Categoria: Histórias

Nesta seção você encontra historias, contos e relatos relacionados ao mundo real e sobrenatural. Verifique a indicação de faixa etária no início de cada texto.

  • Livro Ilha da Magia primeiro capítulo

    Livro Ilha da Magia primeiro capítulo

    Depois de muita promessa eu consegui escrever pelo menos umas 200 páginas do livro Ilha da Magia e todo o mês vamos disponibilizar um novo capítulo para a leitura de vocês. Isso quer dizer que o primeiro livro ainda não foi terminado, mas ao longo dos próximos meses eu finalizo.

    Além disso, tentei escrever com um português mais simples que me foi possível, mas qualquer crítica, sugestão ou ideia será sempre bem-vinda. Estou no Twitter ou no e-mail como sempre, babe!

    Clique no link a seguir e vá para a página de download.

  • Lilian à Reunião – Pt2

    Lilian à Reunião – Pt2

     

    ” Eu vou te fazer implorar por isso! Pedir por isso! Até que você sinta que vive por isso… Eu quero lhe ver obcecado, que acorde e durma pensando nisto! Até que eu lhe tire cada membro… Que você dê um passo a frente e veja que não tem nada além de mim lhe esperando. Agora o seu tempo é meu, acredite! Por que  oque tivemos foi atração mortal e agora eu quero tudo e você não terá nada!”

    Sentada em minha varanda, querendo abstrair tudo que me falaram alguns minutos atrás, fumei um cigarro tentando de alguma forma uma solução para meu mais novo problema, afinal minha vida é uma eterna “aventura”, para minha alegria… ¬¬’ “Lili?”, lá estava ele em toda sua glória masculina que mexia comigo por mais que eu negue, ” Trevor, em que posso ser útil?”, “Acho que sou eu quem deveria lhe perguntar isso…”, tentei esconder a minha frustração, mas a merda é que ele me conhece tão bem que mesmo se eu quisesse mentir ele saberia que era mentira, ” O que quer que eu fale T? Vocês me aparecem com essa noticia boa e cheia de ótimas recordações! Me desculpe se não estou lá na sala fazendo uma festa!”. Senti aquelas mãos familiares tocarem minhas costas  e seguirem até a altura do meu pescoço, ” Eu queria lhe dar uma noticia boa todo santo dia Lili, mas sabe que as coisas não são bem assim! E acima de tudo eu confio em você e sei que vai conseguir fazer o seu melhor e trará excelentes resultados”.

    Com um beijo em minha testa Trevor foi embora antes que amanhecesse, já eu entrei em meu quarto e deitei na cama esperando que aquilo fosse de alguma forma me confortar, “Cada dia que passa as assombrações só aumentam! Eu realmente preciso de umas férias”. Adormeci depois de alguns minutos pensando como seria minha noite seguinte.

    “Acorda dorminhoca, hora de levantar!” Ao abrir os olhos me deparo com Dani já vestido e com uma mochila nas costas, “Posso saber aonde você vai?”, perguntei ao me levantar e começar a procurar algumas roupas no armário “Acho que sair em uma longa aventura com minha irmã querida!”, senti os olhos carinhosos do meu irmão descansarem sobre mim, parei de remexer entre os montes de roupas e me voltei para Dani, lhe dei um longo abraço e sei que ele sorriu, “Você realmente achou que eu deixaria você ir sozinha? Claro que não!” sai dos fortes braços do Dani e o olhei em dúvida ” Você será capaz de destruir ele, sem sombra de dúvidas! Mas não espere que ele esteja esperando sozinho!”

    Tudo que meu irmão me falou fazia sentido, ir sozinha seria arriscado, ter ele ao meu lado apenas me ajudaria. Tratei de fazer uma mochila, me troquei com as minhas roupas normais e me encontrei na garagem com Dani, de lá iriamos pegar um avião seguindo para o nosso primeiro destino, seria uma longa busca. Para nós vampiros muitas vezes chegar até um determinado destino, mesmo que seja de avião, demoram alguns dias, devido aos horários podemos apenas viajar a noite fazendo escalas entre um país e outro.

    Depois de alguns dias conseguimos chegar na Europa, lá seguimos até uma velha amiga de Michael, conhecida por todos nós como Sra. Mun Na, esta possuía algumas informações a respeito sobre o paradeiro da nossa vítima. O problema é que a Sra. Mun Na, não viva em uma simples casa rodeada de vinte gatos, ela vivia rodeada de seguranças e para chegar até ela deveríamos possuir uma espécie de convite e apenas um poderia entrar.

    Ao chegarmos em uma enorme e bem adornada mansão vitoriana, fomos recebidos por dois seguranças que nos acompanharam até uma grande sala, lá fomos orientados que apenas eu entraria, já que o assunto era à meu respeito, “Apenas a grandona pode entrar!”, falou um dos capangas, olhei para Daniel e disse que tudo bem.

    Segui então até o quarto da antiga senhora, quando entrei lá vi que era uma oriental de idade, traços bem definidos e sem muitas surpresas, haviam gatos por todos os lados, ” Entre minha cara, aqui apenas vai obter o que deseja!”, ao me aproximar mais dela pude ver, olhos tomados pelo negro, não havia nada além de imensas bolas negras no lugar dos olhos, ” Devo perguntar ou não?”, “Jovem vampira, eu não sou uma mera velha, sou serva das trevas e as trevas me mantém neste mundo!”, acho que ela quis dizer Lúcifer ou algo do tipo, mas preferi não perguntar, “Apenas quero saber o que tens para me ajudar Sra. Mun Na…”, com facilidade aquela mulher  levantou da enorme cadeira em que estava e veio em minha direção, segurou meu queixo com uma das mãos e nos olhamos por alguns segundos até que ela finalmente falasse, “Sábio é aquele que procura no óbvio sem deixar que o complicado do mundo o atraia! Pense com o passado e veja o futuro!”

    Sai daquele lugar um tanto atordoada… Porra mas que merda, isso era hora dela me falar poema, cantiga, rima ou o caralho que fosse? Ao me deparar com Dani, ele no mesmo instante percebeu minha frustração, ” E ai como foi? Tudo bem? Descobriu algo? Ela é legal?”, eu apenas segui ele para a saída e não consegui conter a revolta ” Claro! Foi tudo bem! Ela me contou tudo em detalhes enquanto fazíamos tranças uma no cabelo da outra!”, Dani deu risada e continuou andando, ” A Sra. Mun Na falou algumas merdas mistícas, filosóficas que ela retirou de uma bosta de um biscoito da sorte!”.

