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  • Sangue frio – Final

    Sangue frio – Final

    Quando Hector chegou, eu já estava com minhas malas prontas. Confesso que, estava empolgada por saber que teria a companhia de minha amiga novamente. Hector também pareceu animado com a viagem, já que precisaríamos encontrar Lilian em um ponto mais perto de onde ela estava. Mas, deixou transparecer que não gostaria de ficar muito tempo fora do litoral. Alugamos um jato particular e partimos a noite. Durante a viagem, concluímos que nossos trabalhos juntos estavam chegando ao fim. Mas, não falamos do assunto. Logo que chegamos, alugamos um galpão temporário por meio de alguns contatos que tínhamos, onde realizaríamos nossas atividades. Antes de Lilian chegar, estávamos preparando os equipamentos e nosso sangue já estava fervendo. Nossas próximas vitimas eram um tipo de gente imunda, e nossas preferidas, pois com elas não nos restavam nem um pouco de piedade. Em determinado momento, em minha distração, não percebi que Hector me observava:

    – O que foi Becky? No que está pensando?

    – Eu? Talvez no mesmo que você Hector.

    -Hum, na verdade acho que nem imaginas o que há em meus pensamentos, pequena -Falou sarcástico.

    – Ao menos posso deduzir, não é mesmo? – Falei provocando-o.

    – Bom, de certa forma eu entendo.

    – Entende? Acho que não. Hector eu preciso…

    Hector veio em minha direção, interrompeu o que eu iria dizer, e me surpreendeu com um beijo, ordenando em seguida:

    – Tudo bem. Agora vá receber a Lilian, ela já chegou.

    Abri a porta para Lilian revirando os olhos. Odeio quando me dão ordens. Mas, ao ver minha amiga, nos abraçamos feito duas bobas. Hector sem paciência foi direto ao ponto:

    – O que temos aqui querida Lilian?

    – Os presentes que lhe prometi.

    Foi então, que vi a empolgação nos olhos de Hector novamente. No porta malas do carro havia dois pobres imundos. Mais assustados do que eu imaginava, a considerar o que praticavam. Lilian sentou-se e assistiu de camarote. O cenário estava montado. Duas velhas macas de hospital, nossos velhos bisturis, alicates, facas de corte muito bem afiadas, alguns fios de arame farpado. Hector e eu até nos vestimos divertidamente com jalecos e luvas, fazendo Lilian rir de nosso teatrinho. Amarramos nossas cobaias nas suas respectivas macas com os fios de arame. Hector iniciou a sessão cortando as roupas fedorentas daqueles seres…

    -Querido Hector, imagino que saibas contar?

    – Hahaha Mas é claro! – Falou olhando- me com seu jeito sacana e tentador.

    -Então ajude-me por favor?

    Um, dois, três… Arranquei os dentes daqueles infelizes. Quatro, cinco, seis…um a um e muito lentamente.

    – O que acham de virarem nossas bonequinhas particulares?- Disse Hector para ambos, com uma expressão demoníaca, assim que terminei meu trabalho.

    Cortamos a sangue frio, os braços e pernas daqueles infelizes, que já não tinham forças para gritar. E costuramos algumas próteses fajutas de pano no lugar. Costuramos também seus olhos. Decidimos que antes de matá-los, eles deveriam provar do próprio veneno. Deveriam sofrer e sentir o que sentiam aquelas pobres crianças. Após mais alguns detalhes, nossa obra de arte estava pronta. Lilian resolveu “tomar um ar” e eu fiquei em seu lugar. Peguei um cigarro para mim e observei todo o trabalho de Hector, que não pareceu nenhum pouco incômodo com minha presença. Eu de certa forma, diverti-me com os sons aterrorizados que aqueles coitados faziam cada vez que eram tocados e violados. E ao final, até ajudei Hector a lhes dar uma bela surra e a pendurá-los para deixá-los morrer lentamente, enquanto todo seu sangue escorria por meio dos cortes que fizemos no pescoço de cada um. Servidos, até brindamos ao cumprimento de nossa missão. Por fim, limpamos o local e Hector se encarregou dos corpos.

    – Bom, hoje teremos que ficar em um hotel. Partimos assim que anoitecer? – Disse Hector.

    – Obviamente, não temos mais nada para fazer aqui. – Respondeu Lilian – Esse lugar me deixou depressiva.

    – Vampiro lá tem depressão? – Falei rindo.

