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  • Uma amizade improvável pt 1

    Uma amizade improvável pt 1

    Você não pode me sentir, não
    Como te sinto
    Eu não posso roubar você, não
    Como você me roubou”

    Incrível como o tempo passa rápido, como as pessoas mudam com pressa, como a confiança é mãe de várias faces. Eu ando mais tranquila, mais amena, não fico procurando mais “sarna” pra me coçar, é assim que falam não?! Mas é quando estamos mais em paz, é que aparece alguém pra mexer com a cabeça, pra estragar todo aquele mito sobre ficar “de boa” que tantos falam.

    Sabe a última coisa que eu precisava agora era ter algo assim, algo pra me tirar do sério, mas enfim, nem tudo é como a gente quer. Se fosse assim maioria iria ser feliz e não encheria tanto um o saco do outro com coisas banais da vida. Pois bem, gente feliz não enche o saco alheio né, e isso me faz acreditar que o mundo é  um lugar repleto de tristeza ultimamente.

    Mas deixando meus devaneios de lado e dando um ponta pé no que quero contar, a merda toda é que eu conheci alguém, aliás, alguém me achou em meio ao caos moderno e algo começou, detalhe é que eu nem sei o que começou, mas sei que deve dar alguma coisa daqui pra frente.

    Era uma noite normal entre minhas saídas com Steven pelo vale da morte, em nossas buscas por algum tipo de distração, que ele comentou algo sobre conhecer os amigos dele, alguns que pertenciam ao mesmo sobrenatural que nós, eu fiquei cismada mas fui mesmo assim, afinal precisava sair deste circulo viciosos de amizades e amores não correspondidos que eu havia me metido.

    Quando chegamos no local, uma cabana ao velho estilo country, algo aparentemente lindo e com uma iluminação  rústica que encantaria o olhar de qualquer um aparecia na minha frente. Senti vários tipos de presenças, todas eram novidades aos meus sentidos, estava ansiosa, curiosa e alerta, confesso, mas isto não me impediu de entrar e admirar alguns seres que me acolheram bem, eram divertidos, agradáveis, não tinham drama, apenas eram como eu, como Steven que estava lá comigo, Becky, Ferdinand, aliás saudades deles, mas a vida segue né.

    Steven me apresentou ao James um vampiro com rosto de vinte anos, mas a idade e sabedoria de um ancião, me apresentou ao Charles, um antigo Lican inglês, que me divertiu com seu sotaque e algumas brincadeiras a respeito dos vampiros, algo descontraído. Quando me dei por conta outra presença vinha em nossa direção, vampiresca obviamente, mas me deixou de certa forma bem serena – Quer dizer que você é a Lilian de que todos falam? Imaginei que fosse alta, mas não tanto! – assim que virei me deparei com uma bela vampira, deveria ter seus 1,60 de altura, cabelos longos, escuros, olhos castanhos claro, bem claros, um rosto de menina, sorriso misterioso, já falei como eu adoro um mistério?”

    Olhei para a pequena e atraente vampira, uma mistura de inocência e atrevimento, combinados com mistério, gostei do que vi, por mais que precisasse controlar minhas feições de divertimento – E você quem seria? Não tive o prazer de ouvir a teu respeito – olhei ela, a mesma saiu do modo confiante para o modo “envergonhada pra cacete” – Sou Kate, prazer Lilian! Confesso que no fundo estava curiosa em conhecer você – não tenham dúvidas que me diverti com a vergonha que Kate se apresentava agora – Pois bem Kate, aqui estou – dei uma piscada de leve e agora ela abaixava a cabeça como se quisesse esconder o vermelho inexistente de seu rosto – Kate, eu achei que iria gostar de conhecer a minha delicia chamada Lilian. Afinal ela adora uma boa conversa, algo inteligente desprovido de assuntos banais e mundanos. Vou deixar vocês trocarem informações de menininhas e vou encher a minha caneca com cerveja, muita cerveja para sua inveja Lili! Eu posso e você não!” – Steven me deu um selinho brincalhão e um beijo no rosto da Kate, saiu de lá e foi ao encontro do seu amor, da paixão dele, o Barril de cerveja, o que dizer além do que, ” seja feliz meu amigo!”

    Kate me direcionou até a sacada daquele lugar, onde pude acender um cigarro e olhar para o horizonte, sem encarar muito a vampira e não deixa-la desconfortável, a mesma sentou no banco ao meu lado e tomou uma taça de sangue, me ofereceu mas recusei, afinal eu jantei antes de ir para lá – Está alimentada acredito… – Perguntou ela ajustando o casado preto que cobria algo que parecia ser uma camiseta do Metalica – Então curte rock? Desculpe não pude deixar de reparar, sou fã deste estilo musical – Estiquei as pernas em cima de uma mesa de centro a nossa frente enquanto ela agora olhava para o celular – Adoro na verdade, essas modinhas de hoje me dão nos nervos… – achei engraçado a indignação dela, mas mantive a compostura, ela parecia ficar sem graça com muita facilidade – Temos isto em comum então… – respondi em tom de dúvida e ela me surpreendeu – Temos muitas coisas em comum Lilian… –

    Não sei se era o cigarro, se era meu modo educado ativado, mas no fundo não entendi a indireta dela, apenas a olhei em dúvida e ela apenas piscou de volta e foi em direção a porta – Vai ficar ai ou vai entrar? – disse ela abrindo a porta, decidi que seria melhor entrar e de alguma forma tirar mais coisas a respeito dela… Kate despertou algo em mim e definitivamente eu vou descobrir o que é, e ainda mais agora que disse que temos tanto em comum, devo estar desinformada ou ela esconde algo e eu vou descobrir, isso é inevitável.

