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  • O retorno do Doutor – Pt 1

    O retorno do Doutor – Pt 1

    Um calafrio percorreu a espinha do delegado Carlos Eduardo Guimarães quando ele, em pessoa, deixou a delegacia e se deslocou até o local onde, duas horas antes, vizinhos fizeram uma denúncia de mau cheiro. Quando o investigador, de maneira informal, comentou que estava indo até o bairro João Paulo, área nobre da cidade de Florianópolis, atender uma denúncia que, provavelmente resultaria em um cachorro, ou gato morto em uma tubulação de ar condicionado, algo simplesmente ligou o sinal de alerta do experiente delegado. Quase cinco anos atrás, quando Cadu, como os amigos o chamavam, era um investigador da Polícia Civil, a cidade também vivia um período de calmaria, e como agora, nesse início do ano de dois mil e treze, uma denúncia aparentemente boba fez com que a calmaria se transformasse em uma tempestade de sangue, morte e medo. Naquela época Cadu investigou uma série de assassinatos brutais que, simplesmente cessou antes que ele pudesse capturar o assassino. O assassino, sem identidade, alcunha, nome, se transformou em uma lenda urbana em Florianópolis, e como todas as lendas, logo foi substituída por outras.

    Quando a porta da luxuosa casa foi arrombada, o cheiro de carne podre fez com que dois ou três jovens policiais recuassem, controlando o asco e a ânsia de vômito. Assim que a porta foi aberta, Cadu teve certeza de que, mais uma vez, ele perderia muitas noites de sono devido aos pesadelos terríveis que lhe açoitariam como a chibata de um carrasco. É, ele precisaria visitar a psicóloga gostosa que o departamento de polícia civil de Florianópolis contratara no mês passado…

    ——–

    Hirma, Alessandra, Helena… Durante toda sua vida, e sua não-vida, o Doutor estivera a mercê dos encantos que sentia pelas mulheres. Mesmo hoje, uma criatura morta-viva saída de um pesadelo, começava a sentir falta de um novo encanto feminino. Quatro anos se passaram desde que o Doutor deixara Florianópolis, a cidade que cheirava magia – e podridão, segundo ele – para acompanhar Helena em uma viagem pela Europa. Juntos, as duas criaturas deixaram uma longa trilha de corpos por praticamente todos os países da comunidade europeia. Fora a lua de mel de Otto e Helena, mas ao final dos quatro anos, Otto simplesmente olhou para o lado e cansou-se daquela brincadeira, Helena matava sem qualquer requinte, pouco ligava para os ensinamentos que a dor proporciona, enfim, ao final de quatro anos, Otto von Bastian cansou-se daquela cadela vulgar e decidiu voltar a ser quem ele era, O Doutor.

    De volta, o vampiro sentia-se deprimido, sozinho, ele jamais fora uma criatura solitária, apesar de suas práticas não-ortodoxas – mesmo para uma criatura da noite – ao longo de seus quase cem anos como vampiro, O Doutor não conseguia lembrar de uma solidão e tédio tão avassaladores quanto aquele que sentia.

    Dezembro já passava de sua metade, aproximava-se de uma data que o Doutor simplesmente era apaixonado, o Natal. No Natal as pessoas ficavam mais tranquilas, mais bondosas, como se todos os pecados cometidos ao longo do ano tivessem sua absolvição garantida no infame “espírito natalino”… Era também a época que as pessoas ficavam mais despreocupadas, esquecendo-se que algo terrível sempre os espreita das sombras. Sentado tranquilamente embaixo de um banco da praça quinze de novembro, o Doutor folheava o jornal do dia anterior, a noite já era avançada, e a praça agora era o território de viciados em crack, prostitutas de baixíssimo nível, e mendigos. De alguns, o Doutor sentia genuína pena, de outros genuíno nojo, especialmente por aquelas mulheres sujas que vendiam seu corpo a bêbados, drogados e maníacos sexuais. Observando uma jovem viciada, o Doutor sorriu para si mesmo lembrando do Natal de 1975, quando ele, em visita na cidade de Atlanta, presentear um adolescente vítima de bullying com uma motosserra. O Doutor observara o adolescente por dias, vasculhara a sua mente, até chegar em seus desejos mais sombrios, a partir daí foi fácil, um presente e uma sugestão mental para ele fazer aquilo que sentia vontade. E na noite de Natal, com toda a família reunida, o jovem finalmente libertou-se de sua dor. O Doutor pensou em como estaria Gregory, seu pupilo, que naquela noite de libertação virara capa dos principais jornais dos Estados Unidos, após chacinar toda sua família, fazendo-a em pedaços obscenos de carne retalhada. O Doutor permitira que Gregory passasse cinco anos no corredor da morte, e na noite de sua execução, ao invés da injeção letal, O Doutor deu-lhe seu mais precioso presente: sua maldição.

