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  • Índios, vampiros e lobisomens – pt1

    Índios, vampiros e lobisomens – pt1

    Noutra noite me encontrei com Carlos, aquele mesmo lobisomem (licantropo) que já apareceu por aqui em outras histórias. Estávamos num daquelas tradicionais botecos junto de alguns outros conhecidos e dentre um papo e outro ele nos apresentou uma bela história. Seus relatos chamaram a atenção de todos os presentes, inclusive alguns humanos que lá estavam o estimularam a contar mais e mais. Portanto, como a história agradou e Carlos permitiu sua publicação, vamos iniciar mais um conto repleto de mistérios e “causos” por aqui.

    “We’re crazy, all fall down
    We’re crazy, all fall down
    Sure to me
    Sure to me”

    No exato momento em que ouvi esta história, veio a minha mente o refrão de Crazy love do Gruntruck. Música que na minha cabeça parece um mantra e envolve o ambiente, assim como os personagens e os rituais deste conto. Carlos é considerado um sujeito pacato, suas habilidades e experiências indicam que lhe convém ser o próximo alpha de sua tribo. No entanto, o que seria de sua vida se ele apenas ficasse sentado esperando o futuro cair em suas mãos?

    Gosto desse meu amigo peludo, pois ele é daqueles que não fica parado. Sentar para ler ou escrever como eu faço, é algo inconcebível para sua cabeça irrequieta e isso sempre lhe trás os dois lados da moeda. Certa vez ele fazia uma ronda próximo dos limites de sua tribo e se deparou com um índio. O tal homem seminu usava apenas uma tanga feita de folhas trançadas, possuía os pés descalços, muitas pinturas corporais e emanava uma energia diferente.

    Meu amigo ficou curioso a respeito do índio e resolveu lhe seguir. Ele sabia que tal humanoide não era apenas um humano e com a maior atenção de todas, ficou na sua cola por um longo trecho. Alguns minutos em meio a mata fechada feito um predador silencioso e lá estava o índio mirando algo, sua concentração não era abalada nem mesmo pelas várias picadas Birigui, um dos mais famosos e irritantes mosquitos daquela região amazônica.

    Sssslap foi-se a flecha mata adentro e certeira no pescoço da pobre capivara, que teve uma morte tranquila a beira do igarapé. Prontamente, o esguio se aproximou do animal e abocanhou suas entranhas, sugando o mais rápido que pode todo o sangue do animal. Diante de tal fato, Carlos percebeu que o tal índio era na verdade um vampiro, um nômade e talvez solitário que vagava pelas redondezas.

    – Fiquei admirado, sempre ouvi histórias de sanguessugas que eram nômades, mas nunca imaginei que pudesse encontrar um nas noites atuais… Tentei uma aproximação…

  • Vampiro, flerte e mulheres

    Vampiro, flerte e mulheres

    Um dos meus maiores passatempos é o flerte. Sabe aquela troca de olhares, que proporciona caras, bocas e vontades? Pois então, costumo fazer muito isso nos lugares em que frequento. Noites atrás, por exemplo, eu estava numa livraria e entre a leitura de capas e contracapas dos exemplares que lá havia, confrontei meu olhar, juro que foi sem querer, com uma bela senhorita.

    Cabelos castanhos claros e lisos, pele branca, boca carnuda, óculos grandes estilo Ray-ban e o que me chamou atenção nela além disso tudo: um jeitinho extremamente sexy de mexer os lábios quando lia, dando pequenas mordidinhas safadas de tempos em tempos, provavelmente quando alguma cousa lhe fazia pensar por mais de alguns segundos.

    Tendo em vista aquela beldade, iniciei meu jogo e depois de alguns minutos consegui a atenção dela. Comecei pelo básico, puxei papo sobre o livro que ela lia:

    – Dizem que mulheres que leem 50 tons de cinza tem um jeito muito peculiar no amor.

    – Ah já sei vai dizer que gosto de apanhar e que sou submissa?

    – Nada a ver, dizem que são mulheres intensas e que se entregam no que fazem…

    Desta forma continuei o papo por mais um tempo e consegui inclusive leva-la para um café que havia no mezanino do lugar. Papo vai e vem e por mais alguns minutos despejei aos 4 ventos toda cultura que eu possuo. Nesses momentos adoro ser geminiano e se interessar por tudo um pouco.