    Mas que porcaria foi aquela? Cara me fez viajar até aqui pra falar isso? Sério? Se fosse assim era só ir em algum restaurante japonês, comprar a porcaria do biscoito e ler essa jóia rara que ela cuspiu pra mim!

    Enfim, agora vou te de esperar a noite seguinte em algum hotel e filosofar para onde devo seguir… Como se o mundo fosse um lugar pequeno e com escassas opções! É melhor eu sonhar com algo ou essa doida me ligar com informações  além de citações! #OHSHIT!

  • A hibernação de Eleonor – 1 de 2

    A hibernação de Eleonor – 1 de 2

    Este não é um texto normal daqueles no qual eu gosto de gerar expectativas e apreensões em vocês. Tampouco, um daqueles textos em eu encho de firula ou figuras de linguagem  afim de satisfazer aqueles que procuram algo a mais além dos livros, filmes e seriado humanos. Este é portanto um texto baseado em fatos e situações reais. Ocorreu no final da semana passada, uma data que ficará por um bom tempo em minha mente: 16/07/15, a noite em que minha linda morena decidiu hibernar por pelo menos 50 anos.

    Sendo extremamente honesto, não estou com o menor saco (paciência) para descrever todo o o procedimento aqui. Ainda estou um pouco abalado e padecendo dos efeitos de todo o processo. No entanto, é fundamental eu deixar gravado aqui e nos meus arquivos pessoais o momento exato em que Eleonor decidiu deixar esse mundo de lado por uns anos. Isso vai ser bom para mim e mais ainda para ela quando retornar. Mesmo por que eu preciso ser realista e quem sabe nem mesmo eu esteja aqui daqui 50 anos.

    Pois bem, estávamos sentados no gramado e a beira da cerca branca, aquela no qual ficam os recém-nascidos da fazenda. Nesse ano tivemos sorte e quase todas as fêmeas reproduziram, as vacas, os porcas, as ovelhas e até mesmo as cadelas. Com certeza foram os “pequenos saltitantes” que motivaram uma de nossas conversas, em meio àquela primeira noite de lua nova.

    – A vida se renova sempre e todas as gerações nos trazem aspectos do passado melhorados…

    – Não sei se essa é a teoria certa de Darwin, mas pode ser, minha querida!

    – Ai Fê, minha querida? Que deboche é esse?

    – Ahh ando tô em muitas cousas, inclusive escrevi lá no site sobre isso. Sobre o que está acontecendo contigo e comigo.

    – Eu sei que tu escreve lá frequentemente. É um bom passatempo humano, mas poxa tô aqui e temos tanto para conversar. Consegues focar o assunto aqui por favor?

    – Sabes que sou um pouco dispersivo nas conversas mas vamos lá então. E ai vais hibernar ou não.

    – Ahh para. Sabe que não é uma escolha fácil.

    – Eu sei que não, mas até quando vamos ficar nesse chove e não molha. Sabes que é complicado ter uma vampira Nômade no grupo.

    – Nômade? Hahaha de onde tirou isso? Estou me sentindo uma cigana…

    – Tirei daquele seriado Sons of Anarchy, sabe?

    – Ahn? Tá enfim, eu sei que não da pra ficar nessa Fê, mas relaxa, já tomei minha decisão.

    – E vai me enrolar até quando?

    – Eu quero hibernar!

    No momento em que ela pronunciou a palavra “hibernar”, senti um enorme vazio, meu corpo ficou adormecido e pareci que a mais dura das estacas havia perfurado meu coração duro e morto. Demorei para desenrolar os pensamentos, tanto que ela me “cutucou”.

    – Tá eu sei que não é do teu agrado mas , vai anda diz algo.

    – Olha para te ser bem honesto, não me imagino namorando ou tendo algo contigo de novo. Desbcobri depois da minha hibernação e com os estudo do mundo atual que cada um de nós é um ser completo e que não precisa da outra metade. Cousa bem diferente do eu fui no passado.

    – Para Fê, não me venha com os teus sermões filosóficos.

    – Não quero ir por esse lado, calma. Estou digerindo aqui essa situação. Tu estás comigo desde o inicio vou sentir falta de ti. Também não quero ser egoísta e vou tentar ser o mais objetivo possível…

    Fiz uma pausa, ponderei por mais alguns instantes e Eleonor me esperou.

    – Bom, vou me referir a situação como líder do nosso clã e te digo: ok, tens permissão para hibernar. Acredito que isso vai ser melhor para as tuas ideias e garantirá um ponto fraco a menos para o nosso clã. Inclusive já falei com os outros.

    – Não foi uma decisão fácil, sei que vou perder todas as mudanças atuais do mundo, mas como tu mesmo disse esses dias, o mundo atual está muito parado e estou sem objetivos para o momento.

    – Bom não vamos resumir isso. Volta lá para dentro e da mais uma pensada. Amanhã à noite resolvemos isso. Eu vou dar uma passada na cripta e deixar as cousas semi-prontas por lá. Como fizemos o procedimento com Georg a pouco tempo, vamos aproveitar algumas cousas e vai ser rápido contigo.

    Fiz a trilha que levava a cripta, um lugar de arbustos fechados e mata muito virgem. Fiz o ritual para achar a porta de entrada e cuidadosamente passei por todas as portas, fechaduras “armadilhas”, que levam ao salão principal.

    A nova iluminação funcionou muito bem e tratei de preparar a caixa de concreto que guardaria o corpo de Eleonor. Lubrifiquei algumas engrenagens, tive de usar um pouco da minha força sobrenatural e lá estava o túmulo, caixote ou como queira chamar. Um aparato com estrutura mista de concreto e aço e intensamente limpo. Como se tivesse sido limpo a poucos minutos.

    Tratei de encher com a terra que sobrou do ritual de Georg, por sorte foi o suficiente e fiz mais alguns procedimentos para adiantar o ritual de hibernação. Voltei para a sede da fazenda e não consegui dormir naquele dia. Na minha cabeça ocorreu um misto de ansiedade, com pensamento desconexos e ideias para o futuro. Inclusive liguei para Franz, que prontamente me atendeu e não quis bater muito papo. Não demonstrou muita afeição pela situação, mas também não quis entrar em detalhes. Preferiu uma saída a francesa, dando uma desculpa qualquer.

