Tag: relato

  • Boas-vindas: Reaper

    Boas-vindas: Reaper

    Primeiramente eu quero deixar claro que eu não possuo e não gosto de redes sociais cheias de vidas alegres, vazias e sem sentido. Não tentem me achar, vocês vão se decepcionar. Comentários? Deixo para o Ferdinand responder por mim, se ele quiser.

    Vou falar apenas do que sou e o que faço e não eu não vou dar detalhes de como conheci o vampiro querido de vocês. Detalhes pessoais eu guardo para mim e quem está envolvido.

    Vocês vão me conhecer apenas por Reaper e só. E sim eu sou um cara, fora do comum mas mesmo assim eu sou um cara  que tem por passatempo e trabalho eliminar pessoas e seres que precisam partir dessa para a melhor. Vou decepcionar mais um pouco os amantes de vampiros dizendo que eu não sou um vampiro, não definitivamente eu não sou um vampiro. Não vou morder sedutoramente o pescoço oferecido de ninguém.

    Vamos ao que interessa e o que esse caro sarcástico é? Vou tentar resumir para que possam entender claramente… Eu fiz um contrato há muito tempo com um ser, alguém que é conhecido por vocês como “O anjo caído”, “o primeiro”, “O brilhante”, “Estrela da manhã” e claro Lúcifer.  E não pessoal eu não sou o motoqueiro fantasma, isso é uma invenção fantasiosa apenas.

    Eu estava na merda literalmente, havia perdido tudo e toda a minha família pelas mãos de um tirano filho da puta e isso eu vou contar depois agora o que importa é contar que eu ajudo o Ferdinand com alguns trabalhos bem interessantes. O conheci neste ano sabático assim batizado pelo motoqueiro vampiro e lhe ofereci meus serviços não convencionais.

    Os trabalhos são bem simples do meu ponto de vista. Eu persigo o alvo por dias, tenho o poder de lhes dar alucinações tanto quando estão acordados ou dormindo e invado mentes. Sim eu invado mentes e faço uma bagunça. Quando a pessoa está no pico de loucura eu ‘sequestro’ e levo para o meu quarto do prazer… Para mim só se for. E lá eu filmo tudo o que é feito ( torturas mentais e físicas) e meus clientes podem apreciar ao vivo o show que é ver os inimigos sendo massacrados de dentro para fora.

    Poderes? Sim eu tenho o poder de invadir mentes, uma força um pouco sobre humana, consigo desaparecer e voltar a hora que quero e por fim me alimento de sangue sim, porém não tenho presas iguais aos vampiros, sendo assim eu tenho uma forma muito interessante de me alimentar usando um pouco de força, bisturis e canibalismo. Deixo para vocês imaginarem.

    Fizemos alguns trabalhos juntos e pretendo dissertar sobre os mesmos aqui neste local. Mas antes aconselho aos curiosos que não possuem um estômago forte que evitem ler os próximos capítulos, afinal se sangue e tortura não for sua praia melhor ir ler o Crepúsculo.

    E sim entre um capítulo e outro eu vou dar mais detalhes sobre a minha existência e quem sabe dar uma pequena cartada na minha conversa com o tio Lú.

     

    Ass: The Reaper.

  • Gone – Parte (eu já nem lembro mais)

    Gone – Parte (eu já nem lembro mais)

    Quanto tempo não? Pois é, mas eu Lilian estou aqui vez ou outra pra contar as minhas aventuras, andanças, meus momentos bons e over também para todos vocês. Como demorei muito para escrever preferi resumir o que aconteceu antes e trazer todos para a minha rotina mais atual.

    Onde começo? Bem como sabem na última parte eu estava na Ordem mantida lá dentro como passarinho na gaiola (Odeio isso, odeio, no more!), conheci o então famoso e carismático (#SQN) Jonathan, vampiro antigo, sábio, gato e que eu apelidei de elfo por parecer muito com um personagem do famoso e querido escritor J.R.R Tolkien, quem não sabe procure no google e logo vai ligar os fatos… Fiquei lá por algum tempo como índia na tribo sem acesso ao mundo conectado e sem acesso a muitos de vocês, fato que eu não curto muito também, mas acontece né galera, afinal temos também nossos compromissos e nossos problemas a resolver.