    E caímos na gargalhada. Eu e Lilian dividiríamos o mesmo quarto. Mas, pedi para encontrar-me com ela lá depois, e fui conversar com Hector.

    – Estava te esperando. – Disse ele, quando bati na porta e entrei.

    – É eu imaginei.

    – Venha cá.

    Sim, eu não me encontrei com Lilian no quarto. Hector e eu passamos o dia lá, emaranhados um no outro matando nossa sede e desejos. Quando anoiteceu, Hector demorou-se para levantar. Encontrei Lilian que ficou me enchendo de perguntas, pegamos a caminhonete e partimos. Quando Hector acordou, imaginei que deve ter apenas encontrado o meu bilhete:

    “Querido, o jato particular está lhe esperando para que possas retornar ao litoral. Eu e Lilian fomos de caminhonete, pois tenho alguns lugares para visitar. E…Isso não foi uma despedida. Beijinhos. Até mais, quem sabe…”

  • Mais algumas lembranças de Becky – Parte II

    Mais algumas lembranças de Becky – Parte II

    Há algumas semanas atrás, eu fiz uma pequena viagem.  Fui verificar um problema em uma das minhas contas bancárias que possuo na Inglaterra, pelo que me constava, determinada quantia em dinheiro havia sumido.

    Eu e minha mania de agir por impulso me fizeram esquecer de avisar alguém de que eu estaria lá, e por um instante meu sexto sentido me fez imaginar que havia algo errado. Enviei apenas uma mensagem para Ferdinand avisando que estaria fora por uns três dias, e que qualquer coisa entrava em contato. Marquei um jantar com o gerente do banco, que era meu “amigo”, e me dava uma forcinha para driblar os problemas burocráticos dos bancos em troca de pequenos favores. Segundo ele, uma garota havia convencido um dos atendentes, e se passado por mim para retirar a quantia. Eu já estava sem paciência:

    – Eu nunca retiro qualquer quantia no banco pessoalmente. Sempre que necessário acesso a conta e faço as transferências pela internet. Essa pessoa podia se passar por mim para um dos seus funcionários. Mas ninguém tem autorização a acessar minha conta a não ser com sua presença, e como esse alguém teria os meus dados?

    -Hey, Sra. Erner. Está querendo dizer que eu…

    -Por enquanto não estou querendo dizer nada. Mas, quero questionar seu funcionário pessoalmente amanhã.

    A conversa acabou por ali. Voltei ao hotel, e passei o resto da noite e do outro dia pensando no que aquilo significaria. A questão não era o dinheiro e sim quem estava por trás disso. Por um segundo, gelei ao pensar que… Não, não, isso seria impossível.

    Poucas horas depois, o gerente do banco me ligou e disse que inesperadamente o dinheiro estava novamente em minha conta. Combinamos de nos encontrar e pensei comigo mesma que certamente estavam me fazendo de palhaça. Queriam me atrair para a Inglaterra e eu mordi a isca, imaginando que resolveria apenas um problema corriqueiro. Senti que algo aconteceria. E eu teria que tirar aquela história a limpo. Mas, no momento, não teria como alguém ir me ajudar. Liguei para Ferdinand, expliquei a situação e pedi se ele liberava a Pepe para fazer uma pequena pesquisa para mim. Não demorou muitas horas para ela entrar em contato comigo e me dar um nome …

    “Sophie”.

  • A bruxa sumiu – pt9

    A bruxa sumiu – pt9

    – Um filho da puta pedófilo a menos no mundo, mas que podia ter reagido. Tu sabe que gosto de uma boa briga. – Comentou Franz na volta para o hotel.

    Antes de voltar, fizemos uma boa revista no lugar e não encontramos nada de importante além de todo o lixo pornográfico e objetos pessoais do suicida. Já no hotel liguei para Eliot, ele havia obtido progressos na pesquisa sobre os pelos, mas precisava de pelo menos uma semana para testes e pesquisa nos bancos de dados. Comentei do smartphone, mas sem ver pessoalmente, ele me disse que não poderia fazer muita cousa. Mesmo assim passou alguns procedimentos e conseguimos mais algumas informações soltas.

    Antes do fim desta noite decidi sair para caçar com Hector e alguns adolescentes bêbados foram o prato principal. Este perfil é sempre mais fácil de lidar, são confusos quanto  a vida, cheios de ideias, inventivos e sob efeito do álcool ou drogas saem completamente da realidade. Certamente acordaram com dores de cabeça, vermelhidão no pescoço e achando que nunca mais vão beber.