    Havia se passado pelo menos uma hora entre confidências, curiosidades e besteirinhas. Descobri, naquele tempo que ela é órfã de pai, que gosta de macarronada à bolonhesa, que champanhe e bebidas com gás lhe dão cócegas no nariz e inclusive que seu signo é touro. Obviamente, para descobrir tais detalhes tive de falar um pouco de mim: nasci em Florianópolis, sou órfão de ambos os pais e não tenho nenhum parente vivo. Essa última questão foi muito conversada por nós e provavelmente o que nos aproximou.

    Todavia, o tempo passa rápido quando nos divertimos e decidi que a pouparia de minhas presas, ao menos por aquela noite.  Confessem senhoritas, vocês morrem de curiosidade, sempre acham que a esmola é demais para o santo e se sentem valorizadas quando o “cara”, não insiste nos flertes no primeiro encontro. Explicada, por aquela desgastada, mas ainda atual situação da sociedade machista, onde o homem pode tudo e a mulher, caso vá para cama no primeiro encontro, fica mal falada.

    Mesmo se a mulher for para a cama no primeiro encontro e ninguém além dela saiba disso, há a pressão pessoal na história. Será que ele vai ligar de novo? Será que é realmente o que está falando ou pode ser um vampiro? Será que vai estou gostando dele? Em fim, deixei que ela ficasse com a pulga atrás da orelha e nem mesmo carona ofereci. Trocamos Whatsapp e naquela noite nos falamos até que ela não aguentasse mais de sono. Cabe aqui um segredo para os caras que precisam de dicas para flerte: Deixe a mulher falar, isso gera mais confiança e permite que ela se entregue mais facilmente.

    Essa história rende mais algumas situações, as quais vos contarei conforme o desenrolar de minhas noites…

  • O Manipulador: a história de Rebecca – Final

    O Manipulador: a história de Rebecca – Final

    Ele estava debruçado sobre mim…”Rebecca” Chamava-me.

    E eu não conseguia falar, nem me mexer. Ainda na poltrona, estava amarrada e sentia meu corpo gelado tal qual uma pedra. Minha cabeça doía e toda dor voltava como se eu ainda estivesse caída em meio às arvores. Olhei nos olhos daquele homem. Sim, ele me provocava e me desafiava. Tudo isso seria um pesadelo? Mais um daqueles na qual eu estava acostumada a ter em minhas noites de sono perturbadas? Mas não, eu estava realmente ali, sabe-se lá há quanto tempo. E essa era a única realidade. Ele começou a caminhar ao meu redor e seguindo seus movimentos com os olhos, pude perceber todo o ambiente. Tudo era escuro, úmido e terrível.

    – Vejo que está tranquila demais de acordo com suas circunstâncias. Admiro criaturas assim, observadoras, pacientes. Me instigam. Mas, devo revelar que a trouxe até aqui e brinquei com sua mente. Nada foi real, isso é real!  Também não há ninguém aqui além de mim e você. E não se preocupe com sua amiga. Acho que talvez ela nem exista… Confesso que certas coisas que fiz não são do meu feitio. Mas tenho aprendido coisas novas, mesmo com todos os meus longos anos de “não-vida” e precisava escolher alguém com seu perfil. Desejo torná-la apta para mim.

    Eu não estava entendendo o que aquela criatura queria dizer com tudo o aquilo, parecia loucura. Em meio a dores e agonias, contestei:

    – Engraçado, creio que o escolhi para mandá-lo para o inferno nesse exato momento.

    – Hahahaha. Além de tudo é ousada, ingênua e insolente. De onde achas que eu devo ter vindo? -Silêncio. – Oh, finalmente sinto cheiro de medo…

    Abri os olhos. Dores. Não podia acreditar no que via. Não havia acidente, não havia salvação. Só havia umidade, medo e podridão. E nenhuma explicação sobre como teria ido parar naquele lugar realmente. Sim, ele estava debruçado sobre mim. Sua mandíbula deslocava-se e seus dentes afiados cresciam. Seus olhos. Aqueles terríveis olhos, esbugalhados. Pavor. Medo. Dor. Porém, finalmente… Um alívio repentino. Não havia explicação. O medo surpreendentemente havia desaparecido e tornava-se uma entrega involuntária. O que repugnava, era capaz de trazer sensações inimagináveis. Silêncio. Calmaria. Encontrei-me recostada em um corpo gélido e sem vida. Com os olhos fechados sentia-me descansar em baixo das sombras. O que o destino guardava para mim? Agora parecia entender. Sim, eles existem. Mas, o que são realmente? E sim, após um longo e tortuoso processo eu ainda teria que me acostumar com a escuridão.