    Não vou ficar de delongas, afinal depois daquela parte não aconteceram coisas muito faraônicas ou bombásticas dentro da Ordem, no máximo uma discussão por que somos de uma teimosia enorme que chega a ser doença ás vezes… –“ Ao ficar na Ordem aprendendo vários novos truques, histórias e como conviver com um ser que saiu de um livro ( Não ele não saiu literalmente de um livro!) eu comecei a ver o quão egoístas e cegos todos nós deste lado da vida podemos ser… Lilian você está louca? Tomou sangue batizado com bost**? Não meus caros nada disso, eu comecei a enxergar e ver o mundo com outros olhos, comecei a ver os vampiros que convivo com outros olhos, comecei a ver os humanos com outros olhos e querem saber por que? Pelos simples fato do que o Jonathan e mais uma pessoa especial me falaram.

    Foi em um dia antes de irmos embora da Ordem e voltarmos para casa, eu, Daniel e Jonatahn, sim ele veio morar comigo, afinal tem coisa mais legal do que conviver com alguém como eu, assim cheia de personalidades e com o humor que varia com a cor da minha roupa? Brincadeiras a parte, ele veio morar aqui sim, para conhecer mais desse mundo novo, das novidades que o cercam, do jeito que ele deveria agir perto de vocês meus queridos, sim entre vocês, legal não? Mas foi neste dia em que eu estava a arrumar as minhas malas e com meu celular em mãos, finalmente, que ele veio abrir meus olhos – Lilian? – dizia o alto e imponente vampiro – Entre ó grande mestre! O que deseja? – claro que isto foi falado em tom de brincadeira da minha parte – O que desejo não posso fazer agora contigo, porém o que vim fazer aqui é te falar algo antes que voltemos para tua tão adorada terra e sua amada casa – lá vem bomba – Sim, por favor sente Jonathan, pode falar, estou toda ouvidos – Sentei então ao lado dele na cama e esperei o que pareceu uma eternidade para ele falar – Lilian, o que u vou te falar não vai ao todo lhe agradar, mas pode lhe ser bem útil – Quando começa com o seu nome inteiro e com “ não vai lhe agradar” já espere coisas negativas – Estou ouvindo… – porra desembucha essa caralha logo, pensei e ele ouviu, fez cara de desaprovação e continuou – Essa caralha que eu tenho pra lhe falar vai salvar a sua vida e a sua sanidade muitas e muitas vezes. Eu sei que a morte do teu amigo afetou o teu mais profundo, afetou a todos que conviviam com ele minha cara, não só você! – Ele falou palavrão graças a mim, que ótimo exemplo futurístico eu sou, enfim… – Pessoas e seres como nós vão e vem e a morte sempre vai ser a nossa maior inimiga Lili, a morte está a espreita mesmo de nós imortais, imagine então daqueles que não possuem o mesmo poder? –

