Pude ver algumas das memórias de Erner.
Foram frações de segundos, até um golpe violento me atingir e me jogar contra a parede.
-Sua vadia insolente! Jamais uma cria deve atacar o seu mestre como ataca a um humano! Eu devia matar você.
Limpei minha boca. Se pudesse chorar as lágrimas rolariam. Em seguida apanhei muito. Eu havia feito algo terrível, mas sabia que não era minha culpa e Erner também sabia disso, mas gostava de castigar-me. Porém, aquela foi à única vez que vi as memórias de alguém dessa maneira, e eu soube por meio disso que antes de mim, houve outra vítima nas garras de meu sádico mestre. Pois depois daquela noite, mantive um nome gravado em minha mente por muitos anos.