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  • A garota perdida – pt3

    A garota perdida – pt3

    Eu comecei a chorar, o que seria de mim? Eu iria morrer? Pierre era algum tipo de serial Killer sádico que queria me torturar até a morte? Ou eu havia virado algum tipo de escrava dele, ou melhor, pelo que entendi, deles. Me sentei encolhida em um canto, abracei minhas pernas e deixei que as lágrimas rolassem… Senti então um toque mais robusto, mãos grandes tocando meu ombro, como que se de alguma forma quisesse me consolar.

    – Tão bela e inocente. Eu queria ter te achado antes, nunca trataria um ser tão lindo como você, de um jeito tão imundo e injusto. Mas se eu te ajudar, posso te prejudicar ainda mais, minha bela inocente.

    – O que devo fazer?

    – Deve pensar em coisas boas por hora. Lembre-se da sua família, dos teus amigos e de tudo que te faz bem.

    – Eu só queria ser feliz, ser livre da hipocrisia social, me sentir independente, me sentir amada e conhecer tudo que pudesse.

    – Você ainda vai querida, mas não do mesmo jeito de antes.

    – Promete?

    – Como é linda, até com lágrimas nos olhos. Prometo, e quando tudo isso acabar, prometo que vou  te ajudar.

    Antes que pudesse perguntar qualquer coisa para Trevor, Pierre, que antes eu amava e agora eu odiava ( Sim a linha entre amor e ódio é tênue, muito tênue ), nos interrompeu.

    – Trevor nos deixe a sós. Tenho algo inacabado aqui.

    – Não judie dela.

    – E qual o objetivo disso então seu idiota?

    – Sabe Pierre, aqui se faz e aqui se paga.

    – Não me venha com frases prontas.

    – Eu ainda vou assistir você correndo de tudo isso.

    – Vá logo Trevor!

    – Não a machuque!

    – Ela vai ficar bem! Você sabe disso.

    Antes de sair, Trevor olhou para mim, e deu um sorriso, um leve sorriso de como quem diz “ Vai ficar tudo bem”. Eu estava pronta para o que estava prestes por vir, e o que veio não foi nada bom. Senti um soco no rosto, parecia que ira me quebrar ao meio, depois veio um chute forte na cintura, tapas e socos no rosto, me senti desfigurada, tonta, fraca, até que finalmente veio uma resposta de Pierre.

    – Vadias desobedientes devem apanhar para aprender!

    Com muito esforço eu consegui jogar minhas últimas palavras como humana:

    – Eu só queria ficar um pouco sozinha.

    E mais um soco, agora na boca do estômago, seguido de um chute perto do meu peito, isso me fez perder o ar por alguns instantes. Eu sentia meu corpo tremer com o choque, senti o sangue fluir na minha boca, senti meus olhos incharem, lágrimas e mais lágrimas escorriam pelo rosto, mas eu não emitia um som, não conseguia, a dor, a decepção, a angustia, o medo, tomaram conta dos sentidos. E Pierre finalmente soltou minhas pernas, e antes que eu pudesse sentir algum alivio ou ao menos mexe-las, senti as mãos dele quebrarem meus tornozelos como se fossem dois palitos, eu gritei, o mais terrível grito que uma alma poderia gritar, a angústia da dor e não conseguir mais senti-las causou o mais profundo desespero, uma dor que eu não desejo para ninguém.

    -Sabe o porque disso Lilian? Hein?

    – Não…

    – Por que eu queria você como minha parceira, mas quando vi que você me desobedeceu, fiquei irado, sai atrás de você por toda maldita Londres!

    – Você é um sádico maldito!

    – Eu sou um vampiro sua idiota! Eu iria te transformar como minha serva, e quem sabe depois como minha amante para a eternidade. E você sai por ai achando que pode tudo.

    – Eu não fiz nada errado… Meu único erro foi acreditar em um desgraçado dissimulado igual a você!

    – Fez sim! Me desobedeceu! Cale a boca, como ainda consegue falar? Quer que eu arranque sua língua? E alias meu clã já sabia de você e agora eles sabem o que vou fazer! E ninguém vai me impedir, nem aquele velho do Gage. Você queria ficar sozinha? Pois vou lhe dar esse ar da graça.

