Tag: mago

  • Girls night out – Final

    Girls night out – Final

    “Sete botas pisaram no telhado
    Sete léguas comeram-se assim
    Sete quedas de lava e de marfim
    Sete copos de sangue derramado
    Sete facas de fio amolado
    Sete olhos atentos encerrei
    Sete vezes eu me ajoelhei
    Na presença de um ser iluminado
    Como um cego fiquei tão ofuscado
    Ante o brilho dos olhos que olhei”

    Encontrei-me com Hadrian e Trevor, mestre de Lilian, em uma cidade estratégica e próxima de onde nossas vampiras estavam. Sujeito diferente, de traquejo eloquente e de certa forma disciplinado. Pelo que soube é um pouco mais velho que eu e suas habilidades vampirescas são muito peculiares. Seguindo a linha de possessão da alma e de todas as energias disponíveis no mundo, no qual ele e a maioria dos orientais chamam simplesmente de “Ki”.

    – Então és tu que anda arrastando as asas para cima da minha pequena menina.

    – Hahaha relaxa, minha relação com tua filha é puramente fraternal.  Afinal ela é praticamente uma das amiguinhas da minha pequena menina também.

    – Aham sei… E tu ai com essa cara de mau, tá com fome ou vai me morder?

    Hadrian não falou nada ou sequer se moveu para cumprimentar o mestre de Lilian. Visto o ocorrido, resolvi quebrar o gelo e comentei.

    – Ele tá puto com uma humana ai. Relaxa que isso passa durante a nossa missão. Por falar nisso elas mandaram mais algum sinal? Honestamente achei que elas dariam conta do tal “maguinho”.

    – Relaxa meu amigo que mulher é igual biscoito, tu come uma, mas ainda tens mais umas 20 no pacote… Pois agora, eu confio nas habilidades da Lilian, eu a treinei pessoalmente, mas acho que elas fuderam com algum detalhe crucial do plano. É bem provável que nem tenham feito um plano direito e pensando bem, cabe a nós dar um fim adequado para isso.

    – Mulheres são complicadas, mas tuas palavras me fazem muito sentido caro samurai. Respondeu então Hadrian.

    – Eu sei…  Já tive uma cota de complicações, mas eu adoro uma bela complicação. Hahaha

    Diante tal apresentação informal e um tanto incomum, revisamos os planos e partimos para os lugares onde elas poderiam estar. Não foi difícil achar o primeiro lugar em que elas foram aprisionadas e ao tocar nos corpos dos seguranças Trevor descobriu para onde elas haviam sido levadas. Não me perguntem como ele descobriu isso…

    Partimos então para o segundo lugar e lá estavam Becky e Pepe presas dentro daquela armadilha das trevas. Imediatamente Hadrian falou que conteria a magia e Trevor correu para tirá-las do raio de ação do feitiço. Eu por outro lado fiz o que comecei a tomar gosto nos últimos tempos: entreguei-me ao meu demônio.

    A transformação tem me ocorrido cada vez mais rápido e a media que eu corria eu percebia os músculos crescendo, junto dos pelos e demais feições animalescas. Mirei a porta e entrei com tudo, quebrando moveis e rasgando a carne de quem aparecesse a minha frente. Espalhando sangue e vísceras por todos os lados. Parei apenas quando o tal mago criou uma luz mágica e que me cegou instantaneamente.

    Momento no qual meus aliados também chegavam ao palco da carnificina. Lilian ainda estava amarrada a uma cadeira e aparentemente xingava todos que estavam ali antes que eu entrasse.  Porém  assim que entrei ela caiu e teve de esperar alguém que lhe libertasse. Hadrian foi o primeiro a agir e foi rápido. Utilizou seu poder de levitação e estourou a cabeça da maldita bruxa contra o teto do lugar.

    Eu ainda estava na forma bestial e recuperando a visão para atacar aquele filho de uma puta,  quando Trevor rapidamente assumiu minha frente falando e batendo palmas doentiamente:

    – Parabéns seu babaca. Finalmente nos encontramos, então quer dizer que tu queria fuder com a minha filha? Você pensou realmente que sairia bem dessa? Vem cá meu querido filho de uma vaca que hoje é você que vai levar uma bela enrabada, seu maguinho de merda. Ninguém mexe com a minha pequena! Seu puto!

