Tag: são paulo

  • Livro de bruxarias da Madame Borgia – Final

    Livro de bruxarias da Madame Borgia – Final

    Noutra noite qualquer Franz também apareceu por terras paulistas e lá estávamos nós três juntos, como no inicio de minha vida vampiresca na Alemanha. Está certo que sempre ficávamos os três sozinhos em tantas outras ocasiões, aliás, belas e profanas ocasiões. Porém desta vez havia algo a mais, havia minha busca frenética por um grupo de magos/bruxas e por uma loira sem rosto e que mesmo sem eu conhecer, já estava tirando o meu sono.

    São Paulo é a quarta maior aglomeração urbana do mundo. São quase 30 milhões de pessoas e dentre elas são muitos os estudantes de Magia. Nesse contexto, certamente se tu não tiveres alguns bons contatos seria uma busca daquelas do tipo agulha no palheiro. Porém, como eu sempre fui muito bem assessorado, concentramos as buscas em alguns grupos isolados e que ao todo não passava de mil pessoas.

    E lá se foram outras noites em busca de mais informações até que na metade da madrugada de uma sexta, recebo uma mensagem de Joseph: – Mon ami, encontrei uma pista interessante, nos falamos no hotel Au revoir. Je dois partir...

    Perto das 3h da manhã eu voltei para o lugar e lá estava Joseph sentado no sofá mexendo em seu Nokia N95, junto de Franz que apenas assistia TV. Ao me ver Joseph largou o celular num canto, me cumprimentou estendendo a mão como sempre fazia e contou sobre suas descobertas. Ele havia achado um pesquisador especializado em bruxaria, professor de história da USP e que lhe forneceu mais detalhes sobre as Strega e suas ramificações no Brasil. Ele também soube de uma tal de Pietra, taróloga e conhecida adepta da Stregheria, porém esta não foi localizada para nos fornecer informações.

    Então, baseado em tudo o que havíamos encontrado decidi que deveria ir para a Itália. Cruzar o oceano por causa de sonhos e visões Ferdinand? Sim, minha cara leitora. Eu havia retornado recentemente de uma longa hibernação de 50 anos. Período no qual minha cabeça deveria ter sido curada deste tipo de incomodo e eu realmente queria começar “vida nova”.

    Algum tempo na Itália, algumas noites junto de meu amigo e mago kieran na Inglaterra e muitas das dúvidas, inclusive os feitiços do livro havia sido resolvidos. Meus pesadelos haviam acabado junto da leitura do tal livro e eu decidi retornar ao Brasil.

    Em junho deste mesmo ano a rotina havia retornado as minhas noites, muitos dos negócios do nosso clã estavam novamente em minhas mãos e lá estava eu novamente procurando o que fazer, quando recebo um sms de Franz: “Ocupado hoje? Estou pensando em chamar alguns amigos e fazer aquela nossa tradicional noite de comes e bebes, vens?”.

    Confesso que a monotonia tomava conta de mim e também não estava nenhum pouco empolgado em sair de casa naquela noite. Porém como as festas do Franz são sempre empolgantes e agitadas, resolvi tomar um banho e parti para o tal lugar. Salão de festas de um prédio qualquer e vários humanos dividindo espaço com os vampiros de nosso clã.

    O mais engraçado destas festas é que Joseph e Franz sempre davam uma de “chef” e inventavam pratos exóticos para os convidados. Nesta em específico eles preparavam Sushi e tão logo cheguei já foram pedindo ajuda para enrolar as algas com arroz, salmão e afins…

    Tudo ia bem, eu já estava empolgado com a festa e inclusive havia encontrado uma garota alvo, no qual imaginava ter algum tipo de afair mais tarde. Quando olho para uma das janelas e vejo vindo ao longe uma garota loira de calça jeans e um casaco com capuz cobrindo seu rosto. Isso foi o suficiente para eu parar o que estava fazendo, limpar os olhos, olhar para os lados, me beliscar e piscar várias vezes na intenção de ver se era mesmo realidade.

    Mesmo assim a garota continuava vindo em direção a festa. Procurei alguém mais próximo, que por sorte era Joseph e apontei perguntando: – Estou vendo cousas meu amigo? – E para minha sorte ele me respondeu com um sorriso no olhar: – Acalma-te mona mi, também estou vendo!

    Alguns segundos depois a garota entra, cumprimenta os conhecidos pelo caminho e ao chegar próxima de Franz, tira o capuz deixando seus lindos cabelos loiros à mostra e da um oi do tipo “geral”.  Franz de imediato limpa as mãos com uma toalha, a coloca no ombro e se vira para mim dizendo: “Beth este é o meu irmão Ferdinand, que chegou recentemente da Alemanha”.

