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  • O totem desaparecido – Parte 3

    O totem desaparecido – Parte 3

    15h 32m era o horário que marcava meu smartphone, no momento em que olhei para sua tela e segundos depois de ouvir o barulho irritante e estridente do interfone. – Mas que diabos, eu já pedi para o porteiro não me incomodar durante o dia. – Pensei comigo. – Depois com a menor vontade de todas fui até a cozinha, peguei o interfone e balbuciei: – Oi, diga!

    – Doutor, o doutor Carlos está por aqui, ele pode subir? – Disse-me o porteiro do prédio, que inclusive me pareceu completamente assustado. Apesar disso, liberei entrada e fui correndo para o quarto para ao menos vestir uma cueca. Sim, eu durmo sem nada. Minutos depois, duas longas batidas à porta e a sensação de sua presença sobrenatural acusaram a chegada de meu velho amigo.

    Buenas noches cabrón! – Disse-me o homem grande, de olhos escuros profundos, barba rala, voz grave e roupas simples. Suas vestimentas eram as mesmas de sempre uma camisa xadrez verde e preta, com botas de couro cru por baixo das surradas calças jeans. Ele trazia consigo apenas uma mochila de lona grande, uma maleta quadrada forrada por fora com couro batido marrom e algo com quase 1,5m embrulhado em um bonito tecido vermelho. Tão logo ele entrou já foi me dando um abraço apertado seguido por um fraterno beijo no rosto. Sei que isso vai parecer estranho, principalmente para os brasileiros e ainda mais vindo de um brutamontes feito ele, mas tais procedimentos tem origem em sua cultura, no qual sempre admiro e respeito muito.

    Carlos atualmente é o Xamã/líder de sua tribo e apesar de já estar com quase 100 anos, possui a bela vitalidade Wairwulf (nome que damos aos lobisomens), que lhe garante uma aparência de no máximo 40 e poucos. Então, passados os papos iniciais sobre a viagem e toda aquela conversa fiada entre amigos, eu lhe contei sobre o tal caso do Totem e lhe mostrei todas as evidências que havia conseguido. Inclusive sobre a tal garota, que parecia não ter sido afetada pelas balas de prata de minha pistola “.50”.

    O velho Wairwulf me contou sobre algumas experiências que estavam sendo desenvolvidas nos últimos anos e sobre um soro que diminuía a influencia de tal elemento em seus organismos. Ele não tinha muitos detalhes, mas a garota era a prova de que esse projeto havia saído do papel. Com relação ao Totem ele me apresentou outra história interessante. O casal que havia sido assassinado possuíam certa influência e eram uma espécie de guardiões da peça roubada, que dentre várias importâncias religiosas, também é visto como símbolo representativo de uma determinada tribo sul-americana.

    Em função de tais fatos planejamos uma nova incursão a tal cena do crime. Obviamente, aguardamos a noite e só fomos para o lugar depois de alguns preparativos, eu inclusive optei por levar junto comigo o novo IWI CTAR-21, que ganhei de presente de um amigo do Oriente médio. Carlos pegou alguns itens da caixa de couro e os embalou numa mochila menor e em seguida fez questão de se gabar de seu mais novo “brinquedinho”. Oculto sob o manto vermelho havia uma bela cimitarra com várias escrituras rúnicas entalhadas na lâmina. Arma que ele havia encomendado a pouco tempo de nosso, mas que já havia se tornado o seu “xodó” e certamente não era apenas um pedaço de metal forjado.

    Escondemos tudo entre algumas toalhas ou casacos e fomos para garagem. Lá peguei minha BM e fomos para a tal casa. Embalados na maior parte do tempo por uma banda nova que achei por essas noites na internet, chamada Piel de Serpiente e sua empolgante Muérdeme.

    Novamente em meio aos buracos e poças de lama da estrada de terra e algumas horas depois, finalmente estávamos nós diante ao monumento arquitetônico. Ainda dentro do carro não senti muita confiança na expressão de Carlos, que naquele instante parecia colado a sua cimitarra. Tendo em vista a situação acenei com a cabeça e disse um breve: – Vamos? Naquele instante minhas palavras pareciam ter surtido algum efeito no Wairwulf que franziu a testa e desceu muito rápido do carro, batendo a porta e me deixando ali sem saber o que estava acontecendo.

