Tag: investigação

  • O mistério do lobisomem – pt4

    O mistério do lobisomem – pt4

    Já leu a parte anterior?

    Cheguei com a Lobisomem numa casa de chás, ervas, produtos naturais e demais materiais relacionados a flora e fauna. Estava na cara que o lugar pertencia a uma bruxa. “Pelo menos eles estão conseguindo se misturar com os humanos” – Pensei comigo.

    – Olá boa noite, infelizmente já estamos fechando – Informou uma garota, meio gótica na faixa dos 20.

    – Boa noite, precisamos falar com a Madame… – Falou Claire, indo direto ao ponto.

    – Ela não fica mais aqui, senhora.

    – Ok, entendo e onde podemos encontrá-la? – Falei eu me intrometendo.

    A garota cerrou os lábios, como se estivesse analisando a situação mentalmente e falou retraída:

    – Não sei se…

    – Recuperamos alguns itens que foram roubados dela, fica tranquila que ela vai querer nos receber – Falou Claire, interrompendo os pensamentos da aspirante.

    Os seus ombros relaxaram e seus lábios, até então tensos, se aliviaram. Exibindo um belo sorriso, apesar de sua origem inglesa.

    – Ah se for por isso, acho que ela vai querer mesmo falar com vocês. Tomem. Esse cartão tem o endereço e o celular dela.

    Claire de imediato se virou e voltou par ao carro, eu dei uma piscadinha e soltei um simples: “Thak’s milady!”. Claire estava tão empolgada que ela mesma assumiu o volante e já estava com o carro ligado quando fechei a porta.

    – Eu sei onde fica esse lugar, entra anda!

    – ok ok, pode ir. Vou ligar lá para ver se está em casa… Droga deu caixa postal!

    – Fuck!

    Prosseguimos sem muito papo até o local. Lugar afastado do centro, repleto de árvores e casas residenciais. Não senti nenhuma presença sobrenatural e todas as luzes estavam apagadas no endereço indicado pelo cartão. Olhamos ao redor, não havia nenhuma câmera e decidimos pular a pequena mureta. Alguns gatos rondavam o local e aproveitei para usar meus poderes com um deles:

    “Hey gato, você mesmo, pode se comunicar comigo?”

    “Comida… Estou com fome!”

    “Desculpe não tenho comida, você não tem nenhum rato para caçar?”

    “Minha amiga sempre me alimentava”

    “Sua amiga se chama Madame…”

    “Sim”

    “Sabe onde ela está?”

    “Dentro de casa morta”

    Deixei o gato falando sozinho e percebi que Claire tentava abrir a porta, quando cheguei dando um chute. Ela se assustou, mas ignorei e fui logo entrando. Alguns insetos e vermes pelo chão. E lá estava o corpo da bruxa em decomposição e próximo de uma escada.

    – Nossa que nojo, não consigo ficar aqui o cheiro é perturbador…

    Achei estranho uma lobisomem reclamar do cheiro de carne podre, mas cada um com seus defeitos. Tratei de dar uma rápida olhada no lugar. Nada mais aparentava estar fora do lugar e tudo o que me restava era olhar o corpo.

    Fiquei alguns instantes observando, quando fui abruptamente interrompido por Claire, que estava com um lenço no rosto e disse:

    – Corre, a polícia tá vindo… Foi uma armação!!!

    Tive de agir rápido, empurrei o corpo com o pé e a mão que estava abaixo do corpo ficou a mostra. Exibindo algo que brilhou aos meus olhos. Uma pequena abotoadura de camisa. Dessas que estão fora de moda, mas que alguns caras ainda insistem em usar. E para nossa sorte esta era especial, no formato de uma cabeça de lobo.

    Claire colocou o colar e agiu muito rápido para pegar o carro. Percebendo que ela estava a salvo a segui em forma de névoa, até um cruzamento onde ela teve de parei e consegui alcança-la.

    – Ia me deixar lá, baby? – Falei ironizando e um pouco puto.

    – Ah para como se tu não soubesses onde eu vivo.

    Odeio ficar nas mãos de uma lobisomem mulher ¬¬

  • O mistério do lobisomem – pt3

    O mistério do lobisomem – pt3

    Fyllisk fjörvi feigra manna,
    rýðr ragna sjöt rauðum dreyra;
    svört verða sólskin um sumur eftir,
    veðr öll válynd. Vituð ér enn – eða hvat?

    Ele se alimenta da carne dos homens mortos,
    a casa dos deuses se torna vermelho do sangue escarlate;
    o brilho da Sól se torna negro para os verões que chegam,
    o tempo se torna pior. Quem saberia – ainda mais que isso?

    Lugar tranquilo e pacato, algumas árvores no quintal e por dentro diversos quadros nas paredes. Muitos deles relacionados a mitologia nórdica, inclusive alguns continham passagens da Völuspá, o primeiro e mais conhecido poema da famosa Edda.

    Tais escritos não tiveram muita importância ao menos no inicio de nossas investigações e o restante da casa do tal individuo eram bastante normais. Num dos cômodos achei um laptop bem usado e Claire, um cofre disfarçado de frigobar noutro. Saímos de lá com ambos e voltamos para a casa alugada.

    Pepe me indicou um amigo hacker para dar uma olhada no laptop e Claire se virou com o cofre. Mesmo com nossas forças sobrenaturais são “rolou” abrir e tivemos de apelar para algum chaveiro. Não desses que ficam em quiosque de supermercado, mas um especialista conhecido da peluda, que inclusive se prontificou em ir ao nosso encontro num local neutro e instantes depois de ser chamado.

    Ele levou alguns minutos, reclamou que já haviam tentado arrombar aquele cofre outras vezes, mas por fim deu um jeito. Claire pagou algumas Libras pelo serviço e tão logo ele se foi, nos concentramos com o que havia dentro da caixa forte.

    Algumas gavetas com Euros e libras, uma caixa com esmeraldas e uma caixa de madeira, que continha um par de brincos e um colar aparentemente de ouro com pedras negras, aparentemente Ônix.

    – Bom ao menos levantamos uma grana boa…

    – Como se tu precisasses… Deixa eu ver esse colar!

