Categoria: Histórias

Nesta seção você encontra historias, contos e relatos relacionados ao mundo real e sobrenatural. Verifique a indicação de faixa etária no início de cada texto.

  • Que roupa um vampiro usa?

    Que roupa um vampiro usa?

    Não sei até que parte do meu livro vocês leram, mas está lá em vários lugares a informação de que eu já tive uma fábrica de roupa. Na verdade, as fábricas eram do clã, naquelas idas e vindas em Berlin de mil oitocentos e alguma coisa.

    Época boa, no qual eu aprendi de fato como administrar uma empresa e ainda por cima aprendi algumas coisas sobre vestimentas e moda. Falar de moda não é o meu forte e talvez cabece as minhas queridas Lilian ou Becky tal post. Todavia, acho justo que uma opinião masculina acerca de tal tema, também apareça por aqui.

    Já falei umas duas vezes em artigos antigos sobre as preferências dos vampiros sobre a cor vermelha e vale lembrar que isso ainda prevalece. Por que o vermelho? Simples, pelo fato de poder ocultar manchas ou respingos provenientes de nossa alimentação.

    Não é que os vampiros só usem isso, eu mesmo adoro usar cores diferenciadas. Preto ou até branco as vezes me agrada, como também azul royal ou verde musgo.

    Sobre as vestimentas… ahh como eu gosto de estar “vivo” nesta época. Pois, diferentemente de outras, hoje é possível usar qualquer tipo de vestimenta. Os excêntrico podem variar os cortes, as costuras, os formatos ou adereços e ainda assim serão aceitos. Diferente de décadas atrás onde um chapéu e uma bengala eram vistos como objetos obrigatórios e necessários a ostentação cotidiana. Ok, hoje ainda são muitos que ostentam algumas marcas de roupas ou smartphones caros. Só que antes era diferente, um simples corte ou tecido mais elaborado podiam separar ricos de relés operários.

    Não se podia, por exemplo, usar cores muito vivas, para não ser taxado de cigano ou artista de circo/teatro. As calças eram de corte reto e as camisas desconfortáveis. Os casacos não era macios e os sapatos, quanta sofrência.

    Contemporaneamente, eu uso jeans, camiseta e tênis. Foda-se! Sério, não me imagino mais usando aquelas camisas vitorianas cheias de babados e frufrus. Vez ou outra coisa é claro que eu preciso andar com roupas sociais e felizmente hoje existem tecidos leves, frescos e elásticos.

    Portanto, não adianta procurar vampiros noite adentro e naquele estereótipo de filme mudo. Adaptar-se é fundamental para a sobrevivência, tanto nos hábitos, quanto na fala e sempre pelas roupas.

  • Wampir 8 anos no ar!

    Wampir 8 anos no ar!

    Não sou de comemorar aniversário, confesso que já fui muito festeiro, mas nos últimos anos o tempo me serve apenas para separar o dia da noite. Apesar disso eu entendo que os ciclos anuais são muito importantes para os humanos e isso me faz lembrar que o site está de aniversário na semana que vem.

    Fazia um pouco de frio em 2008 quando iniciei este projeto e já contei aqui como tudo começou numa mesa de boteco. Aonde eu estava com alguns amigos e um deles me sugeriu este espaço na internet, para divulgar meus tantos pensamentos e histórias.

    O frio daquela época não é importante. Aquele amigo com boas ideias, eu já não vejo mais. Sem falar da Beth, minha ex, que deve estar em algum canto do globo praticando suas bruxarias. Eleonor, está descansando junto de meu mestre Georg. Sebastian, arrumou uma esposa chamada Claudia e tomou seu próprio rumo. Joseph, que se foi há alguns anos ainda me faz muita falta e Franz se parece cada vez mais com um velho ranzinza.

    Apesar disso, transformei Pepe, que virou minha assistente pessoal. Lilian e Becky surgiram e viraram aliadas importantes de nossa causa. Sem falar de H2, Hadrian, Hector e Eliot, que são o mais próximo de uma família para mim.

    Todavia, o que eu realmente gostaria de registrar neste, que é o 606° post deste site, é o fato de que muitas coisas mudaram no mundo. A internet não é mais a mesma de 2008, os blogs não são mais novidades, as criaturas que frequentam o site são diferentes a cada mês. O tema “vampiros” foi banalizado, em função de romances mal escritos e por fim, eu mesmo mudei muito a ponto de vir menos aqui.

    Relaxa, isso não é uma despedida!

    Estou apenas respondendo o que muitos me perguntam por e-mail.

    O meu grande foco atualmente é o Wattpad, onde tenho publicado os capítulos do livro Ilha da Magia. Escritos semanalmente com o objetivo de contar minha historia de forma cronológica. Desde a época em que era humano, passando pelos momentos mais importantes, até a noite em que hibernei nos anos 50. Tenho material, histórias e acontecimentos para mais dois livros ao menos e prometo que tentarei me desapegar dos direitos para que eles ganhem vida nas livrarias.

    Por hora, meus confidentes. Obrigado por me seguirem aqui, no Wattpad e nas redes sociais.  Principalmente, pela paciência no Twitter, lugar onde eu adoro reclamar dos humanos ^^

    Além disso, fiquem tranquilos, que este espaço estará no ar por muito tempo ainda!

    Küss,
    Ferdinand Wulffdert di Vittori

  • Em busca da fé

    Em busca da fé

    Até onde você iria em busca da fé? Sempre que saio para me alimentar vou em busca de novidades. Não que eu seja exótico a ponto e querer uma vítima nova a cada refeição. Digo isso no sentido de que não gosto de me alimentar sempre de um mesmo tipo de indivíduo ou criatura.

    Certamente, quem me acompanha por aqui a mais tempo sabe da minha disposição ao sangue de meliantes e corruptos. No entanto, até mesmo deles eu me enjoo as vezes. Isso não precisaria de uma explicação mais profunda, haja vista minha existência eterna. Além de tudo no qual um ser vampírico como eu venha a sentir ou enfrentar.