    Depois de Jesus e Rock N Roll
    Não conseguiram salvar a minha alma imoral, bem
    Eu não tenho nada
    Eu não tenho nada a perder

  • Lilian à Reunião – Pt5

    Lilian à Reunião – Pt5

    “Since I met you I’ve been crazy, since I’ve been with you I’ve been lost.You make everything see hazy, love comes with such a cos… Follow me down to the river,drink while the water is clean.Follow me down to the river tonight. I’ll be down here on my knees!

    “Lilian?”, uma voz bem familiar me chamou do outro lado da linha, reconheceria aquela voz de longe, “Becky, e ai como está?”, “Estou bem minha querida… E você? Soube que está fora, alias raramente te encontro no mesmo lugar!”, “Saudades? Rs”, ” Talvez, quem sabe… Hahaha!”, “Em que posso ser útil Becky?”,  “Estou seguindo para os EUA!”, ” Opa pra onde?”, “Tua terra gata!”, “Onde eu te pego?”, “Na sua moto cabem duas pessoas?”,” Não, mas tenho um querido irmão vindo atrás de mim que adoraria levar a outra amiga, se for mulher claro! kkkk”, “Então tudo certo, passo o horário certo e o local!”, “Vou resolver um assunto pendente esta noite e nos vemos amanhã logo que anoitecer! Até Becky!”, “Até Lili! Não aja muito loucamente, ok?”, “Não prometo nada!”…

    Enquanto eu estava encostada na moto esperando o Daniel e a Ana li, fiquei repassando tudo o que faria com aquele cretino do Pierre… Mas antes vamos retomar um pouco desta confusão; por todos estes anos (porque cai aqui entre nós, não foram poucos) eu fiquei sem descobrir nada sobre essa “maracutaia”,”farsa”, “falta de vergonha na cara”, chamem do que quiser, que o Trevor veio escondendo de mim… Ai eu paro e me pergunto, como? Pra que? Porque? O cara falou que o outro foi expulso e recluso para longe da Ordem jurado de morte se aparecesse por perto, que um dia eu iria me vingar do cretino que só me fudeu e agora eu descubro que o Trevor fez o favor de deixar o Pierre “vivo”, ter um negócio lucrativo com ele, deixou o cara por perto da minha mãe por alguns anos, me treinou pra matar o então “sócio” dele, se “apaixonou” por mim, tivemos basicamente um casamento de uma vida humana, pra descobrir agora que ele não vale o que bebe…….

    Puta que o pario!!!!! Que confusão do cacete, se pra mim está difícil de juntar o tico e o teco desta história, imagina pra quem está lendo isso aqui…. Enfim, vamos continuar, agora o que eu faria? Eis a questão né?! Quem pouco me conhece sabe muito bem que eu não deixaria pedra sobre pedra, até conseguir acabar com Pierre e por tudo dar uma lição no Trevor.

    Meu querido irmão Daniel e minha muito amiga Ana li, me seguiram logo que eu sai praguejando de perto do Trevor. Daniel me ligou e pediu minha localização e estava vindo atrás de mim, ele parecia tão revoltado quanto eu, percebi pela voz dele que ele tinha no minímo falado umas poucas e boas pro Trevor, sem deixar escapar qualquer detalhe do que ele estava pensando na hora.

    Alguns minutos mais tarde, perto das duas da manhã, ele e Ana Li chegam e então me dão um abraço em grupo, tenho que confessar que aquilo me deu uma animada. “Maninha! Cara nem sei o que te falar grandona…”, “Apenas me diz se esta nesta comigo…”, “Sempre Lili, sempre! Na alegria e no punho, lembra?!”, “Lembro, como esquecer? Ana Li?”, “Lili eu sempre sigo pelo correto, pode contar comigo pra chegar naquele ser imundo… Falando nisso, Trevor nos deu as coordenadas pra chegar onde ele fica…”, “Ele deu é? Daniel?”, “Minha sugestão é analisar lá antes de entrar….”, “Sigo da opinião do Daniel Lili…””Então, estamos esperando o que?”

    Liguei a moto e seguimos em direção as coordenadas que o Trevor nos tinha passado, eu sabia que no fundo ele tinha se arrependido ou não queria que nosso relacionamento caísse na merda total… Quando faltavam alguns quilômetros para chegar no local, decidi que era melhor esconder as motos e seguir a pé.

    Sabe a sensação que você tem de que vai dar algo errado? Pois é, eu estava com essa sensação… Quanto mais perto do local, mais perto de dar merda… E ai o que você faz? No meu caso, eu continuo e ai eu vejo o que fazer, por que vamos ser honestos, neste tipo de situação não dá pra ficar de esquemas mirabolantes e táticas bem planejadas, as vezes em alguns momentos da vida a gente tem que chutar o balde, bater no peito e cair pra dentro do que der e vier. Se eu desse uma bobeada o Pierre sumiria mais uma vez pra Nárnia ou pra Terra do Nunca e eu ficaria mais alguns anos atrás dele… Não né! Se você tem a chance, agarra e vai! Sem medo, coragem e persistência são atitudes que ajudam e muito em algumas situações!