    Confesso que naquela situação eu queria apenas ver uma última cabeça rolando, mas comecei a rir doentiamente ao mesmo tempo em que minha transformação era  desfeita e Trevor cuidava do “big boss”. O tal mago tentou resistir, mas o vampiro parecia imune aos seus feitiços, inclusive os mentais. Tanto que ele se aproximou rapidamente do infeliz, segurou com força os seus braços e o encarou em silêncio por alguns instantes.

    – Sabe, hoje eu acordei com muita fome… E acho que acabei de achar minha refeição…

    Em seguida o corpo do mago começou a tremer e alguns poucos como eu, Hadrian e talvez Becky conseguimos ver a energia dele se esvaindo em direção a boca de Trevor. Pouco tempo depois o corpo do infeliz parceria uma múmia antiga e havíamos presenciado uma nova forma de alimentação.

    Em seguida e Becky soltou Lilian, que estava completamente transtornada. Tanto que ela não disse nada e imediatamente se dirigiu ao corpo mumificado do infeliz. Sem piedade alguma ela arrancou a cabeça dos restos mortais e veio a minha direção com aqueles lindos olhos verdes gigantes. Entregou-me dizendo:

    – Aqui está o prometido boss. Espero que ajude como um peso de mesa.

    Com um belo sorriso e o que me pareceu um piscar de olhos, ela se afastou e foi em direção de Trevor, que a recebeu com um longo abraço.

    Apagamos nossos vestígios em ambos os lugares. Pepe anexou os bens e ações do maldito ao nosso inventário e nosso clã está mais próximo do clã de Lilian. Trevor é um sujeito que lida com as cousas de um modo muito peculiar, mas confesso que estou feliz por ter seus dons ao nosso lado.

    – Ferdinand meu caro, que tal irmos até o nossa casa, lá vocês podem descansar e se recuperar. Acredito que nossa atual aliança permita a discussão de alguns negócios bastante lucrativos!

    – Claro, ótima ideia! Mesmo por que vai amanhecer em breve e eu adoro negócios lucrativos.

    – Ótimo, ótimo. Vou adorar a companhia de vocês e creio que as meninas queiram ficar juntas mais um tempo. Lili meu amorzinho, tome sua espada. Becky e Pepe. É um enorme prazer conhecer tão belos seres como vocês.

    Lilian revirou os olhos e deu uma leve risada, obviamente ela havia ficado envergonhada diante as palavras de seu mestre. Porém, apesar de alguns atos doentios eles pareciam ser “bons vampiros”. Ofereci uma carona para Pepe na garupa da moto, mas ela preferiu o conforto da Mercedes de Trevor. Aliás, todos foram com ele de carro e eu atrás comendo poeira. Estava apenas de calças rasgadas e torci para que nenhum “policial mala de interior” surgisse para acabar com o meu estase pós-batalha.

    PS: Trevor passou o dia inteiro dando em cima de Becky.

  • A magia e os vampiros – pt1

    A magia e os vampiros – pt1

    Quase sempre eu escrevo por aqui para confidenciar meus pensamentos e angustias, relacionados ao fato de eu ser um vampiro. Para alguns, isso não é um fato aceitável e exige muito mais do que conhecimentos ou crenças, pois vai além do que lhes é ensinado em escolas ou por suas famílias tradicionais. A cultura de muitos lugares, principalmente no Brasil da atualidade, salvo alguns lugares específico, é favorável a uma educação mais lógica, desprendida de mitos, lendas e histórias.

    Sinceramente quando entrei nesse mundo on-line em meados de 2006, eu vislumbrei muitas cousas, principalmente o fato de que a internet permitiria o aumento do conhecimento geral das pessoas e uma possível aceitação do que nós somos. Todavia, o que eu vejo por ai nesses 7 anos de acessos é que houve sim o aumento do conhecimento geral, mas a questão lendas está cada vez mais apagada.