    De fato, o natal o inspirava tanto, que ele decidiu que era chegada a hora de espantar aquela depressão que insistia em se abater sobre ele. Levantou-se, espanou as folhas da figueira que caíram sobre seu chapéu, e com o sorriso característico nos lábios, pôs-se a assobiar sua melodia favorita. A garota viciada, enchendo-se de coragem, aproximou-se da sinistra e quase caricata figura que deixava a praça.

    – E aí tio, tem um trocado? – Questionou a moça.

    O Doutor parou seu assobio de maneira tão súbita que a menina achou que ele lhe daria um soco, ou algo parecido. Mas, diferente do que imaginara, o homem virou-se para ela ainda sorridente.

    – O que você pretende fazer com esse trocado, criança? – Respondeu o Doutor com uma pergunta.

    – Ah tio, sabe como é…

    – Não, minha querida, não sei, me conte? O que você faria se eu ao invés de lhe dar trocados lhe desse isso? – Questionou o Doutor tirando duas notas de cem reais do bolso e deliciando-se com o olhar desesperado da jovem.

    – Nossa, dá pra comprar um monte de pedra com isso aí, tio! – Disse a jovem, quase não conseguindo se conter, sua vontade era agarrar as notas e correr o mais rápido que pudesse. Mas algo no aspecto incomum daquele homem lhe dizia que se fizesse isso ela dificilmente conseguiria dar mais do que dois passos. O homem tinha uma aparência bizarra e fascinante ao mesmo tempo, sua pele era extremamente pálida, não era um homem bonito, mas a inteligência exalava dele como perfume, não era alto, pouco mais de um metro e setenta e cinco, estava um pouco acima do peso, mas longe de ser obeso, mas era, com toda certeza o sorriso que ele tinha nos lábios que deixava a jovem viciada inquieta e fascinada: era um sorriso quase que lupino, o sorriso de alguém cujo raciocínio já estava segundos a frente de qualquer outra pessoa.

    – Sim, um monte de pedra! E eu aposto que você faria qualquer coisa para que eu lhe desse esse dinheiro não é mesmo? – Perguntou o Doutor.

    – Tu quer trepar? Vamos ali do lado, posso te fazer um boquete… – Disse a jovem, pouco mais que uma criança, ansiosa para ganhar seu prêmio e correr para o primeiro traficante que encontrasse. Ela chegava a um ponto tão degradante de seu vício que pouco se importava em abrir as pernas ou fazer sexo oral em um desconhecido, tudo que importava era que o desconhecido tinha duas garoupas azuis que fariam da noite daquela jovem uma imensa viagem. O Doutor se deliciava quando os viciados chegavam a esse ponto, eram como cães ansiosos por fazer os truques que seus donos mandam, apenas para ganharem suas recompensas. Durante sua carreira como psiquiatra ele conviveu com vários viciados, e todas as vezes o Doutor aprendera um bocado testando os limites daquelas mentes destroçadas por substâncias ilícitas.

    – Não minha jovem, não quero trepar, nem um boquete, e uma menininha como você não deveria usar desse linguajar, não fica bem para você! Ao invés de sexo, vamos fazer um jogo, ao final dele, se você cumprir todas as provas eu lhe darei o dinheiro, que tal?

    – Pode ser… – Concluiu a jovem, desesperada mas achando tudo aquilo estranho.

    – Bem, caminhe comigo. Qual o seu nome, criança? – Disse o Doutor, dando o braço para que a garota o segurasse. Depositou sua mão gélida sobre a mão magra da menina, que sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

    – Ju… Julia…

    – Julia é um nome recatado demais! Não é o nome de uma jovem que estaria na rua a essa hora não é mesmo? Não! Hoje você se chamará… Vejamos… Hirma! – Disse o Doutor, rindo de si mesmo pela idéia genial de chamar uma prostituta viciada pelo nome de sua mãe.

    – Hirma??

    – Sim, criança, Hirma! É o nome de minha querida mãe, ela era uma mulher difícil, minha saudosa Hirma. E ela era assim, uma coisinha desesperada, como você. Então aí está sua primeira tarefa, Hirma, vê aquele homem no chão? O mendigo? Pegue a garrafa que está do lado dele e estoure-a na cabeça dele! – Disse o Doutor em um tom tão casual que era como se ele pedisse pra jovem lhe comprar um café, ou atravessar a rua…

    – Mas… – Abriu a boca a jovem.

    – Sem mas, Hirma, você não quer seu trocadinho? Pense em quanta pedra você poderá fumar, sem abrir as pernas hein?

    – Tá… eu faço.