    Não que todas as lobisomens sejam grosseiras, mas Claire é meio bruta mesmo e tão logo falou, foi arrancando o colar das minhas mãos e colocando.

    – Fuck, hey não coloque isso assim – Disse preocupado.

    Mesmo assim ela me ignorou, colocou tanto o colar como os brincos. Aparentemente não havia acontecido, até o momento em que ela me olhou fixamente por alguns segundos.

    – Puta que pariu, acorda!!!

    Dei-lhe uns dois tapas de leve no rosto…

    – Depois eu é que sou a grossa, eu estava brincando contigo idiota! Mas espera, acho que senti algo…

    Ela simplesmente sumiu a minha frente e em seguida senti uma forte brisa circulando ao meu redor, como se do nada o vento atingisse minha pele fria. Olhei para todos os lados, fiquei preocupado e quando menos esperava ela reapareceu a minha frente.

    – Uouu…

    – O que foi isso Claire?

    – Isso aqui simplesmente me deixou muito rápida. Tu me viu correndo? Acho que dei umas 5 voltas em ti e no carro – Falou ela impressionadíssima.

    – Bom, ao menos temos mais uma confirmação que esse povo está mexendo com magia bem pesada. Vem cá deixa eu tirar umas fotos das joias.

    Enviei de imediato as fotos para Sebastian. “Já que vocês pesquisaram sobre joias outro dia eu preciso que aproveitem o embalo e deem uma olhada nestas também. Valeu Seba”.

    Como estava para amanhecer voltamos para a casa alugada e enfim consegui arrastar a lupina para a cama. Sexo casual, sem comprometimento e despretensioso. Apenas para acalmar os ânimos antes de dormir como diz o Franz.

    No meio do dia acordei com uma chamada de voz pelo Whatsapp, era Sebastian empolgado com suas descobertas. Tais joias haviam sido roubadas de sua dona, uma bruxa de Londres, popular entre os colecionadores de artefatos mágicos.

    Acordei Claire, que aliás estava uma delicia nua entre os lençóis. Ela acordou um pouco assustada, se cobriu envergonhada e queria sair naquele instante mesmo para falar com a tal bruxa. Sério, tive que segurá-la… Essa lupina ainda vai me deixar louco! Pensei comigo.

  • O mistério do lobisomem – pt1

    O mistério do lobisomem – pt1

    Leia como esta história começou...

    Já era quase 3h da manhã quando meu jatinho desceu em Londres. O voo foi uma bosta e por vários momentos pensei que teria de chegar a nado. Apesar disso, o motorista estava a postos na saída do aeroporto particular e me levou tranquilamente até uma casa que aluguei pela internet.

    A casa não tinha muitos detalhes, era simples, com acesso a internet e próxima de uma locadora de veículos. Onde naquela mesma madrugada aluguei um potente 4×4. Acomodei as malas, separei algumas roupas, utensílios e minha munição especial num canto. Depois enquanto remontava minhas pistolas, tratei de ligar para a lobisomem. Tentei por uma, duas e na terceira vez Claire me atendeu:

    – Oi, chegou?

    – Sim, estou aqui arrumando minhas malas… Vens para cá?

    – Ok, que bom que veio rápido!

    – Te disse que viria assim que possível, babe!

    Silêncio…

    – Manda o endereço, vou colocar uma roupa e vou até ai.

    – A velha frieza europeia…

    – What?

    – Nada. Vou te mandar pelo Whatsapp… see you soon, babe!

    Estava tirando um cochilo quando ouvi barulho de carro. Lavei o rosto e fui para a porta. Abri antes que ela batesse e mesmo com a surpresa, não consegui animar ou assustar aquele rosto pálido e tristonho.

    – Hey que bom te ver, entre minha querida!

    Até pensei em lhe dar um beijo, ao menos no rosto, mas vamos por partes. Ela se acomodou num sofá, sentei ao seu lado e preferi focar no assunto que nos reuniu.

    – Então, alguma novidade?

    – Poucas, mas acho que sei quem está com ele. É um grupo rival da Mão Vermelha e há alguns agentes duplos que me preocupam…

    – Tens os nomes? Podemos ir atrás de alguns deles. Precisamos começar por algum lugar… faz O que, um mês que ele sumiu?

    – 23 dias e algumas horas! – Disse ela suspirando e se jogando para trás no sofá.

    Aproximei-me, envolvi meu braço direito em seu ombro e com a mão esquerda arrumei seus cabelos.

    – Hey, calma nós vamos achá-lo. Tu sabe que ele é forte e vai sair dessa. Vai por mim tenho experiência com caras tipo o teu pai. Eles são duros na queda. Só precisamos achar algum caminho ou pista.

    – Obrigada pela ajuda, sem meu pai por perto não sei nem por onde andar direito. Me sinto no escuro e perdida, num lugar que conheço desde pequena… (suspiros)

    – Sei como é já passei por isso algumas vezes e ficar longe de quem amamos é o pior sentimentos de todos.

    Nesse momento ela se encostou em meio peito e fechou os olhos. Adormeceu como uma criança carente, que se aconchega e relaxa nos braços de uma mãe ou de um pai…

  • Odeio o anoitecer – Parte 1 de 2

    Odeio o anoitecer – Parte 1 de 2

    Certamente, um dos períodos no qual eu mais me sinto triste é o entardecer. Não deveria ser assim, afinal esse período do dia nos equivale ao “amanhecer da noite”, mas alguns sentimentos são quase impossíveis de se explicar. Digo isso, pois foi o que me aconteceu tempos atrás, o que de certa forma me motivou a sair e dar um rolê. Antes que me perguntem eu não posso sair de dia, mas o céu estava com aquela cor roseada.

    Moto na estrada, em alguma rodovia grande do interior e o objetivo seria me encontrar com Hector. Nosso projeto “Os escolhidos”, estava parado, então a ideia seria levantar um pouco a poeira. Minutos depois eu cheguei no local combinado e lá estava ele junto de Eliot, sentados numa mesa de bar do interior, essas de plástico com marca de cerveja barata.