    Que papo de sociólogo é esse Ferdinand? Calma mancebo, essa introdução é para contextualizar minha última aventura junto de Hadrian e Sebastian em meio aos seres tidos como “despertos”.  “Despertos”, aliás, é um termo novo aqui no site, muito utilizado por Hadrian e de significado simples. Abrange todos nós que conhecemos a verdade por trás da penumbra da sociedade humana: Vampiros, bruxas, metamorfos …

    Enfim, essa história teve início meses atrás e logo que voltamos do enterro de meu estimado Kieram.  Lembram-se da caixa de Suellen? Pois então, cerca de duas noites depois eu recebi um telefonema de um cara até então desconhecido e que se dizia discípulo do falecido mago. No telefonema ele foi breve e disse apenas que gostaria de marcar um encontro para nos conhecermos.

    Naquela mesma noite liguei para meu pupilo (Sebastian) e ele tomou a liberdade de resolver tudo, definindo inclusive um local público e seguro. Tendo em vista, o fato de que não é sempre que nos contatam em números exclusivos aos membros do clã, tal preocupação se fez importantíssima. Naquele mesma noite ele foi ao meu encontro e combinamos algumas ações e reações para evitar imprevistos.

    22:10 estávamos no local marcado e fazia 10 minutos que o cidadão estava atrasado. Como não sou muito paciente com horários eu resolvi ir para o terraço e praticar aquela famosa “esticadinha nas pernas”. No meio das escadas eu esbarrei num sujeito  com quase meu tamanho, um pouco mais forte, feições europeias e que descia correndo. Apesar dele não emitir qualquer tipo de energia sobrenatural, os seus grandes olhos verdes e olhar penetrante me chamaram a atenção, a ponto de não reparar em sua voz grave e no rápido pedido de desculpas.

    Eu mal havia posto os pés no terraço e estava a ponto de queimar um pouco de essência de menta em meu cigarro eletrônico, quando sinto o smartphone vibrando no bolso. – Herr, nosso convidado chegou – Disse-me o afoito Sebastian. No mesmo instante voltei para o salão e lá estava o sujeito da escada…

    Durante alguns minutos ele confirmou sua ligação com Kieran, revelou momentos e situações muito íntimas do velho mago e aquilo me pareceu suficiente para que nos retirássemos para um lugar sem eventuais “ouvidos nas paredes”. Chamei Sebastian para um canto e ele também compartilhou de minha opinião, confesso que inicialmente o sentimento que vinha a minha mente era de que tínhamos diante de nós uma espécie de órfão. Alguém, que independente dos poderes, estava precisando mesmo de um ombro amigo.

    Instantes depois a conversa foi retomada num dos meus refúgios e lá veio a revelação: Estávamos diante um trunfo de Gaia, alguém que havia fugido a todas as regras e se revelou como sendo um “mago-vampiro”.

  • Hadrian Shaw, o mago vampiro

    Hadrian Shaw, o mago vampiro

    Kieran me disse que eu deveria ter um diário, e nele relatar todas as minhas experiências. Disse que eu estava predestinado a mudar tudo, só não sabia se isso seria bom ou ruim… Bem, já aprendi que não ouvir seus conselhos, pode trazer consequências terríveis, vou tentar me lembrar de tudo que já vivi!

    Meu nome é Hadrian Shaw, ou pelo menos até aquele dia este foi meu nome… Nasci no ano de 1713, na pequena cidade de Luton. Passei grande parte da infância atolado nos mais variados livros… Meu pai sempre dizia que o estudo rígido, era importante, por mais estranho que fosse o tema. Os anos foram passando e tudo continuava inalterado, nossa casa vivia sempre cheia de visitas, meus pais gostavam muito de fazer jantares para receber alguns amigos. Alguns eram intrigantes, outros muito atenciosos, lembro-me bem de Kieran, em todas as visitas ele fazia questão de conversar comigo por algum tempo, interessado em meus estudos sempre me contava historias de bruxas, monstros e outras fantasias… Hoje eu sei que ele estava me testando e me preparando para o que estava por vir!

    Quando completei meu décimo aniversario alguns fenômenos estranhos passaram a ocorrer. No início eram raros, e eu cheguei a pensar ser fruto da minha imaginação, mas a frequência começou a aumentar e os outros perceberam. Lembro como se fosse ontem quando meu pai me abraçou, e com lagrimas nos olhos disse que havia chego o dia, e que eu não deveria temer nada, que logo Kieran estaria chegando e que tudo ficaria bem. A chegada de Kieran era esperada, e para minha surpresa minhas coisas estavam prontas para a viagem, cheguei a me sentir rejeitado, pois pareciam estar se livrando de um peso… Mas com o passar do tempo, e os ensinamentos de Kieran eu pude entender tudo, pude ver o que causava medo em meus pais, e tive a chance de voltar até minha família, me desculpar por meus pensamentos, e agradecer por terem me colocado no caminho.