    Eu sei que eu entrei em colapso pela morte do meu adorado lobisomem redneck, mas nenhuma perda é fácil pessoal e vocês sabem disso acho que melhor do que eu até, sendo muito honesta com todos vocês – Por mais fortes e ágeis que podemos ser Lili ainda não nos tornamos impenetráveis, apesar de alguns agirem como se assim o fossem… Mas isto não vem ao caso, o que quero realmente te dizer é que apesar da perda, apesar dos pesares, os que se vão estão provavelmente em um local melhor do que este terreno aqui e sabe por que? Por mais que a vida seja uma dádiva, tudo tem seu preço e acredito no mais fundo do meu ser, não perdemos a nossa alma, não perdemos a nossa essência e não perdemos acima de tudo o nosso caráter, mesmo depois de transformados. O único fator que pode ocasionar mudanças de temperamento e caráter nessa mudança nossa é o ego ferido ou o ego inflado devido a mudança corporal total que sofre um humano ao se transformar em vampiro – ele tem o dom de prender a atenção de qualquer um quando fala daquele jeito, todo educativo, todo positivo, todo sábio – Então digo que são poucos os que são vampiros por completo e sabe o motivo dessa minha teoria? – olha a minha cara de quem sabe – Está bem já que não sabe eu te falo, um vampiro que se prese, um vampiro que se dê o valor merecido não troca o seu caráter, não deixa a sua essência humana morrer por completo, não deixa o ego inflar e assim achar que é maior e melhor que as outras espécies… Não corrompe seres frágeis como humanos para o seu prazer ou por brincadeira… Que poder temos para trata-los assim? Que autoridade nós achamos que temos na vida desses seres? Nenhuma minha cara, eles são a nossa fonte de alimento, são, sempre vão ser e não é por isso que devemos trata-los como algum tipo de “menu”! Temos como nos alimentar de outras formas além da qual muitos estão acostumados, olhe a sua volta, não precisamos machucar o outro para nos alimentar, podemos adquirir através de várias outras formas o nosso alimento… – a pior parte ou melhor, não sei, era que ele tinha razão, não devemos machucar ninguém por luxúria ou ego inflado… Podemos aderir a bolsas de sangue e sermos felizes sem a consciência pesada, podemos matar apenas os que fazem mal ao próximo, no estilo power rangers! =X

    – Eu mesmo já matei muitos, já achei que poderia dominar todos e com o tempo, as coisas que passei, os tombos e as perdas que tive, percebi que as coisas não são bem assim pequena… Você ainda tem muito a apender, eu vou te ajudar na maioria, mas te deixo aqui um conselho, as perdas não tem que nos diminuir, nos afastar do mundo, elas precisam nos fortalecer pelos que foram e acima de tudo, por nós! Sempre lembre-se disso e do fato que podemos viver de outra forma, podemos manter nossa dignidade e podemos sim em nossa sabedoria ajudar o próximo, ajudar quem precisa, mesmo que a história nos diga para fazer o contrário, devemos pular os muros padronizados das sociedades que vivemos e mostrar que o mundo e nós mesmos podemos ser melhor e claro, ainda há amor no nosso coração congelado, afinal esse sentimento não precisa de um órgão batendo no peito para acontecer! – Fiquei no chão com tudo o que ouvi, foi como levar um tapa na cara e acordar para a realidade novamente.

    Jonathan saiu do meu quarto em segundos, eu fiquei ali com uma das minhas camisetas preferidas em mãos e por coincidência do destino a frase vale muito para o momento atual “ Just keep on Rolling under the stars!” pensando que tudo pode dar certo afinal, que tudo pode ser resolver e que as barreiras do sobrenatural não estão ai apenas para meter medo, elas podem ajudar alguns e abrir os olhos de outros.

    – Bora Lili? Só falta você! – era o Daniel me chamando, hora de ir embora… Cheguei no carro que nos esperava para irmos ao aeroporto, lá já vi um Daniel muito feliz e um Jonathan me olhando como se tivesse ganhado um prêmio – Vamos meus amores, maridos, amantes, sei lá como chamar essa nossa situação amorosa… – consegui tirar um sorriso do rosto do tão sério do lord vampiro – Com o tempo talvez  possamos definir isto, mas Daniel cada um na sua vez, nada de tudo ao mesmo tempo! – O Jonathan fez uma piada? Sim ele fez, por isso acredito mais ainda em uma amanhã melhor! RS Brincadeiras a parte, fomos embora para minha casa, confesso que estava louca de saudades do cheiro de terra e dos lagos aqui em volta.

    See you soon guys

    Ainda vamos contar quem matou o querido Steven.