    Finalmente, depois de algumas horas anoiteceu novamente……..

  • Eleonor, vampiros e o tempo

    Eleonor, vampiros e o tempo

    “ O desenlace desta situação desigual entre um homem frio e uma mulher apaixonada parece que deverá ser a queda da mulher: foi a queda do homem. ” Ressureição – Machado de Assis

    Machado de Assis foi na minha época o que vocês chamam hoje em dia de ídolo. Alguém além do nosso tempo e que certamente era muito crítico, assim como eu. Ficou famoso por diversos contos, romances, folhetins e dramaturgias. Enfim, alguém que admiro tanto, a ponto de roubar algumas gírias, como: “Cousas”, que foi criada por ele e foi muito bem empregada em suas divagações e filosofias sobre o mundo, a sociedade e o tempo. Tempo este que será o assunto principal deste relato sobre minhas recentes noites, cujo palco foi a nossa fazenda e os atores foram na maior parte do tempo Eleonor e eu.

    Já faz tempo que a situação de minha doce morena é contada aqui para vocês e sendo bem sincero, tivemos poucas evoluções nas últimas semanas. Ao meu ver isso não é cousa de agora e pela minha experiência na existência vampírica, há momentos em que o tempo pesa demais, não somente sobre nossos ombros, mas em demasia sobre nossos pensamentos. É bem provável que seja o lado humano querendo se sobressair, mas até que ponto a humanidade de vinte e poucos anos pode influenciar uma vida centenária como um Wampir?

    Somos obrigados a conviver diariamente com humanos de todos os tipos, somos influenciados como eles pelas propagandas, imagens e até mesmo músicas do tempo atual. E talvez esta seja uma época de revisão de hábitos e costumes.

    Dormi nos anos 50 uma época em que se iniciaram diversas mudanças culturais, pelo menos no ocidente do mundo. Surgia o Rock, surgiam os biquínis pequenos, as mulheres e os negros começaram a ter uma participação de igual para igual na sociedade e resumidamente surgia uma sociedade que queria revolucionar o modo de pensar. Situação muito bem desenrolada nas décadas seguintes.

    Eleonor, que é algumas décadas mais velha que eu, viveu todas estas mudanças na sociedade. Como “mulher” vampira ela sentiu na pele o andar da carruagem do mundo. Foi discriminada por frequentar locais exclusivos aos homens. Precisou bater, matar e aniquilar e por vezes agir como “homem” para conquistar seu espaço, principalmente na sociedade vampírica. Pois vejam vocês, esta é ainda mais patriarcal e machista, que a humana.

    Atualmente, a aparência ainda conta muito e ela soube se adequar as modas. Prefere o estilo dama fatal de uns trinta e poucos e por vezes exagera no look perua fatal, mas isso é ao meu ver justificado. Anda sempre com um ghoul motorista, possui suas crenças, assim como cada um de nós e o que ela espera do mundo atual? Está errado aquele que conseguir afirmar com veemência qualquer cousa. Pois ao meu ver nestes tempos nem os santos têm ao certo a medida da maldade, como cantaria Renato Russo.

    Então, neste contexto de experiências vividas na carne e sofridas na alma em outrora, todos se perguntam: para onde vou? Onde estão as novas batalhas, aquela no qual eu possa investir minha vida? Na internet, naquele café “cult” de esquina ou apenas nos livros de outras épocas? As causas e os problemas mudaram e se um cara de 50 anos “patina” para entender as mudanças atuais, imagine alguém que nasceu antes da invenção da luz elétrica e que tem na alma, os calos de uma vida humana sofrida e uma vampiresca repleta de luxos fúteis.

    Eleonor, minha doce morena. Teu jeito de amante me atormenta, tua amizade me completa e teu jeito de mãe me conforta. O que será de mim sem o teu sorriso sacana, teu olhar tão frequente de desaprovação e teu abraço que me esquenta e congela? Vou precisar de outras bengalas ou será o momento de eu finalmente enfrentar sozinho meus próprios erros…!?

  • De volta a uma rotina nada normal – Final

    De volta a uma rotina nada normal – Final

    Dias e noites se passaram, e Lorenzo agraciava-me com sua companhia. Eu que sempre me senti satisfeita com a solidão e sempre fui auto-suficiente, ao final, sentia-me alegre com essas novidades.  Lorenzo estava sendo um ótimo Ghoul e percebi que de certa forma, ele já não precisava ficar trancafiado comigo em meu apartamento, sua “dependência” já era o suficiente para fazê-lo ser fiel a mim, sem que precisasse ser literalmente um prisioneiro. Já sentia um carinho por Lorenzo, a ponto de querer vê-lo bem, tendo uma vida o mais normal possível, e pensava que talvez no futuro, quem sabe, se eu não me cansasse dele, ele poderia sim ser minha cria e meu companheiro eternidade à fora.

    – Rebecca, eu tenho mesmo que ir?

    – Claro meu querido, é melhor é assim. Venha me visitar sempre, e não fale nada sobre mim para sua família.

    – Não falarei nada. Contarei sobre a surra que levei e inventarei uma história, contarei que fiquei na casa de estranhos que me acolheram, em um lugar isolado, até que eu melhorasse para ir embora.

    – Exatamente. Só espero que acreditem. – Falei gargalhando.

    – Confie em mim, minha vampirinha sádica preferida! – Falou brincando.

    Dei um beijo em Lorenzo. Piscando para mim ele partiu olhando para trás e dando tchauzinhos de vez em quando. Pensei em quanto ele era bobo, às vezes até fazia-me sentir uma humana novamente e ao mesmo tempo lembrava-me de minha perversidade de vampira, quando eu o dominava. Parecia ser um equilíbrio perfeito para mim. Alguns dias depois Lorenzo reapareceu para uma visita, saímos juntos e nos divertimos.  Nos encontrávamos com frequência. Mas, um tempo depois passei a preocupar-me. Fazia semanas que não aparecia. Eu ligava em seu celular, mas não atendia.  Fui ao seu bairro durante algumas noites, tentar encontrá-lo de longe e observá-lo, nenhum sinal. O que havia acontecido com Lorenzo? Já estava tomada pela fúria, ao imaginar que ele havia fugido. Mas, aquilo não era possível. Pelo menos certeza de que meus segredos estavam guardados eu tinha.  Depois de uma dessas tentativas, na volta para casa, parei em um pub para beber algo e pensar. Liguei para Pepe, e ela ficou de tentar localizá-lo pelo sinal do celular. Por um instante pensei que se ele fosse embora, seria melhor e se Pepe não o encontrasse eu deixaria toda aquela história de lado. Era melhor mesmo não me apegar a nada assim. Mal terminei minha conversa com Pepe e então, meu celular toca. Era Sophie.