    Delongas a parte, ontem foi um noite interessante daquelas em que o espírito aventureiro fala mais alto e eu resolvi enfrentar o centro de uma cidade. Os centros são muito peculiares e o que se iniciou numa simples ideia alimentar, me levou a novos experimentos.

    Sou geminiano, babe. Quem estuda os signos, sabe que sou um desbravador esotérico e isso me levou a uma igreja católica. Local que frequentei poucas vezes, mas que de alguma forma me atrai sempre que estou perto.

    Eu poderia ter ido a tantos bordéis, tantas ruas semi desertas ou parques escuros, mas preferi algo divino. Entre padres de fé discutível, beatas desesperadas e mendigos eu preferi me sentar ao lado de um cara aleatório.

    Aliança de casamento, uma foto de criança em mãos e de joelhos, ele suplicava para seu Deus por algum tipo de cura. Algo que certamente era requisitado a criança da foto é que provavelmente estava além da medicina humana. Fiquei impressionado com suas súplicas e lágrimas. Tanto que o deixei terminar e me dirigi com boas intenções:

    • Tudo bem com a tua menina?
    • Minha sobrinha… Hoje ela está hospitalizada, mas Deus vai ajudar ela. Tenho muita fé nisso.
    • Desculpa a intromissão, mas estava acompanhando tuas preces. Ela está doente?
    • Pois é sempre venho aqui pedir ajuda pra Deus… ela foi hospitalizada depois de um acidente com o carro da minha irmã… (concentração e suspiros fortes) Eles bateram no carro dela. Ela morreu e minha sobrinha tá em estado grave no hospital.

    Coloquei minha mão esquerda sobre o ombro dele e mencionei:

    • Meus pêsames…

    Ele baixou a cabeça, levantou uma das mãos na direção da estátua de Jesus crucificado e falou alto, interrompendo inclusive a concentração dos outros:

    • A justiça divina virá sobre nós e aqueles bêbados vão pagar por isso…

    Em seguida ele praticamente me ignorou, ficou de joelhos novamente e começou a chorar desenfreadamente. Decidi que era um momento muito pessoal, deis dois tapinhas nas costas dele e fui embora do lugar. Subi em minha moto que estava parada logo a frente do templo e circulei sem rumo pelas ruas geladas e escuras daquele centro.

    Parei algumas quadras a diante. aonde algumas pessoas faziam uma fila simples próximas de uma porta. Acima da porta havia um luminoso, que me chamou a atenção a ponto de estacionar. No letreiro estava escrito “Santa Rita” e ao que tudo indicava era alguma balada qualquer.

    Aquela história contada pelo homem na igreja, com toda sua fé havia me impressionado de uma forma diferente. inclusive dentro do lugar eu me sentei num balcão e fiquei filosofando sozinho por um instante até que algumas garotas chamaram minha atenção. Inclusive sai com uma delas de lá. Apesar disso, não me alimentei dela. Fiz meu desjejum com dois bêbados no banheiro. Caras que provavelmente vão acordar com a mesma dor de cabeça de sempre, mas que serviram para alimentar aliviar minha fome de sangue, vingança e fé.

  • O mistério do lobisomem – pt4

    O mistério do lobisomem – pt4

    Já leu a parte anterior?

    Cheguei com a Lobisomem numa casa de chás, ervas, produtos naturais e demais materiais relacionados a flora e fauna. Estava na cara que o lugar pertencia a uma bruxa. “Pelo menos eles estão conseguindo se misturar com os humanos” – Pensei comigo.

    – Olá boa noite, infelizmente já estamos fechando – Informou uma garota, meio gótica na faixa dos 20.

    – Boa noite, precisamos falar com a Madame… – Falou Claire, indo direto ao ponto.

    – Ela não fica mais aqui, senhora.

    – Ok, entendo e onde podemos encontrá-la? – Falei eu me intrometendo.

    A garota cerrou os lábios, como se estivesse analisando a situação mentalmente e falou retraída:

    – Não sei se…

    – Recuperamos alguns itens que foram roubados dela, fica tranquila que ela vai querer nos receber – Falou Claire, interrompendo os pensamentos da aspirante.

    Os seus ombros relaxaram e seus lábios, até então tensos, se aliviaram. Exibindo um belo sorriso, apesar de sua origem inglesa.

    – Ah se for por isso, acho que ela vai querer mesmo falar com vocês. Tomem. Esse cartão tem o endereço e o celular dela.

    Claire de imediato se virou e voltou par ao carro, eu dei uma piscadinha e soltei um simples: “Thak’s milady!”. Claire estava tão empolgada que ela mesma assumiu o volante e já estava com o carro ligado quando fechei a porta.

    – Eu sei onde fica esse lugar, entra anda!

    – ok ok, pode ir. Vou ligar lá para ver se está em casa… Droga deu caixa postal!

    – Fuck!

    Prosseguimos sem muito papo até o local. Lugar afastado do centro, repleto de árvores e casas residenciais. Não senti nenhuma presença sobrenatural e todas as luzes estavam apagadas no endereço indicado pelo cartão. Olhamos ao redor, não havia nenhuma câmera e decidimos pular a pequena mureta. Alguns gatos rondavam o local e aproveitei para usar meus poderes com um deles:

    “Hey gato, você mesmo, pode se comunicar comigo?”

    “Comida… Estou com fome!”

    “Desculpe não tenho comida, você não tem nenhum rato para caçar?”

    “Minha amiga sempre me alimentava”

    “Sua amiga se chama Madame…”

    “Sim”

    “Sabe onde ela está?”

    “Dentro de casa morta”

    Deixei o gato falando sozinho e percebi que Claire tentava abrir a porta, quando cheguei dando um chute. Ela se assustou, mas ignorei e fui logo entrando. Alguns insetos e vermes pelo chão. E lá estava o corpo da bruxa em decomposição e próximo de uma escada.

    – Nossa que nojo, não consigo ficar aqui o cheiro é perturbador…

    Achei estranho uma lobisomem reclamar do cheiro de carne podre, mas cada um com seus defeitos. Tratei de dar uma rápida olhada no lugar. Nada mais aparentava estar fora do lugar e tudo o que me restava era olhar o corpo.