    Nos instantes seguintes eu sai rapidamente do carro e com minha audição aguçada apenas assisti ao que pareciam ser muitos galhos e até mesmo troncos, sendo dizimados por muitas e muitas espadadas. Confesso que de início pensei em ir atrás, depois ponderei e fiz uma rápida vistoria em volta do lugar, que parecia não ter recebido nenhuma visita depois de mim. Não sei dizer quanto tempo levou para Carlos voltar, mas algum tempo depois senti sua energia se aproximando novamente de mim.

    Eram passadas pesadas e longas. Porém, antes de pensar qualquer coisa lá estava novamente a minha frente aquela majestosa forma lobo humanoide com quase 3m de altura, que tal qual eu sempre digo, fariam um humano normal se arrepiar só de olhar.

    Sua respiração estava ofegante e pedaços de suas roupas rasgadas, ainda estavam presas em sua bela pelagem marrom escura. Em uma das mãos ele trazia a cimitarra, agora banhada de sangue e noutra uma cabeça humana. Percebi que seus olhos estavam fixos em mim e sem pronunciar nada apenas lambeu um pouco do sangue da cabeça decapitada, jogando-a em seguida aos meus pés.

    Pobre garota, nem deve ter visto o endiabrado se aproximando… Coisas de Wairwulf…

  • O totem desaparecido – Parte 2

    O totem desaparecido – Parte 2

    “Pela estrada a fora eu vou bem sozinha…”

    Poucas horas depois eu estava em uma das florestas próximas a cidade. Aquele ar fresco, úmido e puro poderia excitar meus pulmões caso eu ainda respirasse, mas diferente disso apenas molhou um pouco a minha jaqueta. – Será que o delegado havia me passado as coordenadas certas do lugar? – Pensei comigo. Porém, não tardou e logo em seguida já pude ver aquela escultura em forma de casa.

    Ao longo do caminho muitos animais tentavam se esquivar da luz do farol ou se sentiam incomodados pelo tradicional e robusto ronco do motor de minha Harley. Foi assim entre eles e as pequenas poças de lama, que finalmente me deparei com o majestoso ao portão de entrada. Lacrado com uma grande corrente enferrujada e horrorosamente decorado com várias fitas listradas pretas e amarelas da pericia da policia.

    Através das grades portão vi o restante da casa, que estava vazia e muito escura, mas meus sentidos afirmavam com pouca precisão que havia alguma movimentação sobrenatural pelo lugar. Sabe aquela sensação de há alguém te observando? Pois bem… Mesmo assim achei um lugar longe da entrada para minha moto e tratei de escalar o muro em busca de ao menos uma visão ampliada do local.

    Novamente não havia nada que chamasse a atenção de minha visão aguçada, porém em função de uma melhor proteção, resolvi ocultar a moto e fazer contato com algum mamífero ao meu redor. Por sorte não demorou até que avistei um pequeno Callitrichinae em meio às folhas de uma Ficus clusiifolia. Aliás, ele quase fugiu ao me ver, mas consegui ser mais rápido. Com o macio e pequenino animalzinho em minhas mãos eu me concentrei por alguns instantes, ate que finalmente nos sincronizamos.

    O poder de telepatia com animais, ainda mais com os menores e menos inteligentes, é sempre difícil de usar, mas entre as memórias do curioso sagui havia a imagem de algumas pessoas que haviam passado a pouco pelo tal lugar. Infelizmente ele não foi muito “amigo” e correu tão logo pode. – Tudo bem isso já me basta. – Era o que havia em minha cabeça, quando saltei os muros do lugar e por azar aterrissei próximo a uma poça de lama que respingou sobre minhas já castigadas botas.

    O jardim estava abandonado, porém ainda muito bonito. Não havia câmera, sensores ou qualquer outro tipo de rastreador pelo lugar, no entanto tudo estava muito bem fechado com o portão. Obviamente virar névoa seria a melhor opção de entrada, se não fosse minha intuição me levar até uma janela entreaberta e que insistia em bater contra uma das paredes do lugar.