    – Olá Rebecca. Eu… Eu preciso falar com você urgentemente. Onde está?

    – Oi… Nossa o que foi? Vou encontrá-la, fique calma.

    – Está bem.

    Encontrei Sophie na frente de meu prédio esperando. Parecia visivelmente nervosa. Aquilo era muito estranho. Quando cheguei ela olhou-me arregalada, veio correndo em minha direção e chacoalhando-me pelos ombros dizia desesperada:

    – Você o matou não o matou? Diga-me que o matou!!!

    -Para com isso! Matou quem? – Falei empurrando-a.

    – Ele Rebecca! Está de volta! Eu o vi.

    Respirei fundo. Ela estava histérica. Tive que acalmá-la e levá-la para cima. Para a idade que tinha, parecia uma criança amedrontada. Dei uma dose de conhaque a ela. Até então, eu não havia entendido nada do que estava acontecendo. Sentei ao seu lado, e com um esforço enorme para demonstrar paciência perguntei:

    – Sophie, me diga devagar. O que está acontecendo. De quem você está falando.

    Ela olhou para mim como quem diz “Sério que você não sabe do que estou falando?”. Gelei. Não era possivel. E o vi queimar e virar cinzas. Só podia ser brincadeira…

    – Eu o vi Becky. Estava aqui na frente olhando para o seu prédio, quando cheguei. Não era alucinação e…

    Enquanto ela falava desenfreadamente, meus pensamentos me levaram para longe. Seria possível? Talvez o sumiço de Lorenzo houvesse uma explicação…

  • De volta a uma rotina nada normal – Parte VII

    De volta a uma rotina nada normal – Parte VII

    Eu estava concentrada no tilintar do gelo batendo no copo de Whisky. Olhando distraída o movimento do liquido, pensando em Lorenzo, quando Sophie voltou, após precisar atender uma ligação. Até então, a conversa não havia nos levado a nada, mas já conseguia perceber que aquela vampira, mais velha e experiente que eu, queria apenas uma aproximação.

    – Eu gostaria de pedir desculpas pela forma nada cordial, na qual nos conhecemos. – Disse ela, tirando-me de meus pensamentos.

    – Hum. Realmente, sua forma de apresentação foi totalmente estranha e desnecessária. – Falei sem interesse. – Além disso, achei que seguiria seu rumo depois daquilo…

    – Bom… – Alguns minutos depois ela continuou – Vamos começar novamente? Realmente quero conhecê-la. Sou Sophie, muito prazer. – E estendeu-me a mão longa e fria.

    Fitando-a por alguns instantes, concordei embora desconfiada. Tudo bem vamos começar novamente, pensei. Estendi também minha mão, miúda e fria e a cumprimentei:

    – Você já sabe meu nome. – Falei apenas.

    – É, sei muito sobre você para falar a verdade.

    – Quem sabe um dia você me conte, então. – Falei irônica, mas interessada no assunto.

    – Claro, minha querida. Mas vejo que algo está lhe deixando nervosa. É o humano?

    Olhei- a com mais atenção. Merda! Enfim, ela também poderia ler meus pensamentos, óbvio. Revirei os olhos. Mas, senti que poderia conversar com ela a respeito. Talvez ela entendesse, ou tivesse algo útil a dizer. Pois é, logo ela, me daria conselhos relevantes. E após aquela noite, que no fim tornou-se agradável, senti que nos tornávamos amigas e que talvez ela me ajudasse de alguma forma. Sophie era simpática, gentil e tinha uma graciosidade em cada movimento conforme falava e gesticulava.  Em nada me lembrou Sr. Erner em toda nossa longa conversa, mas ao mesmo tempo revelou-se com grande personalidade. Bebemos muitos drinques e ao final, nos despedimos com um abraço, que surtiu um efeito fraternal. Voltei para casa, após uma noite estranhamente tranquila refletindo sobre as últimas palavras de Sophie naquela conversa:

    “- Lembre-se, nós somos vampiros. Não precisamos nos arrepender de nossos atos. Mas se acha que deves ponderar sobre algo, tenha consciência, nem todos somos uma cópia de Sr. Erner. Podemos não ser completamente bons, mas não precisamos ser totalmente maus…”

    Quando cheguei, tudo estava quieto. Sentei por alguns instantes, observando a noite e a cidade. Lembrei dos últimos acontecimentos. Eu gostava de Lorenzo, de sua companhia. Infelizmente, havia me apegado ao humano que em um momento impulsivo resolvi ajudar. Livrar-me dele não era o que eu queria. Após pensar por horas e já não sentindo tanta raiva, ponderei que só havia uma única solução para não colocar Lorenzo e o que eu era em risco, sem ligá-lo definitivamente a mim.

    Torná-lo um Ghoul.

  • De volta a uma rotina nada normal – Parte VI

    De volta a uma rotina nada normal – Parte VI

    Entrei no quarto, abrindo a porta bruscamente. Lorenzo estava me esperando, embora fraco. Tranquei a porta atrás de mim. Peguei algumas correntes, ele não reagiu para minha surpresa, mas ignorando meu espanto, falei enquanto o amarrava:

    – Eu ainda não sei o que vou fazer com você. O que sei é que ainda estou com muita raiva. E você merece um castigo.

    – Tudo bem. Eu não vou fugir. Pode fazer o que quiser.

    – Cala a boca seu estúpido, frouxo. Beba isso. – Falei literalmente metendo o liquido goela a baixo daquele infeliz.

    – O que vai fazer? Transformar-me?

    -Já disse para calar a boca. – Falei aos berros e depois mais calma. – É claro que não, não tenho tempo e nem disposição para cuidar de uma cria. Além disso, você não merece.