    Hector reclamou pelo encontro ser tão cedo, mas tive de marcar naquele horário em função de minhas insônias frequentes. Papo vai e vem, ele me contou sobre o que andava fazendo e decidimos ir para o seu refúgio, numa casinha de madeira de difícil acesso, no que parecia ser um sítio. Inclusive, reclamei, pois a estrada era horrível, quase furei os pneus da moto e arranhei algumas partes de baixo. Poxa, vocês sabem do amor que tenho pelas minhas motocas…

    – Relaxa, se quiser eu mando te entregar uma moto novinha.

    – Cara sabes que esse modelo não está mais em fabricação.

    – Pra mim moto é tudo igual.

    – Tá tá, me mostra logo o que tens feito aqui nesse fim de mundo…

    Diante os fatos ele me mostrou algumas foto aéreas e aparentemente era uma fazenda grande, onde dentre tantos detalhes se armazenava e distribuíam drogas sintéticas. Sendo a principal uma derivação, ainda sem nome e muito próxima da tal Flakka, consumida nos USA.

    Se há algo que adoro fazer é estourar esse tipo de lugar e não me faltava vontade para que fôssemos naquela noite mesmo. No entanto, como o objetivo desse nosso projeto é ajudar a sociedade, não bastava entrar lá e quebrar tudo, tínhamos também de prender os culpados e fazer com que eles chegassem até a polícia federal.

    Então liguei par a o meu amigo na PF e avisei dos nossos planos. No início ele ficou com o pé atrás, mas depois de alguns minutos ele consultou o banco de dados e como sempre viu que nossa ajuda seria vital. Está certo que nossas empreitadas deixam muitos destroços, mas vem cá. Precisamos nos divertir também…

    Consegui, que alguns agentes fossem ao local nos próximos dias e tratamos de planejar uma ação rápida. Como sempre entraríamos ocultos por algum feitiço/poder e dentro do lugar trataríamos de prender os lideres. Eliot já havia ido ao lugar e possuíamos algumas rotinas e detalhamentos sobre os melhores caminhos a serem seguidos.

    A verdade é que estes lugares possuem pouca vigilância. Nos filmes são vistos cercas altas, vigilância com câmeras e muitos seguranças. Só que isso é coisa de filme babe e a realidade é muito mais simples. Por que gastar tanto com segurança se podes gastar mais com trabalhadores? Tendo em vista essa realidade havia na verdade apenas dois galpões grandes, um onde as pessoa dormiam e se alimentavam e outro onde estava a produção das drogas.

    Por fora havia até uma meia dúzia de câmeras, que mandavam as filmagens para uma casinha pequena, onde dois caras se revesavam na segurança. As cercas em volta do lugar eram simples e estavam ali apenas para que os três Dobermans não fugissem, ou os empregados.

    Tudo mapeado e prontos para agir eu recebo uma mensagem da Claire no meu smartfone:

    – Fê quado puder me liga.

    Como havia um pouco de tempo antes da ação daquela noite eu resolvi ligar e fui surpreendido por um pedido inesperado de ajuda:

    – Obrigada por retornar brevemente. Tô desesperada meu pai sumiu e não posso falar disso com o nosso grupo, acho que tem gente daqui envolvida, me ajuda, por favor?

    Nessas horas eu sempre lembro do Franz pegando no meu pé, que eu não resisto aos pedidos de uma mulher carente, mas quando falei da situação para Hector ele foi enfático:

    – Cara sério? Na boa se tu for atrás dela vou mandar a merda esse nosso projeto.

    – Hey pera lá meu velho, não é bem assim…

    – Ferdinand tu não tem compromisso cara, tá sempre atrás qualquer putinha que te liga.

    – Ah vai a merda…

    – Vai se fude…

    Vendo que o clima estava uma bosta e prestes a ficar pior Eliot prontamente nos interrompeu:

    – Senhores não é hora pra discussões tolas, vamos focar nessa missão de hoje e ao final disso o Ferdinand pode ir correndo para onde quiser. Vai ser rápido.

    Hector ficou na expectativa, eu até ponderei por algum tempo, na verdade Hector estava certo, mas poxa, não sou de ferro e ele me ofendeu.

    – Tá relaxa vou ajudar vocês, mas porra Hector vê se cala boca, tu me confunde como Franz as vezes.

    – Tô errado cara?

    – Tá vamos nos concentrar nisso aqui, um problema de cada vez…

  • Sangue frio – Pt4

    Sangue frio – Pt4

    Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagem, após o…

    Desisti de ligar para ele naquele momento após umas dez tentativas. Eu estava entediada, e de certo modo também já preocupada com aquela criatura. Naquelas noites, fiquei na casa de Hector em busca de alguns contatos e estudando relatórios. Tínhamos tanto trabalho pela frente que não tive tempo para mais nada. Ele havia decidido visitar alguns locais e já se passavam três noites de sua saída. “Raios, será que morreu ou foi capturado ou isso é próprio de seu feitio?” – Pensei.  Meu celular toca. Ferdinand liga e já vou logo dizendo.

    – Ferdinand, sabe algo sobre Hector?  Não vim para cá para virar uma nerd e só ficar estudando relatórios. Sabes que odeio esperar por algo ou alguém.

    -Hey, boa noite pra você também. Eu não sei de nada não. O que houve?

    – Humm, estou nos nervos com essa demora, não que esteja preocupada com ele, claro. Mas já fazem três noites que aquele vampirata saiu, e até agora nem sinal.

    -Ah!Não se preocupe. Logo ele aparece. Deve estar em alto mar relembrando os velhos tempos, ou encontrou alguma pista importante…

    – Pode ser. Enfim, precisa de algo?

    – Na verdade, só queria notícias sobre as coisas por ai. Mas, vejo que está tudo bem… (risos) Além disso, Lilian e Carlos progrediram em suas buscas, um resultado não muito agradável, devido ao que descobriram. Acho que logo, precisarão do auxílio de vocês. Mas, veremos isso depois.  Também estarei aguardando notícias sobre aquela tarefa que pedi.

    – Sim, espero que Hector esteja trabalhando nisso.

    Falamos sobre mais alguns assuntos e logo desligamos o telefone. Naquele momento pensei em fazer uma caminhada noturna. Mas, estava confortavelmente jogada em cima da cama, cheia de papéis ao redor, com o notebook ligado, aninhada em uma manta e vestindo apenas uma camisola de seda preta.