    O treinamento…

    Eu me esforcei nos ensinamentos de Kieran, em pouco tempo me tornei seu discípulo mais brilhante, minhas habilidades e poder cresciam a cada dia. Quando cheguei aos 18 anos Kieran disse que havia chego a hora, a hora em que eu deveria escolher meu caminho… Explicou, que os maiores Magistas precisavam escolher tornar-se mestres ou viver a sombra de seus mentores, e que eu não poderia fazer esta escolha, pois ele não permitiria que seu pupilo apagasse a própria luz. E dei inicio a minha jornada pelo mundo, em busca de conhecimentos e experiências que não encontraria em Londres. Em minhas andanças deparei-me com os mais variados tipos de despertos, Wairwulf, Wampir outros Magistas e algumas outras criaturas que nem estavam nos livros… Mas foi em Berlin que encontrei algo de extremo valor, seu nome era Dana!

    Dana era uma joia rara, capaz de tirar qualquer um de seu caminho… Longos cabelos da cor do sol, olhos tão verdes que deixariam até mesmo as safiras com inveja. Porém eu não fui o único a deixar meu caminho! Sem que Dana ou mesmo eu percebêssemos, olhos famintos a observavam. Aproximei-me de Dana, e logo que nossos olhares se cruzaram ficamos congelados por segundos, que pareceram ser minutos, horas, décadas… Tentei falar algo, mas pela primeira vez em minha vida minha língua afiada me traíra, sem conseguir falar peguei em sua mão e pude notar um lindo sorriso se formando em seu rosto, e ali teve inicio uma nova fase de minha história. Porem nosso observador também tinha planos que iriam causar muito sofrimento a todos, mas por hora ele não se mostrou, devia ter notado o que eu era e decidiu agir com cuidado.

    Não demorou muito para que nos envolvêssemos, Dana e eu, ela decidiu largar tudo e me acompanhar em minhas viagens e eu expliquei a ela que tudo que ela conhecia iria mudar, e aceitou sem pensar. Estava tudo tão maravilhoso que eu com minha juventude e inexperiência não percebi que um Wampir estava nos seguindo, e esperando o melhor momento para atacar.

    O inicio da agonia…

    Falei a Dana que eu precisava sair da cidade para praticar um pouco, e que não era seguro ela me acompanhar, a deixei em uma estalagem a qual estávamos hospedados e me dirigi à floresta, em minhas praticas acabei perdendo a hora e a noite caiu. Já haviam passado das 22h quando voltei à realidade, brincar com o tempo pode ser uma pratica muito arriscada… Recolhi as minhas coisas, e apressei o passo para encontrar Dana, mas tudo que encontrei em nosso quarto foram roupas rasgadas, um pouco de sangue e a janela aberta. Minha respiração ficou acelerada, minha mente entrou no caos, pela primeira vez em muito tempo eu não sabia o que fazer. Com os olhos cheios de lagrimas clamei pelo nome de Kieran, e ele pode me ouvir… O vento soprou em meu ouvido “Wampir”, e uma segunda lufada de vento “procure o sangue no vento”. Concentrei-me por instantes, colocando a mente em ordem e pensando na mensagem enviada, e finalmente entendi, invoquei o vento e o fiz me guiar ao cheiro de sangue estranho que exala dos Wampir. O vento me guiou ao cheiro, mas chegando lá encontrei apenas Dana inconsciente, o maldito a havia transformado e fugido, até os dias de hoje não consegui descobrir a identidade do maldito Wampir.