  • Livro Ilha da Magia – As rotinas de um clã de vampiros

    Livro Ilha da Magia – As rotinas de um clã de vampiros

    Hoje inicia-se uma nova fase em meu livro, um momento no qual eu ainda vivia em Berlin e pela primeira vez fiquei a frente de meu clã. Uma responsabilidade imensa para um vampiro jovem e que com certeza influenciou para todo o sempre a minha existência.

    Sem mais delongas, segue abaixo os primeiros parágrafos, a primeira parte completa do capitulo pode ser lida no Wattpad.

    Muitas noites haviam se passado, o treinamento de Sebastian ia muito bem e inclusive ele já havia adquirido muitas habilidades, quando recebemos notícias de Georg e Franz. O navio que os havia levado até o Brasil retornara a Prússia trazendo algumas cartas para todos nós. Cada um de nós recebeu uma correspondência selada, inclusive Sebastian e ao que tudo indicava eram instruções e notícias para todos.

    A minha carta fora enviada por Franz que comentou em poucas palavras a viagem e a chegada ao Rio de Janeiro. Dizia que a viajem havia sido tranquila, porem as notícias vindas de Desterro não eram muito boas:

    “Acabamos de aportar no Rio de Janeiro e os Wampir daqui nos informaram que houve um aumento considerável na quantidade de rituais bruxólicos em Desterro. Ao que tudo indica tua família mortal está bem e não há necessidade de te preocupardes. Iremos para lá assim que possível somente para ter certeza que tudo está bem e para ver se conseguimos descobrir maiores detalhes de tais ritos nefastos.”

    Diante de tais palavras era impossível não ficar preocupado. No entanto o que me fez ficar preocupado de verdade foi o último parágrafo daquela carta:

    “Antes de sairmos às pressas de Berlin soubemos que existe um Wampir traidor em Berlin. Há alguém que simplesmente está sendo consumindo pelos poderes malignos e queríamos que tu fizesses uma investigação rápida. Não sabemos gênero, cor ou raça então isto será um trabalho difícil. Este é na verdade um pedido de Georg e tomes muito cuidado meu irmão. Vemos-vos em breve! Cuide de todos, pois tu podes! Lembra-te disto.”

    Ficamos por um bom tempo debatendo as notícias recebidas e o grande assunto da noite foi a questão do Wampir infiltrado. Eu de imediato pensei naquele velho rabugento do Achaïkos e foi quem desprendeu minha maior atenção nas noites em que se seguiram. Na verdade, podia ser até mesmo alguém do meu clã, ou pior ainda, Suellen….

  • Girls night out – Pepe – Pt3

    Girls night out – Pepe – Pt3

    Desde que me tornei uma sanguessuga há meses atrás, minha vida virou do avesso. Claro, que não foi um avesso de forma ruim por completo, mas no sentido de que tive de mudar praticamente tudo o que fazia antes. O Fê já contou sobre minha transformação em: Transformação em vampiro, porém hoje eu resolvi dedicar uma parte de meu tempo livre para contar a minha impressão de tudo isso.

    Passados os dramas iniciais de minha transformação, eu precisei dedicar um tempo para me adequar à nova realidade. Tanto que resolvi abolir as roupas de pirralha revoltada e quase todos os meus piercings, salvo alguns estratégico, e adotei algo mais 30 anos, executiva e linda. Para ser honesta eu ainda tenho 23 e estava prestes a completar 24 e esse estililinho, que deixa alguns fulanos de queixo caído por onde passo, vai ajudar n os meus deveres. Aliás o Franz ficou de queixo caidinho quando me viu (risos).

    “Divando” a parte, eu troquei uma vida de infortúnios, onde eu não tinha uma família e vivia as custas de meus “freelas on-line” para algo mais honesto e em tempo integral. Digo honestos por que até agora não precisei invadir a conta de ninguém ou ficar produzindo Bitcoins feito uma loka em servidores zumbi. Como o FÊ já lhes disse eu curto essa coisas on-line. Tive minha primeira máquina em 99, quando doaram algumas peças usadas da AMD para o orfanato que eu vivia. Era a porcaria de um AMD Duron 1200 algo tosco para hoje em dia, mas foi aquilo que me ensinou tudo o que sei hoje.