    Ouço o barulho da porta abrindo. Hector chegou, me procurando foi até o quarto.  Cheirava a rum, ou alguma bebida do tipo.

    -Pela demora acho que encontrou algo.

    – Boa noite para você também Becky. Sim, encontrei. Estava me esperando? – Falou analisando a maneira em que eu estava.

    Revirei os olhos e disse:

    – Na verdade não. Só estava à vontade aqui sozinha e você é a segunda criatura que me diz “boa noite pra você também”. Enfim, o que encontrou?

    Hector se aproximou me deu um beijo inesperado, “o que é isso” pensei, e então disse:

    – Você vai ver logo, vampirinha mal humorada. Se arrume que vamos buscar esse tesouro juntos…

    Eu realmente estava mal humorada. Pelo menos Hector não havia me deixado de fora daquela diversão. Estacionamos o carro a umas duas quadras e seguimos a pé até o endereço. Então, aconteceu algo engraçado. Para entramos no local, achei melhor saber o que poderíamos encontrar pela frente e fiz uma das minhas pequenas viagens astrais, questão de segundos. Quando voltei, Hector estava de frente para mim, com as mãos nos meus ombros, me encarando com aqueles olhos negros bem de perto, fazendo caretas. Pisquei os olhos rapidamente:

    – O que foi? – Perguntei.

    – O que houve com você? Seus olhos brilharam como se estivesse…

    – Podemos entrar por uma janela aberta nos fundos, é pequena, mas, nós dois passamos. O alvo está sozinho em seu quarto igual a um internauta doente.

    Não precisei mais explicar, Hector conhecia essa habilidade, sorriu com seu jeito sarcástico e logo em seguida demonstrou ter compreendido. Entramos pela tal janela. Abordamos um cara magro, esguio e com olhos fundos. Estava sentando em frente ao computador com uma caneca de cerveja, vestia uma calça jeans podre e estava sem camisa. O maldito fedia. Em seu quarto, inúmeras fotos e materiais pornográficos, em seu computador imagens de meninas e contatos da internet. Confiscamos tudo.

    – Boa noite queridinho, está a fim de dar um passeio?

    – Para ele você dá boa noite?

    Disse Hector, soltando uma gargalhada demoníaca de fazer qualquer um arrepiar. Levamos o maldito que ainda no caminho, já entrou em desespero. Coitado nem imaginava o que faríamos com ele…

  • Estranhos e loucos – pt1

    Estranhos e loucos – pt1

    Em outra noite, enquanto navegava pela internet e respondia alguns e-mails, recebi uma ligação do meu big boss, como sempre, tive que fazer uma piada ao atender.

    – Ual, recebendo ligações tuas?

    – Lili te ligo quase sempre, tonta!

    – Diga Fê, a que devo a honra?

    – Piadas a parte querida, preciso da tua ajuda.

    -Minha ajuda? Então devo esperar alguns confrontos.

    – Claro! Quem melhor para chamar?

    – Ok boss. Time and place!

    Após receber todas as coordenadas do Ferdinand, arrumei uma mochila com roupas e tudo que fosse precisar, claro, minha preciosa katana e esperei a noite seguinte. Logo que escureceu, segui até a cidadezinha onde seria o local do nosso encontro.

    Estacionei o carro que havia alugado e esperei pela chegada de Ferdinand, minutos depois  ao longe conseguia ouvir o forte barulho de uma moto se aproximando, logo presumi que fosse ele. Sai do carro e fiquei encostada, pude apreciar a chegada dele e ser recepcionada com um sorriso.

    – Olhe para você magrela, com todo este cabelo rosa!

    – Se isso for um elogio Fê, eu aceito!

    – É um elogio! Combinou com você.

    – Muito obrigada! Adorei a jaqueta by the way.

    – Vintage minha querida. Venha cá, deixe lhe dar um abraço.

    Terminado os cumprimentos e com a conversa em dia, ele finalmente me explicou o motivo do encontro. Ferdinand precisava ajudar um antigo amigo por nome Carlos. Um cacique que pelo que entendi era também um Lican. O mesmo estava preocupado com alguns sumiços estranhos, pessoas de sua aldeia ou da região, que simplesmente desapareciam sem deixar rastros. Se nem mesmo um Lican índio encontrou rastros, tire suas próprias conclusões.

    – Infelizmente não poderei ir. Inclusive já estou atrasado para uma reunião com o pessoal da Mão vermelha. Por isso deixo isso em suas mãos. Ficará como um favor pessoal ente você e eu.

    – Não vai se decepcionar, fique tranquilo.

    – Ah mais uma coisinha… Leve este amuleto contigo, é uma Ônix especial, vai te trazer proteção e talvez um pouco de sorte.

    – Muito obrigada Fê.

    – Sempre que precisar. E por favor, mantenha-se intacta, eu não gostaria de dar más noticias ao Trevor.

    Dizendo isso, Ferdinand voltou a sua moto e seguiu seu destino. Enquanto eu permaneci ali com um mapa cheio de coordenadas, um amuleto, uma mochila e um carro alugado, que aparentemente não me ajudaria em nada no meio da mata. Sim, no meio da mata. Afinal eu teria que chegar à tribo do Carlos.

    A caminhada até a aldeia me tomou três horas e ao me aproximar do local, senti uma presença sorrateira e que me analisou minuciosamente. Entre as folhagens e a escuridão da mata, consegui ver dois grandes pontos iluminados chegando cada vez mais perto de mim. Por precaução deixei uma das minhas mãos preparada em cima da katana e a outra livre para me proteger. Dei um passo a frente, vi que os pontos pararem e ficaram ali, como se esperasse um movimento meu. Mais um passo e retirei a minha espada da bainha, outro passo e eles sumiram. Na verdade os pontos sumiram e a sensação não.

    Esperei com a guarda alta. Imagine, iria me encontrar com um Lican desconhecido e aparentemente o líder da tribo, seria loucura achar que deveria ficar tranquila com esse fato. Mais alguns minutos e vejo a folhagem mexer, ainda empunhando a espada esperei cautelosamente, como felino analisando sua presa.  Desta vez eu escutava passos, passos humanos, conseguia sentir o cheiro, um cheiro nada agradável, diga-se de passagem. Vi uma forma humana, e que forma humana.