    Fiquei alguns instantes observando, quando fui abruptamente interrompido por Claire, que estava com um lenço no rosto e disse:

    – Corre, a polícia tá vindo… Foi uma armação!!!

    Tive de agir rápido, empurrei o corpo com o pé e a mão que estava abaixo do corpo ficou a mostra. Exibindo algo que brilhou aos meus olhos. Uma pequena abotoadura de camisa. Dessas que estão fora de moda, mas que alguns caras ainda insistem em usar. E para nossa sorte esta era especial, no formato de uma cabeça de lobo.

    Claire colocou o colar e agiu muito rápido para pegar o carro. Percebendo que ela estava a salvo a segui em forma de névoa, até um cruzamento onde ela teve de parei e consegui alcança-la.

    – Ia me deixar lá, baby? – Falei ironizando e um pouco puto.

    – Ah para como se tu não soubesses onde eu vivo.

    Odeio ficar nas mãos de uma lobisomem mulher ¬¬

  • Rituais de passagem na atualidade

    Rituais de passagem na atualidade

    O tempo passa e somos frequentemente bombardeados por novos conceitos, práticas e ideias. No entanto, há sempre alguns procedimentos que se mantem intactos, mesmo depois de séculos. Como é o caso dos rituais de passagem, comemoração e ou despedida.

    Não obstante, muitos sofrem alterações, principalmente no que diz respeito aos componentes. Haja vista que alguns elementos se tornaram muitos escassos ou difíceis de se obter. Mandrágoras, por exemplo, estão quase extintas. Sem falar do procedimento tradicional de colheita que se tornou extremamente exótico para os tempos atuais: as raízes da mandrágora precisam ser colhidas numa noite com lua cheia. Arrancadas da terra por uma corda presa a um cão preto.

    Alguns itens como cálices, adagas ou bastões também são difíceis de se encontrar no séc. XXI. São pouquíssimos os artesãos que ainda sabem produzi-los da forma tradicional. Forjando o ferro bruto, para que se torne um bom aço resistente e bem adornado. Os únicos artefatos que melhoraram conforme o passar dos anos foram as joias. Comumente utilizadas nos rituais de aprisionamento de entidades, afim de se obter parte dos seus poderes.

    Ferdinand, por que esse papo sobre rituais? Pois bem mancebo, a ritualista está presente em todas as culturas. Desde os procedimentos dos antigos homens das cavernas, até mesmo na sociedade humana atual. Onde feiticeiros evocam espíritos mediante o consumo de álcool e cânticos. Há também aqueles que consomem ervas ou misturas para sair da realidade e também no mundo vampiresco.

    Noites atrás tive dificuldades para encontrar uma adaga original, composta de aço e prata, por isso tudo o que disse até aqui. Tive de ir atrás de diversos contatos e apenas um senhorzinho do Brasil conseguiu fazer o que pedi. Em função disso, noites atrás estive com H2, cria mais nova de meu irmão Franz e finalmente aconteceu um ritual de passagem. Sendo Franz o membro mais velho acordado e eu o líder proclamado, é fundamental que participemos de tais procedimentos com frequência.

    Particularmente, eu gosto das tradições e de tempos em tempos é importante relembrá-las. Não somos um clã grande, o que torna cada celebração um grande momento para encontros da família, troca de experiências e festa.

    Bom, não vou fazer vocês lerem até aqui e ficarem com água na boca, com relação ao procedimento feito com H2. Como eu já disse antes, fizemos um ritual de passagem em função de mais um ciclo que ele completou. Cinco anos de transformação é uma marca importante a ser atingida por um vampiro. Momento no qual ele deixa de ser um recém transformado e passa a ser considerado um membro iniciante de nossa sociedade imortal. Cabendo a ele uma função destaque em nosso clã.

    Quem sabe o Franz apareça por aqui para falar um pouco sobre as novas atribuições de sua cria?

  • Espíritos selvagens, uma experiência real

    Espíritos selvagens, uma experiência real

    Os espíritos vagam à luz da noite como animais selvagens em busca de alimento.

    Isto não é apenas um pensamento ou frase solta, são experiências passadas entre gerações, fatos, lendas ou até mesmo um papo. Daqueles que antigamente nos divertia ao lado da fogueira ou do fogão à lenha em noites geladas.

    Meu irmão e eu ficávamos imaginando tais seres espectrais, seus poderes e até mesmo seus atributos mais banais, como a forma de contato. Será que vamos conseguir prende-los caso algum dê as caras? – dizia meu irmão, mais do que empolgado.

    Eu ia pelo mesmo lado, pensando em fatos engraçados ou surreais como a conversa com tais seres. Será que eles possuem algum tipo de inteligência superior, ou pelo menos podem fornecer informações de como é o outro lado?

    Foram muitas as noites e os questionamentos antes de dormir. Tantas foram as vezes em que nossos pais nos mandaram literalmente calar a boca e dormir em silêncio. Adolf era o primeiro a ficar quieto, pois morria de medo das famosas varinhas de marmelo. Já eu, que sempre falei pelos cotovelos,  sei bem o que é levar uma boa chinelada na boca pra ficar quieto.

    Deixando de lado os métodos de criação dos filhos dos, foi assim que iniciei minha curiosidade acerca do sobrenatural. Mal sabia eu que meu destino estava traçado por meu tio. O barão vampiro, que me transformou no que sou hoje.

    Tive algumas experiências com espíritos alguns meses atrás hoje me senti a vontade para relar um pouco da minha experiência. Estava com Carlos, meu amigo lobisomem, em uma cabana no meio da mata e dentro do território de sua tribo.

    Havia mais alguns de sua tribo conosco e fizemos exatamente o que contei no início deste meu relato. Acendemos o fogão a lenha e uma senhorinha cozinhou alguns quitutes para eles. Ao final da janta, no qual eu apenas acompanhei sem comer nada, ficamos naquela gostosa conversa ao redor da mesa.