    – Não mereço? Mas é o que tem feito comigo, até então, cuidado de mim…

    Lorenzo era obediente, submisso, mas também muito atrevido. Olhei-o como quem diz “Se abrir a boca de novo arranco sua língua”, e certificando-me desnecessariamente de que estava bem preso, analisei cuidadosamente alguns materiais que ali havia, deixando- o me observar, até decidir-me por uma haste comprida, com filetes de couro nas pontas. Virei- o ajoelhado no chão e então, descontei toda minha raiva em seu corpo, deixando marcas  e hematomas terríveis eu suas costas, nádegas, peito e coxas. Quando terminei, Lorenzo encolheu-se no chão e olhou-me de canto, vencido pela dor e pelo cansaço. Ajoelhei na sua frente, observando o sangue escorrer pelo seu peito forte. Lentamente, lambi uma de suas feridas, até o pescoço, depois até a boca, beijando-o.

    – Você é um monstro, mas, inexplicavelmente eu gosto disso.  Rebecca… Eu gosto muito de você, eu acho que…Te amo.

    Parei o que estava fazendo como se tivesse levado um soco. Dei-lhe um tapa no rosto, fazendo- o  cuspir. Amor? Que tolice! Mas, Lorenzo me fez sentir algo diferente naquele momento. Sentei no chão. Coloquei sua cabeça em meu colo. E acariciando-o, falei:

    – Já chega por hoje. Durma criança…

    Algumas horas depois, deixei Lorenzo envolvido em uma manta cobrindo ao menos suas “partes” e então saí. Tomei um longo banho, cantarolando baixo para espantar o stress e a tensão. Coloquei uma calça montaria preta, saltos, blusa decotada, jaqueta de couro e deixei o cabelo solto, caindo pelas costas.  Estava saindo, precisava aproveitar a noite, o luar e pensar com calma no que fazer. Talvez passasse para conversar com Ferdinand, e pedir alguns conselhos de irmão mais velho. Mas, ele próprio já tinha seus problemas, não iria perturbá-lo com aquilo, mesmo sabendo que ele não se negaria em me ouvir alguns minutos. Peguei as chaves do carro e quando abri a porta dei de cara com ela. Sophie, convidando-me para um drinque pretendendo corrigir a má impressão da primeira e última vez que nos encontramos.

    – Você por aqui?

  • Poça de sangue

    Poça de sangue

    Texto recomendado a maiores de 16 anos: violência, sexo e sangue…

    Acordei assustado, uma sensação ruim tomava conta do meu corpo e havia várias perguntas em minha cabeça: “Onde estou, o que estou fazendo aqui…”. Era para ter sido uma incursão simples num lugar isolado e longe do centro, mas algo deu errado. Sangue por todos os lados, dois corpos nus e irreconhecíveis ao meu lado. Tudo isso ainda numa daquelas noites frias e chuvosas do hemisfério sul das américas.

    “Hey acorda porra”

    Senti alguém me chamar e alguns chute em um das minhas pernas…

    “Que merda Hector o que houve?”

    Minha visão estava embaçada. Esfreguei os olhos por alguns instantes e finalmente percebi que Ferdinand estava a minha frente. Aquilo era de certa forma um alívio, mas o que diabos aconteceu conosco?

    – Cara, o que tá rolando aqui?

    – Tu não lembras de nada, sério mesmo?

    – Até algum tempo atrás eu nem estava te reconhecendo cara!

    – Pqp levamos uma surra, mas mais uma vez entrei naquela forma horrível e quebrei tudo.

    O que Ferdinand me dizia fazia um pouco de sentido e na verdade alguns flashes apareciam. Lembranças rápidas de duas mulheres. Sim claro, nós viemos atrás de duas bruxas sodomitas. Ahh estamos  numa missão para “Os escolhidos”. Resolvi me levantar e percebi que minha calça estava arriada. Hey a cueca também estava. Inclusive que merda cara, que vergonha ter apagado desta forma. Pensei comigo.

    – Senta ai, vou te contar o que houve – Falou Ferdinand, que também estava só com as calças, aliás rasgadas e ainda esbanjava um sorriso sínico na cara.

    “Saímos daquele hotel perto da uma da manhã lembra? Marcamos um encontro com essas duas, que se diziam putas e local marcado foi aqui. Claro que já sabíamos do disfarce como garotas de programa. O que não sabíamos é que haveria magia negra nessa merda toda.

    Incialmente, ficamos com um pé atrás com o lugar, mas nos relatórios de Eliot e da polícia, havia apenas menções as tais “viúvas negras”e tu falou: “que se foda cara, vamos dar um bom susto nelas…”. Tu estavas tão confiante, que fui contagiado pela empolgação, nem pensei direto e entrei com tudo.

    Elas estavam de vestidinho curto, o lugar por dentro, como tu pode ver aqui não é tão ruim e começamos aquele papo falso de caras que estão atrás de sexo pago. Depois que acertamos o preço, tu praticamente voaste com uma delas para aquele sofá, arrancou as roupas dela e quando vi já estavam transando feito dois cachorros no cio.

    A outra estava estranha desde o início, acredito que ela tenha percebido nossa identidade vampiresca e relutou ao máximo a minha aproximação. Tentei me aproximar como um sexista safado, depois tentei dar uma de amigo e por fim agarrei ela a força. Foi ai que ela esbravejou algumas palavras em alguma linguagem bruxólica. Apertou com força os meus braço e por fim olhando em meus olhos me jogou para trás. A vadia tinha muita força e depois de me arremessar jogou várias cousas em mim. Alguns copos, talheres, uma cadeira, depois uma mesa e por fim parecia que o andar inteiro do lugar havia desabado sobre mim.

    Resolvi não dar chance para o azar e me transformei naquela forma grotesca, aproveitei para jogar algumas por cima dela e acho que sem querer alguma cousa acertou em cheio a tua cabeça. Cara, tu simplesmente caíste de cima da vadia e elas duas vieram pra cima de mim. Apesar do empenho delas em me abater eu podia sentir a tremedeira e o medo delas esvaindo pelo ar. Eu ainda estou naquelas de me concentrar para não perder a razão na transformação, mas devias ter visto foi lindo.

    Elas tentaram a mesma magia de “telekinesis”, jogaram várias tu o que o havia no lugar em cima de mim e fui desviando. Quando a primeira me deu uma braxa eu saltei em sua direção e mordi, arranhei e esmaguei. Me senti o próprio Diabo punindo alguma alma safada. Tanto que nem percebi a cabeça dela rolando pelo chão.  Em seguida a outr estava muito fraca, não senti nenhuma energia sobrenatural vindo dela e dei uma de “ghost rider”, me comuniquei por telepatia e joguei tudo o que eu consegui de profano e obsceno na fuça dela. Lebrei ela do fato de que elas estava sendo procuradas inclusive em outros países e que não ia sair impune dos 25 assassinatos que elas tinham nas costa.