  • O Manipulador: a história de Rebecca – Parte IV

    O Manipulador: a história de Rebecca – Parte IV

    Durante horas, fiquei ouvindo aquele homem falar e me interrogar. E impaciente, eu tentava respondê-lo sem entrar em muitos detalhes. Mas, percebi que deveria tomar cuidado, ele era meio… Manipulador. A cada pergunta seu rosto aproximava-se mais e, ao mesmo tempo em que me repugnava me fazia sentir uma atração estranha. Mal percebi o quanto as horas haviam passado. Na verdade não sabia identificar se era dia ou noite, além disso, a todo instante insistia em encher minha taça  com bebida, mesmo eu dizendo que não bebia. Comecei a me sentir tonta, então questionei:

    – Tudo bem, o senhor parece disposto e me manter aqui. Mas, que fique bem claro que não estou com medo. Visto que não tenho outras opções, o senhor poderia ao menos me dar licença para retornar ao quarto na qual estou instalada?

    O homem fitou-me por um tempo e com um sorriso cínico, disse parecendo estranhamente animado:

    – Ah sim! Desculpe-me a indelicadeza senhorita. Deve estar cansada. Acredito que por hoje seja o suficiente. Tenha uma boa noite, e… Bons sonhos, pequena.

    E levantando-se se retirou da sala. Calafrios. Sim, ele parecia provocar-me. Nada me fazia duvidar que ele fosse o causador de tudo. Mas o que queria comigo? Voltei ao quarto, cambaleando e me sentindo ridícula por causa da bebida. “Bons sonhos, pequena” repeti, lembrando sua voz, nem pude perceber como cheguei até a cama…

    Um homem sentado em uma poltrona. Não, eu estava sentada em uma poltrona. Ao redor pessoas riam, gritavam e falavam. Levo a mão à cabeça, está sangrando. Tontura. Dores. “Aproxime-se, deve sentar-se aqui”.

    Abro os olhos e em um sobressalto acordo assustada, continuo presa naquele lugar.

  • O Manipulador: a história de Rebecca – Parte III

    O Manipulador: a história de Rebecca – Parte III

    Eu não sabia se deveria esperar alguém aparecer, ou se seria melhor continuar a procurar uma saída. Acreditava ter caminhado por muito tempo em vão. Passando por corredores, subindo e descendo escadas. Sentia-me uma prisioneira em um labirinto, e toda essa história mal explicada me deixava confusa. Então, ouvi barulhos de pratos. Corri até a sala de jantar novamente, e vi que aquela mesma senhora recolhia as coisas da mesa. Tentei segui-la para falar com ela, mas ela pareceu sumir diante dos meus olhos. Então,  ouvi risadas, e uma das portas no caminho parecia ter sido aberta.

    Nada soava agradável naquele lugar, mas mesmo assim aproximei-me. Minhas mãos suavam, mas estavam geladas. Abri a porta lentamente. Havia um homem. Estava sentado em uma poltrona, com uma taça em mãos, mas bebia sozinho. De onde tinha vindo àquelas risadas? Eu deveria estar louca.

    – Pequena, aproxime-se.

    Olhei ao redor. Estaria ele falando comigo? Ele não havia olhado para mim, porém, sabia que eu estava ali. Havia me chamado de “pequena”. Um pequeno filme passava em minha cabeça: “É hora de acordar minha pequena!” A mesma voz. Dei um passo para trás…

    – Não se preocupe. Aproxime-se. Estava aguardando a senhorita.

    Mesmo confusa e apavorada, decidi falar algo:

    – Olha… Sinto muito, mas preciso realmente ir. Agradeço ao senhor por ter me ajudado, mesmo sem saber ao certo o que aconteceu comigo. Mas… Poderia chamar a telefonista? Para que eu… Entre em contato com meus familiares… Para que venham me buscar? – Falei tentando mostrar sinceridade.

    – Querida, eu insisto. Não desejaria que eu mesmo lhe fizesse sentar aqui ao meu lado… Não se preocupe com sua “família”, aliás, que família?

    Calafrios. Como ele sabe? Sim, as coisas pareciam ficar cada vez piores, mas resolvi não complicá-las e tentar contornar a situação. Não tinha outra opção. Caminhei até uma das poltronas. Sentei e esperei. Após um longo tempo, o homem virou-se para mim. Tão branco quanto aquela senhora, e também com olhos muito escuros e familiares que pareciam ver até a minha alma, porém, com lábios mais vermelhos que o normal. Seu rosto em meio a um sorriso malicioso me apavorava mais ainda. Porém, parecia sedutor. Por mais um longo tempo permanecemos em silêncio, olhando um ao outro. E tudo foi ficando mais desconfortável, ele me analisava insistentemente. Quando finalmente disse, em meio a um sorriso entrecortado:

    – Não. Não era exatamente ai que deveria sentar-se. E sim, mais perto, por favor.