    Entre um papo e outro Carlos comentou de sua ultima viagem astral, no qual ele foi a fundo em suas lembranças com espíritos e nos sugeriu o consumo de uma tal erva dos sonhos. Confesso que sempre fico com um pé atrás desse tipo de consumo. Haja vista, minha propensão a libertação de meu lado mais bestial, mas como ele disse que podia me “libertar das amarras”, resolvi confiar em sua intuição.

    Alguns minutos misturando alguns componentes num moedor de pedra, mais alguns instantes para prepara o cachimbo e lá estávamos nós entre a fumaça do fogão, fumaça do cachimbo e uma mesa, três lobisomens e um vampiro.

    No início surgiu aquela dormência tradicional dos membros inferiores. Em seguida o corpo pareceu ficar mole e relaxado. Depois comecei a ouvir uma música de acordeom, misturada com batidas ritmadas. Até que a visão começou a embaçar e tudo ficou turvo.

    Neste momento eu perdi a noção completa do tempo e espaço e comecei a rever cenas de minha infância. Meu irmão correndo, Helga nua em uma cama e me chamado… A música ainda de fundo, só que agora com várias vozes em forma de mantra. Tudo muito insane até que me vi em uma casa na época em que vivi no Rio de Janeiro com Eleonor.

    Eu estava nu encolhido num canto escuro. Estava bem sujo, como se tivesse apanhado ou preso por um longo tempo. Fiquei me vendo ali naquele canto por alguns instantes, até que um espirito apareceu e sentou ao meu lado. Ele era translucido, tinha a tradicional aparência meio esbranquiçada de fantasma e nosso papo durou algum tempo.

    Ele me acalmou, me abraçou e antes de ir embora disse que tudo ia ficar bem. Acordei nu e deitado no chão de um dos quartos da cabana de Carlos. Não havia ninguém por perto, apenas algumas frestas por onde a luz do dia adentrava. Passei o dia em claro, com o mantra tocando em loop na minha cabeça. Até o momento em que o sol se pôs e Carlos surgiu a porta. Trazendo consigo algumas roupas e um pouco de sangue de carneiro numa jarra.

    Este foi meu batismo espiritual e depois que redobrei a consciência, passei um mês com eles para aprender mais sobre os tais espíritos selvagens.

    E contigo, quais são as tuas experiência com espíritos? Escreva nos comentários ou se preferir me mande um e-mail.

  • Recomeço – pt I

    Recomeço – pt I

    “Todos viemos ao mundo da mesma forma, todos vamos embora para a mesma merda de buraco, de um jeito ou de outro.” By Lilian King.

    Engraçado como as coisas são, como o tempo cura quase tudo e como o nosso corpo e a nossa mente consegue acatar mudanças… Hoje eu levo uma vida completamente fora do normal, para vocês claro! Eu as vezes acordo e nem percebo o quanto da humanidade eu já deixei para trás e o quanto dos sentimentos já deixei de sentir.

    Tenho poucos apegos mundanos, talvez apenas apegos emocionais com indivíduos específicos, seres que compartilham da mesma jornada que a minha, alguns até da mesma casa na maior parte do tempo quando ela não resolve voltar para o meio do mato e ser fazendeira… Enfim, muitos sabem muito bem de quem eu falo… Mas estes pequenos detalhes não vos convém por hora, deixo estes assuntos guardados para mais tarde quem sabe.

    Venho aqui neste local contar um pouco do que me aconteceu, como que eu cheguei aqui e por que eu estou aqui. Não vou me ater a datas específicas, pois gosto da minha intimidade passada e da minha sombra na mente de vocês, mas vou guiar por épocas, costumes, tentar trilhar na cabeça de cada um de vocês o meu caminho e o que eu vi antes e depois dessa jornada que eu venho caminhando há muito tempo…

    Não se iludam meus caros, não vão tirar daqui dicas de como ser um mitológico das trevas, um sobrenatural, vampiro ou vampira, apenas vão levar consigo o que aconteceu com um simples humano, que sonhava em apenas cultivar uma família e seguir com uma vida simples, um cara que um dia teve tudo e no outro, bom logo vocês vão descobrir… Vou me ater aqui ao momento presente e voltar alguns séculos atrás onde o carro esportivo do momento era uma carruagem com quatro cavalos de força.
    _

    Tempos novos batiam no nosso peito, a promessa de novos dias, a guerra contra a França havia tido uma trégua, a sensação de paz pairava no coração de cada britânico, o Reinado de Ana era bem vindo, talvez por nos trazer um certo conforto… Conforto esse talvez ilusório, mas por hora, era a calmaria longe da guerra, homens não seriam jogados em campos de batalhas, os filhos poderiam abraçar os pais e as esposas poderiam nos alegrar com um sorriso.

    A ansiedade era a minha maior aliada, era algo bom, eu iria ver meus filhos de novo, minha esposa, meus amigos, meus pais, todos aqueles que eu amava e como era boa aquela sensação, por hora toda a guerra tinha ficado para trás, esperando a sua volta, mas ainda sim eu teria tempo de ter momentos alegres, preciosos… Se eu soubesse o quão preciosos seriam, jamais teria saído daquele único momento.

    Não pense você que eu era um duque, um nobre ou da realeza! Não, não, eu era um soldado, um homem que ficava em frentes de batalha, me orgulhava daquilo, no fundo eu ficava aliviado de voltar inteiro e vivo de cada batalha que participei. Lembro como se fosse ontem, aos pés da porta da minha humilde casa eu sentia o doce cheiro da torta deliciosa que minha amada Marie fazia, o chá quente em cima da mesa, Gale e Carter brincando perto da lareira e as suas reações quando ali eu estava, parado na porta de casa, após um longo tempo indefinido longe deles. Gale o mais velho, tinha apenas dez anos e Carter tinha seis anos e um dente de leite faltando, deixando em seu sorriso uma pequena janelinha.

