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A bruxa sumiu – pt8

Dificilmente, eu me comovo diante alguma causa, mas o que aconteceu com Helen mexeu muito com minha cabeça. Esqueça que tivemos alguns momentos mais íntimos, o que entrou em jogo depois de ver seu corpo inerte e desfigurado, foi o meu lado mais sombrio e nefasto. Um lado que nunca deveria assumir o controle de meu corpo e que certamente deixaria horrorizada minha mais nova cria.

“Se eles querem um demônio eles terão… Pepe também ficaria chocada ao ver a casa bagunçada, por o que há de pior nos lupinos? Era muito para sua cabeça de vampira recente, será que ela daria conta do que estava acontecendo?” – Pensei comigo. Sei que ela já havia caçado junto de Franz, portanto vivenciado seus primeiros encontros com a morte humana.

– Fê como está diante disso, te acalma. Você me disse que estava “saindo” com ela e isso não pode tirar o foco da situação. Lembra? Você mesmo disse que não podemos nos envolver emocionalmente com os investigados…

“Essa é minha garota!” Para a minha alegria ela ficou mais preocupada com a minha reação e deixou de lado o fato de ter visto um corpo humano desfigurado, sujo de sangue coagulado e assassinado por uma besta descontrolada.

– Todo esse sangue e essa situação são tranquilos para ti, minha querida? Quanto a mim estou bem, mas confesso que também quero fazer o sangue deles fluir…

– Eu me alimentei antes de vir, talvez seja por isso rs… Hey olha ali, tem alguns cabelos na mão dela. Devem ser do tal lobisomem que a atacou.

– E o que sugeres, vamos dar uma de “CSI” e procurar pelo DNA no banco de dados da polícia?

– Claro Fê, tu não ouviu o Eliot falando outro dia, que está com acesso ao banco de dados e aos testes de DNA daquela universidade…

Senti-me um velho naquele momento, daqueles que inclusive veem os programas dois anos depois do lançamento e dublados na TV aberta. Porém, tudo bem. Um dos motivos de eu ter transformado a Pepe era este: ter alguém jovem, deste século e com os pensamentos atualizados para me ajudar.

Voltamos para o hotel e Pepe levou as amostras para Eliot. Na noite seguinte recebo uma ligação da recepção e era Hector, que havia chego para a captura de nossa primeira “entrevista”. Então sem me demorar arrumei uma mochila com alguns utensílios, munição extra de prata e algumas especiais com água benta. Além disso, separei num local de fácil acesso dois ou três ingredientes para anti-feitiços.

Hector disse que estava com sua velha cimitarra de prata no carro e se “garantia” apenas com ela. Fato que agilizou nossa saída e cerca de duas horas depois chegamos perto da casa do tal “membro sênior”. Uma casa normal de subúrbio e próxima de outras, o que limitaria muito nossas ações.

Logo na entrada percebi uma magia de proteção muito fraca e para se precaver virei névoa para dar uma vasculhada no lugar. O cidadão estava na sala assistindo tv, era algum programa de esportes e estava sozinho. Naquele lugar a magia de proteção parecia um pouco mais forte, talvez por sua presença e quando resolvi dar meia volta para avisar Hector, ele surgiu ao lado do homem no sofá.  Deve ter utilizado alguma magia de silêncio misturada com algo para invisibilidade, mas o importante é que “o cara ficou com o cú na mão”, como disse meu parceiro.

– Se gritar feito mulherzinha ou chamar atenção dos vizinhos eu arranco tua cabeça com as mãos. O que tu sabes sobre a Helen, que foi morta ontem… Desembucha ai seu pervertido!

Hector falou isso quando desfiz minha transformação e quando apareci junto deles os tal homem se desesperou. Tentou se levantar, tentou gritar, mas dei-lhe um tapa corretivo com as costas da mão, que inclusive o jogou de volta para o sofá.

– Tu não ouviste? Desembucha ai o que tu sabes da Helen!!!

Fui incisivo e vendo que não estávamos para brincadeira ele engoliu a saliva e nos disse gaguejando:

– Não se-ei do vo-ce-cês ta-ão fala-lando…

Nesse instante foi a vez de Hector deixar de lado a elegância e socar o estômago do infeliz. Naquele momento, ele gemeu e se contraiu para frente. Depois parou e ficou mudo como se estivesse apagado com as mãos ao rosto. Hector puxou-lhe para cima pelos cabelos e para nosso azar ele havia consumido algum veneno que estava dentro de um anel e tirou sua própria vida.

Vasculhamos o lugar, encontramos algumas fotos em seu Tablet e para o azar deles obtivemos acesso ao grupo do Whatsapp, que por sinal compartilhava muitas fotos de pornografia, incluindo a infantil. O nojo e a revolta tomaram conta de mim naquele instante…

7 comentários

  1. Ainda bem que morreu, eu não costumo dizer isto mas a sua morte foi bem merecida.

      • Porque não acho normal de todo, pessoas como essas estarem a fazer e a ver “essas coisas” (tu sabes a que é que me estou a referir). Normalmente quando uma pessoa pedófila faz coisas com os mais pequenos/as tendem a estragar-lhes a vida para sempre… A partir do momento em que isso acontece a criança nunca é a mesma, sempre cheia de receio de tudo e de todos e possivelmente no futuro pode não aguentar a tortura que aquilo causa psicologicamente e acaba por se suicidar. Resumindo e concluindo, as crianças quando crescem, e se lembram das cenas em criança (caso lhes tenha acontecido isso) tendem a matar-se. Então se ele morreu já ninguém morre… Já agora ele tinha quantos anos? (mais ou menos)

        • Esta questão da pedofilia é sempre muito discutível, mas com certeza alguém que tenha sofrido abusos, independente de serem físicos ou psicológicos, no caso do bullying, tende a ter problemas psicológicos no futuro. Quanto a idade do infeliz, alguma cousa nos 30…

          • ha então ainda tinha muito que viver… Mas será que as pessoas não conseguem fazer mais nada do que fazer coisas que são más?
            Ou eu realmente não entendo essas pessoas ou então sou boazinha demais…

          • Se há algo que precisas entender deste mundo é que há de tudo nele. Seres bons, outros ruins, há os neutros, os burros, os inteligentes, os espertos, os lentos, os rápidos… Há de tudo…

  2. Pois eu sei e entendo… O que não consigo entender é porque é que são assim…

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