    Algo me dizia que tudo iria piorar ainda mais.

  • O Manipulador: a história de Rebecca – Parte II

    O Manipulador: a história de Rebecca – Parte II

    Acordei após um tempo, e embora de maneira lenta, semicerrei os olhos algumas vezes até recobrar a consciência. Estava em um ambiente totalmente diferente do que imaginava que iria acordar. Era um quarto grande e arejado. O sol ultrapassava as grandes cortinas feitas de cetim cor de pérola. E eu estava em uma cama, surpreendentemente aconchegante, com travesseiros feitos de plumas de ganso. Havia alguns móveis e uma poltrona, acredito que devido à tontura da qual ainda me encontrava, tive a impressão de que alguém estivesse sentado ali me observado. Mas não. Não havia nada. Nenhum som. Ninguém.

    Lembrei-me de Alice e de seus olhos. Aquela voz… Levantei, e para minha surpresa eu estava aparentemente bem, com minhas roupas limpas, sem nenhum ferimento. Seria tudo um pesadelo? Onde eu estava? Será que teria dormido por tanto tempo para estar totalmente curada? E… De quem era aquela casa? Caminhei até a porta e antes de abri-la, tentei escutar algo. Nada novamente. Então, decidi que era hora de sair dali, tudo estava muito quieto. Ao sair do quarto, deparei-me com um longo e escuro corredor. Fora do quarto parecia ser noite.

    Caminhei em direção a uma escada, desci e entrei em um ambiente que parecia uma sala de jantar. Então, finalmente alguém. Era uma senhora. Arrumava uma mesa enorme com talheres, pratos, taças e muita comida. Assustei-me quando ela percebeu minha presença, porém, ela não parecia surpresa. Pude então, ver seu rosto, claro como uma vela, e seus olhos negros como a noite. Seus cabelos desalinhados e brancos, e suas rugas mostravam-lhe certa idade, era exageradamente gorda. Então, com um sorriso pálido convidou-me para sentar e disse:

    – Minha querida sirva-se à vontade! Precisa estar bem alimentada. Se desejar, pode passar o restante do dia na biblioteca, na sala ao lado.

    Senti calafrios com aquela mulher que falava como se sua voz não saísse de si mesmo e que não me deu ao menos a chance de pedir maiores explicações, deixando-me sozinha. Então, percebi que realmente estava com muita fome e não acreditei que toda aquela mesa estava posta apenas para mim. Alimentei-me como se estivesse sem comer a dias. Em seguida, comecei a notar o quanto tudo era estranho naquela casa, e as lembranças em minha mente, faziam-me imaginar que talvez alguém tivesse me salvado. Mas, mesmo assim, me senti receosa, era meu sexto sentido, falando mais alto. Na biblioteca, encontrei folhas e tinteiro em uma estante, escrevi um recado em forma de agradecimento sem saber ao menos a quem escrevia, e mesmo que talvez estivesse sendo indelicada, decidi que era hora de ir embora.

    Havia portas e portas naquela casa, nenhuma estava aberta. Comecei a apavorar-me, estava trancada naquele lugar!

  • A bruxa sumiu – Parte final (e-book)

    A bruxa sumiu – Parte final (e-book)

    Sequestros são crimes delicados, que geralmente levam tempo e precisam de muita paciência por parte dos investigadores. Tudo isso fica ainda pior quando a vítima é uma Bruxa, envolvida com seitas satânicas e os investigadores são vampiros centenários, em busca de aventuras para suas noites rotineiras. Envolva-se nesta nova saga repleta de mistérios, seres sobrenaturais e muito sangue, no qual eu Ferdinand tento desvendar este crime juntos de meus irmãos vampiros.

    Clique nos links abaixo para fazer download deste conto completo ou leia no Scribd (computador, tablet ou celular):

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  • A bruxa sumiu – pt12

    A bruxa sumiu – pt12

    Uma delas me imobilizou, outra desfez minha transformação e a última me nocauteou. Acordei no porão, sobre aquela mesma cama no qual Helen havia satisfeito minhas necessidades sexualmente profanas.