    Marie ah Marie e seu doce sorriso, o abraço delicado e o beijo inebriante, minha doce e delicada Marie e seus longos cabelos loiros, os lindos olhos verdes expressivos, as mãos delicadas e brancas como porcelana, frias quase o tempo todo, vinha me cumprimentar e dizer o quanto me amava e o quanto sentia a minha falta em meio aos gritos e aos pulos dos meus pequenos soldados – Dad, dad! You are back! ( Pai, pai! Você está de volta!) – O mais gratificante era que depois de todos estes abraços e boas vindas, eu poderia me sentar a mesa e jantar com a minha família, dividir minha atenção entre meus filhos e quando eles dormissem, bom quando eles dormissem eu iria finalmente cair nos braços da minha linda esposa e aproveitar cada centímetro dela, não deixando nada faltar ao meu toque…

    Amanhã seria um novo dia, novidades estavam por vir e eu na minha inocência ou talvez na minha ignorância humana não tinha noção do quão ruim e sem escrúpulos o mundo e seus habitantes podem ser.

    Vou deixar aqui este começo da minha jornada, logo trago mais do que me aconteceu e como vim parar aqui! E antes que me esqueça, vocês me conhecem ou pelo menos acham que me conhecem, se ainda não, prazer me Chamo Daniel e esse é o começo da minha história.

    See you all soon.

  • O mistério do lobisomem – pt3

    O mistério do lobisomem – pt3

    Fyllisk fjörvi feigra manna,
    rýðr ragna sjöt rauðum dreyra;
    svört verða sólskin um sumur eftir,
    veðr öll válynd. Vituð ér enn – eða hvat?

    Ele se alimenta da carne dos homens mortos,
    a casa dos deuses se torna vermelho do sangue escarlate;
    o brilho da Sól se torna negro para os verões que chegam,
    o tempo se torna pior. Quem saberia – ainda mais que isso?

    Lugar tranquilo e pacato, algumas árvores no quintal e por dentro diversos quadros nas paredes. Muitos deles relacionados a mitologia nórdica, inclusive alguns continham passagens da Völuspá, o primeiro e mais conhecido poema da famosa Edda.

    Tais escritos não tiveram muita importância ao menos no inicio de nossas investigações e o restante da casa do tal individuo eram bastante normais. Num dos cômodos achei um laptop bem usado e Claire, um cofre disfarçado de frigobar noutro. Saímos de lá com ambos e voltamos para a casa alugada.

    Pepe me indicou um amigo hacker para dar uma olhada no laptop e Claire se virou com o cofre. Mesmo com nossas forças sobrenaturais são “rolou” abrir e tivemos de apelar para algum chaveiro. Não desses que ficam em quiosque de supermercado, mas um especialista conhecido da peluda, que inclusive se prontificou em ir ao nosso encontro num local neutro e instantes depois de ser chamado.

    Ele levou alguns minutos, reclamou que já haviam tentado arrombar aquele cofre outras vezes, mas por fim deu um jeito. Claire pagou algumas Libras pelo serviço e tão logo ele se foi, nos concentramos com o que havia dentro da caixa forte.

    Algumas gavetas com Euros e libras, uma caixa com esmeraldas e uma caixa de madeira, que continha um par de brincos e um colar aparentemente de ouro com pedras negras, aparentemente Ônix.

    – Bom ao menos levantamos uma grana boa…

    – Como se tu precisasses… Deixa eu ver esse colar!

    Não que todas as lobisomens sejam grosseiras, mas Claire é meio bruta mesmo e tão logo falou, foi arrancando o colar das minhas mãos e colocando.

    – Fuck, hey não coloque isso assim – Disse preocupado.

    Mesmo assim ela me ignorou, colocou tanto o colar como os brincos. Aparentemente não havia acontecido, até o momento em que ela me olhou fixamente por alguns segundos.

    – Puta que pariu, acorda!!!

    Dei-lhe uns dois tapas de leve no rosto…

    – Depois eu é que sou a grossa, eu estava brincando contigo idiota! Mas espera, acho que senti algo…

    Ela simplesmente sumiu a minha frente e em seguida senti uma forte brisa circulando ao meu redor, como se do nada o vento atingisse minha pele fria. Olhei para todos os lados, fiquei preocupado e quando menos esperava ela reapareceu a minha frente.

    – Uouu…

    – O que foi isso Claire?

    – Isso aqui simplesmente me deixou muito rápida. Tu me viu correndo? Acho que dei umas 5 voltas em ti e no carro – Falou ela impressionadíssima.

    – Bom, ao menos temos mais uma confirmação que esse povo está mexendo com magia bem pesada. Vem cá deixa eu tirar umas fotos das joias.

    Enviei de imediato as fotos para Sebastian. “Já que vocês pesquisaram sobre joias outro dia eu preciso que aproveitem o embalo e deem uma olhada nestas também. Valeu Seba”.

    Como estava para amanhecer voltamos para a casa alugada e enfim consegui arrastar a lupina para a cama. Sexo casual, sem comprometimento e despretensioso. Apenas para acalmar os ânimos antes de dormir como diz o Franz.

    No meio do dia acordei com uma chamada de voz pelo Whatsapp, era Sebastian empolgado com suas descobertas. Tais joias haviam sido roubadas de sua dona, uma bruxa de Londres, popular entre os colecionadores de artefatos mágicos.

    Acordei Claire, que aliás estava uma delicia nua entre os lençóis. Ela acordou um pouco assustada, se cobriu envergonhada e queria sair naquele instante mesmo para falar com a tal bruxa. Sério, tive que segurá-la… Essa lupina ainda vai me deixar louco! Pensei comigo.

  • Uma amizade improvável – Parte final

    Uma amizade improvável – Parte final

    Lembrei porque eu não sou fã de Londres, porque os bares (pubs) fecham as portas até a meia noite e todos ficam igual siri na lata dentro do pub… Agora imagina isso para um vampiro como deve ser bacana, imaginou?! Então a merda é que eu estava sozinha seguindo o rastro da minha atual, ex, mais ou menos companheira, sei lá cara, nem sei que nome se da um relacionamento distorcido assim, será que é “Disturb Relationship”, “What Fuck Relationship”, “Go fuck yourself Relationship”! Muitos nomes, mas mesmo assim eu não conseguia chegar a conclusão de nenhum, para a minha alegria!!!! –”

    Enfim eu sabia onde Kate estava, ela era um ser de hábitos e achar a vampira fugitiva não seria um grande mistério. Porém antes de tudo, eu quis verificar algumas coisas, achei que o mais sábio seria achar um lugar para ficar e apenas no dia seguinte ir atrás de Kate.