    Finalmente fiquei frente a frente com ele, o famoso Carlos. Alto, forte, de abdômen definido, bronzeado, longos cabelos negros que desciam até as costas, olhos escuros como se fossem duas pérolas negras. Trajado de o que me pareceu alguma folhagem para esconder sua partes intimas, as orelhas furadas com um adorno que, ao meu ver, pareciam alargadores indígenas. Estampando um grande sorriso ele veio  ao meu encontro e me deu um grande abraço, senti os músculos do corpo dele e  devo confessar, me senti até que bem, tirando aquele cheiro de tapete molhado. Ele me colocou no chão e ficou quieto, me olhando por alguns segundos, até que finalmente falou algo.

    – Olá! Você deve ser a Lilian!

    – Oi! Prazer Carlos.

    – Bem que o Ferdinand me falou que era linda.

    – Ah obrigada…

    – Ele apenas não me falou sobre o cabelo colorido e dessa “altura toda”.

    – Ah detalhes. Pois bem, aqui estou.

    – Aqui está! Desculpe ter te analisado antes, precisava ter certeza que não era ninguém com más intenções.

    – Tudo bem Carlos, eu te entendo.

    – Bom senhorita Lilian, vamos até a minha tenda. Lá poderá ficar mais a vontade e quem sabe retirar esses panos estranhos, que vocês da cidade usam.

    – Eu estou bem assim…  Não me incomodo de ficar vestida.

    – Não! Tem que usar algo menos ridículo, se não o povo da aldeia vai estranhar muito.

    – Valeu pelo ridículo!

    – De nada! Venha querida, venha.

    Apesar dos pesares e das minhas roupas “ridículas”, que, aliás, eu não tirei. Carlos foi receptivo e me guiou até sua tenda, a mesma estendia-se até uma larga e profunda caverna, lugar no qual eu passaria meu dias longe do Sol. O mesmo disse que iríamos começar as buscas na noite seguinte após um ritual de proteção indígena. Consenti  com a cabeça, seguindo em direção aos meus novos aposentos.

    Não sei o que nos espera, fico em dúvida se vou conseguir ajudar Carlos e deixar o Trevor e Ferdinand orgulhosos. Apenas sei que no fundo desejo ajudar todos e salvar as vidas em perigo.

  • Fui traído! E agora? – pt3

    Fui traído! E agora? – pt3

    “Eu desço dessa solidão
    Espalho coisas sobre
    Um Chão de Giz
    Há meros devaneios tolos
    A me torturar
    Fotografias recortadas
    Em jornais de folhas…”

    Eu estava com muitas ideias na droga da cabeça. A vontade era de sair de moto, sem juízo ou capacete. Achá-la e meter a mão na cara daquela puta. Como pôde depois de tudo o que tivemos? Depois de tudo o que lhe dei ou ainda poderia lhe proporcionar deste mundo ou dos outros?

    – Vadia! – Gritei sozinho e desolado no quarto do hotelzinho de beira de estrada.

    – Alô, alguma notícia do wi-fi ou ele tá vindo a cavalo? – Falei para a recepcionista

    – Disseram que “resetaram” o modem senhor – respondeu a garota cheia de resceio e aparentemente medo.

    – Ok. Por favor, me retorna quando voltar! – Falei grosseiramente.

    Se há algo que me irrita é o fato de não poder fazer o que quero. Sim sou teimoso, sim odeio ficar parado e sim vou parar de reclamar e lhes contar o que ocorreu depois que o maldito acesso a internet voltou…

    – Hey pessoal, finalmente consegui me conectar no Skype para falar com vocês. E ai Franz alguma notícia daquela puta?

    – Então irmãozinho. Fomos aos lugares que indicou e nem sinal dela…

    – Puta que pariu – Interrompi-o e louco para lhe dizer que eu iria cuidar daquilo eu mesmo.

    – Calma, deixa eu falar… Não a encontramos, mas a Pepe e a Becky fizeram um refém enquanto eu investigava outro lugar. Espera que vou te mostrar a cara do infeliz…

    Naquele instante Franz levou o notebook para o outro quarto, onde havia um senhor oriental de cabelos brancos e que vestia roupa social. Além disso, ele estava visivelmente abatido, machucado e sem saber o que estava lhe acontecendo.

    – Pelo que descobrimos ele é um “laranja”. Partiram dele os contatos feitos com a aquela vagaba e vamos tentar que ele marque uma nova reunião para emboscá-la. O que tu achas?

    – Acho que ouvi falar desse puto ai é o tal (…), mas acho que é uma boa opção. Conseguiram mais alguma cousa?

    – Por hora isso e o fato de que ela ainda não terminou a espionagem. Parece que ficou devendo alguns arquivos e projetos para eles. Quando ela soube que estava sendo investigada, simplesmente picou a mula, como dizem irmãozinho.

    – Menos mal, me mantenham informado. Não quanto mais ficar me escondendo do mundo. Não achei que a droga da transformação da Pepe fosse sugar tanta energia.

    – Quanto mais velhos, mais poder desprendemos nas transformações. Tanto que a Pepe está bem forte. Fica de molho ai por mais um tempo, melhor isso do que eu ter de te salvar em algum lugar (risos).

    – Ah falou o todo poderoso… Enfim deixa-me dar um tchau para as garotas…

    Depois disso, falei por mais alguns instantes com Pepe e Becky, mas nada além dos “oi, tudo bem?” e desliguei em seguida.

    Desliguei o notebook como quem fecha um livro depois de mais um capítulo lido. Avisei na recepção que iria sair e que era para preparar meu carro. Sai sem rumo, mas com o objetivo de esticar as peras e espairecer. Naquele momento eu estava um pouco mais aliviado por ter falado com meu irmão, mas seria muito interessante se surgisse algum bêbado ou perdido querendo doar sangue.

    “Boite (…) 2 Km”

  • A bruxa sumiu – pt8

    A bruxa sumiu – pt8

    Dificilmente, eu me comovo diante alguma causa, mas o que aconteceu com Helen mexeu muito com minha cabeça. Esqueça que tivemos alguns momentos mais íntimos, o que entrou em jogo depois de ver seu corpo inerte e desfigurado, foi o meu lado mais sombrio e nefasto. Um lado que nunca deveria assumir o controle de meu corpo e que certamente deixaria horrorizada minha mais nova cria.