    Peguei impulso e na primeira vez não cheguei nem perto do batente, no entanto sou brasileiro e ao insistir de segunda. Com um pouco mais de força quase atravesso a janela, caindo dentro do que parecia ser um quarto de hospedes no segundo pavimento. Logo de inicio muita sujeira, penas e pequenos ganhos provavelmente trazidos pelo vento ou pequenos animais. Nesse instante eu já não sentia mais ninguém me observando e com mais curiosidade que o normal investiguei todos os cantos da casa.

    Estava tudo revirado, muitas marcas de calçados, muita poeira e se não fossem as marcas de sangue entre a suíte e os corredores, eu diria que o lugar era apenas abandonado. Muitas peças de decoração que me pareceram caras e até mesmo um bonito televisor de ultima geração ainda decoravam muitos dos ambientes. Roupas novas e limpas em um dos armários, detalhes que no geral denotavam um ambiente muito bem cuidado e harmonioso, apesar de tudo. Foi ao observar estes detalhes que encontrei uma foto onde o casal posava em sua sala de estar ao lado do tal Totem.

    Porém abruptamente toda a calmaria deu lugar a uma intensa movimentação de vários tipos de animais, que inclusive me fez tapar os ouvidos, cousa que dificilmente preciso fazer. Na sequencia, uma inquietante angustia tomava conta de mim, quando ouço barulho de vidros estilhaçando e sou agredido de supetão pelas costas por algum tipo de objeto pesado. Por sorte ele não me machucou, parecia algum tipo de pedra ou mineral, no qual não dei atenção, pois preferi me movimentar em direção à origem do arremesso.

    Aproveitei o espaço aberto na janela e com as pistolas em punho atirei contra um vulto que se mexia próximo ao ofurô do quintal. Depois disso, foram muitos os saltos e largas passadas seguidas de mais tiros até que finalmente a figura misteriosa cai ao chão. Reviro o corpo que havia se esvaído de bruços e para o meu azar era apenas uma garota, que provavelmente estava brincando pelo lugar…

    Confesso que de inicio tive pena, porém com ela em meus braços bastaram alguns segundo para que sua constituição a regenerasse e com uma espécie de manobras quase ninja e inesperadas, ela se desvencilhou de mim. Muito rapidamente a figura sobrenatural parou em cima do muro de mais de 5 metros, mas antes de fugir me disse em claro e bom tom: – A ordem dos “fulanos de tal” não quer sanguessugas envolvidos nisso. – Em seguida, antes que eu pudesse ao menos lhe retrucar, ela sumiu sem deixar rastros.

    Volto para a moto, pego uma mochila e junto o máximo de evidências que me são cabíveis naquele instante. Ainda por lá junto alguns ingredientes e faço uma espécie de lacre em uma das paredes com o intuito de que mais ninguém entre ali até meu retorno. Horas depois e já em casa, entro em contato com Carlos, que de prontidão me atende. Ele ouve atentamente sobre tudo e sem pestanejar promete vir até mim no próximo avião…

  • O totem desaparecido – Parte 1

    O totem desaparecido – Parte 1

    Naquela noite eu ouvia um som novo de uma banda chamada Texas Hippie Coalition, uma pegada pesada com vocal grave, daqueles que te fazem balançar as pernas e cabeça ao ouvir. Quando recebo uma sms do delegado, cuja interrupção abrupta na música, me despertou de imediato uma sensação de ansiedade pelo que estava por vir.

    “Tenho um novo caso pra ti, pago como sempre em moeda fresca.” – Dizia a simples frase que de súbito fez as papilas gustativas de minha língua se excitar. – “Estou longe, mas posso chegar rápido caso o pagamento esteja fresco mesmo RS” – Obviamente eu não podia deixar de fazer uma piadinha. –“Relaxa, vou te mandar as instruções, só precisava saber se queria um novo passatempo. Abs”

    Então, o som havia retornado, porém novamente fora interrompido pelo bip de “nova mensagem”. Alguns segundo para os arquivos serem baixados e lá estava eu diante mais um daqueles casos em a que a policia tinha dificuldades para atuar. Ainda mais a brasileira… Furto seguido de duplo homicídio, com posterior evasão sem vestígios de arrombamento ou quaisquer sinais de outra presença além das vítimas.

