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Lilian à Reunião – Pt3

Tennessee, como era bom estar de volta, sentir os ares do lugar que eu nasci e cresci, admirar mesmo que sob o olhar cuidadoso da lua, os grandes pastos e os animais correndo livremente. Ao longe sentada apenas em uma cerca de madeira, recordei-me de momentos em que ali vivi, como andar a cavalo, os longos almoços embaixo de uma grande Choupos Tulip e sua magnifica presença, o cheiro do leite fresco e comendo o maravilhoso Banana Pudding que minha mãe nos dava o prazer de apreciar. Quando mais velha, com os meus 18 anos, adorava fugir para nadar no rio perto de casa, podendo ficar livre das roupas e mergulhar nas deliciosas água correntes.

Tantas recordações vindo a tona e eu apenas estava aqui há duas horas, mais ou menos. Sai do meu transe nostálgico segui de volta até o hotel que estava hospedada junto ao Daniel, lá pude ver que ele havia providenciado nosso meio de transporte, “Ual! Simplesmente lindas Dani!”, “Achei que gostaria de andar por tuas terras apreciando mais de perto a paisagem!”, ” Acertou em cheio!”.

Confesso que ao ver aquelas duas Harley ao estilo drag-bike paradas diante de mim, senti que toda motivação tinha voltado para a minha alma obscura. Enquanto sentia o tremer do motor e aquele som lindo que ele fazia, guiei Daniel até o nosso próximo destino, chegando lá, parecia que tudo voltava como um soco, todas minhas memórias, minha vida como humana. Ali estava, abandonada, pouco conservada, isolada em meio aos grandes terrenos e ao rio que a rondavam, mas ainda continuava imponente e clássica,  minha antiga casa, o lugar onde tudo começou, ” Então é aqui?”, ” Sim, vamos passar nossas próximas noites aqui…”.

Depois que minha mãe morreu, não haviam herdeiros e também nenhum interessado na antiga casa do lago. Ela permaneceu ali, apodrecendo e sendo esquecida, alguns móveis continuavam cobertos, pertences esquecidos, quadros, algumas cortinas e nos quartos apenas existiam os antigos armários e os estrados de cama. Não era nada fácil estar ali, mas se fazia necessário. Andei e comecei a vasculhar todos os lugares, fiquei surpresa ao ver que ainda haviam coisas minhas no meu quarto, desde a minha penteadeira até algumas roupas antigas guardadas, e junto delas, escondidas em um canto escuro do meu armário,  guardadas em um lenço, achei algumas cartas… Quando me dei por conta, percebi que minha mãe havia escrito várias cartas, algumas eram anotações, outras poemas e uma especial feita para mim.

Sentei-me na varanda do meu antigo quarto e li o que ela havia escrito…

” Querida Lili… 

Como sinto falta de você, minha pequena Lili… Nunca imaginei que fosse lhe perder, todos os dias dos meus últimos anos eu pensei em você e nesta morte trágica que teve. Cheguei a sonhar com teus lindos olhos verdes, o teu sorriso toda vez que eu fazia teu doce preferido, lembra? E agora você partiu, se foi e me culpo todos os dias por ter lhe deixado ir. Eu vivi sozinha desde então, seu pai foi embora e também nunca mais voltou, mas não me fez falta, era um homem amargo e agressivo, ficar longe dele por um lado me fez bem… Enfim, escrevo isso pois sei que estou no fim de meus dias, sei que logo não estarei mais aqui neste mundo, mas quero de alguma forma deixar aqui algumas últimas palavras, pensamentos, saudades por assim dizer, expressar o que eu sinto nas palavras e não me permitir a loucura da solidão. Mas agradeço ao Pierre, por ter vindo aqui e me informado o que lhe havia acontecido, explicado que seu corpo teve que ser cremado devido a doença… Ele foi bom comigo por alguns meses após sua morte, me ajudando a superar sua perda de certa forma. Vinha me visitar algumas noites e partia quando eu estava cansada, foi um bom amigo, mas partiu também, deixando saudades, mas não a saudade que sinto de você filha… Não a saudade que eu sinto de você, minha pequena e doce Lili…”

Pierre? Pierre veio até minha mãe? Depois da atrocidade que me fez? Como que eu nunca soube disso? Como que ninguém da Ordem soube disso? Esse canalha veio iludir minha mãe! Ele mentiu, falou que eu havia morrido de alguma doença contagiosa?! Cretino, filho de uma puta! Mas é claro que ele veio até minha mãe! Para ter certeza que eu estava morta! Que não havia sobrevivido a transformação! Que ninguém havia me salvado! Depois partiu quando teve certeza, já que fiquei por longas décadas na fortaleza da Ordem.

“Lili?”, Daniel se aproximou e me encarou, apenas lhe entreguei a carta de minha mãe, ele leu em voz alta e quando chegou ao final, ficou tão surpreso quanto eu, ” Você não imaginava isso?”, ele olhou para mim em dúvida, balançou a cabeça em negação, ficou tão pasmo quanto eu, ” Dani, este cretino nunca saiu daqui! Ele apenas se fingiu de sombra por todos estes anos! Mas como?”, ” Lili eu não sabia, até onde sei Trevor tinha ficado encarregado de cuidar para que nada acontecesse com a sua mãe ou qualquer um que fosse relacionado com você!”, ” OH MY FUCKING GOD! Trevor! Ele sabia? Ele sabia!”, ” Vamos manter a calma Lili, Pierre pode ser muito sorrateiro e é inteligente, talvez tenha dado um jeito de distrair aqueles que cuidavam do local!”, ” Ele poderia até ser sorrateio, inteligente e um grande canalha! Mas passar por seres da Ordem é algo inédito, mesmo vindo de um vampiro antigo! Dani eu preciso falar com Trevor, ele sabe de algo, disso eu não tenho dúvidas!”

6 comentários

  1. Lembranças… Sei bem como é isso! Se precisar de algo me chama ne Lili 😉

  2. Sim! Sei que sempre posso contar com você! Obrigada Fê! 😉

  3. Nossa Lilian, que história, tomara que encontre suas respostas

  4. liliann <333 decepcionado com o trevor, espero q tenha ficado tudo bem
    boa sorte
    beijos

    • Nem me fala meu querido! Muitos ficaram surpresos… Beijos ?

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