    “Se eles querem um demônio eles terão… Pepe também ficaria chocada ao ver a casa bagunçada, por o que há de pior nos lupinos? Era muito para sua cabeça de vampira recente, será que ela daria conta do que estava acontecendo?” – Pensei comigo. Sei que ela já havia caçado junto de Franz, portanto vivenciado seus primeiros encontros com a morte humana.

    – Fê como está diante disso, te acalma. Você me disse que estava “saindo” com ela e isso não pode tirar o foco da situação. Lembra? Você mesmo disse que não podemos nos envolver emocionalmente com os investigados…

    “Essa é minha garota!” Para a minha alegria ela ficou mais preocupada com a minha reação e deixou de lado o fato de ter visto um corpo humano desfigurado, sujo de sangue coagulado e assassinado por uma besta descontrolada.

    – Todo esse sangue e essa situação são tranquilos para ti, minha querida? Quanto a mim estou bem, mas confesso que também quero fazer o sangue deles fluir…

    – Eu me alimentei antes de vir, talvez seja por isso rs… Hey olha ali, tem alguns cabelos na mão dela. Devem ser do tal lobisomem que a atacou.

    – E o que sugeres, vamos dar uma de “CSI” e procurar pelo DNA no banco de dados da polícia?

    – Claro Fê, tu não ouviu o Eliot falando outro dia, que está com acesso ao banco de dados e aos testes de DNA daquela universidade…

    Senti-me um velho naquele momento, daqueles que inclusive veem os programas dois anos depois do lançamento e dublados na TV aberta. Porém, tudo bem. Um dos motivos de eu ter transformado a Pepe era este: ter alguém jovem, deste século e com os pensamentos atualizados para me ajudar.

    Voltamos para o hotel e Pepe levou as amostras para Eliot. Na noite seguinte recebo uma ligação da recepção e era Hector, que havia chego para a captura de nossa primeira “entrevista”. Então sem me demorar arrumei uma mochila com alguns utensílios, munição extra de prata e algumas especiais com água benta. Além disso, separei num local de fácil acesso dois ou três ingredientes para anti-feitiços.

    Hector disse que estava com sua velha cimitarra de prata no carro e se “garantia” apenas com ela. Fato que agilizou nossa saída e cerca de duas horas depois chegamos perto da casa do tal “membro sênior”. Uma casa normal de subúrbio e próxima de outras, o que limitaria muito nossas ações.

    Logo na entrada percebi uma magia de proteção muito fraca e para se precaver virei névoa para dar uma vasculhada no lugar. O cidadão estava na sala assistindo tv, era algum programa de esportes e estava sozinho. Naquele lugar a magia de proteção parecia um pouco mais forte, talvez por sua presença e quando resolvi dar meia volta para avisar Hector, ele surgiu ao lado do homem no sofá.  Deve ter utilizado alguma magia de silêncio misturada com algo para invisibilidade, mas o importante é que “o cara ficou com o cú na mão”, como disse meu parceiro.

    – Se gritar feito mulherzinha ou chamar atenção dos vizinhos eu arranco tua cabeça com as mãos. O que tu sabes sobre a Helen, que foi morta ontem… Desembucha ai seu pervertido!

    Hector falou isso quando desfiz minha transformação e quando apareci junto deles os tal homem se desesperou. Tentou se levantar, tentou gritar, mas dei-lhe um tapa corretivo com as costas da mão, que inclusive o jogou de volta para o sofá.

    – Tu não ouviste? Desembucha ai o que tu sabes da Helen!!!

    Fui incisivo e vendo que não estávamos para brincadeira ele engoliu a saliva e nos disse gaguejando:

    – Não se-ei do vo-ce-cês ta-ão fala-lando…

    Nesse instante foi a vez de Hector deixar de lado a elegância e socar o estômago do infeliz. Naquele momento, ele gemeu e se contraiu para frente. Depois parou e ficou mudo como se estivesse apagado com as mãos ao rosto. Hector puxou-lhe para cima pelos cabelos e para nosso azar ele havia consumido algum veneno que estava dentro de um anel e tirou sua própria vida.

    Vasculhamos o lugar, encontramos algumas fotos em seu Tablet e para o azar deles obtivemos acesso ao grupo do Whatsapp, que por sinal compartilhava muitas fotos de pornografia, incluindo a infantil. O nojo e a revolta tomaram conta de mim naquele instante…

  • A bruxa sumiu – pt5

    A bruxa sumiu – pt5

    Helen possuía uma voz calma, tranquila, quase “chapada”. Sua idade, algo em torno de 30 e poucos não lhe pesava e confesso que me até me senti atraído por ela, afinal vocês sabem que tenho um fraco para bruxas loiras… Papo vai e vem, por alguns momentos eu até me perdi em mio as suas histórias ricas de detalhes, mas enfim depois de alguns minutos ela  tocou no assunto do desaparecimento de sua mãe.

    – Ferdinand, não é fácil para mim falar de mamãe, ela sempre me foi muito boa, tínhamos uma ótima relação e meu mundo virou do avesso quando ela sumiu. Na época os investigadores da policia procuraram em todos os lugares, vieram até mim com teorias loucas e até mesmo o minha casa e minhas intimidades foram reviradas por eles. Na sequencia disso eu ainda estava bastante abalada e ouve uma investigação por parte de alguns Regrados. Sabes que eles são extremamente loucos por regras e foi horrível  tudo o que eles me obrigaram a fazer. Passei uma semana inteira enclausurada numa sala escura e mal me davam água e comida. Portanto, ter de abrir essa conversa de novo contigo, depois de quase 10 anos é difícil, me entende?

    Nesse momento, o semblante dela havia se fechado, ela ainda não havia me falado nada sobre o dia fatídico, mas estava na cara que escondia algo importante…

    – Quando me lembro deles invadindo a reunião do nosso Coven, dos capuzes, dos tiros e todo aquele fogo…

    Depois dessas palavras ela desatou em lágrimas e tive pena dela e de quão ruim aquilo tudo havia acontecido para sua família. Tentei arrancar mais algumas palavras ou fatos, mas foi extremamente difícil. Comprei-lhe uma água e acabei oferecendo carona até a casa dela. Na minha cabeça eu queria apenas confortá-la e acabei dando um tiro certeiro. Ela Aceitou meu convite e fomos com meu carro para sua residência.

