Status quo vampiro: as trevas Pt4

Juntamos alguns poucos mercenários, duas caminhonetes, enchemos de munição, granadas e fomos em direção ao acampamento. Tal lugar era em meio a mata, mas os carros conseguiram nos levar até perto. Descarregamos e perto das duas da manhã estávamos silenciosos e sorrateiros perto do lugar quando senti algo diferente.

Como descrever a sensação de que algo não estava certo? Difícil, mas foi como se alguém estivesse nos observando, quando um silêncio simplesmente vem e cala o mais irritante dos insetos noturnos.

Ao meu lado um dos camaradas escorregou e caiu espalhando pelo chão meia dúzia de granadas. O barulho fez algo se mover por susto e tudo o que aconteceu em seguida lembrou a sujeira, o fogo, o barulho explosivo que o melhor surround pode reproduzir ao longo de algum filme do Rambo.

– Come on!!!, Go, go go mothafuckers!!!

Fazia tempo que eu não via um vampiro tão empolgado numa briga, Julian me lembrou muito os vários perrengues que já passei com Franz e os outros do clã… Tiros, muitos tiros… lama, terra, sangue… ahhh o sangue… brilhando carmim em meio a reluzente vivacidade das explosões.

Porém em determinado momento o silêncio veio novamente aos ouvidos e o mais atento, nem mesmo sobrenatural ouvia nada… A paz dos sonhos surgia carregando a dor do pior dos pesadelos. Pois em seguida fomos envoltos pela mais espessa das sombras, que além da escuridão, segurou profanamente nossos movimentos corpóreos.

Envoltos pelas trevas

Fundir-se com a terra? Transformar-me naquela besta descontrolada? Várias opções vinham a minha mente, incluindo a transformação em névoa ou lobo… E o tempo passou, eu já estava me sentindo sugado e fraco, até que depois de séculos ali naquela câmera lenta um intenso brilho surgiu. Trazendo junto o som de explosão, seguido pela força de impacto que nos jogou para longe e dissipou parte das trevas.

– Fuck this shit – Xingou Julian, ao mesmo tempo que cuspia um pouco de sangue e se levantava.

– Que porra foi essa, será que usaram “tenebrae” em nós?

– Aye, provavelmente, mas lembrei que essa bosta se dissipa com fogo e ainda tinha uma granada.

– Boa, olha lá… Acho que é o puto fugindo!

Apontei, falei e sai o mais rápido que pude atrás do meliante. Iniciava ali uma perseguição que levou alguns minutos em meio a mata fechada, no qual levei vantagem por ser mais rápido.

– Para filho da puta!!! Gritei algumas vezes e soltei todos os tipos de xingamentos, como um bom brasileiro faria.

Derrubei-o e começamos uma luta que terminou apenas quando Julian chegou. Ele aplicou um mata leão e foi difícil conter o vampiro, que naquele instante aflorou as presas e tentou mudar de estratégia. Algo que foi em vão pois assim que me recompus peguei uma faca e enfiei com gosto em seu coração.

– Fica quieto caralho! Esbravejei uma última vez.

O vampiro caiu de joelhos, em seguida se deitou e ficou ali imóvel. Julian também se recompôs e começou a vasculhar os bolsos do prisioneiro.

– Uns trocados, esse smartphone e mais nada… será que é o cara mesmo?

– Não sei, mas a aparência ta parecida com o que contaram pra gente. Vamos levar ele lá pra perto do acampamento e ver o que ainda tá inteiro lá.

De volta ao Acampamento

Chegamos e a sombra das trevas ainda se misturava com a escuridão noturna. Alguns focos de incêndio, equipamentos destruídos e os gemidos dos feridos compunham aquele cenário de guerra.

– Acabei de ler a mente desse mothafucker, tem mais dois deles aqui pela região. – A medida que Julian falava, ele começou a arrancar a faca do coração do infeliz, e praticou algo que eu não via a tempos. O nome tradicional é “anima possessionem”, mas corriqueiramente os vampiros que praticam isso chamam simplesmente de “possess”.

Momento cultural a parte, após Julian remover a faca, o vampiro começou a reagir. Tentou se desvencilhar, mas meu amigo o segurou com todas as forças e aproximou a lâmina de sua garganta. Em seguida proferiu algumas palavras simbólicas e fez jorrar novamente o sangue do infeliz, que se debateu até ficar fraco e desmaiar novamente.

Julian afundou mais a lâmina, seguiu com mais palavras e por fim a cabeça do desgraçado foi removida. Ele jogou a cabeça aos meus pés e bebeu rapidamente o sangue que jorrou daquele corpo, que aos poucos foi se desfazendo.

– Cara mais de 10 anos que não assistia um de vocês fazer isso.

– Aye, você deveria fazer isso meu amigo. Trás alívio pra alma!

– Só se for pra alma do infeliz, ai… (eu ri) mas não te julgo… Algum lugar pra gente ir atrás dos dois que fugiram?

– Só estavam aqui esse e um Ghoul que fugiu. Os outros estão lá na Europa, desconfio que um deles sacaneou nosso voo até aqui.

Ferdinand
Ferdinand

Nascido em 1827, foi transformado em vampiro com 25 anos em 1852, enquanto ainda vivia na pequena cidade de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, Santa Catarina – Brasil.

Criou este site em 2008 com o objetivo de divulgar as ideias do seu clã, instituição fraternal em que ele, seu mestre e alguns amigos mais chegados pertencem. Está quase sempre bem humorado e nos últimos anos possui um projeto chamado “Os escolhidos” em parceria com sua cria mais recente, Pepe. No qual eles “ajudam” a polícia e a sociedade na resolução de crimes hediondos.

Ferdinand também ocupa suas noites com a escrita e tem trabalhado no livro Ilha da Magia.

2 comentários

  1. Mds parecia q eu estava vendo filme, ai emoção DMS!
    Quero mais!!

  2. Ei Rambo porque choras ? Ferdinand do céu… Que foi isso ? Tô chocada passada, esperarei super pela parte 5 kk

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