    Apesar de furtos com homicídios serem algo quase comum no Brasil, havia algo de estranho naquela ocorrência. De acordo com meu ex-cunhado, a cena estava muito limpa, algo que indicada uma ação profissional. Porém, o que lhe fez vir até mim foi o item afanado. De acordo com parentes do casal assassinado, dois homens gays e colecionadores de obras de arte, um totem antigo não estava na sala de estar.

    Quando o papo envolve totens há sempre o envolvimento de lobisomens, fato que de imediato me fez ligar para Carlos. Todavia, como o “peludo latino” está sempre em meio aos seus afazeres de tribo, consegui apensas lhe deixar uma mensagem na caixa postal. Também contatei Sebastian, que sempre se empolga neste tipo de ocorrência, porém ele ainda estava ocupado em suas ultimas aquisições amorosas. Apesar de ele ser minha cria e eu poder requisitar a sua presença quando necessitar, eu preferi deixá-lo fora desta vez. Afinal, não é sempre que um Nerd se permite desfrutar dos prazeres da carne.

    Naquela noite não fiz nada demais além de algumas pesquisas e contatos no submundo, mas não encontrei nada sobre eventuais rituais, movimentações lupinas ou qualquer outra cousa que merecesse maior atenção. Foi nesta noite, aliás, que Julie resolveu dar o ar da graça depois de algumas semanas oculta em suas próprias trevas. Disse ela que estava com saudades, mas me ver pessoalmente, que é muito melhor, ela não o fez ¬¬

    A lua já estava minguando quando Carlos finalmente retornou minha ligação. – “Como lo puedo ayudar?” – Lá estava a voz seca, grave e pouco gentil do peludo, tal qual sempre me é difícil de decifrar em função dos inexpressivos sentimentos, mas que depois de algumas piadas sempre emite uns moderados HÁ-HÁ-HÁ de assustar desavisados mais sensíveis.
    Contudo, tendo em vista suas atuais ocupações ele não poderia me encontrar de imediato, mas combinamos que caso minhas investigações iniciais produzissem algum resultado significativo, ele poderia “comparecer personalmente”.

    Contatos feitos e naquela mesma noite eu preparei minhas pistolas com balas de prata, juntei algumas outras surpresinhas “antilobisomem”, abasteci uma de minhas motos e fui investigar o local mais obviu: a cena do crime…

  • O gari serial killer – Parte 2

    O gari serial killer – Parte 2

    Este é o desdobramento final de O gari serial Killer – Parte 1

    Descobrimos onde ficava a central da empresa e mandamos um de nossos Ghouls até lá, com o objetivo de achar mais dados dos funcionários, desejável uma possível lista de empregados. Na noite seguinte a bela loira veio até nós com algumas folhas impressas e ainda comentou: “Vocês homens são tão fáceis de conquistar, basta um decote, um batom vermelho e ficam perdidinhos”. Ok, essa garota havia sido uma bela aquisição, comentou Sebastian…

    E lá havia uma lista de funcionários e melhor do que isso, tínhamos em mãos uma lista com mais de 400 nomes de funcionários fumantes, com seus respectivos endereços e telefones. Cruzamos então os nomes com dados da polícia e fizemos uma busca por todos que possuíssem antecedentes criminais. Achamos 43 pessoas com problemas e destes, 31 eram homens. Dividimos a lista em duas partes, Sebastian verificou 15 indivíduos e eu 16. Até que depois de três noites nos reencontramos e “trocamos algumas figurinhas”.

    Sebastian havia encontrado dois elementos que haviam chamado à atenção, um deles possuía bigode e era viciado em apostas. O outro estava sem barba, mas era conhecido na região por ser um assíduo frequentador de casas de prostituição e morava próximo há uma das vítimas. Eu por outro lado havia encontrado apenas um suspeito e este chamara minha atenção por ser o famoso “mulherengo vida fácil”, por seus B.O. por violência doméstica ou crimes pequenos, pela sua necessidade de ter de manter 4 filhos e por seu bigode muito bem desenhado. Todavia, entre todos os problemas do meu suspeito, o seu bigode era o fator principal de minhas desconfianças. Todo aquele cuidado com tais pelos, me fazia lembrar-se do cuidado que o serial killer teve com suas vítimas.