    Continuando nossa saga, o smartphone do suicida tocou assim que o sol se pôs no dia seguinte. Era um número privado e fiz questão de atender no autofalante para que Hector acompanhasse o desenrolar.

    “Espero que não tenha incomodado vosso sono diurno? É uma pena que aquele jovem tenha se sacrificado em vão, sem estar participando de algum ritual. Pois bem, que Ágares tenha um encaminhamento digno para sua alma. Vós duvidais dos poderes deles? Fiquem longe seus tolos, saiam da cidade ou o dia não será mais a única preocupação de seu estado vampiresco!”

    Após o termino da ligação o aparelho começou a pegar fogo e o soltei ao chão. Hector deu um chute e ele foi de encontro com a parede. Chamuscou um pouco o carpete e quase incendiou a cortina, mas por sorte não explodiu ou machucou mais minha mão.

    – Puta que pariu, tudo bem com tua mão? Estava demorando para estes putos aprontarem! O que acha de chamarmos Julie ou H2 para agilizar o processo?

    – Relaxa, vai regenerar rápido meu irmão. Não não Julie não… Deixa aquela sanguessuga longe disso, vou ligar para o h2…

    Liguei para h2, que sem pestanejar me disse que ia falar com Franz, mas que certamente estava a fim de exorcizar alguns demônios. Pelo que sabemos da história de H2 ele havia sido padre em uma época remota de sua vida e fazia todo o sentido que ele estivesse presente em nossas investigações.

    Minutos mais tarde Franz me mandou uma mensagem: “Cuida bem da minha cria assim como cuidei da tua…” Depois dele H2 também me respondeu por mensagem no “grupinho” do Whatsapp: “Relaxa que sei muito bem me cuidar chefes”. Trocamos mais algumas mensagens, Hector também estava no grupo e inclusive compartilhamos algumas piadinhas infames, fotos e vídeos engraçados, que descontraíram um pouco aquele momento. Afinal, não é só de aflição, morte e sangue que “vivemos”.

    Assim quem H2 chegou na noite seguinte, nos preparamos e fomos o mais rápido possível para o refúgio do próximo membro da seita a ser “entrevistado”. Desta vez alguém mais importante e tido como um dos veteranos.

  • A bruxa sumiu – pt4

    A bruxa sumiu – pt4

    Quase no que parecia ser o fim de toda aquela baboseira, digo, ritual. Meu celular vibrou e ao ver que era Franz sai de imediato para atender. Obviamente, os mais fervorosos acharam um absurdo eu sair no meio da lenga lenga, digo cerimônia. Inclusive, ouvi alguns murmúrios, mas nada que me fizesse prestar tanta atenção no que estava acontecendo.

    – Acabei com tua cria, de calcinha ela é até bem gostosinha, sabia? Calma, calma, antes que me xingue, pode ficar tranquilo, pois ela está sã e salva lá na fazenda…

    – Só tu mesmo Franz, acho bom que ela esteja bem se não eu acordo “papai” e tu sabe que ele vai acordar bem puto da vida hahahaha.

    E nesse papo descontraído ele me disse que o treinamento de Pepe havia terminado, possibilitando-a agora um dos maiores dons de nosso clã, a metamorfose corpórea. Quais níveis ela havia aprendido? Eu estava tão curioso sobre a evolução de minha pequena, que larguei a investigação, subi na moto e voltei para o hotel.

    – Penélope, estou ansioso sobre teu aprendizado, conte-me tudo filha…

    – Ai Fe sabe como é o Franz, todo cheio de dedos, mas coloquei ele no lugar logo de cara e tentei aproveitar tudo o que ensinava para mim e H2. Consegui me transformar em lobo, acredita?

    Nosso papo durou por todo o restante da noite e quando dei por mim era quase dia e precisava verificar as janelas antes de tirar um cochilo. Nesta noite a investigação havia evoluído pouco e apesar da filosofias, que tentaram me empurrar goela abaixo em tal culto pseudosatanista, eu já possuía uma linha de pensamento.

    Restava agora achar a última testemunha, a filha da tal bruxa sequestrada. Pelo que consta nos relatórios ela tinha um caso com o tal Joâo e isso me preocupava, pois poderia ser tão fora da realidade quanto o pobre homem.