    A jovem esgueirou-se, silenciosa como um camundongo, e o mendigo que estava bêbado e caído nem percebeu quando Julia apanhou a garrafa vazia de cachaça. A jovem olhou o homem por alguns segundos, por um lampejo de instante ela hesitou, em um dos raros momentos de lucidez, quando ela lembrava-se de sua casa, de sua família, do pai e da madrasta que Julia odiava, mas que, no fundo, fizera o papel de sua mãe. Por um breve instante ela hesitou, ela queria sair daquele monte de merda que sua vida se transformara, tinha dezesseis anos recém-completados, estava há seis meses na rua, e lá no fundo, tudo que Julia queria era aninhar-se no colo do pai e simplesmente chorar. Mas então ela sentiu a presença daquele homem sinistro atrás de si, imediatamente ela lembrou-se do sorriso lupino, e lembrou do dinheiro, e do que o dinheiro lhe proporcionaria. Quando deu por si, a garrafa já estava em cacos, e da cabeça do homem – agora desmaiado – o sangue jorrava em uma torrente vermelho-vivo. O Doutor olhou para o sangue extasiado, sangue de mendigo não era uma refeição digna, ainda que ele nunca entendesse as manias de alguns vampiros, sangue é sangue. Ele abaixou-se chamando a menina para perto de si. Tocou o pescoço do mendigo e disse:

    – Ele morrerá, vê esse corte? Você acertou-o em cheio Hirma!

    Julia olhou o sangue jorrando, e novamente a lucidez veio a tona, a jovem pôs-se a chorar e soluçar incontrolavelmente repetindo e implorando para que o Doutor ajudasse o homem que agonizava. Com uma tranquilidade perturbadora, o Doutor aninhou a criança nos braços, como um pai amoroso e disse:

    – Shhhhh… shhhhh… calma, criança, calma… Tudo ficará bem… vamos ajudar o pobre homem, sim?

    O Doutor colocou a menina sentada de maneira gentil, Julia olhou incrédula quando o homem tirou a fina lâmina do bisturi do bolso de seu casaco. Ela estava paralisada, aterrorizada, tudo que conseguiu fazer foi gaguejar algo incompreensível enquanto o Doutor passou a lâmina na garganta do homem, um corte fino e preciso, que abriu de uma jugular a outra fazendo o sangue jorrar farto. Em choque, Julia começou a tremer e soluçar, não demorou muito para que o sangue do homem, que agora tinha seus últimos espasmos, ensopasse Julia. O Doutor levantou-se e observou a cena, os segundos finais de uma vida, somados a flor da juventude, era algo poético e belo, e o Doutor sentiu vontade de imortalizar aquilo em uma tela. Usando seus poderes da mente, o Doutor entrou na cabeça da jovem, e deleitou-se com o que viu. Ela estava a um passo da insanidade, o que ele fizera arrancara o desejo pelo crack, substituindo por algo muito mais intenso que isso: o pavor.

    O pavor era a sua droga, como ele ficara tanto tempo longe disso? Ele se perguntou. O barulho das sirenes o tiraram de seus devaneios, mas ele ainda não acabara com Julia, por isso, tomou-a nos braços e a levou até seu carro, estacionado há algumas quadras dali. Seu trabalho com o mendigo se encerrara, mas havia muito mais guardado para aquela jovem viciada, pois o Doutor estava de volta a ativa, e ele estava mais faminto do que nunca…

  • Entrevista com o Doutor

    Entrevista com o Doutor

    Sim minhas deliciosas leitoras aqui uma entrevista inédita com o Doutor, lembram-se dele? Das histórias sádicas, dos momentos intensos em meio as vontade e desejos ocultos…

  • O doutor conta suas histórias – Instinto – Parte 1

    O doutor conta suas histórias – Instinto – Parte 1

    Buenas muchachos!!!

    Hoje to com a maior preguiça de escrever e vou passar para vocês mais uma história divertida e empolgante do Doutor.

    Instinto – Parte 1

    _Bravo! Bravo! – surgiu um homem do nada, saído das sombras quando Alessandra preparava-se para deixar a cena de seu primeiro crime, o Palio Weekend estacionado de maneira grosseira na beira de uma rua na região metropolitana da até então tranqüila Florianópolis. Alessandra virou-se rapidamente, bisturi na mão e os olhos fervilhando de ódio por ter sido apanhada. Foi então que o brilho dos charmosos óculos escuros traiu a presença do Doutor.