    Nesta mesma noite fomos atrás de um dos suspeitos de Sebastian, o tal bigodudo viciado em jogos. No Brasil os jogos não legalizados, então se você quiser achar algum lugar para jogar vídeo Poker ou bingo eletrônico, precisa ter contatos. Enquanto eu preparava o carro, Sebastian ligou para um de nossos informantes e naquela noite descobrimos uma jogatina em um bar de periferia, próximo de onde o cidadão morava. Para não chamar muita atenção nos vestimos de forma simples, “jeans e camiseta” e adentramos o lugar. Alguns trocados, algumas conversas e lá estava o gordo, bastou olharmos para o cidadão e de imediato o descartamos.

    Como ainda estava cedo, partimos em busca do outro suspeito de Sebastian, que infelizmente ficava do outro lado da cidade. Era mais de uma da manhã quando achamos o seu barraco, as luzes estavam acesas e para fazer uma boa investigação, falei para Sebastian aguardar no carro enquanto sai em forma de névoa. Adentrei o lugar, que era muito sujo, repleto de revistas pornô pelo chão e lixo. Não precisei perder muito tempo por ali, haja vista que o porco estava no sofá, em meio a muitas latinhas vazias de cerveja barata e uma caixa de pizza. Por que o descartei? Para ele ser um serial killer precisaria nascer de novo…

    Então, depois de duas investigações frustradas voltamos para o refúgio. Sebastian não se conformava e praticamente virou o resto da noite no notebook, lendo e relendo tudo que havíamos encontrado até então. Eu preferi abstrair um pouco e passei o restante da noite respondendo, comentários do site, mensagens do Facebook e Twitter. Então na tarde do dia seguinte Sebastian ainda dormia quando foi a minha vez de revisar as pistas, cousa que agora parecia mais fácil com a cabeça descansada. Porém, nada novo achei que chamasse minha atenção e próximo das 19 horas acordei Sebastian.

    Às 21 horas saímos em busca do último suspeito e durante o caminho até a casa do cara, Sebastian foi me contando as teorias que havia imaginado, porém hoje penso que ele “viajou” um pouco. O local era praticamente o oposto dos demais, limpo, arborizado e bem cuidado. Dentro do lugar havia algumas luzes acesas e novamente fiz minhas investigações em forma de névoa.

    Para minha surpresa tudo era muito bem organizado, quase impecável para ser sincero. Na sala vi uma mulher na faixa dos 50 com uma garota adolescente assistindo a novela, num dos quartos havia um garoto quase da mesma idade da adolescente e noutro quatro estava o suspeito. Porte alto, magro, porém com barriga e com o tal bigode, que parecia mais ornamentado que na foto e ele nem reparou na brisa fina que minha névoa fez ao passar por ele.

    Aparentemente um pai de família exemplar se não fossem seus antecedentes criminais. No quarto nada de interessante, então fui para a lavanderia, em busca de alguma pista que pudesse ligá-lo ao emblema rasgado, que encontrei na casa da última vítima. Mais uma vez meu instinto não me deixou na mão e no varal estava o uniforme de trabalho de Oswaldo, bem desgastado e com um furo, onde podia ser encaixado perfeitamente o pedaço que eu possuía.

    Estava eu com um dilema, como agir entre tantos humanos, sendo que apenas um era o culpado? Confesso que poderia ter feito o demônio aflorar e derramar muito sangue, mas preferi a solução, digamos mais limpa e na mesma noite entreguei o que eu havia encontrado para o meu ex-cunhado delegado.

    Algumas diligências passaram a seguir o meliante e na semana passada fui informado, que Oswaldo havia tentado fazer mais uma vítima, quando foi preso em flagrante. O que acontecerá com ele a partir de agora depende da justiça (falha) brasileira, mas pode ter certeza que uma vez condenado por mim, ele não escapará sem punição…

    Caso encerrado e a comemoração foi feita com um belo e fresco B+, lembram-se da foto que postei no Facebook na sexta?