Enquanto me escondia próxima daquele maldito lugar, esperando Dani mandar o sinal para atacarmos, imaginei como aquelas pequenas crianças se sentiam, tentei imaginar o desespero em cada pequeno e isso me ajudou a focar no plano para terminar logo com tudo.
– Pronta?
– Sim e você Carlos?
– Estou pronto… Apenas quero que acabe o sofrimento destas crianças.
– Eu também…
– Ao sinal sabe o que fazer… Estarei logo atrás Lili…
Carlos retornou a floresta, sabia que iria se transformar, enquanto eu e os outros ouvimos o sinal do Daniel e então corremos até o galpão. Passados alguns segundos senti uma forte presença logo atrás de mim, sabia que Carlos estava ao nosso encalço.
Dani logo juntou-se ao meu lado e com o sempre sorriu como se isso não passasse de uma leve rotina. Invadimos o local através das janelas, o mesmo estava com suas salas cirúrgicas em atividade e com muitos seguranças, que com a nossa chegada repentina, apontavam suas armas em nossa direção, “Quem diabos são vocês?”, o mais alto entre eles perguntou “ Isso, somos o demônio batendo a porta e chamando todos vocês, seus cretinos de volta para casa! O que acham disso?”, consegui ouvir Dani em toda sua melhor forma de ironia falar, enquanto nós nos preparávamos para a inevitável e previsível troca de tiros.
Carlos agora fazia uma entrada triunfal pela porta da frente, esta agora destruída e com alguns corpos desmembrados enfeitando o chão como tapetes velhos. Logo ao lado do grande lobisomen Carlos, uma figura muito bem conhecida entre todos nós surgia em suas vestes tradicionais de luta e com a sua adorada katana banhada de sangue, um dos mestres da Ordem, Michael, mais uma vez mostrava do que era capaz de tecer em apenas alguns segundos. Já eu empunhei a espada como um sinal de aviso, mas isso não foi o suficiente para prolongar a espera do confronto, estes idiotas metidos a soldados entraram em uma formação de batalha barata como se fosse protegê-los do destino amistoso que havíamos traçado para quem fosse cúmplice daquela merda em conjunto e isso foi o suficiente para começar o confronto. Tiros por todo lado, pessoas gritando, crianças chorando, e Ana Li, fechando as saídas, ninguém iria sair dali aquela noite, pelo menos não sairia vivo para contar história alguma.
Como combinado eu iria atrás dos “Chefões”, Carlos e Michael iriam atrás do local onde esta equipe doentia mantinha as crianças, enquanto Daniel, Matsuya, Misiak, Tsuko, Gabriel e Ana li destruíam os outros. Sangue, por todos os lados, consegui ver Daniel usar suas habilidades e decaptar vários homens ao lado de Matsuya e Misiak. Gabriel e Ana Li impediam que alguém tentasse sair, estraçalhando e fatiando em pedaços os que se aproximavam.
O cheiro era ainda pior, era como estar em um banquete repleto de pratos deliciosos e não poder provar nada devido a uma significante dieta. Enquanto seguia pelos corredores em busca dos tais chefões, tive que combater alguns seguranças e algumas pessoas desavisadas que cruzavam meu caminho, eu acho que eram clientes, e eis que me bate a conclusão que, nem sempre o cliente tem razão, pelo menos os que estavam sem a cabeça na minha frente não tinham nenhuma.
Senti uma sala repleta de variados cheiros e vozes em um tom baixo discutindo, “ Quem são esses delinquentes?”, “ Senhor creio que sejam vampiros!”, “Seu idiota, isso não existe!”, “E um lobo…”, Lobo? Está louco? Vampiros? Lobos?”, “Sim senhor, com presas, agiam como se possuíssem algum tipo demoníaco no corpo…”, ” Você por um acaso é idiota? Não existe este tipo de ser no mundo! São apenas histórias para assustar crianças! “. Agora a mulher falava, era a sócia daquele local. Histórias? Então deixarei que a história tome vida e venha assombrar muito mais que crianças. Era ali e essma era a hora de entrar em ação. Chutei a porta com força, imobilizei e acertei o coração de um segurança com minha katana, me protegi dos tiros com o corpo do mesmo, logo que a oportunidade surgiu fui até o outro e cortei-lhe o braço, depois uma das pernas, vi o homem gritar e cair no chão. Quando me dei por conta lá estavam os três donos, um homem idoso trajado com um fino terno, o outro estava no auge da vida aos trinta e poucos e uma mulher, loira, elegante e agora com medo, medo do que eu faria com ela.