    Ok, deixando meu lado nerd de lado, eu preciso dizer que passei por um aperto gigante ao ser transformada. Diz o Fê que não, mas eu acho que ele bebeu quase todo o meu sangue antes de me dar parte do dele. Enfim, foi bizarro cara! Morrer e voltar dessa forma é punk em muito sentidos doidos. Primeiro veio aquela vontade de beber ou comer algo e que não passava. Depois vieram as ânsias e até vomitei algumas vezes, por que aquela droga de sangue de vaca que me deram era insuportável.

    Depois da alimentação veio a adaptação com os novos sentidos aguçados. Adorei poder ouvir os cochichos, ver as coisas de uma forma mais nítida e poder sentir os cheiros ou as coisa na pele mais facilmente. Claro que passar perto de algum esgoto é horrível, mas não respiramos e isso é algo ainda inédito para mim. Isso e a falta de um coração batendo é algo difícil de explicar. Você sente muita falta dessas coisas quando vai dormir e é muito ruim estar sozinha sem esses barulhos tão banais do mundo humano. Cara, como foi difícil dormir nos primeiros dias.

    Depois que criei um pouco mais de noção dessas coisas simples do mundo dos vampiros o Fê me mandou passar um tempo com o tio Franz (ele odeia quando eu lhe chamo assim). Todos nós temos mais ou menos a mesma idade. Perto dos 25 e isso me ajudou a se adaptar. É divertido estar junto de uma galerinha que parece o grupo da faculdade para o resto da vida.

    Isso de resto da vida eu não assimilei muito ainda e nem o fato de que posso fazer algumas coisas que antes não fazia. Como ter mais força, ser mais rápida e as malditas transformações. Estou aprendendo a me transformar em loba e isso tem me tirado do sério as vezes. Não sou paciente feito o Fê ou o Seba, então estou tentando outros métodos indicados pelo tio Franz. Num deles ele quis por que quis que eu ficasse sem roupa nenhuma, mas isso também é outra coisa que não rola ainda. Ainda mais depois de tudo o que me falam dele. Por incrível que pareça ainda tenho medo de muitas coisas ne gente. Não sou do tipo que se joga de cabeça em certas coisas, prefiro meu canto e meu tempo e como tenho muito, acho que vou aprender tudo mais devagar. Leu isso né Fê?

    Sim, eu falei muito do Fê aqui e acho que é por causa do nosso vínculo. Só que eu preciso terminar meu relato dizendo o quanto ele tem sido querido, gentil e fofo comigo. Ele praticamente me adotou. Coisa que eu mais queria em toda minha vida e somente quem foi abandonado pelos pais ou passou quase toda a vida num orfanato longe de uma família é que vai me entender. Claro que eu tive uma espécie de sorte diferenciada, mas estou curtindo cada momento desta nova fase.

    Tanto que adorei ser chamada para esta nova missão junto das novas aliadas do clã: a Lili e a Becky e seja lá o que o Fê quiser que eu faça, eu farei com todas as minhas forças.

  • A garota perdida – pt1

    A garota perdida – pt1

    Algumas semanas atrás outra vampira entrou em contato conosco, achei a história dela bastante interessante e segue abaixo seus relatos. Obviamente, já nos encontramos pessoalmente, mas isso vai ser contato em partes, afinal acabamos de virar aliados. Bem-vinda Lilian!

    Teria sido apenas um sonho, ou uma mera lembrança do timbre que a voz dele trazia…  Tentei não vislumbrar qualquer recriminação pela ótima e ao mesmo tempo, péssima experiência que havia passado.