    Mordi seu pescoço, macio e quente, arranquei na verdade um pedaço daquela carne podre e cuspi na própria cara dela. Mesmo assim ela se manteve em pé e lhe dei forte tapa com a mão virada. Daqueles corretivos, que todo mundo deveria levar quando faz merda e ela caiu no chão feio uma marionete.

    Voltei a minha forma normal, voltei a realidade do mundo e vim aqui pra perto de ti. Pelo visto a tua cicatrização sobrenatural ainda é boa e “tu voltou ao ar” depois de alguns chutes.”

    – Hey cara tu precisa controlar mais esse teu demônio ai, olha a merda que virou esse lugar, na boa? Tais precisando transar mais cara…

    – Eu sei, eu sei… Acho que tô estressado com tudo o que está acontecendo com a Eleonor.

    – Relaxa, vamos resolver isso aqui e esperar que teu amigo da polícia abafe o caso.

    – Sim, já liguei pra ele e avisei que deu “merda sobrenatural”. Ele tá puto, por que mais uma vez acabamos com os criminosos e vai ter de limpar tudo…

  • De volta a uma rotina nada normal – Parte V

    De volta a uma rotina nada normal – Parte V

    Uma dor horrível. Imensurável. Sentindo meu corpo entrar em combustão devido aos raios do sol, gritei desesperadamente quase que em súplica para que aquilo acabasse. Se fosse meu fim, que o fosse logo. Antes de perder a consciência, pude ver a escuridão novamente. Me senti envolvida e carregada por alguém, que eu já nem lembrava quem era naquele momento…

    Acordei sobressaltada, com fome, muita fome. E sim, com raiva, muita raiva. Encontrei-me envolto a uma manta que cheirava a queimado, óbvio, e ainda pude ver resquícios da fumaça em meu quarto que lentamente se desfazia. Levantei devagar, ainda sentindo a ardência em meu corpo que se recuperaria totalmente em algumas horas. As lembranças logo vieram à tona. Onde estaria aquele maldito humano? Pensei comigo mesmo. Podia ouvir sua respiração. Perto demais.  Estava atrás de mim encolhido contra a parede, ainda sem roupa. Olhando-me nervoso. Sem virar para trás, coloquei uma das mãos em minha cabeça, que ainda estava doendo. Mantendo meu autocontrole, pensei por alguns instantes. Que droga Lorenzo! Logo agora que eu estava gostando de você. Então, falei calma e sarcasticamente, ainda sem olhar para ele:

    – Loreeeeeenzo. Eu sei que está ai, meu querido. Depois de tudo o que fiz por você? Eu devia matá-lo imediatamente…

    Enquanto eu falava, percebi que ele chegou a prender a respiração. Então, me levantei devagar e caminhei em sua direção. Com o dedo indicador em seu queixo, o guiei para que se levantasse obediente e ficasse de frente para mim. Olhei-o fixamente por alguns instantes, seus olhos verdes semicerrados, sua boca tremula, o suor escorrendo, pude ouvir sua pulsação rápida. Roçando o nariz em seu pescoço, senti seu cheiro doce.  Eu estava com muita fome. Olhei – o novamente, e então segurando seu rosto com unhas longas e vermelhas, fechei os olhos e o mordi com todas as minhas forças.

    – Desculpe – Balbuciou. – Por favor, Rebecca, não faça isso. Eu te peço. Perdoe-me, eu não queria machucá-la. – Dizia sua voz fraca e lenta.

    – Eu preciso mais. O que fez comigo me deixou sem forças. – Respondi.

    – Não me mate, por favor. Não.  – Implorou.

    “Não me mate, por favor.” Repeti em minha mente inúmeras vezes, enquanto ainda o mordia. Então, satisfeita quase recuperada, agarrei-o pelos cabelos e o arrastei até um quarto sorrateiramente disfarçando dentro de minha biblioteca, onde eu guardava alguns utensílios básicos.

    – Como dizem alguns maus pais: Você vai ficar no canto escuro para pensar em suas travessuras. E depois eu vejo o que faço com você…. Loreeeenzo.

    Então, o tranquei lá. Ainda com os olhos vermelhos de raiva. Eu não podia negar, havia herdado a impaciência de meu sádico e antigo mestre.  E sinceramente, ser ferida inesperadamente e daquela forma, por causa de uma inconsequência, era humilhante demais para mim. Eu devia ter previsto o que aconteceria, como me distrai daquela forma? Durante horas, esses pensamentos perturbavam-me. O que vou fazer com o humano? O salvei e depois vou acabar com sua vida? Eu realmente não estava bem, pelo simples fato de ficar ponderando os fatos. Eu não tinha que preocupar-me com aquilo. Mas, estava realmente sentindo algo que o tempo aparentemente havia tirado de mim em relação a aqueles que eu escolhia como vitima. Eu estava sentindo: compaixão, e Lorenzo até o momento, não era uma vítima, afinal…

  • Lilian, à reunião – Pt1

    Lilian, à reunião – Pt1

     

     “Mamãe? Mamãe!”, “O que foi querida?”, “Não consigo dormir!”, “Lili amor… Está com medo?”, “O monstro mãe!”, “Monstros não existem querida!”, “Posso dormir com você mamãe?”, “Deite aqui pequena, mamãe lhe protege”, “Mamãe promete nunca me deixar?”, “Sempre estarei aqui Lili, sempre!”

    “Oh shit!”, sento na cama em questão de segundos, recordando novamente um sonho com minha falecida mãe, essa frequência de sonhos com ela e monstros infantis está me deixando cada vez mais preocupada. Recordo de outros sonhos que tive com ela recentemente e tento ligar os fatos, mas nada se encaixa, apenas ficam vagando como peças de um quebra-cabeça incompleto.

    Achei que seria apropriado tomar um banho antes de olhar meu celular e responder seres queridos, quem sabe depois sair com as meninas ou talvez passar um tempo com meu irmão de clã o Daniel. No banho pude tirar alguns minutos para espairecer enquanto sentia o toque suave da água tocar meu corpo gélido, esquecendo dos atuais eventos com Trevor, meu adorado e agora ex amado vampiro. Quem sabe até quando esta merda de briga e desentendimentos vai durar. Mas que sirva de lição para ele, talvez assim aprenda a ser menos arrogante em alguns aspectos.