    Estava claro que eu precisava de ajuda, eu precisava de respostas e não podia deixar Dana neste estado, juntamos nossas coisas e fomos para Londres sempre viajando a noite e eu tratava de esconder Dana durante o dia para protegê-la do sol. O pior foi a fome, ela precisava de sangue e não aceitava o fato de beber de humanos… Fomos o mais rápido possível atrás de Kieran, pois se houvesse alguma forma de reverter isso, ele seria a única pessoa que poderia me responder. Seus estudos do sangue nunca foram segredo para mim, mas confesso que nunca prenderam minha atenção. Então, depois de uma longa jornada enfim chegamos a Londres e fomos de encontro a Kieran.

    O erro…

    Contamos toda a história a Kieran, e após ouvir tudo atentamente em silencio, ele nos disse que não havia meios de reverter o que estava feito. Dana caiu em pranto e ao ver sua reação não pude aceitar as palavras de Kieran, questionei sobre sua pesquisa do sangue, que devia haver alguma forma de arrancarmos a maldição dos Wampir de Dana. Sua resposta foi fria e clara “A existência dos Wampir, assim como a nossa é obra dos deuses… E ninguém pode desfazer o toque de um deus, nem Wampir, Wairwulf, ou Magista”. Não aceitei esta resposta, e ouvi as seguintes palavras “Já fiz uma escolha por você minha criança, não posso escolher novamente. Se quer usar minhas pesquisas, vá em frente, mas se tentar desfazer a criação de um deus vai acabar morrendo”.

    Passei dias estudando a pesquisa de Kieran sobre o sangue dos despertos, e cheguei a conclusão de que poderia curar Dana modificando um ritual de purificação de água com algumas alterações para fazer isso em sangue, nossa primeira tentativa foi um fracasso… Parecia que realmente Kieran estava certo, eu não tinha poder para desfazer o que um deus fez. Foi então que tive a ideia mais idiota de todas… “Eu não precisava purificar o sangue, bastava eu tirar todo o sangue de Wampir e colocar nela sangue humano limpo”. Estava tudo certo, o ritual que iria tirar o sangue e colocar o sangue novo estava preparado, demos inicio ao processo… Estava tudo funcionando, o sangue novo estava entrando no corpo de Dana enquanto o sangue Wampir começava a sair, porém ao invés de sair do corpo dela e escoar pelo chão, algo deu errado. Ele começou a vir em minha direção e sem que eu tivesse tempo de fazer algo, aquilo começou a entrar em mimatravés de meus poros. Uma dor terrível se espalhou por todo o meu corpo era como se eu estivesse morrendo por dentro, a dor foi tanta que não pude conter um grito, e após o grito chamas brotaram de todas às partes do salão consumindo tudo inclusive o corpo de Dana, um pouco antes de restar apenas cinzas de seu corpo houve uma explosão e perdi minha consciência.

    O segundo despertar…

    Quando recobrei a consciência a primeira coisa que fiz foi percorrer a sala em busca de Dana, mas nem sinal de seu corpo… Passei a olhar a minha volta e não havia nada queimado, estava escuro, mas estranhamente eu conseguia ver perfeitamente… Minha mente encheu-se de perguntas “Onde eu estou? Que fome é essa que estou sentindo?” Caminhei até a porta e ao abri-la deparei-me com um grande salão, um lugar bem conhecido, estava no local de treinamentos de Kieran… Passei a chama-lo incessantemente, precisava de respostas, no entanto ele não apareceu. Depois de um tempo uma porta se abriu e pude ver um rosto familiar, era Kaleb um dos pupilos de Kieran eu sabia quem era ele mas algo estava errado, a ultima vez que nos encontramos ele tinha apenas 15 anos agora era um homem adulto que já ostentava seus primeiros fios de cabelos brancos. Kaleb, o que esta acontecendo? Onde esta Kieran? Ele se aproximou de mim e abriu os braços oferecendo um abraço, aguardamos por muito tempo seu despertar Hadrian, finalmente a tarefa de zelar por seu sono teve um fim, e foi uma longa tarefa de 50 anos. Fiquei horrorizado com a revelação olhei para minhas mãos e então entendi tudo, eu fora punido pelos deuses com aquilo que tentei desfazer… Kaleb, e D… e pude ver seu semblante pesaroso apenas fazendo não com a cabeça. Me leve até Kieran…