    Pierre me agarrou pelos cabelos e me ergueu como se eu fosse uma boneca de pano, eu mal conseguia enxerga-lo, mas mesmo sendo pouco, quando vi que estava frente a frente com aquele canalha, dei uma bela cuspida cheia de sangue bem no meio do rosto dele, uma leve lembrança que ele teria de mim.

    – Isso é pra você lembrar de mim!

    – Ainda vamos nos ver de novo querida!

    – Eu não sei como, mas se for pra te ver de novo, que seja no inferno.

    Ele então colocou uma das mãos em meu pescoço e começou a me sufocar, senti a vida, a minha vida me deixar, a velha Lilian ir embora, morrer. Foi quando senti minha garganta ser rasgada, que finalmente a minha consciência deixou o corpo e eu finalmente cai em um sono profundo, o sono da escuridão.

    Eu morri, a ingênua Lilian, que achava que conhecia o mundo e que havia feito ótimas escolhas, que queria ser livre e feliz, que adorava sair com os amigos e fazer longos passeios a luz do Sol, essa Lilian morreu e apenas o que sobrou dela, foi a volta de uma mulher, ou melhor,  uma vampira atormentada e com sede de vingança.

    Quando eu voltei ao mundo e a minha EXISTENCIA começou, eu não sentia mais nenhuma dor, conseguia ver claramente através da escuridão, tinha a mesma sensação de vida, não a normal que vocês sentem, mas uma sensação de vida. Vi que meu vestido estava rasgado em maior parte, deixando meu corpo em evidencia, senti meus cabelos descendo pelas costas, vi que minhas botas estavam dentro daquele lugar e as coloquei, fiquei de pé e busquei a saída dali.

    Sai em uma espécie de biblioteca vazia, com apenas um espelho ao centro e lá havia um bilhete, eu reconheceria aquela caligrafia em qualquer lugar, lá dizia apenas “ Boa sorte Lilian”. Eu tento até hoje descobrir o que fiz para merecer isso, mas nada me vem a cabeça além da injustiça que me foi feita.

    Vocês devem se perguntar, como uma vampira recém-nascida se adaptou ao desconhecido? Digamos que eu tive ajuda, mas que infelizmente por hora eu não posso entrar em detalhes. Só sei que tenho que agradecer muito ao meu adorado mestre.

    Hoje eu não sou mais aquela flor delicada, continuo tendo as mesmas feições, o mesmo longo cabelo preto, a pele branca, os olhos verdes, e a ingenuidade nos olhos, apenas nos olhos. Digamos que me rebelei com o tempo e aderi as tattoos e piercings da atualidade e a roupa, bom isso varia do humor, mas sempre preto e branco e salto alto, lógico, e minha boa e velha maquiagem de sempre. De vestidos floridos, cabelos bem penteados, a educação impecável, a ingenuidade, o sorriso de menina, isso tudo acabou e agora eu havia me tornado a vampira com sede de vingança.

    Pierre sumiu após aquele acontecido, nenhum dos antigos, ou ninguém do clã sabia dizer aonde aquele maldito estava. Seis malditas décadas e ele consegue ainda desaparecer com total facilidade. Não se enganem, eu ainda o procuro, não com uma frequência grande, pois decidi aproveitar um pouco da minha imortalidade. Mas o dia em que eu achar aquele sádico, eu vou devolver em dobro toda dor, toda lágrima, toda angústia, toda mágoa e todos meus anos de vida, vida humana, perdidos graças a ele.

    Um dia contarei como me adaptei ao mundo após meu renascimento, e como aprendi tudo do meu clã e das minhas habilidades ainda não citadas. Mas por hora apenas deixo aqui registrado como uma doce menina perdeu-se ao cair nas garras de um demônio, e deixou a essência da humanidade.