    Senti que era hora de sair do banho, colocar alguns dos meus trajes de sempre, quem sabe uma regata, jaqueta de couro, tênis e jeans fossem suficientes para esta noite, não estava com vontade de fazer nada muito extravagante, quem sabe apenas dar uma volta de carro, achar algum vagabundo para me alimentar, jogar conversa fora com um humano que não suspeite o que sou, ou voltar para casa e atazanar o Daniel… Opções, poucas, mas para uma vampira com o tédio cantando no peito, tais opções sempre são bem vindas.

    Trajada e “arrumada”, desci as escadas do flat do Daniel, que agora era meu colega de casa e segui até a saída quando me deparo com as costas tatuadas e bem definidas do meu irmão, “Saindo Lili?”, “Não! Chegando! Claro que estou saindo Dani!”, “Ogra! Vais onde hoje?”, “Não sei, talvez me alimente e volte… Não estou na vibe de muitas aventuras…”, ” Trevor?”, “E teria outra explicação?”, “Vocês dois deveriam ser menos orgulhosos maninha”, ” Ah claro, orgulho e auto respeito, esqueceu deste detalhe?”, ” Detalhes, sempre criando obstáculos!”, ” Dani eu amo você, mas será que eu posso sair?”, ” Então Lili, maninha linda, saia e volte em duas horas…”, ” Eu posso saber por que?”, “Volte em duas horas que descobrirá numa reunião!”, “The fuck Dani?”…” Duas horas…”, “Ok DAD! Bye!”. 

    Confesso que sai com a curiosidade aos gritos, berrando “Mas que porra!”, na minha cabeça. Nós vampiros temos todo o tempo do mundo, mas esperar não é um dos meus dons, ainda mais sobre algum assunto que me foi jogado vagamente como uma bomba, o que será que o Daniel aprontou desta vez? Ou o que será que vem por ai para a Lilian aqui resolver? Ou ter que engolir!?

    Nestas horas eu realmente tenho que dizer que ” quero correr para as montanhas”, como diz uma adorada amiga, fugir para as montanhas nestes últimos dias de total confusão para mim, seria o ideal para manter alguma sanidade na minha cabeça… Mas infelizmente eu tenho compromissos e deveres a serem cumpridos e pedir “férias” agora não era uma opção.

    Ao cruzar a esquina algumas quadras de onde moro, um lugar um tanto deserto e sem muita atividade humana, ou quase nenhuma atividade humana, vejo um rapaz um tanto bêbado, tentando abordar sem muitas gentilezas uma pobre menina, que aparentava ter no máximo seus quinze anos… O rapaz sem noção tentando colocar a mão lá nas partes intimas da pobre coitada e a empurrando para a parede, claramente não estava sendo gentil ou consciente da merda que estava fazendo, a garota chorando pedindo que ele parasse, tentava empurrar o canalha em vão e ele com algum desvio mental, não parava de abusar da jovem menina. Era isso, achei minha presa, um babaca bêbado e abusador, praticamente um banquete aos meus olhos.

    Eu delicada do jeito que sou (até parece), apenas empurrei o pequeno agressor que caiu no chão como uma pedra, e então pedi que a moça assustada e com o coração claramente acelerado corresse para longe dali, sem gritar, que apenas fosse embora.

    O rapaz idiota redobrou a consciência e agora teria que enfrentar uma garota um pouquinho maior. Levantando com dificuldades o grande imbecil ficou parado na minha frente, “Caraca, antes era uma vadia pequena! Agora vem uma vadia do meu tamanho! Acho que vou gostar disso”, um burro abusador de garotinhas a menos no mundo, vinha em minha direção, tentou pegar um dos meus braços, oops errou, o outro braço, hummm acho que não, “Vadia você é feita do que? Vem aqui!”, caindo no chão de novo, desta vez com uma leve ajuda minha, o rapaz tentou pegar minhas pernas, em vão claro, sacudindo no chão de raiva, foi levantado por mim, minhas mãos o agarraram pelo pescoço e o ergueram no ar, ele percebeu que a vadia grandona era um tanto mais forte que ele, “Homens como você, deveriam ser torturados e banidos do mundo fisíco e sofrer punições horrendas no lugar que os humanos acreditam existir, qual mesmo o nome? Umbral?”.

    Dos olhos dele transbordaram lágrimas, e em mim transbordou um sorriso, “Chorando? Fique tranquilo, que hoje você deu sorte que eu não esteja com tempo de sobra, serei rápida”. Não precisou de muito, tomei de goles o sangue daquele canalha, deixei um pouco nele, que gemia baixinho no chão, logo sem paciência alguma, quebrei-lhe o pescoço e o arrastei para uma vala, sem deixar rastros, afinal o lugar apenas me favoreceu.

    Caminhei de volta para casa, agora alimentada e um pouco mais feliz, no elevador consegui até ouvir a música ambiente que tocava, era algo daquela cantora famosa e que para alguns está na moda, Lana Del Rey, uma música um tanto irônica “Born to Die” Hahaha. Mas  infelizmente ao sair para o Hall de entrada do flat, consegui sentir algumas presenças dentro do lugar, além  do Daniel, outros vampiros, e sim, eram antigos.

    Coloquei a chave na porta e a abri, quando chego na sala e vejo, Dani, Michael e Trevor sentados no sofá olhando para mim, minha reação foi única, parada e sem por hora mencionar nada, até que Trevor finalmente falou de um jeito amigável, “Lili, nós o achamos…”. O acharam? Eu estava mesmo ouvindo isso? “Isso é real ou estou em alguma piada mistica?”, “É real Lili!…” Ok agora a coisa ficou séria, “Lili?”, “A noite só melhora!”, foram as únicas palavras que consegui falar depois da inesperada noticia.

    Agora apenas me restava ir atrás e acertar algumas contas pendentes.

    I’m going behind you motherfucker! 😉

  • De volta a uma rotina nada normal – Parte IV

    De volta a uma rotina nada normal – Parte IV

    Beijei Lorenzo vorazmente.  Em meu quarto, joguei – o na cama. Sentada em cima dele, beijava-o e acariciava seu peito enquanto tirava sua camiseta.  Com as mãos em minha cintura, pressionava sua ereção em meu corpo e nos movimentávamos como em uma dança sincronizada. De repente ele parou.

    – Caramba o que estou fazendo!

    – Hum? O que foi Lorenzo?

    – Desculpa, mas eu não sei se consigo.