    Uma forte dor de cabeça, misturada com a sensação de vertigem confundiam minha cabeça, a ponto de eu perder completamente a noção do tempo. Além disso, a maldita sensação de fome tomava conta dos meus pensamentos. Indicando que para eu melhorar seria necessárias pelo menos umas duas bolsas de sangue ou dois humanos saudáveis.

    Sentei-me e em seguida levantei. Percebi barulhos no andar térreo e alguns raios de luz vindos por de baixo da porta no alto da escadaria. Subi as escadas e com o ranger da madeira, os barulhos cessaram… Fui surpreendido pela rápida abertura da porta e por um maldito vento que me jogou escadas a baixo.

    Desnorteado, tentei de recompor e assim que voltei à realidade percebi a presença do mesmo lobisomem da outra noite no alto das escadas. Também havia mais alguém no porão, mas provavelmente estava invisível ou ainda pior, podia ser algum demônio sedento de ódio ou sabe-se lá o que mais. Aguardei.

    – Fica quietinho ai se não meus amigos vão purificar tua alma. – Disse a tal peluda no alto.

    Pela voz tive a impressão de ser Helen, mas meus olhos mostravam apenas um vulto negro, disforme e intrigante. Eu sabia que se caso não me alimentasse eu liberaria o diabo dentro de mim, mas mesmo assim aguardei afinal Hector e H2 deveriam estar planejamento meu resgate.

    Depois que o vulto falou comigo ele(a) fechou a porta e a presença lupina foi-se junto. Fiquei por alguns segundos pensando no que fazer, até que a presença do porão se revelou:

    – Como é que tu vai atrás dos diabinhos e não me chama babe…

    Julie apareceu sentada no colchão. Trajava um belo sobretudo, calça legging, botas até o joelho e um espartilho de causar inveja as putas da rua Augusta. Estava para matar, literalmente!

    – Hector me chamou, disse que tu não me querias aqui, mas desconsiderei teu último “bolo” e vim dar uma focinha. Pelo visto cheguei em boa hora? Venha Fê, beba um pouco do meu sangue.

    Mesmo sabendo que teria alguns problemas eu não resisti à oferta e me atraquei naquele belo pescoço gelado, de carne dura e cheio de sangue. Alimentei-me apenas do suficiente para recompor minhas energias, limpei a boca e comentei.

    – Ah sabes como minha “vida” é corrida babe, veja onde estou agora. Suponho que tenhas montado algum plano junto de Hector e H2?

    – Claro que sim, mas primeiro precisamos sair daqui de baixo. Faz três noites que está aqui, tens noção disso? Suponho que não… Vá até aquele canto que eu preciso fazer uma coisinha.

    Fiquei puto ao saber que estava há tanto tempo naquele maldito porão e tudo o que eu queria naquela noite era o sangue daquelas vadias na minha boca. Já não me importava mais com os motivos de tudo e até repensei se deveria continuar o projeto com Hector. Apesar de minha indignação aguardei o ritual de Julie e depois de algumas palavras, gestos e algumas folhas que ela mastigou, o lugar começou a se estremecer. A escuridão completa tomou conta de nós até que a porta do alto da escadaria finalmente se abriu.

    Senti Julie puxar meu braço esquerdo, senti as escadas sob meus pés e depois de alguns lances estávamos novamente na superfície. Tudo ainda estava muito escuro, no entanto já era possível ver as linhas entorno dos objetos. Julie ao meu lado e mais dois outros seres ao nosso redor. Um deles era o tal lobisomem, que parecia estar perdido e o outro alguém que estava simplesmente parado, talvez conjurando algo.

    Confesso que estava ficando aflito quando abruptamente as sombras se desfizeram e pude ver o que realmente estava acontecendo. A minha frente estava Marie-Arthur, ao seu lado Helen na forma intermediária entre Lobisomem e humano e ao invés de Julie, a tal bruxa que sumiu agora apertava meu braço com toda a força que podia.

    Marie-Arthur realmente conjurava algo e assim quem as sombras se desfizeram jogou aquilo sobre mim. Novamente fui paralisado, a bruxa que sumiu me sentou no sofá e mais uma vez tive aguardar (puto da vida), a continuidade do que parecia ser o pior jogo no qual alguém  havia me submetido…

  • O Manipulador: a história de Rebecca – Parte I

    O Manipulador: a história de Rebecca – Parte I

    A Rebecca W. Erner me procurou há um tempo atrás e gostei do que ouvi dela. Portanto, nada mais justo do que liberar um espacinho para ela falar por aqui também. Espero que gostem de suas histórias!