    “Helen, conversei com tua tia por esses dias e ela me passou teu número. Eu estou investigando os ocorridos e gostaria de falar contigo sobre o desaparecimento de tua mãe”.

    Foi à mensagem que deixei na caixa postal de seu celular. Porém dois dias e uma noite haviam se passado e ela não havia retornado, então tentei novamente e para minha surpresa fui atendido por uma bela voz  logo depois do primeiro toque.

    – Olá, desculpe não ter retornado, estava sem credito…

    Assim iniciava um papo harmonioso, onde ela me pareceu muito sã e lhe convenci a me encontrar perto de um dos teatros da cidade.

  • A MAGIA E OS VAMPIROS – PT2

    A MAGIA E OS VAMPIROS – PT2

    O bate-papo entre vampiros é algo que merece uma atenção especial por minha parte. Imagine um asilo, onde todos os velhinhos estão com ótima saúde, senis e ainda com muita disposição para relembrar histórias e aventuras. Pois é mais ou menos assim que eu me sinto quando encontro amigos, ou faço novos neste meio.

    Hadrian nos trouxe novas visões do que até então tínhamos por verdade quase absoluta. A magia trabalhada por ele se aproximava muito daquelas que eu via sendo feitas por Kieran, só que de uma forma mais familiar. Era como se ele trouxesse vida a nossos corpos mortos e criatividade a nossas mentes. Poderíamos nós também adquirir tais dons?

    Eu já tinha ouvido falar de magistas que haviam sido transformados em vampiros, aliás, existem muitos clãs com esses indivíduos, porém o inglês grande, ruivo e de olhos verdes trouxe uma nova expectativa as minhas noites. Especialmente pelo fato de que ele mostrou interesse em se juntar a nós. – Vaguei por muitos lugares, conheci muita gente e o apreço que nossos mestres possuíam um pelo outro, me leva a crer que eu devo me juntar a vocês – Disse ele com sua voz grave e jeito de “bom vampiro”.

    Na noite seguinte fomos ao hotel em que ele estava hospedo para pegar suas bagagens. Uma espelunca no centro, provavelmente indicado por algum taxista maldoso que levou um por fora pela indicação. Apesar de tudo o que eu conto por aqui eu não gosto de lugares assim, sujos e cheios de mendigos ou drogados. Frequento-os apenas para me alimentar ou quando quero uma briga, então disse para eles agirem rápido.

    Mesmo naquela hora a rua estava movimentada, tive de parar o carro na entrada de uma garagem e como todo brasileiro, liguei o pisca alerta na intenção de amenizar o problema. Alguns minutos haviam se passado e paciência nunca foi minha virtude, sabe quando algo te incomoda e nem mesmo o Facebook no smartphone consegue te distrair? Lá fui eu acender um cigarro eletrônico, maldito vício que eu cultivei naqueles meses…

    Se não bastasse o lugar ruim e a espera, tive de ser incomodado por um mendigo atrás de cigarro. Faz a criatura entender que o cigarro era eletrônico e não dos normais… Eu estava quase dando o meu cigarro para ele, quando ouço três disparos vindos de dentro do hotel. Por instinto me abaixei atrás do carro, olhei para os lados e aparentemente só minha audição aguçada havia escutado os disparos.

    Dei um chega para lá no “sujismundo”, travei as portas do carro e liguei para Sebastian. No caminho até a recepção do hotel ele me atendeu e sussurrando me alertou para que os aguardasse no carro. O que diabos eles haviam feito? Cheguei a pensar em  ir ao encontro deles, mas aceitei o seu pedido e voltei para o carro. Ao voltar para a rua uma surpresa, o tal mendigo havia largado o cobertor, boné e jaqueta no chão. Extava apenas com as calças e uma regata que exibia seus braços tatuados. Ainda se não bastasse o que estava acontecendo o filho da puta estava tentando arrombar meu carro…

    “…Run, Pig, Run
    Here, I , Come
    There is no safe place
    There is no safe place
    There is no safe place to hide…”

  • A vampira pin-up – pt5

    A vampira pin-up – pt5

    Um mandamento, um pensamento e uma flor em meio as cinzas do que ainda restava de paciência em minha cabeça. Novamente eu tive mais um dia sem sono, as pálpebras dos meus olhos simplesmente não queriam se tocar… Como Franz parecia não ter dado muita bola para o que havia acontecido liguei para o meu melhor amigo, Joseph. Tentei vários números que eu tinha em minha caderneta e quem disse que ele estava em algum deles?