    “Lili, é ali!”, falou Ana Li em um tom baixo. Olhei o terreno, senti as presenças e ou era bom demais pra ser verdade, ou era uma armadilha, sabe-se lá se aquele louco da montanha não tinha algum tipo de guarda pessoal que ficava andando pela região…. Vai saber né, daquele insano eu espero qualquer coisa!

  • Lilian à Reunião – Pt2

    Lilian à Reunião – Pt2

     

    ” Eu vou te fazer implorar por isso! Pedir por isso! Até que você sinta que vive por isso… Eu quero lhe ver obcecado, que acorde e durma pensando nisto! Até que eu lhe tire cada membro… Que você dê um passo a frente e veja que não tem nada além de mim lhe esperando. Agora o seu tempo é meu, acredite! Por que  oque tivemos foi atração mortal e agora eu quero tudo e você não terá nada!”

    Sentada em minha varanda, querendo abstrair tudo que me falaram alguns minutos atrás, fumei um cigarro tentando de alguma forma uma solução para meu mais novo problema, afinal minha vida é uma eterna “aventura”, para minha alegria… ¬¬’ “Lili?”, lá estava ele em toda sua glória masculina que mexia comigo por mais que eu negue, ” Trevor, em que posso ser útil?”, “Acho que sou eu quem deveria lhe perguntar isso…”, tentei esconder a minha frustração, mas a merda é que ele me conhece tão bem que mesmo se eu quisesse mentir ele saberia que era mentira, ” O que quer que eu fale T? Vocês me aparecem com essa noticia boa e cheia de ótimas recordações! Me desculpe se não estou lá na sala fazendo uma festa!”. Senti aquelas mãos familiares tocarem minhas costas  e seguirem até a altura do meu pescoço, ” Eu queria lhe dar uma noticia boa todo santo dia Lili, mas sabe que as coisas não são bem assim! E acima de tudo eu confio em você e sei que vai conseguir fazer o seu melhor e trará excelentes resultados”.

    Com um beijo em minha testa Trevor foi embora antes que amanhecesse, já eu entrei em meu quarto e deitei na cama esperando que aquilo fosse de alguma forma me confortar, “Cada dia que passa as assombrações só aumentam! Eu realmente preciso de umas férias”. Adormeci depois de alguns minutos pensando como seria minha noite seguinte.

    “Acorda dorminhoca, hora de levantar!” Ao abrir os olhos me deparo com Dani já vestido e com uma mochila nas costas, “Posso saber aonde você vai?”, perguntei ao me levantar e começar a procurar algumas roupas no armário “Acho que sair em uma longa aventura com minha irmã querida!”, senti os olhos carinhosos do meu irmão descansarem sobre mim, parei de remexer entre os montes de roupas e me voltei para Dani, lhe dei um longo abraço e sei que ele sorriu, “Você realmente achou que eu deixaria você ir sozinha? Claro que não!” sai dos fortes braços do Dani e o olhei em dúvida ” Você será capaz de destruir ele, sem sombra de dúvidas! Mas não espere que ele esteja esperando sozinho!”

    Tudo que meu irmão me falou fazia sentido, ir sozinha seria arriscado, ter ele ao meu lado apenas me ajudaria. Tratei de fazer uma mochila, me troquei com as minhas roupas normais e me encontrei na garagem com Dani, de lá iriamos pegar um avião seguindo para o nosso primeiro destino, seria uma longa busca. Para nós vampiros muitas vezes chegar até um determinado destino, mesmo que seja de avião, demoram alguns dias, devido aos horários podemos apenas viajar a noite fazendo escalas entre um país e outro.

    Depois de alguns dias conseguimos chegar na Europa, lá seguimos até uma velha amiga de Michael, conhecida por todos nós como Sra. Mun Na, esta possuía algumas informações a respeito sobre o paradeiro da nossa vítima. O problema é que a Sra. Mun Na, não viva em uma simples casa rodeada de vinte gatos, ela vivia rodeada de seguranças e para chegar até ela deveríamos possuir uma espécie de convite e apenas um poderia entrar.

    Ao chegarmos em uma enorme e bem adornada mansão vitoriana, fomos recebidos por dois seguranças que nos acompanharam até uma grande sala, lá fomos orientados que apenas eu entraria, já que o assunto era à meu respeito, “Apenas a grandona pode entrar!”, falou um dos capangas, olhei para Daniel e disse que tudo bem.