    O reencontro com Kieran foi devastador, seu olhar de tristeza mostrava o quanto ele desaprovara minhas ações, porem acabei descobrindo que também havia culpa naquele olhar. Naquele mesmo dia soube o que havia me tornado algo que até aquele momento nunca havia existido, ou era desconhecido para ele… Segundo as explicações eu continuava sendo um Magista, mas agora era também um Wampir, o estranho é que eu não conseguia mais manifestar meus poderes, e Kieran me explicou que isso ocorria pois eu precisaria aprender a controlar a minha nova essência e isso seria trabalhoso, pois até mesmo ele desconhecia como… Os anos foram se passando 1, 5, 10, 20 anos e a maioria das tentativas eram falhas, o Maximo que eu conseguia manifestar deixaria um recém desperto envergonhado, varias e varias vezes pensei em desistir e aceitar que era um Wampir e nada mais, porem Kieran nunca me permitiu isso! As coisas só começaram a finalmente mudar no ano de 1841, quando Kieran retornou de uma viagem e disse ter encontrado respostas que ajudariam a entender a controlar meus poderes. Levei mais 20 anos praticando com Kieran para finalmente conseguir dominar por completo os poderes Magistas somados ao Wampir.

    A promessa…

    Quando finalmente meu treinamento estava completo, Kieran veio até mim com um ar de preocupação. “Meu garoto, com o passar dos dias pude perceber o quão terrível pode ser a mistura dos poderes que você acidentalmente fez, estavas tão compenetrado em aprender a controlar, que nem percebeu que superou meus poderes a mais de 3 anos. Acredito que isso pode ser recriado, e por isso você precisa prometer que nunca vai revelar a ninguém isso. Se algum dia alguém descobrir você precisa fazer com que esqueça, ou deixa a existência.” Um dia o que você fez vai mudar tudo, apenas não sei ainda se para melhor ou pior. Até lá continue estudando o sangue para entender com exatidão o que ocorreu. Andei pelo mundo por mais 40 anos no ano 1900 já havia encontrado as respostas a todas as minhas perguntas… Descobri onde falhei, e descobri que Wampir, Magista ou Wairwulf não é uma doença que possa ser curada. É uma condição que pode ser no máximo controlada. Porém da mesma forma que ocorreu comigo, é possível brincar de deus e misturar as linhagens, mas os riscos são grandes. Até hoje sei da existência de um clã Wampir amigos de Kieran que conseguiram misturar a linhagem com Wairwulf, mas nunca alguém que tenha misturado às três.

    Tempo de descanso…

    Retornei a Londres e fui ao templo de Kieran, contei a ele minhas descobertas e minhas suspeitas, compartilhamos nossos estudos e então revelei a ele meu desejo… “Meu mentor e amigo, hoje entendo meus erros e meus pecados. Porem já estou vagando há muito tempo e decidi dormir para esperar um outro tempo, em que eu não seja uma ameaça tão grande para a ordem natural das coisas. Em suas mão deixo minhas descobertas, e meus sonhos. Porém darei lhe um fardo também… Farei um ritual que vai ligar nossas essências, meu despertar só será possível com a sua vontade, ou se algo lhe acontecer.” Me despedi de muitos amigos que viviam entre aquelas paredes e me entreguei ao torpor no ano de 1901.

    Sono interrompido!

    Pouco a pouco começo a recobrar a consciência… O que esta acontecendo, Kieran não clamou por meu despertar, mas sua energia está tão fraca, o que esta acontecendo? Já recobrei a consciência, mas ainda não consigo controlar meu corpo, espere velho amigo, você nunca me deixou desistir e fará isso agora?

    Só consegui recobrar o controle de meu corpo fraco desprovido de sangue depois de alguns dias da energia de Kieran já ter se dissipado por completo, tenho que descobrir que mal levou sua vida!