    Torturado por meu próprios pensamento, fatigado por tudo o que eu já havia feito e ainda estava fazendo. Hoje eu vejo claramente como minha cabeça estava uma merda naquela época, mas te digo mancebo, que não desejo passar por aqueles pensamentos novamente.

    Perto das 20h o telefone do quarto tocou, era da recepção e o garoto me informou que havia uma encomenda, uma caixa embrulhada para mim. Desci o mais rápido que pude, pois certamente era algo do tal ameaçador misterioso. Dei aquela sacudida básica, parecia haver algo grande dentro, mas me contive e voltei para o quarto.

    Não havia bilhetes, apenas um “To: sir. Ferdinand” escrito a mão e com uma letra bonita, provavelmente teriam utilizando uma caneta tinteiro e nanquim, pensei.  Ao cheirar senti ainda um forte odor de enxofre, elemento bastante difundido entre os praticantes de magia ou feitiçaria. Tendo em vista os ocorridos e o fato de eu estar sozinho eu não tive outra escolha se não desembrulhar e abrir o pacote.

    Papel pardo ao chão, sentidos aguçados e lá estava eu com uma caixa de chapéu em mãos recheada de itens. Havia algumas mechas de cabelo, uma calcinha de renda preta, alguns batons, dinheiro e um vidro contendo aparentemente sangue já coagulado. Além disso, havia também um bilhete, onde provavelmente utilizaram a mesma caneta e tinta. Muita raiva, ódio e todos os palavrões possíveis vieram a minha cabeça ao ler o que o infame folhetinho continha:

    “Imagino que tenhas passado o teu dia indagando sobre o outro bilhete? Sim, te conhecendo como conhecemos provavelmente fizeste isso, tua impaciência e  falta de controle sobre os teus  dons, são os teus maiores defeitos Ferdinand… Para que tenhas certeza de que estamos falando muito sério te enviamos o que havia na bolsa da Eleonor, bem como um pouco de seu sangue e alguns fios de seu cabelo. Não aceitaremos nada a menos do que a tua vida em troca por ela. Reflita mais um pouco até nos encontrarmos!”.

    Puto da vida liguei novamente para Joseph, que desta vez me atendeu depois de umas quatro ou cinco tentativas. Ele foi extremamente atencioso, me acalmou, mas também como todo bom amigo me jogou na cara que tudo aquilo era culpa minha e da minha rotina Casanova desregrada. Parece que alguns amigos gostam de nos dar na cara nesses momentos… Apesar disso, ele me deu algumas dicas e procedimentos que poderia fazer. Na visão dele eu deveria procurar o vampiro chefe da cidade, mesmo sob pena de ser punido pela morte de alguns de nós.

    Franceses e suas tagarelices, eu não podia correr o risco de ser punido por algo que na minha cabeça não havia sido culpa minha. Malditas vadias e seus rituais de fertilidade… Como eu poderia saber que meu demônio não gosta desse tipo de estimulação?

  • E o tiro saiu pela culatra

    E o tiro saiu pela culatra

    Juan recebeu o envelope e ficou por algums minutos olhando e relendo a sentença. Era difícil dizer o que passava pela cabeça dele naquela hora.
    Quando finalmente se convenceu que havia entendido corretamente já na primeira vez que leu, e que, significava exatamente o que ele estava pensando, Juan terminou em um gole sua margarita e seguiu até o quarto que havia reservado para Evelyn. Bateu à porta e esperou.
    Nada.
    Mais uma vez.
    Nada.
    Encostou um dos ouvidos na porta para tentar ouvir algum ruído, mas uma vez, nada.

    Ele ligou de um telefone que ficava no andar, mas na área restrira aos funcionários para a recepção e perguntou se ela havia feito check – out. A recepcionista negou, mas afirmou que as chaves haviam sido entregues ali pelo atendente do bar, que relatou apenas que ela as esquecera lá, depois de ser avisada que sua mesa já estava pronta. Juan voltou ao bar e perguntou ao bartender quem a havia avisado da mesa, ele apontou um dos carregadores de mala.
    Juan sabia que ela tinha partido, mas não queira acreditar. Indagando o carregador, a única coisa que ele descobriu foi que a recepcionista pedira para avisar a senhora no bar que a mesa dela estava pronta. Desconfiado da veracidade da história, Juan checou as reservas de mesas dos outros restaurantes do hotel e descobriu que havia uma reserva no número do quarto de Evelyn no restaurante italiano. Sorrindo e esperançoso que ela apenas estava lhe pregando uma peça, Juan foi checar.