    Segui então até o quarto da antiga senhora, quando entrei lá vi que era uma oriental de idade, traços bem definidos e sem muitas surpresas, haviam gatos por todos os lados, ” Entre minha cara, aqui apenas vai obter o que deseja!”, ao me aproximar mais dela pude ver, olhos tomados pelo negro, não havia nada além de imensas bolas negras no lugar dos olhos, ” Devo perguntar ou não?”, “Jovem vampira, eu não sou uma mera velha, sou serva das trevas e as trevas me mantém neste mundo!”, acho que ela quis dizer Lúcifer ou algo do tipo, mas preferi não perguntar, “Apenas quero saber o que tens para me ajudar Sra. Mun Na…”, com facilidade aquela mulher  levantou da enorme cadeira em que estava e veio em minha direção, segurou meu queixo com uma das mãos e nos olhamos por alguns segundos até que ela finalmente falasse, “Sábio é aquele que procura no óbvio sem deixar que o complicado do mundo o atraia! Pense com o passado e veja o futuro!”

    Sai daquele lugar um tanto atordoada… Porra mas que merda, isso era hora dela me falar poema, cantiga, rima ou o caralho que fosse? Ao me deparar com Dani, ele no mesmo instante percebeu minha frustração, ” E ai como foi? Tudo bem? Descobriu algo? Ela é legal?”, eu apenas segui ele para a saída e não consegui conter a revolta ” Claro! Foi tudo bem! Ela me contou tudo em detalhes enquanto fazíamos tranças uma no cabelo da outra!”, Dani deu risada e continuou andando, ” A Sra. Mun Na falou algumas merdas mistícas, filosóficas que ela retirou de uma bosta de um biscoito da sorte!”.

    Mas que porcaria foi aquela? Cara me fez viajar até aqui pra falar isso? Sério? Se fosse assim era só ir em algum restaurante japonês, comprar a porcaria do biscoito e ler essa jóia rara que ela cuspiu pra mim!

    Enfim, agora vou te de esperar a noite seguinte em algum hotel e filosofar para onde devo seguir… Como se o mundo fosse um lugar pequeno e com escassas opções! É melhor eu sonhar com algo ou essa doida me ligar com informações  além de citações! #OHSHIT!

  • Minha família de Vampiros

    Minha família de Vampiros

    Naquele clima de família reunida no final de ano, com uma criança correndo pelos quatro cantos do lugar e todos jogados no sofá, depois de uma bela noitada. Percebi que Eleonor me olhava de uma forma diferente. Lembrei-me de imediato das épocas em que namorávamos de uma forma séria e de certa forma senti aquela saudade que às vezes aperta o coração. Inclusive, pensei em me levantar e lhe abraçar de uma forma fraternal, mas ela possuía outros planos.

    Não sei se eu estava tão relaxado a ponto de deixar de lado minhas proteções mentais, mas ela foi incisiva por telepatia:

    “Depois que a pequena dormir, eu queria ficar um pouco contigo, estou com saudades. Convenhamos Fê, mal nos vimos neste ano que passou”.

    Eu sorri e lhe mostrei a língua, depois fiz sinal com a cabeça para subirmos aos quartos. Ela apenas sorriu e disse a todos:

    – Gente a noite foi ótima, fazia muito tempo que eu não ficava tão feliz com vocês por perto, mas está na hora dessa mocinha ir dormir.

    A pequena fez um pouco de manhã, não queria sair do colo do tio Franz, mas Eleonor a pegou no colo e subiu. Franz, como sempre, teve de uma piadinha:

    – Nessa horas meu lado paterno aflora… ops passou, vejam só (risos)

    – Eu até me animo também, mas a Pepe e o Sebastian suprem essas minhas necessidades. Por falar nisso H2 por onde anda?

    – Não sei maninho, o liberei no final do ano para fazer o que quisesse. Sabes que gosto desse tipo de reunião, mas ele preferiu fazer alguma espécie de retiro. Acho que ainda não se esqueceu de seu passado como padre. Enfim e vocês dois como anda o casamento?

    Sebastian olhou para Claudia, deu uma risadinha boba e quase nos afogou com tanto amor:

    – Por alguns anos eu cheguei a pensar em dedicar minha eternidade aos livros ou estudos, mas quando encontrei a Claudia. Descobri que o mais importante é ter alguém especial, no qual possamos compartilhar todos os acontecimentos. O casamento foi apenas uma celebração social para vocês, o que importa é que nossas almas foram feitas uma para a outra…

    Ao terminar a frase eles se beijaram e obviamente os mandamos para o quarto, debaixo de muitas piadas e risos. Pepe nos acompanhou nas risadas e piadas. Tive um momento pai, percebendo sua evolução como vampira e antes que ela decidisse ir dormir fiz uma piadinha:

    – A noite inteira tu não comentou nada sobre internet ou teus jogos e afins. Fico feliz que estejas um pouco longe disso.

    – Ah FÊ tenho evitado esse meu vicio, mas já que você tocou no assunto . Está todo mundo indo dormir, acho que vou dar uma olhada nos e-mails tudo bem?

    – Claro minha filha vai la…

    – Então mano, acho que vou subir também…

    – Ah vá maninho, sei muito bem em quarto vai dormir este dia. Só não te esqueças dos nossos negócios na América Latina, se elas forem para lá vamos ter problemas de novo…

    – Ok ok ok…

    Por vezes “Irmãos mais velhos” são um porre, ainda mais se ele for um vampiro igual ao Franz, que tem olhos e ouvido na nuca.  Até pensei no caso dele estar com um pouco de ciúmes, tendo em vista o seu passado com ela, mas em nossas últimas conversas ele não havia mencionado nada. Apenas discutimos alguns assuntos do clã e no que cada um tem feito para a continuidade dos negócios.