    “Ele estava ali o tempo todo, como?” – Perguntou-se Alessandra enquanto via seu mestre se aproximar com um olhar curioso, mas que não traía qualquer emoção. A cada vez que Alessandra olhava para ele não conseguia deixar de pensar que homem impressionante ele era. “Desapegue-se de qualquer padrão de beleza” – repetia Alessandra sempre que olhava para o Doutor, de fato ele estava longe de ser um homem bonito, pelo menos não no sentido literal da palavra, mas também de feio nada possuía. Alessandra muitas vezes se quer o via como um homem, vezes o via como um anjo salvador, que mostrou a ela um mundo novo, outras vezes ele era o seu demônio, que a arrancara de uma vida tranqüila e promissora. O Doutor violara o corpo de Alessandra, bebera de seu sangue, destruíra tudo nela que era humano, exceto talvez uma pequena parcela de consciência, que era o que impedia Alessandra de se tornar mais uma psicopata sem controle – não que para os padrões “normais” ela não fosse isso – de qualquer forma, homem, anjo, demônio… Vampiro, Alessandra sabia que o Doutor era o predador perfeito, uma máquina de matar e causar dor, o topo da cadeia alimentar… um monstro como preferir, e Deus! Como ela amava o Doutor! (mais…)

  • O Doutor – Grito No Vazio Parte 5 Final

    O Doutor – Grito No Vazio Parte 5 Final

    “Bisturi, faca, serra, alicate, chibata… É está tudo aqui…” Pensou o Doutor conferindo metodicamente pela quarta vez seus instrumentos de trabalho. Ele estava tão excitado que simplesmente não queria ter que interromper a sessão com Alessandra – a sua menina – para pegar algum instrumento que eventualmente esquecera. Era sempre assim, na primeira sessão o Doutor sempre levava seus pacientes aos seus limites físicos, a primeira sessão era sempre grosseira, com surras intermináveis, cortes precisos e dolorosos entre outras feridas feias. Tudo isso para saber se o paciente era digno do resto. “Ela vai agüentar… Ela TEM que agüentar…” Mais uma vez pensou o Doutor consigo mesmo. Normalmente eles agüentavam, a menos claro, que o Doutor enjoasse deles no meio da sessão, e então se contentava em reduzi-los a um amontoado de carne disforme. O Doutor era um mestre no uso de adrenalina, anfetaminas e outros medicamentos estimulantes, além disso em casos de extrema necessidade o Doutor administrava uma boa dose de seu próprio sangue, era do seu conhecimento que o sangue de um vampiro possuía grandes propriedades regenerativas, em Alessandra ele faria questão de utilizar esse seu medicamento “especial”, pois não iria se perdoar se aquele corpo deliciosamente pálido ficasse repleto de cicatrizes e marcas. O Doutor utilizava as feridas e o grotesco para iluminar seus pacientes, mas era um profundo admirador do belo.

    Estava quase tudo pronto, quase. Ainda faltavam alguns detalhes que o maníaco julgava serem importantes. O primeiro deles, um local onde deixar as coisas, bem, isso a mesinha portátil, dessas de acampamento, iria servir. Segundo porém não menos importante, um fundo musical. Otto Von Bastian – Ainda que ele se quer lembrasse desse nome – era um grande admirador da música, para ele cada canção evocava um tipo de sentimento, nele e nos seus pacientes, o Doutor estudou cuidadosamente a pilha de cds que mantinha em seu consultório. Pensou em algo clássico, Chopin, Mozart talvez… Não! Alessandra provavelmente dormiria ouvindo algo para ouvidos tão refinados, mas o Doutor não estava com espírito para a batida eletrizante do psy, então o que escolher? Seus olhos pararam em um cd que ele recentemente havia comprado…Ramstein, metal industrial alemão, ótimo! Era isso que o Doutor queria, apesar de sua idade já avançada, mesmo para um vampiro, ele ainda se maravilhava com a música moderna, e as letras em alemão, quase que sabáticas da banda viriam a calhar naquela noite. Agora estava tudo pronto, O Doutor pegou tudo, respirou fundo – algo desnecessário, mas que normalmente o acalmava – e seguiu para o subsolo do hospital psiquiátrico onde vivia, para a ala esquecida por todos, onde os pacientes eram mandados não para serem curados, mas para serem esquecidos.

    Assobiando para esconder a excitação o Doutor entrou mais uma vez na sala onde Alessandra estava, fazendo a moça dar um salto e se encolher ainda mais.

    _O que você vai fazer comigo seu desgraçado?

    Sem resposta…

    _Responda!

    O Doutor tranqüilamente colocou a mesinha onde queria, dando as costas para Alessandra de maneira desdenhosa. Alessandra teve o ímpeto de saltar nas costas de seu algoz e bater nele mas ao fazer isso ela esqueceu dos tendões cortados, a dor novamente varou-lhe do calcanhar até a coxa, e Alessandra caiu no chão se contorcendo, arrancando mais uma risadinha cínica do Doutor.