    Como todos bem sabem, Daniel possuía alguns bons contatos na Inglaterra e me deu de um peculiar amigo dele para minha estádia, era um local de shows de um antigo amigo dele, um pouco afastado mas agradável, após sair do pub me dirigi até o local, era uma casa antiga e bem conservada.

    Ao entrar fui recebida pelo o que parecia o mordomo do local, ele me guiou até o dono da casa de show, Lord Sunigan -Daniel não descreveu você com clareza minha cara, não fez jus a ti!- Lord parecia um cara que saiu de um livro clichê de época escrito por uma autora que tem 80 gatos e mora em um porão. O cara era vampiro, fato! Cheio de trejeitos, trajado de smoking e com uma bengala na mão! A porra de uma bengala na mão! Que vampiro usa bengala? Me diz! Vampiro com problema na coluna? É cada coisa que me aparece, tio Lú ta tirando com a minha cara!

    Mas tudo bem, cada louco com a sua loucura! Afinal quem sou eu pra falar algo não? Pois bem seguindo o foco da história, depois de ser recepcionada por Lord, o mesmo me levou até o Bar e me deixou por la enquanto foi separar um quarto para mim.

    Fiquei ali observando o show, até que uma voz conhecida e antiga me chamou, roubando a minha atenção -Lilian King, cria de Trevor e capitã de uma das separações da Ordem! Que honra poder te ver por estes lados, finalmente saiu das medicações rednecks… – Ane Marie, uma bruxa muito conhecida minha e do Daniel, mais do Daniel… =x

    -Ane, quanto tempo! Mas devo dizer que não estou surpresa por te ver aqui! Afinal sei que ama a Europa e ainda mais os bares burlescos como este!- Ane além de bruxa era ninfomaníaca assumida e bom, tarada por natureza, apesar de se conter em lugares públicos, era uma louca assumida em quatro paredes. Seus longos cabelos castanhos claro e os olhos azuis sempre atraiam olhares maliciosos, alem do belo decote -Daniel me avisou que viria… Confesso que fiquei feliz, ainda mais ao saber que não está mais com Trevor… – Mais uma pérola dela que não me surpreendia, o fato de estar bem próxima de mim brincado com os botões da minha camisa jeans me agradavam, não vou mentir – Sim eu vim a procura de alguém…- Ane fica engraçadíssima com cara de brava, ainda mais quando não consegue o que quer – Ane pare com isso, sabe que não tenho problemas ao me dividir entre vocês! Não estou totalmente comprometida, lembra? E a minha atual é um tanto difícil e some com facilidade – Cara eu não presto, sou podre pronto, adoro uma novidade…. E vamos ser francos, Kate sumiu e eu posso fazer o que bem entendo!  =X

    Enquanto trocava algumas palavras com Ane recebi uma mensagem de Daniel onde ele apenas falou, “Surpresa!!!!!!! Espero que aproveite enquanto está solteira!!!!! Love U baby Sis!” Eu ja falei como amo meu irmão? – Daniel te mandou aqui? – perguntei provocando a bruxa – Não, ele avisou que viria e ele sabe que no fundo eu adoraria manter o papo entre amigas…- papo entre amigas? Uhum sei é sinceramente eu não me importo de manter o papo em dia, afinal eu mereço pelo menos um tempo de folga e alegria! Ainda iria atrás de Kate, mas por hora se fecha essa história e logo se iniciará uma no qual participei de uma  das maiores crises do meu clã desde que me tornei vampira!…

    Ps: Presente não se recusa não é mesmo?

    😉

  • A princesa bruxa Morgana

    A princesa bruxa Morgana

    Há muitos anos atrás havia um rei chamado Uther Pendragon, um humano cheio de força de vontade, moderadamente esperto e um pouco mais limpo que a maioria. Inclusive seu lema era: “Corpo limpo, alma limpa.” e baseado neste contexto ele criou, junto de sua esposa Vivienne, seis filhos e filhas. No qual um deles se chamava Arthur, um carinha que se tornou muito famoso na história

    A família real possuía muita rivalidade com uma comunidade hippie, que morava perto cujo lider se chamava Merlim, outro cara que ficou bem conhecido na história. Então conta a lenda que todos os filhos e filhas do rei eram as pessoas mais bonitas do reino, o que eu acho discutível, mas convenhamos isso não é muito relvante a história. O problema é que o Rei queria muito ter um último filho. Um varão, um homem que pudesse herdar tudo o que ele construiu, um macho, uma garanhão, que fosse mais propenso ao sucesso. Haja vista que todos os seus outros filho não apresentavam vontade para o negócio da família. Na verdade ele queria jogar para cima do filho todos os seus anseios e vontade reprimidas, mas isso também não é muito relevante para a história.

    Acontece que por algumas vezes ele e sua esposa tentaram, tentaram e mais algumas vezes tentaram (eles gostavam de tentar) e sua esposa parecia não vingar o bebe. Até que numa bela manhã, no início do verão ela comentou no desjejum: “Acho que desta vez vai render mo”. E lá estava o rei feliz da vida, mandou matar alguns carneiros, uns bois, uns marrecos e deu uma mega festa. Tanto que o povo dizia: “Se a festa já foi boa agora, imagina quando nascer”. Há ainda quem diga ainda que aquela época foi a mais harmoniosa e feliz que aquele reino já teve.

    Ao longo da gravidez a rainha passou por muitas dificuldades. Foram vários sangramentos, febre, diversos momentos onde as dores foram quase insuportáveis e inclusive me parece que alguns vampiros rondavam aquela região, mas ok novamente isso não é muito relevante para a história. Todavia algumas curandeiras foram chamadas, e ao invés de receitarem um paracetamol, que não obviamente não existia naquela época, lhe prestaram algumas compressas e pequenos rituais.