    Sem mais delongas subi par ao quarto de Eleonor e lá estava a pequena numa caminha improvisada ao chão, e sobre a cama estava Eleonor impecavelmente deliciosa, trajando apenas uma calcinha minúscula preta. Contrastando com sua pele branquinha e seus cabelos longos negros e sedosos.

    O que falar deste dia? Mordidas, unhadas, sangue, prazer, tesão, apertões, parede, chão, cama, teto… Tudo o que tu possas imaginar que um casal de vampiros possa fazer entre 4 paredes e claro, mais um pouco.

    Acordei apenas na noite seguinte e percebi de imediato que estava sozinho. A respiração e o coração da pequena não ecoavam pelo quarto e Eleonor também não estava do meu lado. Arrumei-me enquanto tentava se lembrar do que havia rolado com Eleonor e apesar de tudo de bom que tivemos foi consumido por uma tremenda sensação de culpa. Jogada na cara de Eleonor assim que a encontrei na sala.

    – Nossa fazia tempo que eu não dormia tanto tempo, acho que desmaiei na verdade.

    – Fê por que tu não ficas conosco um tempo, quem sabe curte a pequena como se fosse tua filha e eu tua mulherzinha…

    Sem um “oi” ou qualquer introdução, ela me jogou aquilo e fui obrigado a lhe responder a altura:

    – Sabes dos meus comprometimentos com o clã, sabes de todo o peso que carrego nas costas e te odeio por levar tanto tempo pensando nisso. Por que não ficasse conosco quando eu te pedi? Tu simplesmente pegou a pequena veio para cá e te isolou. Somos uma família, lembra? Não Eleonor, eu não devia ter ido para tua cama ontem e não posso, pelo menos agora, me dedicar a esse joguinho de “Papai e mamãe”.

    Nesse momento era possível ver algumas lágrimas em seu rosto, lagrimas estas de sangue e que me comoveram de certa forma, mas não o suficiente para conter o que estava “entalado na minha garganta”.

    – Sabes que isso é uma palhaçada e assim como tu me recomendou uma vez eu te peço agora. Não gostarias de hibernar por uns tempos? Por a alma e os pensamentos em ordem? Pensa nisso e me liga que venho correndo ao teu encontro. Só por favor não cai nesse joguinho humano sentimentalista e hipócrita. Somos superiores a tudo isso.

    Ela chorou ainda mais depois de minhas duras palavras e de certa forma parecia ter captado o recado. Não soltou nenhum “piu” e apenas me abraçou forte antes que de eu partisse. Beijei sua testa , dei um beijo na bochecha da pequena e fui ao encontro de Franz no aeroporto.

     

  • Fui traído! E agora? – Final

    Fui traído! E agora? – Final

    Diante as revelações feitas por Franz, que foi a fundo na mente de Débora, ficou claro o que ela havia feito…

    Era uma noite fria e típica de junho no hemisfério sul. Débora se despediu e desligou rapidamente o Skype. Alegou que estava com muito sono e precisava descansar para acordar cedo no dia seguinte e fazer o que eu havia lhe pedido. Porém, aquilo foi uma mentira para se livrar de mim e ir para uma reunião importante com outro acionista da empresa.

    Ela havia se arrumado mais do que o normal, estava altamente sexy de saia curta, blusinha decotada, óculos, salto alto e uma liga preta estilizada por cima de sua pele macia e roseada. Os pensamentos eram nítidos em sua cabeça:

    “Preciso impressioná-los a ponto de que confiem em mim, dessa forma vou conseguir tudo o que quero.”

    15 minutos de taxi e lá estava ela entrando num restaurando badalado da cidade. Muito frequentado por empresários, figurões e até mesmo artistas da cidade. A hostess lhe indicou com facilidade a mesa onde havia três homens muito bem trajados, no qual ela mesma já havia avistado com sua visão aguçada de ghoul. Respirou fundo, ajeitou a sainha e o decote antes de cumprimentá-los.

    A mesa ela percebeu rapidamente que um deles estava cobiçando seu corpo, foram muitos os olhares para seus seu voluptuoso, tanto que os negócios renderam rapidamente.

    – Não vejo problemas em conseguir o que me pediu ainda mais se todos concordarem com o custo de seis zeros…

    Dois deles se entreolharam e consentiram para o terceiro, que desprendeu mais uma bela secada no decote da loira e falou para os demais.

    – Pois bem senhores agora que nos acordamos eu preciso definir alguns detalhes com a senhorita Débora.

    Impreterivelmente os dois homens se retiraram, momento no qual Deb percebeu de relance que o homem a sua frente despejou algo em seu copo. Ela sabia que o home a sua frente desejava o seu corpo, mas sedá-la para conseguir isso seria o cúmulo da idiotice? – Disse a si mesma.

    – Viu o que eu coloquei em teu copo? Isso serve para romper o que tens com teu “cliente”. Basta um gole e o laço será rompido. – Disse o homem, que agora havia mudado seu olhar para algo sombrio e diferente do tarado de antes.

    Débora relembrou dos últimos dias que passou comigo, ponderou por alguns instantes e fingiu que havia bebido. Voltou seu olhar para o homem e lhe disse:

    – Pronto! Agora confias em mim?