    _Tão corajosa é a minha doce menina…

    Murmurou o Doutor, agora colocando seus instrumentos sobre a mesa, todos eles ajeitados em ordem, ainda que essa ordem só fizesse sentido para ele. Em um pequeno cd player ele colocou o cd e deixou a música invadir aquela sala imunda, desconcertando ainda mais Alessandra. Tomando o cuidado de deixar a mesa bem longe de Alessandra, o Doutor agora contornou a cadeira e apanhou o balde que continha o sangue de Paulo, o cadáver ainda estava ali, ensangüentado, a língua pendendo frouxa pra fora do horrendo corte que abriu de um lado ao outro do pescoço. O sangue seria o refresco do Doutor, e também uma ferramenta importante para a sessão. Sua habilidade na tortura destruiria o corpo e a dignidade de Alessandra e seus poderes de controle mental destruiriam sua mente… Ele iria violá-la e todos os sentidos.

    Agora ele precisava tirar o corpo do gancho, afinal ele queria que Alessandra ficasse em pé quando a sessão começasse. Erguendo o corpo de Paulo como se fosse um pedaço de carne em um açougue o Doutor retirou o gancho de aço que o mantinha pendurado pelo baixo ventre. Limitando-se apenas a jogá-lo num canto como um fardo indesejável o Doutor agora analisou cuidadosamente a altura do gancho… “É, serve…” Pensou ele satisfeito.

    _Agora venha minha menina, hora de começarmos nossa sessão de hoje…

    _Que sessão seu desgraçado? QUE SESSÃO? – Falou Alessandra mais apavorada do que nunca.

    O Doutor apenas a levantou, e habilmente algemou suas duas mãos utilizando uma algema firme. Ele a levantou com facilidade, mesmo com seus protestos, imprecações e chutes, e a colocou quase que pendurada pela algema, no gancho preso ao teto. Alessandra conseguia apenas tocar a ponta dos dedos no chão, e esse simples ato bastava para causar-lhe uma for terrível nas pernas.

    _Primeiro vamos dar uns pontos nesses calcanhares, não quero que você morra seca de tanto sangrar…

    Habilmente o Doutor costurou os cortes nos calcanhares de Alessandra, impedindo assim que ela se esvaísse em sangue. Satisfeito com a costura o Doutor sorriu e permitiu-se um momento de intimidade com a paciente, dando-lhe um gentil tapinha no traseiro generoso de Alessandra.

    _Pronto, agora vamos nos livrar dessas roupas…

    _É isso que você quer seu desgraçado? Tudo bem pode fazer, só não me machuque… Por favor… – Falou Alessandra, já perdendo qualquer noção de dignidade e orgulho.

    O Doutor riu quando voltava com um bisturi.

    _Não, não minha menina, por favor, sou um profissional, ainda que você seja uma mulher bastante atraente, não é em sexo que eu estou interessado, apesar de que, quem sabe depois da nossa sessão, se você quiser, podemos ter uma certa intimidade…

    Alessandra cuspiu no rosto do bastardo, a dor estava lhe deixando corajosa, exatamente como o Doutor previra, exatamente como o Doutor QUERIA. Ele então começou a cortar a roupa de Alessandra com bastante habilidade, cuidando para não passar a lâmina além do tecido e cortando a pele. O primeiro a aparecer foram os seios. “Sim, são rosados…” O Doutor falou a si mesmo em nota mental, olhando com desejo para os mamilos da moça. Em poucos segundos a tão esperada nudez de Alessandra estava exposta, e amarrada como estava ela não podia escondê-la. O trabalho do Doutor finalmente começara.

    As luzes dos carros davam um reflexo interessante no asfalto molhado pela chuva fria que caía, como se as imagens de repente ficassem distorcidas em um espelho molhado. Distorcida também ficara a mente de Alessandra depois que ela conhecera o Doutor, logicamente não era isso que ela achava, afinal o Doutor trabalhara duramente para fazer Alessandra crer que ela agora era uma pessoa iluminada pela dor. Alessandra desviou de algumas poças de maneira graciosa, saltitando como uma lebre jovem brincando nos campos primaveris. A menos de uma semana Alessandra se quer acreditava que voltaria a andar, não depois do Doutor ter cortado seus dois tendões que davam os movimentos aos pés. Mas o sangue vampírico era poderoso, ele curara as feridas no corpo violado de Alessandra, mas jamais seria capaz de curar as feridas em sua mente, tampouco as feridas em sua alma.