    O Manipulador, A História de Rebecca – Parte I

    Abri os olhos. Olhei para um céu pálido e triste. Dores. Fechei os olhos. Abri os olhos novamente, e percebi árvores que cresciam sem fim e que pareciam debruçarem-se sobre mim. Tentei levantar, mas meu corpo parecia morto. Aos poucos, fui podendo fazer alguns movimentos até conseguir me recostar em um daqueles enormes troncos. Respirei fundo. Não conseguia me lembrar o que havia acontecido, e nem onde estava, percebia apenas que não era minha cama quente e macia.

    Tentei manter a calma e identificar o que havia acontecido comigo, pernas raladas e com cortes profundos que ardiam de maneira insistente. Um dos meus braços parecia estar quebrado e eu não podia nem pensar em movê-lo, e percebi que também havia cortado a cabeça, mas aparentemente, não parecia ser algo pior do que em todo o resto do meu corpo. O que havia acontecido comigo? Eu realmente preferia não lembrar ao pensar nas possibilidades. Tentei levantar, e quando finamente consegui, andei alguns metros e caí outra vez. Tive que começar esse processo de tentar sair daquele lugar várias vezes, até conseguir identificar uma luz à frente. Caminhei vagarosamente em direção a luz que parecia nunca se aproximar, até identificar que… Aquele era o meu automóvel!

    Então, eu lembrava. Lembrava de tudo. Ou quase tudo. Estava confusa. Lembrei de Alice que voltava da festa comigo. Eu não havia bebido, e voltávamos tranquilamente. Teríamos sofrido um acidente? Mas como eu havia parado em um lugar tão distante do automóvel? Alice ainda estaria lá? E então, quando me aproximei melhor, pude vê-la. Sentada no banco do carona, também tão machucada quanto eu, em seu corpo sem vida parecia dormir, até que… Seus olhos se abrem esbugalhados e, ouço uma voz aterrorizante que diz:

    – É hora de acordar minha pequena!

    Então caí novamente.

     

  • A bruxa sumiu – pt11

    A bruxa sumiu – pt11

    Quando você lida com seitas, grupos, clubes, associações, ou como queira chamar determinados indivíduos, que se reúnem de uma forma mais organizada. Certamente, terá uma preocupação a menos: eles próprios vão fazer de tudo para ocultar os cadáveres de seus membros e quaisquer que forem os vestígios deixados durante o evento. Ainda mais por que quem deve, teme!

    Mesmo assim saímos do lugar tentando produzir o mínimo de rastros que nos fosse possível. Fechei a conta no hotel e saímos com o único objetivo de achar um refúgio seguro, lugar no qual encontramos em um cemitério afastado do centro da cidade. Não é de hoje que vampiros escolhem este ambiente para se esconder e todos sabem da ligação intima que temos com covas, caixões ou criptas. Isso não é lenda, basta pensar na tranquilidade e proteção contra o sol, que estes lugares podem proporcionar e longe dos medrosos olhos humanos.

    Montamos um modesto escritório em uma cripta de dois andares e ao final daquela noite revisei meus passos. Pensei em tudo que possivelmente deixei passar despercebido e relacionado à Helen ou sua mãe. Diante dos fatos, escrevi algumas palavras soltas em meu Tablet e resolvi trocar algumas mensagens com Pepe. Disse ela que Eliot não havia encontrado nenhum DNA compatível com aquele dos pelos, que coletamos nas mãos de Helen. No entanto, houve uma revelação interessante o DNA era de uma fêmea. Fato que me fez chamar Hector e H2 para uma reunião do tipo “brainstorming”. Tivemos muitas ideias, mas apenas uma foi definida como plano de ação diante os fatos apresentados.

    Na noite do dia seguinte nos dividimos e cada um teve uma missão. Hector ficou na cripta vigiando nossas cousas enquanto ha2 foi atrás de um terceiro suspeito da seita e eu fui novamente a casa de Helen. Chagando próximo do local estacionei o carro um pouco longe e fui novamente em forma de névoa investigar o lugar, que para minha surpresa estava com as luzes acesas e com aparentemente algumas pessoas dentro.

    Aproximei-me da janela e lá estavam Helen, uma mulher estranha e sua tia, a tal Marie-Arthur. “Vacas!” pensei comigo e apesar da indignação continuei a observação da janela. O lugar estava muito bem arrumado, elas riam e conversavam com a melhor disposição de todas, como se fosse alguma data especial ou comemoração. Neste instante liguei alguns fatos e ao que tudo indicava inclusive pela aparência da terceira mulher, ela provavelmente era a bruxa que sumiu e mãe da infeliz que me enganou.