    – Sim, venha. Vamos tratar dos reais negócios pelo qual lhe procurei.

    Eles saíram do restaurante, entraram numa limusine onde ela percebeu algo de sobrenatural e andaram pela cidade por mais alguns minutos. No caminho o homem lhe confidenciou sua relação com magia e que queria vingança de mim. Pois, eu havia acabado com sua irmã, a maldita bruxa que matou meu estimado irmão Joseph: http://wp.me/p3vcNH-sQ

    Na sequencia daquela noite ela chegou a se lembrar de nosso laço, porém havia sido corrompida por promessas, falácias e aquilo que ela mais queria em sua vida eu havia lhe negado ao escolher Pepe: O maldito do poder.

    Naquela mesma noite ela foi para o refugio do tal mago e lhe proporcionou tudo o que uma puta cobraria em ouro para fazer. Ao amanhecer ela confidenciou sua real intenção de desfazer nosso laço e sem perceber foi sentenciada a ser a cadelinha daquele infeliz…

    – Nem todos merecem uma segunda chance! Ferdinand ela é toda tua…

    Dois passo a frente e arranquei sua cabeça naquele mesmo lugar. Espalhei seu sangue podre por toda a sala e nos presentes. Franz sorriu, Becky se concentrou e Pepe passou a língua nos lábios.

    – Peçam para algum Ghoul limpar isso. A próxima cabeça que vai rolar é a daquele filho da puta…

    Transformei-me em lobo e passei dois dias e uma noite meditando na floresta da fazenda.

  • A bruxa sumiu – pt11

    A bruxa sumiu – pt11

    Quando você lida com seitas, grupos, clubes, associações, ou como queira chamar determinados indivíduos, que se reúnem de uma forma mais organizada. Certamente, terá uma preocupação a menos: eles próprios vão fazer de tudo para ocultar os cadáveres de seus membros e quaisquer que forem os vestígios deixados durante o evento. Ainda mais por que quem deve, teme!

    Mesmo assim saímos do lugar tentando produzir o mínimo de rastros que nos fosse possível. Fechei a conta no hotel e saímos com o único objetivo de achar um refúgio seguro, lugar no qual encontramos em um cemitério afastado do centro da cidade. Não é de hoje que vampiros escolhem este ambiente para se esconder e todos sabem da ligação intima que temos com covas, caixões ou criptas. Isso não é lenda, basta pensar na tranquilidade e proteção contra o sol, que estes lugares podem proporcionar e longe dos medrosos olhos humanos.

    Montamos um modesto escritório em uma cripta de dois andares e ao final daquela noite revisei meus passos. Pensei em tudo que possivelmente deixei passar despercebido e relacionado à Helen ou sua mãe. Diante dos fatos, escrevi algumas palavras soltas em meu Tablet e resolvi trocar algumas mensagens com Pepe. Disse ela que Eliot não havia encontrado nenhum DNA compatível com aquele dos pelos, que coletamos nas mãos de Helen. No entanto, houve uma revelação interessante o DNA era de uma fêmea. Fato que me fez chamar Hector e H2 para uma reunião do tipo “brainstorming”. Tivemos muitas ideias, mas apenas uma foi definida como plano de ação diante os fatos apresentados.

    Na noite do dia seguinte nos dividimos e cada um teve uma missão. Hector ficou na cripta vigiando nossas cousas enquanto ha2 foi atrás de um terceiro suspeito da seita e eu fui novamente a casa de Helen. Chagando próximo do local estacionei o carro um pouco longe e fui novamente em forma de névoa investigar o lugar, que para minha surpresa estava com as luzes acesas e com aparentemente algumas pessoas dentro.

    Aproximei-me da janela e lá estavam Helen, uma mulher estranha e sua tia, a tal Marie-Arthur. “Vacas!” pensei comigo e apesar da indignação continuei a observação da janela. O lugar estava muito bem arrumado, elas riam e conversavam com a melhor disposição de todas, como se fosse alguma data especial ou comemoração. Neste instante liguei alguns fatos e ao que tudo indicava inclusive pela aparência da terceira mulher, ela provavelmente era a bruxa que sumiu e mãe da infeliz que me enganou.

    Entre tanto, minhas constatações foram interrompidas abruptamente por algo que nunca me ocorreu antes e é até difícil de explicar. Algum feitiço, magia ou efeito começou a sugar minha névoa para dentro da casa. Tentei de todas as formas possíveis desfazer minha magia para voltar a qualquer forma física, mas quando dei por mim estava dentro da casa numa espécie de forma espectral entre fantasma e lobo.

    Naquele momento eu estava paralisado pela magia das bruxas e apesar do constrangimento  e indignação de não poder fazer nada, observei tudo ao redor. A Sala estava com as luzes apagadas, os móveis estavam revirados e praticamente tudo estava igual à noite em que pensei ter encontrado o corpo de Helen no porão.

    Confiei de mais em minhas teorias, não prestei a atenção em todos os fatos e possibilidades, deixei-me levar por um belo par de pernas… Fui capturado pelas bruxas!