    O meu querido e tagarela Franz diz que “…quando eles se olharam os olhos de ambos brilharam, eles se concentraram um no outro e o amor podia ser visto na forma de corações estourando pelo ar…“ Poesias a parte, o papo inicial realmente foi muito bom. Compartilhamos muitas opiniões semelhantes e não tardou, até que surgisse algum tipo de confiança especial, que nos permitimos revelar os segredos sobrenaturais de ambos.

    O resto vocês já sabem e iniciava-se naquela noite nosso relacionamento. Um período no qual ela me ajudou a se readaptar ao mundo atual, ensinou quase tudo o que sei sobre bruxaria moderna e fomos muito felizes.  Apesar de seus poderes, humanidade e de minha condição vampiresca, o nosso relacionamento foi de vento em pompa até os últimos meses de 2011. Quando ela decidiu concentrar sua vida em seus aprendizados bruxólicos e partiu para uma longa jornada sozinha, em alguma parte deste ou dos outros mundos.

  • Livro de bruxarias da Madame Borgia – Pt 4

    Livro de bruxarias da Madame Borgia – Pt 4

    Muitos dos mistérios, lendas e até mesmo profanações das civilizações antigas se baseavam na observação do céu e de seus astros e estrelas. Imaginem por exemplo o medo de alguém que vivia há 10000 anos quando ocorria um simples eclipse. Apesar disso, nem sempre esse tipo de situação foi temerosa e por vezes deve ter sido também um grande passatempo para muitos, afinal de contas, não havia celular, tv ou ainda menos a internet das noites atuais.

    Pensando nisso, eu sai do conforto de casa, transformei-me em lobo e fui para o mata próxima da fazenda. Onde durante uma longa corrida, pausada algumas vezes para descansar, cheguei ao alto de um dos montes. Lá de cima e novamente na forma humana e nu, pois eu queria estar mais próximo da terra, eu me deitei sobre uma grande pedra e fiquei por algumas horas apenas meditando.

    O processo de meditação foi incorporado as minhas rotinas de entendimento do mundo, nas idas e vindas pela casa de Kieran em meados de 1900. É poça em que a frase que ele mais dizia era: – Toda prática precisa de concentração, disciplina e esquecimento, tal qual a respiração, lembras?

    Inicialmente a meditação foi fácil, concentrei os pensamentos, deixei o corpo em estado de tranquilidade e imóvel. Porém, toda vez em que eu ia mais fundo nos pensamentos a imagem daquela garota loira, de capuz e sem face vinha aos pensamentos. Por que diabos isso? Seria ela a autora de tal obra nefasta? Seria algum aviso, seria Suellen querendo me chamando de alguma forma?

    Voltei para casa depois de mais alguns minutos em meio aquela confusão mental. – Por que eu tenho de ser assim teimoso, no sentido de por algo na cabeça e tentar resolver? – Era o meu pensamento constante em todo o trajeto de volta.

    Já em casa liguei para Joseph e quando ele retornou de sua “alimentação”, batemos mais um papo sobre os ocorridos. Ser assombrado, ou ter visões não é algo incomum para um Wampir, porém as que estavam ocorrendo comigo já haviam passado dos limites. Fato que nos fez ir atrás de mais pitas sobre o autor e as tais Stregas italianas.

    Sendo a fazenda um local tão isolado eu fiz as malas, juntei as cousas mais importantes e chamei Joseph para umas voltas por São Paulo e Rio de Janeiro. Reservei hoteis e na noite seguinte depois de avisar a todos, partimos em busca de mais informações. Obviamente a internet e até mesmo a deep web já haviam sido consultadas, bem como nossos informantes…

    Tendo como principal informação alguns entusiastas e estudiosos a respeito das bruxas, nós descobrimos facilmente um coven e onde seria sua próxima reunião. Duas noites se passaram desde que chegamos a São Paulo e com um carro alugado fomos ao tal pub na zona sul da cidade.

    Lugar bonito, escuro como todo pub e lá estavam mais ou menos 10 pessoas em uma mesa. Todos de preto, pentagramas no pescoço e alguns de moletom com capuz. Logo de inicio “apenas crianças brincando de bruxa”, foi o que me cochichou Joseph.