    Inclusive Merlim, que até então apenas um hippie maconheiro, foi chamado. Dizem que ele apareceu vestido com um chapéu muito loko, suas roupas pareciam um vestido de freira sujo e se não bastasse tudo isso, ele só conseguia parar em pé por causa de seu cajado. Vendo aquele infeliz de olhos vermelhos, o rei foi direto ao assunto:

    – Escuta aqui meu velho, dizem que tu manja dos paranauê e minha senhora tá comprometida, saca? Rola de fazer algum barato pra ela se restabelecer?

    O velho hippie deu uma balançada, parecia que ia cair, piscou algumas vezes e respondeu com toda sua sabedoria:

    – Podecre!

    Então depois de uns dias Merlin deu jeito nas dores da dona Vivienne. Ninguém sabe qual foi o procedimento, mas dizem que os olhos da rainha perderam o branco, dando lugar a um avermelhado singular e sua fome era igual a dos homens. Inclusive anos mais tarde ela engordou feito uma porca e Uther a deixou de lado por causa de algumas lideres de torcida, que frequentemente ia a seu reino para prestigiar os jogos dos cavaleiros.  Na boa desculpa ai, isso não é nada muito relevante para a história da Morgana.

    Por falar no bebê, era uma tarde de inverno, a neve cobria todos os cantos de todos lugares abertos e não havia televisão para se distrair naquele lugar, muitos menos um edredom ou pipoca. Então a ansiedade era geral. Em função disso o parto da rainha era comentado por todos os lugares e se não fosse uma repentina tempestade, haveria uma multidão passando frio, fome e morrendo na expectativa do nascimento.

    – Cara como anda a minha senhora, to aflito, só ouço grito, gemidos e inclusive umas tolhas com sangue passaram por nós aqui agora a pouco… Anda fala ela e meu filho estão bem, ne?

    Apesar da pressão, da muitas perguntas e de todo aquele drama pré natal, Merlim fitou os olhos por alguns segundos. respirou e disse, colocando a mão sobre o ombro do rei:

    – Podecre, suave!

    Obviamente o rei ficou puto, pensou até em mandar cortar a cabeça do velho hippie e se não fosse um leve e surpreendente choro de bebê ao longe, ele teria dançado naquele instante.

    Uther correu e tão rápido quanto sua reação foi o seu entristecimento. Afinal lá estava uma linda menininha, de olhos grandes e cabelos preto fartos. “Tô fudido” disse ele em claro e bom tom. “O que vai ser de nós agora nas mãos daqueles moleques?”. Seu descontentamento com a pequena foi tanto, que ninguém percebeu um pequeno detalhe. Morgana era a sétima filha e como tal estaria fadada a bruxaria. Este sim é um fato muito relevante para a história.

    Dizem que no mesmo instante do nascimento o céu ficou negro. Milhares de raios foram visto por todo o reino e por 7 horas choveu. Caiu água o suficiente para levar embora a neve, transformando alguns lugares em pântanos inóspitos e outros foram devastados por completo. Inclusive foi nesse período que Morgause, filha mais velha de Uther, acolheu sua recém nascida irmã Morgana.

    O resto da história é bem conhecida. Arthur deixou de lado a putaria e se tornou um rei bem-visto e popular. Merlim, também deixou de lado o seu grupo de hippies sujos e passou a aconselhar espiritualmente Arthur. Morgause se tornou uma mãe para a pequena Morgana, que cresceu linda e gostosa, mas foi treinada pelo lado negro da força, vindo a se tornar uma das bruxas mais conhecidas da história.

  • Uma nova jornada: Parte Final – Presentes e Despedidas

    Uma nova jornada: Parte Final – Presentes e Despedidas

    -Está pronta, Becky?

    – Calma, falta só o batom!!!

    – Que demora em se arrumar!

    – Não faça cara feia, Loren… – Falei saindo do banheiro – Pronto, chato! Vamos?

    Antoni insistiu em fazer uma festa de despedida para nós. E confesso que estava ansiosa para voltar para minhas rotinas agitadas, sair do silêncio dos campos e voltar ao calor e agito urbano. Naquele mês, pude aproveitar muito minha estadia no clã, na qual fiz algumas amizades, adquiri aprendizados e me redescobri. Mas enfim, quando entramos no salão, todos nos receberam com entusiasmo. Foram algumas horas de boas músicas, conversas, risadas. Ao fim da festa eu e Lorenzo nos despedimos e nos recolhemos. Estava amanhecendo. Tudo já estava organizado para nossa partida, assim que anoitecesse novamente…

    – Lúcia, muito obrigada por cuidar de nós esse tempo que estivemos aqui. – Agradeci enquanto colocávamos as malas no carro.

    -Imagine minha querida, menina! – Disse aquela senhora de olhos brilhantes e meigos.

    Abracei Sophie que prometia me visitar em breve. Abracei Antoni que me puxando de canto disse-me reservadamente:

    – Espero que volte em breve. Quem sabe, para ficar…

    -Já conversamos sobre isso. – Respondi. – Quem sabe…

    – Tudo bem. Tudo há seu tempo! Tenho grande apreço por você e quero ajudá-la com Lorenzo. Hey! Quero lhe dar uma coisa que consegui um tempo atrás…Estava guardando para o momento certo.

    Era um pequeno envelope. Aceitei com gratidão sem noção do que se tratava. Tratei de abri-lo logo. Era algo que me pegou completamente de surpresa. Havia um retrato muito antigo e uma carta. Um pedaço totalmente desconhecido de minhas origens. Como ela era parecida comigo!

    – Que é ela, Antoni? – Perguntei curiosa.

    – É sua mãe, Becky. Sua mãe verdadeira. E a carta, é dela para alguém que não conseguimos identificar, me pareceu sem sentido. Leia quando tiver tempo, pode ser que descubra alguma coisa. Eu consegui isso com um amigo que me ajudava quando procurava por meu irmão e descobri o envolvimento dele com você. Foi uma das poucas informações que consegui sobre seu passado e de onde você veio. Mas, isso é mais importante para você do que para mim…

    Olhei por longos minutos para aquela imagem. Minha….Mãe… Abracei Antoni novamente sem saber o que dizer, podendo apenas agradecer e sabendo que a partir daquilo poderia encontrar mais pistas sobre minha família.