  • Quero me transformar em vampiro – Pt3

    Quero me transformar em vampiro – Pt3

    Depois de várias tentativas, finalmente consegui chamar Franz para uma reunião “familiar”, onde sua presença seria muito interessante para agraciar nossas aspirantes, com as famosas transformações vampirescas.  Bem na verdade eu não tinha planejado nenhum evento faraônico e teríamos na minha cabeça um bate papo na forma de workshop. Onde seria importante ensinar a elas um pouco mais sobre nossos poderes.

    Obviamente, não posso revelar aqui tudo o que fazemos ou deixamos de fazer, se não qualquer um que nos lê poderia criar as famosas contra mágicas. Contudo, a noite começou bem e ao melhor estilo Mandrake. Sebastian levou ambas para jantar no centro e por volta das 22h todos estavam na sala.

    Da velha vitrola saia um belo rock ‘n roll da década de sessenta e naquele clima começamos as demonstrações de “poderes”. Inicialmente Sebastian mostrou toda sua astúcia no popular silere, cujo aprimoramento foi grande nos últimos anos. Em seguida, quando já estávamos absolutamente imersos no mais puro silêncio provocado pelo poder, ele executou um inesperado e perfeito invisibĭlis.

    Na sequência com o intuito de provar a eficácia de tais poderes, divinamente orquestrados, Sebastian pregou um belo susto em Cláudia, agarrando-a por trás e fazendo uma bela trollagem sem dó nem piedade. Deu até dó da professora, que se arrepio dos pés a cabeça.

    – Não Franz, minha calcinha não é preta, nem vermelha, nem muito menos é fio dental… E quer saber não curto loiros coroas não, vai se assanhar assim com as tuas quengas seu idiota – Resmungou Pepe indignada para todos. Obviamente, revidando o que aparentemente tinha sido uma telepatia de meu irmão.

    – hahahah Franz e suas “mulheres brabinhas”. Calma garota eu estava apenas demostrando um pouco de telepatia…

    – Eu uso calcinhas grandes tipo shorinhos e coloridas, não sou mais virgem, mas faz mais de 6 meses que não transo com ninguém…

    – Ok obrigado pela confidência senhorita brabinha. Pronto pode voltar a si.

    Franz estalou os dedos e Pepe voltou a si, demostrando naquele momento mais um dos seus poderes, a possessão mental ou Animus Possession.

    -Pow mano pega leve com elas, por favor. Olha a cara de ódio da Pepe, se continuar assim ela vai querer teu sangue depois de transformada hahaha… Mas por falar em transformação, o que vocês acham disso…

    Aproveitei que ambos riam e executei minha transformação em lobo, cousa que levou mais ou menos uns 10 segundos e surpreendeu ambas. Naquele instante Claudia foi a mais empolgada  talvez pelo fato de ser bióloga. Tanto que em seguida ela se aproximou e começou a me analisar como seu eu fosse algum animal em cima de uma bancada de estudos.

    Deixei que ela pensasse e olhasse meus atributos por alguns instantes, até que avisei Sebastian por telepatia para irmos para o lado de fora da casa. Ele repetiu o que eu disse para os demais, que acataram meu pedido e se locomoveram para fora. Claro que meu ego queria mostrar mais do que apenas uma forma simples de lobo e nos segundos posteriores demostrei a todos  o meu lado mais demoníaco: homem + lobo + vampiro + demônio = “Lobisomem Vampiro”.

    Claudia desmaiou…

  • Reunião na fazenda

    Reunião na fazenda

    Mais uma noite na fazenda e hoje Willian virá nos visitar. Na verdade, pedi que Hector o trouxesse junto, pois passaria muito próximo de sua cidade a caminho daqui. É uma pena que Eleonor e Sebastian estejam longe pois seria praticamente uma reunião de clã.

    Na noite de hoje eu quero ver a interação de meus pupilos juntos dos demais vampiros da família. É provável que eu apresente à Deb os detalhes do projeto “Escolhidos”, atualmente mantido pelo Hector. Eles já foram informados que serão avaliados e provavelmente cada um terá uma reação diferente.

    Eu poderia fazer isso na forma de uma surpresa, mas Hector e Franz sabem ler pensamentos e eu sei me comunicar com eles por telepatia. Eu já havia falado deste meu dom por aqui? Não sei ler mentes como meus irmãos, mas ao menos conseguimos nos falar sem que os outros percebam.

    Até o momento todos os meus Ghouls estão progredindo bem. Penélope passou dois dias admirando seus presentes e depois disso conseguiu hakear um site importante. Deb me surpreendeu não caindo na lábia de Franz e até me confidenciou que detesta homens folgados como ele (eu ri). Willian também fez progressos interessantes, mas como eu já disse para ele, espero muito mais de sua cabeça agitada e inovadora.

    Como este processo ainda vai levar um bom tempo eu decidi voltar minha atenção ao livro e ao projeto “Escolhidos”. Sei que os novos daqui ficarão um pouco confusos e preciso explicar que a decisão de ter uma nova cria, não tem nada a ver como projeto “Escolhidos”. Aliás, vivo recebendo pedidos de afiliação no grupo “Escolhidos” do site, mesmo tendo colocado um aviso bem grande por lá: “No momento, não aceitamos pedidos para novos membros.” Vai entender…

    O projeto “Escolhidos” é algo conjunto com Hector, onde “matamos o tempo” ajudando a polícia em casos de difícil resolução. Não é nada oficial ou que tenha base politicas ou governamentais e prefiro chamar de filantropia vampiresca. Por favor não me perguntem mais sobre isso, é o máxim oque posso falar do assunto. Ainda nesta semana falarei do último caso resolvido por Hector.