    Mas antes que eu chegue a esse ponto, deixe-me contar quem sou e por hora apenas direi meu primeiro nome, Lilian. Tenho vinte e um anos, alias, parei de viver nessa idade. Confuso não? Eu explico, eu era apenas mais uma mulher comum na década de cinquenta, fadada a casar, ter filhos e ser uma ótima dona de casa. Confesso que nada disso me agradava, por mais que fosse algo pelo qual eu fui criada. Meus pais eram conservadores, de uma típica família americana, ligada aos deveres do marido e os da esposa.

    Eu tinha um pretendente, um homem cobiçado por muitas, menos por mim… Ele era o típico milionário bonitão, “ The handsome guy”, o cara perfeito para gerar uma família. Minha mãe falava sem parar em como eu era sortuda por ter alguém assim para o resto da vida, “Deus como eu odiava aquilo”. Toda vez que eu o via eu sentia náuseas, e posso te afirmar que não eram de emoção e sim de raiva, não era de raiva do pobre Matt, mas sim dessa situação toda e eu nunca fui do tipo que se sentia atraída por homens daquele tipo. Enfim, um ano antes do meu “Casamento feliz”, eu conheci um jovem pintor, vindo de Paris, que adorava pinturas, obras de arte e tirar fotografias. Naquela época, não era como hoje, fotos eram difíceis de tirar; não era apenas pegar o smartphone, dar um sorriso e fazer um “selfie” pra postar nas redes sociais, era algo mais complexo que isso, mas não há necessidade de entrar neste contexto agora.

    Pierre era esse o nome dele, com aquele sotaque francês tentando dialogar o inglês americano. Como eu adorava o som da voz melódica dele, o sorriso branco e um pouco assustador, os grandes olhos verdes cheios de mistério, aquela segurança sobre tudo, nada parecia assusta-lo. Eu ainda jovem, fascinada por aquele homem, pelas belas palavras dele a cada conversa comigo ou em grandes grupos. Era delicioso sentir o longo cabelo castanho dele perto do meu rosto toda vez que ele teimava em tentar roubar um beijo meu. Tola…

    Em um breve resumo, após seis meses convivendo com ele, entre os amigos, festas de família, idas ao cinema e escapando pela janela do meu quarto no meio da noite. Claro eu era jovem e adorava fugir para me aventurar com os amigos, era muito comum isso na época. Eu criei uma forte amizade com Pierre, mas nada, além disso, mantinha minha postura de mulher comprometida, por mais que eu ficasse longe do meu suposto noivo a maior parte do tempo e quanto estávamos juntos, digamos que nada de produtivo ou divertido acontecia. Até que então eis que chegou o jantar de noivado, eu me arrumei com a ajuda da minha mãe, coloquei o melhor vestido, fiz a melhor maquiagem, que naqueles tempos eram usados os delineadores (o Olho gatinho que muitas hoje ainda usam e adoram), o famoso batom vermelho e um pouco de blush, eu tinha a pele branca e precisava deixar com uma aparência uma pouco mais saudável. Quando desci, recebi com toda cortesia  os convidados, sorri o tempo todo ( o sorriso mais falso e infeliz que poderia existir), e ingeria aos poucos o vinho branco na minha taça. As duas famílias socializavam, todos felizes, o meu noivo sendo paparicado por todas as minhas “amigas”, e o pior era que, aquilo não me incomodava, o que realmente me deixava ansiosa era que Pierre não chegava nunca. Eu tentei disfarçar o máximo a minha ansiedade e a falta que ele me fazia, esses sentimentos já estavam me  incomodando. Eu tomei uma taça cheia do vinho branco sem perceber, e quando  estava desistindo e deixando a esperança de vê-lo, eis que seus longos dedos tocam as minhas costas, e quando olhei para ver quem era, lá estava ele e toda sua grande presença.

    – Você está realmente linda Lili…

    – Pierre! Que bom que veio!

    – Apesar de ser um evento triste até onde eu sei,  não perderia por nada.

    – Está tão obvio assim?

    – Aos outros não, para mim, está mais que obvio!