    O Doutor a reduzira a um pedaço de carne disforme e doentio, ele destruíra tudo que era humano em Alessandra, tornando-a um monte de nada, apenas uma massa agonizante que outrora foi uma pessoa, mas que, ao final da tortura, só era capaz de balbuciar gemidos e apelos vãos. Ele a surrara com uma chibata, fazendo nacos de carne e pele voarem por toda a sala, ele costurara sua boca, violara seu sexo, forçara a beber o sangue de Paulo, seu namorado, tudo isso em nome de seus estudos.

    _A dor leva ao tormento e o tormento leva a superação! – Alessandra agora repetia o mesmo discurso que o Doutor lhe dera antes de aplicar a primeira chibatada que lhe rasgou o couro das costas. De fato ele estava certo, Alessandra acreditava nisso, ela precisava acreditar, afinal aquela era a primeira vez que o Doutor permitira que ela saísse sozinha e ela não queria decepcionar seu novo e amado mestre. Não, o Doutor não lhe abençoara com a natureza vampírica mas Alessandra bebera sangue o suficiente, sangue do Doutor, para ser assolada por um amor incondicional, profano, como se agora ela estivesse presa pelos grilhões da escravidão.

    Ainda se lembrando dos ensinamentos de seu mestre Alessandra passou a se perguntar que momento da tortura foi mais importantes e mais revelador para ela. Seria a seqüência interminável de chibatadas? Ou quem sabe os cortes dolorosos e o banho com álcool? Foi o momento que o Doutor rasgou o próprio pulso e ofereceu seu sangue para que ela pudesse curar seus ferimentos? Quase isso… Gratidão… Era isso que havia ficado e o que mais humilhara Alessandra. A gratidão que Alessandra sentiu quando a tortura terminou e o Doutor permitiu que ela vivesse, afinal não valeria a pena morrer depois de enfrentar todas as provações que Alessandra enfrentara. Não, o Doutor não havia destruído seu corpo, tampouco sua vida, ele a fizera nascer, ele causou e tratou de suas feridas, como um pai disciplinador, porém amoroso.

    _E aí gata afim de uma carona? Ta chovendo pra caralho hein? – O pensamento de Alessandra foi subitamente cortado pelo homem de meia idade a bordo do Palio Weekend marrom que reduzira a velocidade ao seu lado. A interrupção irritou Alessandra, reflexos do tratamento que o Doutor lhe reservara. Mas de fato estava chovendo, apesar de que Alessandra ainda retinha boa parte do sangue que o Doutor lhe dera, e ele prometeu que ela jamais ficaria doente novamente, bem, o que o Doutor promete, ele cumpre. Mas aquela era a primeira “saída de campo” de Alessandra, ela sabia que o Doutor estava lhe testando, então “foda-se” – pensou a moça – “vou seguir com esse babaca e ver no que dá”.

    _Uma carona? Claro, ta chovendo bastante mesmo… – Mentiu Alessandra cinicamente, era apenas uma garoazinha fria do inverno de Florianópolis.

    _Meu nome é Alessandra e o seu? – Sorriu a exuberante loira entrando no carro.

    _Ãn, é… Eu sou o João Pedro… – Respondeu o homem desconcertado pelo fato de uma mulher daquelas aceitar sua carona.

    Alessandra ergueu um pouco a saia leve, ensopada pela chuva, arrancando um olhar repleto de volúpia de seu benfeitor. O Doutor iria se orgulhar dela, João Pedro era um homem de meia idade, com seus trinta e dois, trinta e três anos. Era divorciado, ou estava traindo a mulher, deduziu Alessandra pela marca de aliança no dedo que segurava o volante do Palio. Sempre observadora, Alessandra foi instigada pelo Doutor a prestar a atenção em cada detalhe. “Os detalhes são essenciais aos olhos” dissera ele enquanto acalentava Alessandra em seu colo, após a última sessão de tortura.

    Ela não sabia direito o que fazer com João Pedro, mas certamente ele jamais iria esquecer. Será que ela deveria levar ao Doutor? Não! Ele iria querer que ela fizesse sozinha! Mas o que fazer? Alessandra começava a sentir o peso da inexperiência, o Doutor certamente saberia o que fazer, se é que ele escolheria alguém como João Pedro para dar vazão aos seus instintos… Não, o mestre de Alessandra é muito mais metódico, mais detalhista, mais… perfeito.

    _Pare o carro! – Falou subitamente Alessandra, fazendo João Pedro se assustar e frear de maneira brusca.

    _Mas que mer… – João Pedro foi sufocado pela boca quente da pupila do Doutor. O homem queria se beliscar, ele só podia estar sonhando. A mão ousada de Alessandra desceu pelo peito de Alessandro, chegando a barriga e, descendo mais um pouco, encontrando o zíper da calça jeans, a última resistência que separava o toque devasso de Alessandra do sexo desejoso de João Pedro.