    – Obrigada! Não sei o que dizer… Enfim, vamos manter contato. Considero-lhes grandes amigos! E se eu descobrir algo, ficarei feliz em dividir a notícia com você.

    Ele sorriu. Um sorriso sincero. Fomos embora sabendo que teríamos uma longa viagem pela frente e logo minha rotina voltaria ao normal novamente. Já no avião, pensava no futuro e logo na transformação de Lorenzo, ele ainda tinha muito a aprender antes disso. Dormia abraçado a mim, eu olhava as estrelas e olhava o retrato daquela jovem tão parecida comigo. Que caminhos a levaram? Quais caminhos me levariam? Isso só o tempo poderia nos dizer. Em mim eu levava a certeza que no momento certo, todos nos veríamos outra vez. No entanto, aquele era o fim de mais uma de minhas jornadas…

  • Uma amizade improvável – Penúltima parte.

    Uma amizade improvável – Penúltima parte.

    Sabe o que é a pior coisa do mundo? É você não ter ação sobre todas as coisas a sua volta! Eu me perdi no meu duelo com Alex e esqueci que ali em volta estava rolando o caos terrestre. Em tempos como este a nossa única ação é a instintiva, sabe aquela que você usa quando precisa de algo ou conseguir alcançar aquele objetivo tão almejado, era aquilo que eu sentia e era aquilo que eu buscava.

    Lutar com a espada definitivamente não era um desafio para mim, muito menos contra um inimigo como o Alex. Meu real desafio era assimilar tudo aquilo, enquanto eu lutava com ele e desviava de suas investidas, me lembrei que um golpe e pronto era meu fim e isso acarretaria algumas coisas na minha roda de vida, no meu clã.

    Quando tive a chance pulei o mais alto possível, não previ e não me ative a uma estatística certeira, apenas pulei e voltei ao chão como uma flecha, minha espada em mãos e foi dai que consegui acertar Alex, não lhe arranquei a cabeça, não lhe acertei o peito, apenas lhe arranquei o braço esquerdo e ele por si caiu no chão, aos gritos e foi dai que tudo parou, o clã dele não nos atacava mais, foram socorrer seu mestre enquanto eu era puxada por Steven ainda em sua forma bestial de lobisomem.

    Nosso pequeno atrito havia começado ali, mas terminar, seriam outros 500, por hora era assistir Alex ser levado por seus companheiros de clã e ouvir seus gritos de dor e vingança ecoarem noite a fora. Já eu senti que era hora de ir para casa, assim como todos os outros, me despedi de Joshua e agradeci a sua ajuda -Lili sempre que precisar! E caso queira se divertir, nosso bar e clã estarão sempre abertos para você!- dei um abraço e vi enquanto partiam dali com suas várias motos e o ronco forte que elas faziam em conjunto.

    Segui caminho junto dos meus queridos seres sobrenaturais, Daniel, Trevor e Steven, todos indo comigo até em casa após Steven liberar seus companheiros. Quando pisei no lugar vi que Kate não estava ali, não pareci surpresa, talvez ela tivesse medo e tenha fugido, não era novidade, era algo típico, sumir quando eu mais preciso.

    Deitei na cama após me despedir de Trevor e Daniel, estes voltariam para suas casas e algum dia em breve, nos veríamos de novo. Steven deitou ao meu lado e me abraçou, ele sabia que eu não estava bem, mas não se atreveu a falar, apenas ficou quieto e abraçado comigo. A noite passou e o Sol veio e ele teve que ir, precisava trabalhar e ver a sua casa, disse que voltaria e eu sei que voltaria.

    Olhar aquele lugar e tentar entender tudo o que havia se passado era difícil, eu protegi alguém que simplesmente sumiu enquanto eu estava lá fora brigando por ela também. De uma coisa eu tenho certeza, eu tenho um dedo muito podre pra escolher meus companheiros de relacionamento, talvez seja o carma da minha vida, não vida, vida de merda, como queira chamar.

    Sair a procura de sangue não iria me ajudar, sair a procura de putaria não iria me ajudar e sair a toa não iria me ajudar, talvez ficar em casa fosse o melhor remédio. Eu queria entender como uma pessoa que chega tão repentinamente pode acabar tão fácil com a gente? Ainda mais se ela bate no teu peito! Kate conseguiu, me fez de trouxa, roubou meu coração (que merda clichê) e foi embora como se eu tivesse lhe feito um favor e nada mais.

    Andei pela casa e fui até meu armário trocar de roupa, quem sabe tomar um banho, quando abro o armário me deparo com um bilhete, clássico de despedida:

    Lili por vezes tentei dizer a mim mesma para não abandonar você! Mas ficar com você apenas lhe traira problemas e perigos constantes! Você não merece isso… Sabe eu não queria ir embora, eu não queria ficar longe de você! Partir e não olhar para trás é difícil, você me deixou sem chão no momento que te vi! Sei que foi egoísmo meu pedir que fosse a luta por mim e está sendo egoísmo maior lhe deixar! Mas não eu não posso ficar, eu sei que você vai voltar bem, por é isso melhor ir embora e deixar você longe do perigo! Assim ele não virá atrás de você!

    Espero um dia te rever, pelo menos pra te abraçar novamente.

    Com carinho K.

    Kate, Kate, você me trazer problemas? Está sendo um tanto egocêntrica achando que tudo gira  torno de você! O buraco é muito mais baixo e ficou mais ainda agora que eu deixei o mestre deles maneta! Enfim oque eu vou fazer a não ser analisar esse bilhete tirado de uma passagem aérea velha minha…. Pera, passagem, quem escreve em um bagulho desse? Não pera, calma aí, vamos rever tudo, Kate não é daqui, e me falou por várias vezes como gosta de Londres… Ta na hora de fazer algo diferente quem sabe mudar minha rotina?! E quem sabe ela pare de jogar MMORPG, porque esse lance de deixar dicas é muito coisa de quem joga MMO online e vive nas quests do computador, no nosso caso era quest da vida! Ps: os bons nerds, geeks e afins entenderam! 😉