  • A morte de um mago – 1 de 2

    A morte de um mago – 1 de 2

    Boa noite senhoritas e seres masculinos, antes de tudo peço desculpas por minha ausência no blog, no entanto, ao lerem o texto abaixo entenderão o por que…

    Meu smartphone tocou logo depois que o sol se pôs e enquanto eu ainda estava naquele profundo sono dos mortos. Três toques, atendi, mas de inicio foram apenas alguns ruídos produzidos pelas falhas do sinal. No entanto, depois de alguns instantes enfim surge a voz baixa e desanimada de Franz, que sem saber como me falar direito, preferiu não se enrolar e deu a tão aguardada notícia: O grande Kieran havia encontrado sua morte final…
    Emoções e sentimentos sempre são dificílimos de traduzir em simples palavras. Como podia alguém com todo seu poder sucumbir a um simples câncer de pulmão? O que faria eu quando visse seu corpo inerte em seu santuário, sendo ele um dos poucos seres que ainda possuía certa ligação com a magia de minha amada Suellen?
    Foram muitas as indagações que me fiz durante toda a viagem até a Europa. 16 horas naquele maldito compartimento de cargas, escondido de tudo e de todos. Até que finalmente em terras londrinas, sai rapidamente daquele lugar em forma de névoa. Tratei imediatamente de alugar um carro num dos guichês do estacionamento e parti o mais rápido que pude para o ritual de passagem.
    Pouco mais de uma hora até o santuário e finalmente vejo um lugar diferente. Pode parecer uma desconfortada impressão pessoal, mas aquele lugar havia perdido o encanto. As arvores que eram muito floridas no verão, pareciam moribundas como no pior dos invernos. Apesar disso fiquei impressionado com a quantidade de “celebridades” que vieram velar o corpo do grande arcano. Inclusive Achaïkos, o antigo mestre e patriarca do clã de Suellen, que não aparecia em publico a muitas décadas e não poderia deixar de dar um até logo à alma de um dos seus maiores aliados.
    Logo que cheguei Georg veio ao meio encontro, mas antes que fizéssemos aquele longo roteiro de cumprimentos e formalidades eu preferi me despedir de Kieran. Então, aproximei-me do simples altar em que seu corpo fora colocado e fiz o que chamo de meditação. Alguns de vocês sabem que acredito em algumas divindades e na continuidade da vida depois da passagem, então tratei de meditar na intenção de que aquela boa alma vagasse pelos melhores caminhos.
    Depois de alguns minutos ali parado, sinto uma presença, porém olho para os lados e todos os outros estavam fisicamente longe de mim. Todavia, antes que eu pudesse fazer qualquer outro tipo de investigação sobre tal sentimento, um dos discípulos do grande mestre nos convida para a cerimônia final.
    Sentamos-nos todos de frente para o altar e o mesmo discípulo que nos chamou, iniciou os ritos. Eu nunca havia visto o ritual de passagem de um grande magista e sinceramente esperava algo pomposo e cheio de detalhes. No entanto, ao som de Tom Petty, na clássica Free Fallin, fomos todos surpreendidos pelas palavras do discípulo, num inglês extremamente informal:
    “Em toda sua vida, Kieran perseguiu as coisas simples da vida. Sempre nos indicou os caminhos práticos e que levassem de imediato a nossas intenções. Portanto, repeitaremos sua nobre vida e desejo, afim de que sua passagem fosse feita sem os ritos tradicionais”.
    Ao fim destas palavras iniciou-se um breve “murmúrio” entre os convidados, porém isso terminou quando o discípulo iniciou abertamente a leitura do testamento. Além disso, lembro que apesar do lugar ser grande, eram poucos os convidados e havia por ali no máximo umas 60 pessoas.
    Não posso citar tudo o que foi falado durante aquela leitura, porém o importante desta história é que também recebi algo, na tal partilha de herança. Fui agraciado com uma caixa de madeira marrom escura e toda entalhada com “kajis” japoneses. Ela estava muito bem selada aos moldes herméticos magistas, no qual somente o dono poderia abrir. Confesso que fiquei muito curioso para abrir, mas respeitei as palavras do discípulo e deixei para o final do rito toda e qualquer emoção que envolvesse tal “presente”.
    Depois de tal partilha, que levou entre uma e duas horas, o ritual prosseguiu. As músicas continuaram no mesmo ritmo “rock” de antes e inclusive se não me engano, no momento em que o ritual de passagem foi retomado tocava algo do Deep Purple…

  • Foi a vez da caça! Parte 2

    Foi a vez da caça! Parte 2

    Por que ele está me olhando?
    Por que ainda não virou a besta no qual eles sempre se transformam?
    Ele tem cheiro de peludo, mas não parece um?

