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  • A Carta: prévia do futuro livro “Erner”

    A Carta: prévia do futuro livro “Erner”

    Alguns meses depois e o conteúdo daquela carta ainda me intrigava. Nada estava explícito, mas, nas entrelinhas daquelas palavras vindas de uma época distante, eu poderia prever o que diziam. Em certas horas do dia, naqueles na qual consigo tirar um tempo para o descanso, algo que me tem sido raro, me vejo sobre as velhas lembranças que de tempos em tempos batem à porta.

    É fato que todo e qualquer vestígio sobre minha verdadeira origem, família e suas histórias, deveriam confortar meu coração de pedra, o coração que não bate e não sente… Será que não o sente? Tais descobertas deveriam sanar angustias vindas da busca pela verdade, e dúvidas como, quem eu era? De onde vim? Como eram aqueles que me deram a vida? Mas, à medida que tudo se tornava mais claro, um horror maior se revelava. À medida que buscava algum sentido, mas perdido tudo se encontrava.

    Percebo que todos esses questionamentos que perturbam minha mente, perturbam a qualquer um que já tenha sentido a necessidade de se conhecer melhor. Toda a confusão de sentimentos também, afinal, por que nos abandonaram ou por que nos tiraram de nossas famílias? É tolice achar que isso são coisas meramente humanas. É tolice achar que somos assim, tão superiores ao ponto de não nos importarmos com absolutamente nada. Mas, ao mesmo tempo, humano algum se deparou com certas situações, como nós, vampiros. O que posso afirmar, é que somos criaturas capazes de suportar muitas perdas, desilusões e tristezas, séculos a fora, porque aprendemos a vestir essa armadura. E ainda estamos aqui, buscando sobreviver a cada noite e buscando superar as adversidades, como se fossemos os mais afortunados da Terra. E no fim, o somos. Ao menos aos olhos meramente humanos…

    São muitos os momentos que me vejo refletindo sobre essas questões, mas aprendi com as surras da “vida” e da sobrevivência que nós vampiros somos como somos, por essa ser a nossa natureza. Transformamos-nos nisso, querendo ou não. Mas, essas palavras na carta, que tudo indica serem as palavras de minha mãe, e que agora transcrevo de uma forma mais clara me trouxeram uma humanidade que muitas vezes tento ignorar.

    ” März,1906…

    A ti escrevo com angústia. A ti escrevo para alertar sobre um mártir prestes a assombrar nossos destinos. Encontro-me de mãos atadas por minha própria injúria e fraqueza. Mas, tenho esperanças de que me sejas possivel salvar nossas almas condenadas pelo demônio. Um demônio tão terrível quanto o próprio Satanás. Digo-lhe, querido, que caí em uma armadilha e quase deixei meu amor verdadeiro por ti, se esvair como vento entre os dedos da mão. Deixei-me seduzir pela ilusão, nas entrelinhas de uma frieza crua e calculista, diante de uma face inexpressiva, como uma distância exaustiva. Um muro. Uma tranca sem chaves. Era como um delírio. Era como hipnose. Mas, finalmente acordei. E acordei pelo ser que carrego em meu ventre, e pelo amor que tenho a ti. Mas, a ti escrevo com angústia. Os olhos marejados de sangue, o corpo açoitado pela dor. Precisamos protegê-la, e livrar-lhe desse destino terrível. Peço-lhe que me perdoe, mesmo sabendo que esse é um pedido incabível, depois de todos os males que causei a vós.  Com grande pesar, Ass. Ely….”

  • Ainda existe amor neste vampiro?

    Ainda existe amor neste vampiro?

    Com certeza uma das perguntas que mais ouço é: “um vampiro sente ou pode sentir alguma espécie de amor?” Essa é na verdade uma pergunta muito capciosa, no sentido de que me deixa um pouco confuso ou pensativo demais para responder de supetão ou de imediato.

    Seria erro meu dizer com prontidão, que eu sinto amor ou que todo vampiro pode e sente amor. Contudo, para responder essa pergunta eu prefiro ir além dela e analisar o contexto histórico e local, que envolve as pessoas e suas dúvidas quanto a isso.

    É bem provável que as literaturas, filmes ou seriados da atualidade como Crepúsculo, Diários do Vampiro, Originais… Ou até a mesma aquelas dos anos 90, como entrevista com o vampiro ou Blade e afins tenham amenizado a monstruosidade que um vampiro exala.

    Além disso, no Brasil ou em Portugal e no restante do mundo estaríamos vivendo um momento de falta de amor? Será que a internet tem esfriado os contatos pessoais a ponto do poderoso e mais inconsciente sentimento humano ter sido deixado de lado? Sinceramente, é complicado responder as estas duas perguntas, mas acho que a época atual é bizarra.

    Digo bizarra, por se alguém no século XX ou XIX perguntasse sobre o amor. Aquele que tivesse de responder, certamente o faria com um brilho nos  olhos. Estufaria o peito, e mesmo que estivesse naquelas fases medíocres de falta de falta de amor. Falaria em claro e em bom tom que o amor é perfeito, que ele completa a união entre duas criaturas e que sem ele não é possível viver.

    Cara, estamos aqui no século XXI e o cotidiano tem mostrado, que é possível sim viver sem o amor. Mas teria o amor acabado? Não, claro que não, mas poucos tem percebido as suas mudanças.

    Voltando a antigamente, as pessoas se casavam e queriam passar a eternidade juntos, queriam passar 24 horas, dia e noite juntos. Porém, esse conceito mudou, as pessoas mudaram e hoje se vive junto de alguém até que a paciência acabe  e estamos todos sem muita paciência, não acham?

    Concluindo, se alguém me pergunta se um vampiro pode amar um humano ou qualquer outro ser, essa pergunta não é nada fácil de responder. Todavia, eu sempre digo que sim, sou otimista, sou daqueles que ainda acredita no amor, mas também estou naquela fase sem paciência e se avacalhar de alguma forma a fila anda, babe!

  • Amar… Será?

    Amar… Será?

    Texte enviado pela Marie Claire.

    Amar… Será?

    Quantos já tentaram descrevê-lo, quantos já viveram por ele e quantos por ele já morreram.

    Quanta paz ele nos traz e em quanto desespero pode transformá-la.

    Quantas batalhas ele provoca dentro de nós, quantas vezes faz a razão e a emoção tornarem-se inimigas mortais.

    Quantas sensações nos faz experimentar, a quantos belos lugares é capaz de nos levar.

    Como é sutil e cruel, quantas vezes nos leva ao céu e quantas mais nos lança ao inferno.

    Quantas vezes nos mostra o brilho sol e quando menos esperamos nos atira em meio a mais tenebrosa tempestade.

    É a cura para todo o mal, mas não deixa de ser letal.

    E o que dizer da profusão de sentimentos que o acompanha? Desejo, felicidade, ciúmes, ira…

    Será então mau esse tal amor? De forma alguma! É uma dádiva!

    Tantos questionamentos atormentam minh’alma mas somente por um pequeno detalhe que deixei de mencionar.

    Trata-se de mais um sentimento, porém é o impede de me entregar.

    Seu nome?

    Medo!