    Entre tanto, minhas constatações foram interrompidas abruptamente por algo que nunca me ocorreu antes e é até difícil de explicar. Algum feitiço, magia ou efeito começou a sugar minha névoa para dentro da casa. Tentei de todas as formas possíveis desfazer minha magia para voltar a qualquer forma física, mas quando dei por mim estava dentro da casa numa espécie de forma espectral entre fantasma e lobo.

    Naquele momento eu estava paralisado pela magia das bruxas e apesar do constrangimento  e indignação de não poder fazer nada, observei tudo ao redor. A Sala estava com as luzes apagadas, os móveis estavam revirados e praticamente tudo estava igual à noite em que pensei ter encontrado o corpo de Helen no porão.

    Confiei de mais em minhas teorias, não prestei a atenção em todos os fatos e possibilidades, deixei-me levar por um belo par de pernas… Fui capturado pelas bruxas!

  • A bruxa sumiu – pt10

    A bruxa sumiu – pt10

    Chegamos à casa do infeliz embalados pelo som do Strokes. Reptilia certamente nos incentivou a entrar no lugar arrebentando a porta da frente e gritando para todos os ventos a famosa frase cinema: “Mãos para o alto”. Hector imobilizou o amante, H2 partiu para cima do veterano e eu fiquei de apoio na retaguarda na expectativa, caso houvesse mais alguém ou eventuais surpresas.

    Por sorte eram apenas os dois, ambos na faixa dos 50, um pouco acima do peso e que de inicio não ofereceram nenhuma reação. Para ser honesto foram bem pacíficos e nem se manifestaram quando os amarramos nas cadeiras, deixando apenas as bocas livres para balbuciar eventuais respostas as nossas perguntas.

    Tsshhpa… Estalou o tapa de Hector na cara do tal veterano. – Desembucha, hoje tô sem paciência, anda logo! Sabe muito bem por que estamos aqui…

    – Não fala nada! Vão vir atrás da gente… – Disse o affaire do tal veterano.

    Certamente ele não sabia com quem estava lidando e convenhamos, mereceu a coronhada que o desmaiou dada por Hector.

    – Calma pessoal sem violência, vou explicar o que sei, mas por favor não nos matem… Helen é filha de nosso grão mestre e o que está acontecendo são duas ou três situações em paralelo. Nossa instituição está por todo o Brasil e estamos passando por uma renovação das lideranças regionais. Helen estava sendo cotada para ser a líder da “região 666”, a mais importante de todas. Só que alguém que disputaria isso com ela não gostou da concorrência e mandou eliminá-la.

    – E sobre a mãe dela o que tu sabes? – Perguntei.

    – Bom sobre a esposa de nosso gloriosos grão mestre (bla bla bla), ela foi raptada por uma grupo rival ao nosso, no qual temos rixas territoriais. Vocês devem saber como é isso… Eles só vão liberar o que sobrou dela, quando sairmos da “região 666” entendem o rolo?

    – Cara que merda… que merda…  – Resmungou Hector.

    H2 que até agora não havia falado nada, colocou suas mãos sobre o ombro do veterano e resmungou alguma cousa numa língua completamente desconhecida para mim. Depois disso, concentrou-se e por alguns instantes o corpo do se estremeceu. Não foi nada muito perceptível, mas suficiente para que voltasse a nossa realidade com outro semblante.

    – Este não é o teu lugar, não somos teus súditos e tu voltará de onde veio! – Disse H2 com tom de imponência, praticando alguma espécie de exorcismo no tal veterano.

    Por alguns instantes o homem balançou a cabeça, suas expressões variavam entre a alegria, a tristeza e a indagação, até que finalmente a arrogância permaneceu e ele vomitou em nossos pés… Parte do suco gástrico sujou as calças de H2, que permaneceu imóvel e alguns respingos sujaram o braço de Hector. Este de tão puto que ficou ameaçou dar um soco no veterano, mas foi interrompido abruptamente por H2 que continuou o exorcismo. Mais alguns gestos, um pouco do que parecia ser água benta e o veterano nos falando, utilizando uma voz rouca e um vocabulário de Umbanda.

    – Suncê precisa agradá pai véio, suncê qué dá reza pra pai véio e não dá pito pra pai véio? Espirito sem luz, pai véi não é… Suncê usa mandiga em pai véio, pai véio não conta mironga sem agrado!