Sem pestanejar amarrei os dois homens e peguei a loira pelos cabelos, “Sabe, é uma pena lhe decepcionar e abrir teus olhos ao saber que sim, nós existimos e não, não somos histórias para assustar crianças inocentes, mas sim para destruir filhos da puta iguais a vocês!”, esta vadia de quinta seria a primeira que eu iria lidar, os outros dois daria de presente para Hector e Becky.
A loira seria apenas o exemplo do que estaria por vir, sentei a vagabunda em uma cadeira e a amarrei, tapei os olhos dela e então cortei as vestes daquele lixo humano, deixando exposta assim como eles deixavam os pequeninos nas macas cirúrgicas. Ergui um dos braços enquanto ela chorava, dei-lhe um tapa na cara e ela chorou mais “Pode chorar biscate encarnada, coisa que você impediu para aqueles seres inocentes ali embaixo enquanto enchia a calcinha de dinheiro”, outro tapa e agora com um golpe cortei o braço, aos gritos ela pedia clemência…. Clemência? Me poupe! Peguei uma das minhas adagas e como se fosse uma médica cirurgiã consegui arrancar o nariz da loira, seguido das orelhas, enquanto os outros dois presos assistiam aterrorizados, “ Meus caros, o que faço com ela não vai ser nada comparado ao que um amigo meu fará com vocês!”.
Logo após arrancar a língua daquela puta, que agora estava perto da morte, achei que seria hora de acabar com tudo, com um golpe rápido e preciso a cabeça da loira agora rolava pelo chão, como um pedaço de carne vazio e eu senti um leve sorriso surgir em meu rosto. Os outros dois agora em lágrimas e entre desculpas e arrependimentos tardios, me chamando de demônio, o que eu considero engraçado por que na verdade os demônios eram eles! Apenas o exemplo do que praticavam era uma amostra grátis de tendências demoníacas ou macabras, chame do que achar melhor.
Senti que Daniel e Matsuya agora estavam ali comigo, informando que estava tudo acabado, as crianças estavam bem e seriam encaminhadas para os hospitais ali da região. Para meu alivio e de todos, conseguimos salvar cerca de doze pequenos, que agora seriam levados de volta aos seus devidos lugares. Já os que não tiveram a mesma sorte, creio que de alguma forma conseguimos vinga-los trazendo um certo tipo de paz ou luz no fim do túnel.
Todos os seguranças, clientes e equipes médicas que participavam das atrocidades, agora mortos seriam queimados como sinal de conquista da Ordem, algo clichê que mas que ainda existe como forma de vingança ou alerta aos inimigos.
– Conseguimos querida.
– Dani, sem vocês aqui nada disso seria possível… Eu e o Carlos estamos imensamente agradecidos.
– Eu sei que sim grandona. Podemos ir para casa?
– Você poder ir na frente, tenho que levar aqueles outros dois em um lugar especial…
– Como queria Lili, eu te vejo em casa.
Ao me despedir de Daniel, fui até o Carlos em sua forma bestial, este acenou com a cabeça, eu sabia que ele falava obrigada e de alguma forma iriamos nos ver de novo.
– Obrigada também Carlos, foi um prazer lhe conhecer, adorei a oportunidade. Até logo.
Entrei então na caminhonete que Michael havia me deixado e acenei para os outros, sei que nôs veríamos em breve e que despedidas naquele momento não eram necessárias. Segui então o rumo até o local onde me encontraria com Becky e Hector, passadas algumas horas e próxima do local resolvi mandar uma mensagem avisando a minha chegada, ‘ Becky estou chegando’, ‘ Ok Lili estamos prontos. Vai amanhecer, gostaria de passar a noite aqui?’, ‘Claro, não perderia a chance de assistir o que farão com estes cretinos!’.
Ao chegar me deparei com Becky na porta e uma figura masculina que sem dúvidas era Hector.
– O que temos aqui querida Lilian?
– Os presentes que lhe prometi Hector.
Abri a porta da caminhonete e lá estavam os dois sujeitos, amarrados e com os olhos inchados, mal sabem eles o que estava por vir.
– Muito obrigado minha cara! Alias, será um prazer ter você de telespectadora, seja muito bem vinda!