    “Take care, the world is a shit hidden among beautiful distorted landscapes. “

  • O velho e o novo

    O velho e o novo

    Escrever meu primeiro livro tem sido um trabalho árduo desde as primeiras linhas. Neste primeiro volume dos três que virão neste ano de 2012, contarei como fui transformado em vampiro e uma série de fatos que aconteceram desde 1850 até os dias de hoje. Posso adiantar que foram momentos muito proveitosos, onde todos os meus sonhos de humanos deram lugar aos pensamentos do monstro que as vezes eu me torno.
    Hoje não irei contar histórias, mas falarei um pouco de algumas constatações que obtive nos últimos dias. O primeiro fato que me marcou muito foi lembrar-se de minha primeira esposa a Suellen, uma vampira repleta de poderes dons e que sempre foi alguém que alegrou cada momento no qual estivemos juntos.
    A questão é que escrever sobre Suellen me fez lembrar muito de minha bruxinha Beth, haja vista que a maioria de seus comportamentos são muito parecidos. Ambas têm um jeitinho meigo que encanta no olhar, por vezes são um pouco indecisas com relação aos fatos mundanos e o mais importante, sabem como fazer um homem/vampiro feliz.
    Falar do passado sempre nos faz ter esses momentos de reflexão e o que mais tenho feito por causa disso é pensar em como o velho e o novo se repetem. Não falo só por causa de minhas amantes, mas por causa da vida e de como ela às vezes é impulsionada pelos ciclos. Vocês sabem que sou um estudante de diversas artes ou filosofias e tanto a astrologia como o espiritismo tem sido meus companheiros desde 2005 quando acordei.
    Povo, não irei pregar religiões ou crenças por aqui e na verdade este é mais um daqueles posts onde de alguma forma eu tento abrir minha mente para todos, no sentido de querer mostrar que no fundo os vampiros ainda são humanos. Muitos verão isto aqui como “Ahh quero ser vampiro por que eles são legais”… Não por favor, não vejam isso desta forma, vejam isso apenas como mais uma reflexão de um ser que já viveu muito mais do que deveria para alguns e que passa suas noite tentando entender se seus objetivos realmente estão certos…
    Talvez as páginas que eu escreva hoje em meu primeiro livro, não reflitam tudo o que elas realmente precisam, porém existem noites e noite, dias e dias. Afinal o que sempre ouvi falar é que o tempo resolve tudo não é mesmo?

  • Promessas de ano novo

    Promessas de ano novo

    1 – Fazer justiça pelos que não podem se defender sozinhos.
    2 – Praticar o consumo de sangue consciente.
    3 – Manter a tradição da família.
    4 – Dar mais atenção as pessoas que nos amam.

    Início de ano é sempre a mesma coisa, pessoas fazendo suas famosas listinhas com afazeres e pensamentos sobre desejos e ambições para o novo período de ano que se inicia. Pelo que me lembro essa história de contar o tempo surgiu com um papa chamado Gregório? Bom, se alguém souber quem foi me avise, pois não tenho certeza. Enfim, é uma época em que os humanos repensam o ano que passou e planejam forçadamente o que virá. Digo forçadamente afinal é algo tão falado na mídia que se torna meio que obrigação pensar e planejar o que será feito no ano que se sucede.

    Isso é algo que acho ruim, pois as pessoas deviam planejar cada uma há seu tempo o que virá e o que desejam para si. Se não é sempre a mesma história: Todo mundo promete, mas quase ninguém conclui… Além do que não é apenas questão de planejamento pessoal é questão de como se leva a vida o que se faz e o que se deixará de bom para as próximas gerações…

    Papo estranho? Não mesmo! É que às vezes eu preciso dar umas cutucadas, afinal vejo tanta coisa ruim ou mal feita por ai que me da nos nervos.

    Vampiros comemoram a virada de ano? Eu que sou mais participante da sociedade humana sim em parte, mas a grande maioria não, afinal depois de alguns séculos a questão espaço tempo passa de forma diferente para nós e é difícil até mesmo lembrar datas como aniversários ou que marcaram.

    Sem contar o fato de que nossa sociedade possui mais de 5000 anos de história e comparar as coisas através do calendário ocidental se torna algo estranho e complexo.

    Esses são os pensamentos e filosofias que circundam minha cabeça durante as noites, muitas vezes precisamos nos adaptar ao meio em que vivemos mas no fundo o passado e o que fizemos sempre retorna para nos assombrar ou pelo menos confundir.

    O que eu fiz no ano novo? Fui com a Beth para a casa de um casal de amigos, depois dos fogos e das promessas voltamos para nossa casa para continuar nossos caminhos. Afinal, existem coisas que nunca tiram férias, como: Asmodeus, Belzebu, Mammon, Belphegor, Azazel, Leviatã e o famoso Lúcifer.