    Alessandra puxou João Pedro para si, o homem, afobado e sedento que era, já foi logo desabotoando a blusa da moça, expondo um belo par de seios. “Sim, são rosados”, foi o que disse o Doutor quando expôs a nudez de Alessandra pela primeira vez. Alessandra lembrou das palavras de seu mestre exatamente no momento que João Pedro abocanhava-lhe o seio direito tomado pela volúpia e pelo tesão. Alessandra não segurou a risadinha cínica, a risadinha que aprendera com o Doutor em seu tormento. João Pedro se quer percebeu a risadinha e percebeu ainda menos quando Alessandra habilmente levou sua mão até a bolsa caída no chão do carro. Com a destreza de uma ladra profissional ela abriu o zíper da bolsa enquanto seu sedento amante se fartava em seus seios generosos.

    O brilho da lâmina do bisturi prendeu a atenção de Alessandra por um instante, mas João Pedro… Bem, ele só se deu conta que era seu fim quando Alessandra já havia lhe aplicado o terceiro golpe. O primeiro fora certeiro, direto no pescoço, o segundo Alessandra enfiara por baixo das costelas flutuantes. Uma perfuração no pulmão impediria João de gritar, foi o que o Doutor lhe ensinara, e parece que sua aluna aprendeu bem. Alessandra foi tomada pelo furor assassino, outrora preso no âmago mais profundo de sua alma, mas ela não negaria mais seus instintos… Não depois do Doutor mostrá-la o verdadeiro significado da dor. Pobre João Pedro, mais uma vítima do acaso em uma cidade que certa vez já foi tranqüila.

    Alessandra deixou o Palio Weekend ali mesmo na rua, a porta aberta, e o braço de João Pedro para fora, era seu presente ao Doutor, bem, com certeza aquela cena seria a primeira capa dos jornais da cidade. “Ups!” – Pensou Alessandra e saiu saltitante, como uma colegial, assobiando “Rosenrot” do Rammstein, a música que marcou sua libertação…

  • To entediado aqui… Grito No Vazio Parte 4

    To entediado aqui… Grito No Vazio Parte 4

    Pow bicho,

    fiquei cansado aqui no oriente e to voltando pra Floripa… Opa tão me chamando pro avião…

    Por enquanto fiquem ai com a penúltima parte do conto do doutor:

    Grito No Vazio Parte 4

    O homem acariciou o rosto de Alessandra e à medida que ela parava de gritar seu aperto forte foi enfraquecendo. Alessandra já não queria mais gritar, limitando-se apenas a respirar de maneira ofegante e permitir que as lágrimas rolassem soltas sobre sua face. O Doutor aproveitou aquela proximidade para admirar um pouco sua beleza, Deus! Como ela era bonita! Os cabelos era louros e caíam em cachos pouco abaixo dos ombros, os olhos eram de um azul claro, típico dos descendentes germânicos, ainda que esse azul tão belo estivesse um tanto manchado pelo vermelho provocado pelo choro, mas para o Doutor aquela era uma mistura interessante, o azul imaculado mesclado com o vermelho da violação, era como poesia para o vampiro. O Doutor permitiu-se olhar mais, normalmente ele evitava aquela proximidade com seus pacientes, mas Alessandra era especial, ele a desejava, ele queria iluminá-la com sua sabedoria profana, e o que o Doutor quer, ele consegue. Seus olhos desceram até o pescoço de Alessandra, a pele era macia e branca, tal qual a das moças ricas de seu tempo, por um breve segundo, que mais pareceu uma eternidade, ele viu a jugular pulsar no pescoço de Alessandra. O Doutor lutou contra seu instinto de predador, que o mandava dilacerar a garganta daquela bela fêmea e sugá-la até a última gota. Não! Ele não deveria beber de Alessandra, ele a queria imaculada e forte para as duras lições que ainda lhe seriam apresentadas antes do fim desta noite.

    Seu olhar desceu mais um pouco, chegando até os seios da moça. Eram firmes, delicados, o vampiro se esforçou para tentar ver além da delicada blusa que cobria o corpo de Alessandra. “Devem ser rosados” pensou o vampiro, cada vez mais sedento. Então ele se afastou subitamente, fazendo Alessandra levar um susto, haveria tempo para ele contemplar a nudez de Alessandra, mas tudo ao seu tempo… Tudo ao seu tempo… O Doutor era metódico e controlado demais para permitir que aquela mortal o fizesse esquecer de seus estudos, apesar de sua natureza vampírica e bestial clamar por uma noite regada a sangue e sexo com aquela deliciosa e assustada menina.