    Aquelas palavras caíram nos meus ouvidos como flechas acertando o adversário, machucando cada membro do meu corpo. Por um instante eu senti minha respiração falhar, ele tinha razão, era um evento triste pra mim, o que eu estava fazendo? Poucos meses do casamento e ainda não sentia nenhum tipo alegria, nenhum tipo de alivio, o que eu mais sentia era medo, tristeza, incerteza, coisas que uma mulher prestes a casar não deve sentir, muito pelo contrario, isso não deveria existir no coração de alguém que vai unir a vida com outra pessoa. Eu mal conversava ou tinha qualquer tipo de ligação com o Matt, apenas falávamos sobre coisas banais, mal nos tocávamos, e ele parecia tão infeliz quanto eu, e disfarçava mais do que eu.

    – Lili?

    – Pierre, o que eu estou fazendo?

    – Querida, se eu soubesse eu teria evitado todo esse “circo” bem antes.

    – Circo?

    – E não é? Ou diria mais para um grande drama teatral, no qual, ambos os personagens principais estão fadados a miséria da alma e a falta de amor.

    – Meu Deus…

    – Deus não é resposta Lilian… Você está prestes a cometer o pior erro da sua vida.

    Aquele jantar, sem dúvida, foi uma das piores noites da minha vida, ainda mais após a conversa com Pierre. Eu consegui apenas fingir estar bem, enquanto tudo que eu queria era corre dali e gritar o máximo que eu pudesse. Mas o maior medo era decepcionar meus pais, minha família, naquela época decepcionar a todos teus parentes não era uma opção e quando falam que a mulher não era tão oprimida, acreditem, nós erámos sim.

    O grande dia ( miserável dia), chegou, era uma linda noite de inverno, tão linda quanto meu querido Pierre, que parecia cada vez pior com a chegada do meu casamento. Eu estava com o vestido de noiva mais lindo, bem costurado, com cristais, a longa calda, a renda branca contornando meus ombros e descendo gentilmente pelos meus braços. O lindo enfeite de diamantes da minha mãe enfeitavam meus longos cabelos escuros  que desciam em cascatas até minhas costas. Eu me sentia linda, mas não estava linda para o homem que eu realmente amava. Quando me olhei no espelho, algo me disse, “Lilian, isso está errado, muito errado”.

    – Querida? Estão todos te esperando. Está na hora.

    Ah mãe, que saudades da sua voz, e lembrar que aquele dia foi a primeira vez que você ficou do meu lado e não ao lado da hipocrisia da sociedade. No momento que a minha mãe encontrou meus olhos, ela percebeu, como qualquer outra mãe, que eu não estava bem, que tudo, aquela situação, estava me matando aos poucos. E com um longo abraço, ela pela primeira vez me falou algo que eu não esperava.

    – Lilian, minha filha, a última coisa que te desejo é infelicidade… Hoje era para ser um dia especial e de alegria para você e a única coisa que eu vejo nos teus olhos é desespero e duvida. Não quero isso pra você porque…

    – Por quê? Mãe?

    – Por que a infelicidade tem sido minha companheira desde que me casei com seu pai. Você foi a única alegria da minha vida. Não se permita a miséria da existência, apenas se permita a alegria plena da vida!

    – Você é incrível mãe!

    – A decisão é sua Lili. Eu te amo querida.

    Pode parecer clichê, mas eu caminhei até o altar, e lá eu vi um Matt tão aflito quanto eu, e de pé na saída a minha direita, vi Pierre, a feição dele era pura tristeza, ele não estava dentro da igreja, apenas do lado de fora, como se estivesse vendo um velório.

  • Mensagem de herr Ferdinand

    Mensagem de herr Ferdinand

    Antes de sair mundo a fora herr Ferdiand, nos deixou uma mensagem e pediu para disponibilizá-la por aqui no dia de hoje.

    Ele não nos informou uma data retorno correta, porém informou que só retornaria quando seu livro estivesse pronto.

    Nas palavras dele: “Nos vemos em breve povo!”