    Era um lugar afastado, longe do centro e bem arborizado, típico do interior e absolutamente tranquilo. Pelo que havia entendido ela morava sozinha e constatei isso ao chegarmos. Uma casinha bem amistosa, alguns gatos vieram ao nosso encontro quando chegamos e mesmo sendo tarde, próximo das 23h aceitei seu convite para entrar.

    Eu não deveria estar me envolvendo tanto com a vítima, mas havia algo a mais nela e isso excitava minha curiosidade vampiresca. Ficamos por algum tempo na sala e ela já havia desconfiado de meu lado sobrenatural. Claro que não saio dizendo para todos os ventos que sou vampiro, mas resolvi abrir o jogo com ela.

    Inicialmente ela ficou um pouco surpresa, mas depois me confidenciou que havia tido contato conosco por causa de sua mãe e até possuía um ou dois contatos no mundo dos vampiros e dos peludos. Isso abriu assunto para mais uma bela conversa que durou tempo suficiente para eu não ter mais como sair de sua casa antes do nascer do sol.

    – Pode passar o dia por aqui eu estou tão sozinha ultimamente, que um pouco de companhia irá até me fazer bem.

    “Quando a esmola é demais o santo desconfia”, não é isso que diz o ditado? Pois bem, não era minha ideia dormir na casa dela, mas resolvi dar pano para manga e deixar rolar o que tivesse que rolar. Ela bocejou a minha frente e disse:

    – Nosso papo foi tão bom, que nem vi o tempo passar. Queres que eu te apresente  oquarto de visitas ou já se apagou ao meu sofá?

    – Acho que uma cama iria fazer bem as minhas costas se não te importas…

    – Imagine, venha aqui…

    Segui-a até o quarto e estava tudo muito escuro, para minha surpresa não era um quarto mas sim uma escada que dava para um porão. Mesmo diante disso, deixei ela descer a frente e para minha surpresa havia no porão uma cama confortável, limpa e alguns livros jogados numa estante do canto.

    – Aqui é onde minha mãe costumava ficar quando me visitava. Por causa da idade ela estava com os olhos cansados e falava que aqui nesse breu se sentia mais confortável. Pode por tuas coisas no criado mudo. Eu vou tomar um banho e volto para ver se está confortável.

    Será que eu estava numa noite de sorte, será que eu deveria ser o santo desconfiado? Deixei-a ir para o banho e obviamente revirei todos os livros e coisas do lugar. Alguns deles falavam de história, outros eram apenas romances e um deles me chamou atenção. Capa de couro, folhas amareladas e algumas delas rasgadas. Dentre uma linha e outra percebi que era algum tipo de diário impresso, ou seja, a reprodução da vida de alguém. Contudo, o que me chamou muito a atenção essa uma passagem grifada:

    “…é invocado por magos ou exorcistas, pode os ensinar todas as línguas, encontrando prazer em ensinar expressões imorais, e tem o poder de fazer os espíritos da terra dançarem, assim como por inimigos em fuga usando seus animais ou abalos sísmicos.”

    Eu já havia visto essa descrição de Ágares na internet, mas ali havia mais, inclusive um ritual para invoca-lo. Algo complexo e que inclusive envolvia grande quantidade sangue humano. Mesmo com tudo o que já havia visto mundo a fora, aquilo me deixou perplexo e pensativo. Todavia, tive de parar meus pensamentos por algum tempo, Helen havia voltado e trajava uma bela lingerie preta. Percebi muitas tatuagens pequenas por todo o seu corpo torneado e mesmo com o hobby cobrindo as partes mais gostosas, percebi que não dormiria sozinho naquele dia chuvoso e frio de outono…

  • A bruxa sumiu – pt1

    A bruxa sumiu – pt1

    Passados os detalhes pós-transformação de minha querida Pepe e depois que minha forças voltaram a quase 100%, é justo que eu volte as minhas rotinas. Principalmente, no que diz respeito ao projeto “Escolhidos”, junto do ex-pirata Hector Santiago. Antes que me perguntem de Pepe, ela passará algumas semanas junto de Franz e H2, no que meu irmão chama de jam session, que na verdade será uma série de ensinamentos coletivos no qual ele tentará passar as nossas novas crias. Portanto está bem, sã e salva…

    Chegando no QG dos Escolhidos, me encontrei sozinho em meio a muitas investigações, as quais o próprio Hector não estava dando conta de investigar. Inclusive ele e Eliot estavam em campo, provavelmente verificando um dos casos. Tendo em vista, o amontoado de processos optei pelo clássico uni, duni, tê e para minha sorte encontrei um caso em que as forças ocultas estavam envolvidas em mais uma trama.

    Desta vez não haviam raptado artefatos mágicos, mas sim a própria anciã de um Coven de bruxas. Um grupo peculiar, no qual nome não posso revelar, mas que foi importante na época da ditadura brasileira. Dentre as provas encontradas pela própria policia no local do crime, havia muitos pelos de pantera negra e diversos objetos estavam arranhados. Além disso, algumas poças ou pequenos espirros de sangue espalhado pelo lugar foram analisados e nenhum deles levou os investigadores da policia, a quaisquer suspeitos cadastrados em seus bancos de dados.

    Ainda nos arquivos do processo haviam os depoimentos de três membros do grupo que foram encontrados feridos e desacordados no local do sequestro. De acordo com o que foi relatado pelo escrivão eles não falaram “nada como nada” e tudo o que se relacionava com o momento do sequestro estava embaralhado na mente deles.

    Instigado pelo crime arquivado e aparentemente sem solução aos olhos humanos, tratei de por as mãos a obra e pesquisei tudo o que a internet e a Deep web podiam me informar sobre o tal Coven. Liguei para alguns amigos e um deles me disseque o caso era de média importância para a sociedade bruxólica e que também já havia sido investigado por olhos sobrenaturais. Porém mesmo assim nada havia sido encontrado.