    _Vamos amarrar mais uma vez essas mãozinhas. Preciso pegar meu equipamento para iniciarmos a sessão dessa noite… Shhhh shhhh, não se mexa minha menina, não poderei amarrar se você se debater dessa forma… Assim, quietinha…

    Dessa vez os nós foram firmes e bem feitos, dignos de um mestre escoteiro. “Ele QUERIA que eu me soltasse”, pensou Alessandra, em mais um breve momento de lucidez.

    _O que você quer de mim? Por que fez isso comigo? – Alessandra tirou coragem de onde não havia.

    O Doutor apenas sorriu e beijou-lhe a testa, enquanto afagava-lhe o cabelo sedoso, porém um pouco sujos de quando Alessandra ainda estava no chão.

    _Responda seu filho da puta!

    O Doutor dessa vez arregalou os olhos, “filho da puta” era algo que ele não esperava ouvir saindo daquela boquinha tão delicada. Ah, como ele iria apreciar esta noite! Como ele iria sentir prazer em extrair os gritos de Alessandra. Para o Doutor felizmente a noite ainda seria repleta de um prazer insano e demente, mas para a pobre Alessandra aquele era o início de algo que mudaria sua vida – se ela saísse viva dali, coisa que começava a duvidar – para sempre.

  • Meu amigo Doutor

    Meu amigo Doutor

    Olá caríssimos,

    Já que ainda não tenho muitos assuntos aqui de Tóquio eu lhe deixo alguns trechos produzidos por um amigo meu: o Doutor.

    Por favor não tenham medo de sua palavras simples e diretas. Ele é apenas um estudioso…

    Um Grito No Vazio – Parte 1

    Alessandra abriu os olhos lentamente ao ouvir o som incessante do gotejar não muito distante.

    “Plim!…” “Plim!…” “Plim!…”

    A cada um desses “plins” Alessandra recobrava sua consciência, ou pelo menos o que restara dela. Desnorteada, ela apelava para sua visão para tentar captar fios de memória capazes de juntar-se formando uma lembrança do que havia lhe acontecido. Lentamente ela observou a sala que estava, se é que aquilo podia ser chamada de sala. Alessandra olhou inicialmente para o teto, era de concreto bastante antigo dado as marcas de mofo e as falhas no reboco… “Bem pode ser fruto da umidade excessiva de uma cidade do litoral”, pensou Alessandra, pelo menos disso ela entendia, afinal se formara com honras na faculdade de engenharia civil, a pelo menos cinco anos atrás. Os olhos de Alessandra detiveram-se por um momento em uma estranha mancha no teto, era de um castanho avermelhado, como se algo tivesse espirrado no teto. “Isso não é mofo, é sangue!” Pensou a jovem assustada, Alessandra mexeu o pescoço, tentando olhar o resto da sala escura, foi então que a dor terrível varando-lhe a espinha fez com que a moça gritasse, e então se lembrou do que havia acontecido…

    Alessandra tentou controlar seu medo, talvez aquilo fosse apenas um sonho ruim. A bela garota fechou os olhos com força e falou a si mesma “Acorde!…” Mas a dor que Alessandra sentia no corpo era real, muito real, assim sendo ela novamente forçou-se a abrir os olhos e contemplar sua realidade.

    “Plim!…” “Plim!…” “Plim!…”

    O gotejar continuava, fazendo Alessandra tomar coragem para mais uma vez explorar com os olhos o local onde estava. Ela percebeu que estava sentada em uma cadeira acolchoada e relativamente confortável, como uma cadeira de dentista, mas não estava em um limpo e claro consultório odontológico, Alessandra estava em uma sala pequena, não mais que quatro por quatro metros, iluminada somente pela débil luz de uma lâmpada incandescente. As paredes eram velhas e mofadas, decididamente fruto da umidade, a ausência de janelas e a sensação sufocante fizeram a engenheira crer que estava no subsolo de algum prédio. Porém, por mais que se esforçasse não conseguia encontrar a origem do gotejar. Alessandra começou a chorar, as amarras de couro em seus punhos e tornozelos a impediam de se levantar, ela sentia uma dor incrível no corpo todo, como se tivesse levado uma surra, porém, por um breve momento a mulher perdeu-se em seus pensamentos, ainda na luta incessante para lembrar o que havia lhe acontecido.

    Novamente de olhos fechados, Alessandra lembrou-se de estar passeando no shopping center com seu namorado. Paulo César era um bem sucedido engenheiro, quinze anos mais velho que Alessandra, mas ele fora tão gentil com ela quando Alessandra se formou que simplesmente a conquistou. Ela lembrou-se de estar saindo do Shopping de mãos dadas com Paulo, eles caminhavam no estacionamento para chegar até o Honda civic de Paulo, carro que Alessandra tanto gostava. Ela estava tão feliz! Caminhava sorrindo e brincando com Paulo, tomando um delicioso Sunday de morango do Bobs, o preferido de Alessandra.