    – O que? Hahahaha Lorenzo, eu que devo lhe pedir desculpas, você não irá sair daqui assim.

    – Mas faz tempo que…

    – Shhhhhhhhhiiii – Falei colocando o dedo indicador em sua boca e rindo ao mesmo tempo – Quem manda aqui é eu.  Foi você quem começou com isso, agora terá que terminar. Espere aqui.

    Ele olhou-me sério e apreensivo, mas obedeceu. Quando voltei continuava exatamente como eu havia deixado. Tranquei a porta do quarto.  Com a corda que eu havia buscado, fiz alguns nós prendendo cada um de seus braços à cabeceira da cama. Olhando-me com os olhos arregalados, soube que ele queria perguntar o que eu iria fazer.

    – Você não estava me desejando? Irei matar seu desejo, mas a minha maneira, entendeu?

    Aumentei o volume do rádio que já estava ligado, tocando algumas das seleções de músicas que eu adorava e que me inspiravam nesses momentos. Então, lentamente tirei meu roupão, revelando apenas uma minúscula lingerie vermelha. Puxando seus pés, o mantive esticado sobre a cama e em um movimento rápido tirei sua calça e comecei a beijá-lo e a acariciar seu corpo e seu sexo.

    – Ah, por favor, não faça isso!

    – Hahahahah devia ter pensando antes. Agora, cala a boca que eu não mandei você falar!

    Embora envergonhado, ele estava gostando. Embora tentasse evitar, estava excitado e controlando seus gemidos de prazer. Era engraçado despertar essas sensações em alguém assim. Para mim estava sendo tudo totalmente diferente do que eu já havia visto. Ele era um homem diferente dos que conheci pelo mundo. Arranhei seu peito definido fazendo- o sangrar um pouco. O cheiro de seu sangue era tentador. Mas, eu não queria mordê-lo. Não ainda. Queria senti-lo. Vi que naquele momento ele se empolgava. Ainda amarrado, sentei sobre si e o pressionei contra meu corpo. Eu comandava. E no ritmo da música me movimentava e dava gargalhadas de prazer enquanto o observava ter um orgasmo rápido.  Soltei as amarras e ele investiu contra mim, segurando- me no colo, bateu com minhas costas na parede e demonstrou querer mais.  Deixei-o à vontade durante as últimas horas que se seguiram, enquanto nos beijávamos então, em um momento de excitação, o mordi e o mantive paralisado e quieto, sentindo a dormência tomar seu corpo com minha mordida…

    Horas depois, acordei ao lado de Lorenzo, que me olhava apavorado. Eu, porém, falei sorrindo e me esticando:

    – Olá Lorenzo, como está sentindo-se?

    – Eu estou estranhamente bem. Mas, você… Quem é você?

    Droga. Será que ele lembra que o mordi? Pensei comigo mesmo.

    – O que foi Lorenzo? Qual é o problema, não gostou do que fizemos?

    – Não é isso. Eu gostei sim, pode acreditar. Nunca havia sentido prazer dessa forma. Mas, vendo você dormir… É… Você tem alguma coisa estranha. Seu corpo é tão gelado. Estava dormindo de olhos abertos, parecia morta…

    Merda! Foi como voltar no tempo e relembrar como foi descobrir o que Sr. Erner era. Aqueles olhos paralisados como o de um defunto. Sua expressão morta enquanto dormia. Então naquele momento nostálgico, me distrai e não vi Lorenzo levantar…

    – Hey, o que está fazendo! Não faça isso!

    Foi quando senti o sol queimar-me violentamente.

  • O que fazemos com a Eleonor?

    O que fazemos com a Eleonor?

    Muitos de vocês que acompanham meu blog e redes sociais, sabem ou deveriam ter visto que tenho passado por diversos altos e baixos em meu humor. Isso sem sombra de dúvidas se deve ao fato de que minha doce morena Eleonor, está numa fase complicada. Situação gerada por ela mesma, mas que piorou nos últimos meses com o rapto da garota no qual ela havia adotado. A questão da adoção foi discutida aqui em outros posts, mas irei resumir para os novos leitores do site.

    Eu tive um envolvimento com uma humana que se chamava Stephanie, um relacionamento relâmpago na verdade, onde nos aproximamos muito rápido e nos afastamos muito mais rápido ainda. Nos encontramos algumas vezes, criei uma certa proximidade com ela e sua filhinha… nos envolvemos. Até o momento em que percebi a cruel realidade e me afastei. O problema é que um dos meus “inimigos” soube desta proximidade e a transformou em vampira. Uma vampira adoradora das forças infernais, um tipo de ser impar e infelizmente desprezível. Situação que resultou em sua morte, tão logo meu clã soube dos ocorridos.

    Diante de tal situação, a filhinha de Stephanie acabou ficado órfã e Eleonor decidiu adotá-la. Nem Franz, nem eu gostamos da ideia, mas diante a teimosia de Eleonor acabamos permitindo. O problema é que uma das protegidas de Eleonor soube desta situação toda, decidiu agir como justiceira e agiu corretamente como eu ou Franz deveríamos ter feito. “Sequestrando” a garota e levando-a de volta para os seus parentes de sangue. Com isso Eleonor entrou numa fase extremamente complicada. Ela realmente havia se apegado a garotinha, eu também nutri muitos sentimentos por ela e até Franz agiu como se fosse humano em nossos momentos de plena tranquilidade “familiar”.

    Soube que algumas noites atrás até mesmo a Becky, uma das suas melhores amigas foi rejeitada, então decidimos levar este caso da forma mais séria que nos fosse possível. Eu passei por um momento delicado como este, obviamente em circunstâncias diferentes e acabei hibernando por uns 50 anos por indicação da própria Eleonor. Será que está chegando o momento de ela também adotar tal procedimento?

    A cada noite que passa tenho mais certeza que alguns anos de hibernação podem fazer muito bem a minha adorada amiga, irmã, mãe e por vezes amante… (pensativo)

    Já conversei pessoalmente sobre isso com Franz e falaremos com ela hoje à noite mesmo, espero que ela entenda todas as consequências de seus atos. Além de tudo o que ela vai ter de enfrentar se continuar agindo desta forma. Inclusive cabe a mim julgar no lugar do barão e ainda estou pensando como ele agiria neste momento. Prisão, tortura, banimento? Não sei, a cabeça dele também estava conturbada nas últimas décadas e é possível que Franz e eu também fossemos punidos diante tudo isso.