    Minha curiosidade estava afoita diante um processo interessante e não me custava nada dar uma espiadinha nos envolvidos. A cidade era grande e isso ajudaria a camuflar minhas investigações, só precisava juntar alguns equipamentos e deixar Hector de sobreaviso no caso de eventualidades.

    Carro com roupas e afins, carretinha com uma de minhas motos e hotel reservado…

  • A vampira pin-up – pt4

    A vampira pin-up – pt4

    Alguns barulhos ao redor e tive de sair em função dos policiais que chegavam para investigar. Acabei aceitando que não havia o que fazer, pois não sentia mais sua energia e voltei para o hotel onde estávamos hospedados. Um bom banho quente de banheira para tentar relaxar e fiquei imaginando o que poderia ter acontecido. Como não relaxei, nem muitos menos tive conclusões condizentes liguei para Franz, que nesta época estava em algum lugar da Alemanha tentando reassumir nosso negócios por lá.

    – Lembra que Eleonor estava empolgada um tempo atrás com aqueles shows de mágica? Vai ver ela resolveu praticar um pouco. Aguarde mais uma noite ou duas… – Recordou meu irmão. Estaria ela envolta em algum ritual ou truque novo? Vocês sabem que minha cabeça não sossega, então fiz mais algumas ligações durante aquele dia e assim que anoiteceu retornei ao lugar.

    Eu estava atordoado, alguns pensamentos transformavam-se em imagens que vinham aos meus olhos, provavelmente lembranças ocultas de mim por mim mesmo naquele estado demoníaco…

    “Waiting for my time
    Oh Lord, please forgive me
    Waiting for a hero,
    An angel relieve me”

    Vaguei cabisbaixo e com as mãos no bolso, apenas seguindo meu caminho em direção as possíveis cinzas daquela linda alma. Alguém, aliás, que eu não estava dando o devido valor mesmo depois de tanto tempo juntos. Sim, eu estava tendo aquele típico pensamento depressivo com auto-avaliação.

    Alguns passos e lá estava aquele palito de fósforo queimado. Nenhuma energia sobrenatural ao seu redor e apenas duas placas com o desenho do distintivo do distrito policial, informando que o lugar estava fechado e a entrada proibida. Uma viatura a poucos metros do lugar, indicava que alguns investigadores deveriam estar vasculhando a região, então tive de agir rapidamente.

    Passei rapidamente em frente ao lugar e arrumei um beco para me transformar em névoa. Voltei a casa e como um bom farejador, senti cada canto daquele lugar, porém nada no porão. Também nada na parte de cima, mas antes de ir embora novamente eu resolvi passar nos fundos do lugar. Um quintal pequeno, com pouco mais de 10m² onde havia um gramado, um ofurô e algumas flores.

    Fiquei impressionado com o fato de que apenas uma flor amarela havia sobrevivido a todo aquele caos. Seria um sinal? – Pensei comigo, então retomei minha forma de névoa e voltei para o hotel.  Onde fui surpreendido por um bilhete deixado na recepção.

    “Lei nº 5 do livro sagrado, não matarás. Pense nisso esta noite Ferdinand.”

  • Torturas, sexo com vampiros. Pt1

    Torturas, sexo com vampiros. Pt1

    Certamente há muitas diferenças entre os seres sobrenaturais e aqueles tidos apenas por humanos. No entanto, as diferenças se anulam quando os assuntos são relacionados ao instinto animalesco, primitivo e tudo o que se relaciona a formas de poder. Certamente, muitos de vocês já leram as histórias pervertidas contadas aqui, por meus amigos Doutor ou Frederick. Hoje retomarei estas histórias e explorarei com minhas palavras um daqueles momentos ocorridos com Frederick e repleto de detalhes picantes.

    Sexta passada uma leitora enviou um e-mail picante e me inspirou a contar tais “procedimentos” profanos. Importante: Caso tenha estômago fraco ou não goste dos temas: sexo, sangue, pedofilia e torturas, não recomendo ir além destas linhas, no qual falarei nos próximos 7 contos.

    Tudo começou em meados deste ano quando investigávamos uma rede de pedofilia envolvendo vampiros, humanos e Ghouls. Participaram desta operação alguns policiais, Frederick, Hector e eu. O lugar se perdeu em alguma casa de campo no interior do Brasil e atualmente o caso se encontra encerrado na policia federal.

    Noite de lua cheia, tudo muito claro e, portanto foi difícil fazer uma incursão surpresa ao local. Tivemos de nos adaptar e a melhor forma foi se passar por clientes do local, aliás, era extremamente fácil ter acesso ao mercado negro de crianças e adolescentes deles. Havia inclusive um grupo no falecido Orkut que promovia a pedofilia e o tal comercio de escravos sexuais.

    Uma policial mulher foi à escolhida para ser nossa chamariz e possível cliente para uma menina de 13 anos e dita virgem pelos mercadores. Nosso foco seria a aproximação e eventual captura das lideranças. Sabíamos apenas de duas pessoas, no qual havíamos trocado e-mails e ligações, no entanto eram mais que suficientes por inicio.

    Frederick e Hector fariam a aproximação pelos fundos do local, uma casa grande daquelas que certamente havia sido sede de alguma fazenda escravista no século passado. Eu faria suporte como segurança ou acompanhante da policial. A equipe com os outros policiais ficaria a espreita a distância e ouvindo tudo pelo rádio oculto na roupa da detetive.

    Passamos a porteira com a caminhonete alugada, nos dirigimos para a entrada, onde alguns seguranças faziam a ronda do lugar e até o momento nenhum vampiro ou quaisquer outros perigos maiores a nossa espreita. Logo na recepção fomos recebidos por uma garota jovem com pouco mais de 20 anos e estava na cara que ela era uma Ghoul. Pele pálida, emanando  uma energia fraca, mas vampiresca.

    Tentei por diversas vezes sinalizar isso a detetive, mas não tive oportunidade. A garota nos levou por diversos cômodos e corredores e à medida que passávamos os vários níveis surgia mais alguém a nos acompanhar. Por fim chegamos a uma sala de jantar onde fomos surpreendidos pela presença de um casal de vampiros e seus quase dez Ghouls.

    Clique aqui para ler a parte 2.