    Sobre o livro estou pensando em lançá-lo somente on-line, o que acham disso?

  • Encontro com o mestre

    Encontro com o mestre

    Estacionei o carro e fui em direção ao centro da praça. Este, aliás, é um belo lugar para se passear as madrugadas. Vazio, ar fresco e praticamente nenhuma alma viva, ao menos aos moldes humanos. Seria inclusive um belo lugar para se deitar a grama e ficar um tempo observando as estrelas, constelações, galáxias…

    Sentado em um banco estava um velhote muito bem vestido de terno completo, chapéu e bengala. Com uma das mãos ele segurava um Tablet e com a outra ele manuseava incansavelmente seu bigode centenário. Concentrado, obviamente ele sabia da minha presença, mas isso não me privou de ficar por um tempo lhe observando.

    160 anos haviam se passado desde que o conhecia naquela madrugada de carnaval e ele estava ainda melhor. Mais elegante e forte, parecia que os anos só o deixam melhor. Pensei comigo…

    “Nostálgico hoje meu filho?”

    Eis que surge o pensamento telepático em minha mente e ao piscar os olhos não havia mais ninguém no banco da praça. No entanto, senti a energia de meu mestre vindo de outro lado e ao olhar para trás lá estava Georg sorrindo e indo em direção ao meu carro.

    – Vamos Ferdinand, temos muito o que conversar ainda hoje!

    O Barão e seu jeito excêntrico, mas que sempre tem tudo sob o seu controle.

    Voltamos para a fazenda e Georg foi me contado da viagem de volta. Novos tempos, muita tecnologia e os tais nanochips que revolucionaram tudo que havia antes do inicio de sua hibernação nos anos 60. Seis meses acordado e muitos teriam inveja de sua interação com tudo que existe de mais avançado na atualidade. Está certo que Sebastian o ajudou muito, porém sua mente sempre fora atemporal e avant garde.

    Sebastian, Franz, Eleonor, Julie, H2, Georg e eu. Todos reunidos naquela velha sala da casa grande. Joseph estaria feliz aqui hoje à noite, pensei comigo… Fora uma noite em que meus pensamentos vagavam por todos os cantos do globo, mas que foram interrompidos mais uma vez por Georg. Ele vinha do porão trazendo consigo um cálice de prata e foi logo iniciando o tão esperado ritual.

    – Meus filhos, apesar da inestimável perda de Joseph, nosso clã aumentou nos últimos anos. H2 trouxe sua fé e Julie seu sangue. Ambos não entraram neste clã ao acaso, h2 já era observado há muitos anos por Franz e Julie… Julie é alguém que tenho muito apreço, que surgiu em nosso clã depois daquela maldita guerra e me deixou feliz, ao aceitar meu convite. Independente de todos os laços afetivos que circundam suas cabeças, Gutta cavat lapidem¹ (risos), eu quero deixar implícito antes do festim que nós somos os Wulffdert e me sinto honrado em tê-los comigo.

    Sabe aquele discurso motivacional que você precisa ouvir em determinados momentos de sua vida? Georg o estava fazendo muito bem…

    – Apesar das revoluções tecnológicas e de comunicação deste século, tudo continua muito tranquilo. Nenhuma força nos ameaça, apesar da instabilidade econômica de alguns países, não há motivo eminente para nenhuma guerra humana ou Wampir. Sendo assim, eu irei cochilar por mais alguns anos como já havíamos conversado, lembram? Tá deu de encher o saco de vocês, é assim que se fala? (risos)

    Depois desse momento mais descontraído, nos concentramos novamente e ele iniciou o ritual. Algumas palavras em latim, algumas ervas mascadas maceradas dentro do cálice e um a um fomos despejando gotas de nosso sangue dentro do cálice. Tudo foi misturado a mais ou menos um copo de sangue de Georg e Franz foi o primeiro a beber, seguido por mim e todos os outros, sendo Georg quem consumiu o último gole.

    O que dizer das reações de tal ritual? Simples. Amizade, amor, carinho, respeito e confiança. Estes sentimentos e muitos outros afloraram ainda mais entre todos os presentes. Depois de 100 anos nossos laços haviam se renovado e mais uma vez o clã se sentiu unido na presença do mestre.

    Nas semanas que se seguiram tratamos da hibernação de Georg e para minha alegria Sebastian retomou o seu lugar ao meu lado. Julie e H2 andam mais receptivos que o normal, obviamente em função do ritual e finalmente eu pude sentar novamente em meu computador para retomar meus escritos.

    A nostalgia é importante de tempos em tempo. Por causa dela aprendemos a dar valor ao que temos e isso é importante para que a sanidade de nossos espíritos se mantenha intacta. Talvez algum dia meu companheiro demônio me domine, talvez algum dia eu o expulse. Porém o que importa mesmo é o equilíbrio entre o céu e o inferno, não é mesmo?

    ¹ Essa expressão em Latim, seria o equivalente ao ditado: “Água mole, pedra dura, tanto bate até que fura.”