    No restaurante a mesa estava vazia. Nada. Nem Evelyn, nem um recado sequer.

    Na noite seguinte Juan pediu a chave mestre na recepção e foi verificar o quarto. Ele já tinha pedido à recepção que lhe avisasse caso Evelyn voltasse ao hotel, mas como até ali não houve resposta, achou que seria interessante ver se o quarto estava mesmo vazio.
    Não o surpreendeu muito o fato de o aposento estar intacto. A cama estava arrumada, o banheiro também. Nem a toalha de mão havia sido removida. Tudo lá, esperando o próximo hospede.
    De volta a recepção, Juan liberou o quarto para reservas e saiu. Voltou ao hotel apenas ao amanhecer, completamente embriagado.
    Ele dormiu o dia inteiro, quando saiu do quarto novamente já era noite. Depois de jantar Juan acessou da sala da gerência os dados dos hóspedes em busca das informações de Evelyn. Sabia que ela seria obrigada a deixar o telefone e um endereço como referência na hora do check – in, além do nome completo, coisa que “Don” Juan, não se preocupara em descobrir anteriormente.
    Como ele imaginava lá estavam os dados. Sem pensar duas vezes discou o número que Evelyn fornecera e ouviu tocar do outro lado. O número tinha o código de Paris, o que conferia com o endereço que também era na cidade luz.
    Juan tentou três vezes, mas em nenhuma delas houve resposta, nem uma secretária eletrônica. Imaginou que ela não deveria atenter à telefonemas no meio da madruga e resolveu esperar pelo próximo dia.
    Antes mesmo de descer para tomar café Juan já havia tentado entrar em contato com Evelyn umas quatro vezes. Nehuma delas alguém atendeu ao telefone.
    Já desesperado, ele ligou para a agência de viagens do hotel e pediu passagens para Paris, naquela noite.

    Em Paris, Juan antes de deixar as coisas no hotel pediu ao motorista do táxi que o levasse ao endereço que Evelyn deixou. Estranhamente o homem se negou e disse que nem ele deveria andar por aquela área. O francês de Juan é extremamente rudimentar e o inglês tem um sotaque muito forte, o que dificultou muito entender porque o motorista não o levaria lá. O homem árabe, não entendia uma palavra em espanhol.
    Depois de algum tempo tentando se comunicar com o motorista do táxi, Juan desistiu em deixou que ele o levasse para o hotel.
    Ele tentou com alguns motoristas de táxi chegar ao endereço, mas todos se recusavam a dirigir naquela àrea. Perguntou no hotel e tudo que ouvia era: “O senhor não deveria ir lá”.
    Sentado em um café numa ruela perto do centro da cidade, Juan estava a ponto de desistir, pediu a conta, mas se enrolou um pouco para isso e acabou falando claramente em espanhol, a garçonete não entendeu o que ele disse, mas um homem na mesa ao lado repetiu em francês o pedido dele. Em seguida se apresentou.
    Miguel era um comerciante espanhol que visitava Paris com frequência. Ele tinha amigos e negócios por lá.
    Os dois homens conversaram um pouco até que Juan disse o que estava fazendo lá. Explicou tudo que acontecera até ali em Paris, não deu uma palavra em relação aos dias e ao abandono em Cancún, apenas deixou claro que estava extremamente interessado em encontrar aquela misteriosa e maravilhosa mulher outra vez. Miguel pediu para ver o endereço e assim que colocou os olhos na anotação, as feições dele mudaram.
    “- Você tem certeza que anotou corretamente o bairro?” Perguntou.
    “Tenho sim” respondeu Juan sem hesitar.
    O espanhol explico à Juan que ninguém queria levá-lo lá por que é a área mais perigosa da cidade.
    “O bairro é praticamente murado, ninguém entra ninguém sai sem ser um morador ou ter autorização da polícia.” Disse Miguel.
    Juan se espantou e imaginou que então Evelyn tivesse anotado o endereço errado ou na recepção alguém deve ter cometido algum erro na hora de fazer o cadastro dela no computador. Os dois homens se despediram e trocaram contatos, Miguel prometeu à Juan que ele poderia lhe telefonar depois de confirmar o endereço.