    Tantos porquês em tão poucos segundos… Se não fosse minha velocidade avantajada acredito que eu seria uma presa fácil por ficar tanto tempo pensando antes de agir de verdade.

    Em meio a tantos questionamentos a sobrevivência sempre fala mais alto. Então saquei as duas pistolas e rolei para cômodo a frente, enquanto via a criatura correr escada a cima em direção ao segundo andar. O bom é que ele correu na velocidade normal de um humano e isso me deixou um pouco mais tranqüilo.

    O cheiro de lupino sempre incomoda e alguns vampiros mais sensíveis até ficam atordoados, mas esse não é o meu caso. O meu ódio por eles é tão grande que meu demônio até se sente excitado com o maldito odor satânico exalado por suas glândulas.

    Subi então as escadas e para o meu azar lá estava a fera encarnada, com seu lado canino bestial aflorado. Agora o olhar dele era diferente, o fedor de carne podre misturado com o suor havia aumentado e parecia que aguardava minha iniciativa. Nos poucos segundos conseqüentes minhas pistolas automáticas fuzilaram o corpo do infeliz.

    Acontece que para minha surpresa as balas atravessaram o seu corpo e redecoraram a parede as suas costas. Nesse momento outros porquês vieram a minha mente e antes que eu pudesse emitir alguma outra ação eu sinto a dor e o calor de um tiro de escopeta em minha perda direita. Isso me faz cair vendo ao longe e por trás da ilusão o maldito cara do sofá.

    Nessas horas costumo dizer que o meu demônio assume e é ele que guia a nossa salvação. Os meus caninos afloraram e como um animal feroz que fora cutucado saltei em uma das paredes agarrando o reboco como se fosse um pedaço espuma. Enquanto ele atirava novamente e errava eu saltei para o chão e de lá saltei em sua direção. Com o peso do meu corpo lhe derrubei e tentei morde-lo mas não consegui, pois ele segurou minha boca com a arma. Rolamos então para perto de uma cama e lá eu consegui segura-lo… Maldito magista, achou que iria me enganar com a ilusão daquele peludo? E lhe dei um tapa corretivo com as costas da mão…
    Ele cuspiu sangue em mim e antes que pronunciasse algo a sede me consumiu e lhe dei a morte final como presente, pois merecia ao menos um pouco de sofrimento por tudo que havia aprontado.

    Tantos barulhos chamaram atenção da vizinhança e não tive outra escolha senão a de por fogo no local para eliminar tanta sujeira. Por causa do tiro que havia levado eu me aproximei meio manco de uma das janelas que dava para frente da casa e percebi três ou quatro indivíduos. Sendo que um deles já estava com o telefone no ouvido, falando provavelmente com a policia.

    Essa era minha hora de ir ou os problemas aumentariam. Pulei então para o quintal e pelos fundos das casas cheguei até o terreno que havia deixado a moto. Lá eu rasguei minha camiseta e com ela estanquei um pouco o sangue da perna para logo em seguida voltar para o meu lar doce lar.

    Obviamente a festinha me gerou alguns problemas. A Beth limpou e cuidou do ferimento, mas a minha regeneração fez o trabalho que precisava para que em um dia eu voltasse ao normal. Mesmo assim ela ficou brava e passou os próximos dois dias na casa de uma amiga.

    Alem disso, meu cunhado me ligou puto um dia desses:
    – Cara não sei o que houve lá, mas eu to me fudendo. Os caras tão querendo investigar o sangue que foi achado fora da casa. A mana me disse que tu foi ferido, porra veio que que eu faço?
    – Relaxa se forem analisar o sangue Irão ver que é o sangue daquele babaca… Eu fiz besteira, sei que não devia ter usado as pistolas, mas o cara não era um humano normal e uma outra hora te falo o que houve…
    – Véio vou resolver esses teus pepino depois te mando a conta, pelo menos a mulher e o guri se livraram daquele traste.

    E ele desligou na minha cara, nada como um pouco de amor familiar para se resolver as questões mais cabeludas.

    O que eu aprendi? Bom, vou ficar um tempo usando as bolsas de sangue, pelo menos até a poeira baixar e vou em busca de armas mais silenciosas pois ultimamente estou levando muito azar, quem sabe praticar um pouco de esgrima ou até mesmo voltar a estudar o Kenjutsu…