    Mesmo assim nos apresentamos: “Oi nos falamos pela internet…bla bla bla” E depois de alguns minutos eles realmente eram apenas crianças brincando de magia. Apesar de um deles ter potencial para bruxaria, inventamos uma desculpa qualquer e saímos à francesa. Ainda nesta noite aproveitamos para dar uma passada num dos negócios do Franz, uma casa de stripers, afinal nem tudo são negócios…

  • Bate-papo com vampiros em São Paulo

    Bate-papo com vampiros em São Paulo

    Parece que foi ontem que eu conheci o Alberto, um vampiro legal, amigo do Franz e que mora em Sampa. Não precisei nem ligar e o mala já sabia que eu estava bem perto da sua “casinha”. Às vezes fico receoso com esses sensitivos, mas me lembro que estão do nosso lado e fico um pouco melhor.

    Sua reação foi à mesma que a de quase todos os outros: Por que diabos tu ainda não transformou ela em um de nos? Relaxa bicho, tudo tem sua hora (eu respondi) … Beth deu uma risadinha de canto de boca, mas ficou de boa. Acho que já se acostumou com a pressão, mas eu já disse que tudo tem sua hora e, além disso, para transformar alguém em vampiro é preciso aquele velho ritual e suas conjunções astrais. Se não é óbvio que nossa espécie seria bem mais populosa.

    Enquanto estive na bendita selva de pedra, fiquei hospedado nesse vampiro. O local era uma mistura de modernidade com aspectos do século passado e retrasado. Acredita que ele ainda ouve música em um velho phonografo que precisa dar corda? Tudo bem, eu dei de presente pra ele um mp3 player, vamos ver se ele adere a essa moda que também já é velha…

    Esse negócio de moda, aliás, é algo complicado entre os velhos, eu mesmo tenho um quarto cheio de tranqueiras e relíquias. Deve ser do comportamento humano se agarrar a objetos que lhe são convenientes ou importantes em determinados momentos.

    Sobre tudo, a estadia perto do Alberto foi importante para eu reaver alguns contatos em meio a nossa sociedade. Eu já disse que minha família vive a parte deles, mas é bom sempre dar uma espiadela, vai que algum velho esteja acordando ou algum outro imortal esteja aprontando alguma.

    Sábado à noite pedi para Beth dar uma voltinha e fiquei na casa esperando as “visitas”. O papo durou algumas horas, nos apresentamos e infelizmente o único conhecido era o Alberto. Todos os outros eram novos e tinham menos de 50 anos como vampiros, ou seja, não vi nada de novo e até falei mais do que devia. No geral reuniões ou bate papos entre vampiros são chatos, coisa de velho tipo: Ahh teve aquele dia que eu quase morri ficando acordado até mais tarde, ou poxa eu era bom nisso, ou ainda aquela época era melhor, bons tempos…

    Contudo, o que parecia perdido se tornou uma noite boa quando concordei em fazer um pequeno workshop prático. Fomos para o centro de Sampa, pedi para que ficassem em um prédio em uma transversal a Rua José Paulino e pratiquei um ataque. Fiz algo simples, metamorfoseei-me (existe essa palavra?) em um cachorro e fiquei sentado esperando o movimento.

    Muitas pessoas passaram, algumas me olharam e quando estava perto das 3:30 (eu acho) vi duas putas noutro lado da rua. Aproximei-me devagar para dar confiança e fiquei por ali na minha. Umas delas se aproximou, disse que eu era bonito e me fez carinho cabeça.(O pior é que foi bom) Não precisei esperar muito para que algum cliente aparecesse e me deixasse sozinho com uma delas. Ninguém além de nos, vários cantos escuros e eu não estava com fome… Estava feita a lição…

    Um pouco de sorte, muita observação e sempre mantendo a calma. Certo crianças?

  • São Paulo dos vampiros e mendigos

    São Paulo dos vampiros e mendigos

    Olá, sim, cá estou eu de novo animando as suas noites ^^

    Brincadeiras a parte, o trabalho em Sampa foi muito bom e a cidade de São Paulo estava como sempre: Poluída, suja e repleta de mendigos/drogados. Por outro lado quem se divertiu muito foi a Beth, que voltou para casa com duas malas extras contendo roupas sapatos e a vontade de ficar por lá.

    Quem sabe no futuro passemos uns tempos por lá, afinal o sangue é farto, sujo, mas farto…

    Saudades das minhas histórias? Bom, estou preparando algumas para breve, logo que eu consertar algumas coisas em nossa casa. Cara, vou ter que arrumar alguns pedreiros vampiros. Alguém tem o contato de algum bom? Sério, não posso trazer qualquer um aqui e mostrar nosso esconderijo, repleto de passagens ocultas. Esse é o diferencial que quero mostrar para vocês e que os filmes não mostram…

    O que o drácula faz nas horas vagas? Quem mantém o castelo? Quem lava as roupas? Será que ele toma banho?