    Nesse instante Hector pegou uma carteira de cigarros na sua mochila, acendeu um deles e colocou na boca do veterano. Na sequencia ordenou em claro e bom tom:

    – Pai véio, precisamos saber a verdade sobre a alma da bruxa Helen e por que tu desceste neste cavalo!

    Na sequencia H2 e o tal “pai véio” conversaram com mais algumas frase até que finalmente a entidade saiu do corpo e o tal veterano voltou à realidade. Extremante suado, cuspindo o cigarro e reclamando do gosto de vômito. Sua voz era diferente daquela do início da ”entrevista” e cheia de trejeitos.

    Neste momento H2 olhou para Hector e consentiu. O ex-pirata empunhou sua espada e cortou a cabeça do sujeito, o que fez seu sangue podre jorrar por todo o sofá branco. Pensei em perguntar o que faríamos com o seu amante, mas o próprio H2 tratou de se aproximar dele com uma adaga e o apunhalou seu coração sem dó nem piedade.

    Eu poderia detalhar mais tudo o que fizemos, mas o importante é que o “pai véio” confirmou a história da Helen e de sua mãe, além do fato importantíssimo de que ambas ainda estavam vivas em algum lugar de nosso plano.

  • A bruxa sumiu – pt9

    A bruxa sumiu – pt9

    – Um filho da puta pedófilo a menos no mundo, mas que podia ter reagido. Tu sabe que gosto de uma boa briga. – Comentou Franz na volta para o hotel.

    Antes de voltar, fizemos uma boa revista no lugar e não encontramos nada de importante além de todo o lixo pornográfico e objetos pessoais do suicida. Já no hotel liguei para Eliot, ele havia obtido progressos na pesquisa sobre os pelos, mas precisava de pelo menos uma semana para testes e pesquisa nos bancos de dados. Comentei do smartphone, mas sem ver pessoalmente, ele me disse que não poderia fazer muita cousa. Mesmo assim passou alguns procedimentos e conseguimos mais algumas informações soltas.

    Antes do fim desta noite decidi sair para caçar com Hector e alguns adolescentes bêbados foram o prato principal. Este perfil é sempre mais fácil de lidar, são confusos quanto  a vida, cheios de ideias, inventivos e sob efeito do álcool ou drogas saem completamente da realidade. Certamente acordaram com dores de cabeça, vermelhidão no pescoço e achando que nunca mais vão beber.

    Continuando nossa saga, o smartphone do suicida tocou assim que o sol se pôs no dia seguinte. Era um número privado e fiz questão de atender no autofalante para que Hector acompanhasse o desenrolar.

    “Espero que não tenha incomodado vosso sono diurno? É uma pena que aquele jovem tenha se sacrificado em vão, sem estar participando de algum ritual. Pois bem, que Ágares tenha um encaminhamento digno para sua alma. Vós duvidais dos poderes deles? Fiquem longe seus tolos, saiam da cidade ou o dia não será mais a única preocupação de seu estado vampiresco!”

    Após o termino da ligação o aparelho começou a pegar fogo e o soltei ao chão. Hector deu um chute e ele foi de encontro com a parede. Chamuscou um pouco o carpete e quase incendiou a cortina, mas por sorte não explodiu ou machucou mais minha mão.

    – Puta que pariu, tudo bem com tua mão? Estava demorando para estes putos aprontarem! O que acha de chamarmos Julie ou H2 para agilizar o processo?

    – Relaxa, vai regenerar rápido meu irmão. Não não Julie não… Deixa aquela sanguessuga longe disso, vou ligar para o h2…

    Liguei para h2, que sem pestanejar me disse que ia falar com Franz, mas que certamente estava a fim de exorcizar alguns demônios. Pelo que sabemos da história de H2 ele havia sido padre em uma época remota de sua vida e fazia todo o sentido que ele estivesse presente em nossas investigações.

    Minutos mais tarde Franz me mandou uma mensagem: “Cuida bem da minha cria assim como cuidei da tua…” Depois dele H2 também me respondeu por mensagem no “grupinho” do Whatsapp: “Relaxa que sei muito bem me cuidar chefes”. Trocamos mais algumas mensagens, Hector também estava no grupo e inclusive compartilhamos algumas piadinhas infames, fotos e vídeos engraçados, que descontraíram um pouco aquele momento. Afinal, não é só de aflição, morte e sangue que “vivemos”.

    Assim quem H2 chegou na noite seguinte, nos preparamos e fomos o mais rápido possível para o refúgio do próximo membro da seita a ser “entrevistado”. Desta vez alguém mais importante e tido como um dos veteranos.