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  • O mistério do lobisomem – pt2

    O mistério do lobisomem – pt2

    Claire dormiu praticamente o dia todo e ao contrário dela eu resolvi usar o tempo para terminar de arrumar minhas coisas e fazer alguns contatos. Liguei para meus amigos magistas da casa de Kieran e comuniquei que estava na região. Falei também com o vampiro líder da região, que é um velho conhecido e aliado e ainda avisei a Pepe que estava tudo bem.

    Horas mais tarde e já pela 16h ou 17h daquela tarde ela acordou.

    – Que poder tu usou em mim? Eu dormi feito uma pedra, fazia dias que eu não dormia assim…

    – Pelo visto o sono te fez bem, está até mais animada? Se quiser tem algumas frutas frescas na cozinha, algo de boas-vindas de quem me alugou aqui.

    – Obrigada Fê, mas não costumo comer frutas.

    – Sei da tua “dieta lupina”, mas quem sabe um pouco de vitaminas dê um pouco de cor a tua palidez? Aliás, pesquisei um dos agentes duplos e meus contatos passaram uma possível lugar que ele frequenta.

    – Por que estamos enrolando aqui então, vamos atrás dele agora…

    – Calma, ainda é dia, esqueceu que só posso sai à noite?

    – Eu vou dar uma olhada e te falo depois então…

    – Hey tô aqui pra te ajudar lembra?

    – Mas…

    – Mas, nada… Aguenta ai que vou te passar meu plano e tu me diz o que acha do procedimento.

    Ela fez cara de poucos amigos, mas depois de lhe contar o que havia planejado e dela ter colocado diversos poréns, porquês e contrapontos. Chegamos há um meio termo ao mesmo tempo em que o sol havia partido.

    Fomos no carro dela, por sorte era verão e aquela noite longa ia ser muito bem aproveitada. Não trocamos muitas palavras e ela fazia seu carrinho praticamente voar naquelas vielas à beira-mar. Em alguns momentos precisei me agarrar ao “puta merda” para não virar “omelete de vampiro”, mas não reclamei e chegamos rápido ao lugar. Rua pouco movimentada a beira de um penhasco, poucas casas residenciais ao redor e lá estava a padaria.

    Lugar pitoresco, que servia apenas como chamariz para turistas e para ocultar uma passagem secreta, que dava num subsolo movimentado. Entramos sem dificuldades haja vista as dicas de meus contatos e lá estava um ponto de encontro de hipsters, ricaços e bon vivants. Além é claro de alguns sujeitos parecidos com o perfil “agente secreto” no qual estávamos investigando.

    Circulei com Claire pelo lugar em seus diversos cômodos e eis que num piscar de olhos ela sumiu do meu campo de visão. Procurei por alguns instantes e logo à avistei ao lado de um velho, bem vestido, mas com cara de poucos amigos. Fui calmamente ao encontro deles, obviamente para não fazer “estardalhaço”, quando ela simplesmente empurrou o cara contra a parede e iniciou um intenso ataque histérico.

    – Quem tu pensa que é? – Xingou o velho em alto, bom tom e com sotaque britânico carregadíssimo.

    – Cala boca seu velho seu babão – Retrucou a bela, mas espalhafatosa lupina.

    Meu instinto protetor teve vontade de meter a mão naquele escroto, mas me segurei diante suas blasfêmias e segui  na direção de ambos. A essa altura o lugar inteiro observava a briga, alguns já se retiravam para outros cômodos e finalmente eu cheguei ao lado deles. Coloquei a mão no ombro de Claire apertei um pouco e falei quase sussurrando:

    – Calma garota, está chamando muita atenção…

    Inicialmente ela me ignorou, mas quando apertei mais forte seu ombro ela entendeu o recado e soltou o velhote. O problema é que o cara saiu correndo, um pouco mais rápido que o normal para um humano e lá fomos nós atrás dele. Passamos por diversas salas, escadas, algumas pessoas caíram. Até que enfim chegamos ao que parecia ser uma outra saída do lugar e próxima do mar. Onde finalmente o seguramos.

    – Puta que pariu! – Falei alto. Alguns me olharam e quem precisava fez cara de desentendido. – Ahh venha, precisamos conversar depois desse pequeno desentendimento inicial – Continuei, puto e arrastando o velhote para for a do recinto.

    Havíamos saído do lugar pelo lado de baixo e ao que parecia naquela noite escura estávamos numa praia, onde não havia areia mas sim uma espécie de pedras tipo brita muito pequenas.

    No meio do caminho o fujão havia resmungado algumas palavras e Claire aproveitou para interrogá-lo antes que algum segurança ou curioso aparecesse:

    – Anda fala logo o que tu sabe!

    – Cala boca sua puta!

    E antes mesmo de eu esboçar qualquer reação, Claire o pegou pelos cabelos e continuou:

    – Fala logo onde tá o meu pai, já arrinquei cabeças por menos e hoje estou com fome…

    – Ca-ca-calma, me-me solta!!!

    Mas ela não se comoveu com a gagueira aparente do velho, deu-lhe um belo de um soco de esquerda, largou-o e ainda complementou com dois chutes fortes e precisos.

    – Por favor para… – Tomou folego, tossiu um pouco de sangue e continuou. – Já basta ficar velho, apanhar de uma mulher é mais do que humilhação! Eu vou falar o que sei…

    Estava maravilhado vendo Claire agir como se fosse eu mesmo quando estou com raiva. Como eu já declarei algumas vezes aqui gosto de fêmeas ariscas… Mas voltando àquela momento:

    – Teu pai tá metido em algo grande, algo que envolve genética e cyborgs. Somente os mais antigos da Mão Vermelha, como ele tem acesso.

    – Tá isso eu já sabia… Anda fala quem tá com ele!!!

    – Ele tá com…

    Antes que ele pudesse terminar a frase ele começou a tremer no que parecia ser um choque fortíssimo. Ao mesmo tempo que vimos ao longe alguém perto da entrada do lugar e que desapareceu tão rápido quanto o percebemos.

    – Calma não encosta nele, deixa isso pra quem já morreu. – Comentei ironicamente. – Acho que alguém apagou ele, tô sentindo uma energia punk no corpo dele.

    Mexi em suas roupas, peguei sua carteira e um molho de chaves. O celular estava soltando fumaça então simplesmente larguei sobre seu corpo inerte.

    – Olha aqui na carteira dele, tem um endereço no caso de perda, quer tentar?

    – Vamos!

  • Helena entrevista Becky e Lilian

    Helena entrevista Becky e Lilian

    Estou acomodada em um bar discreto e pouco frequentado de “algum lugar do mundo” e que me foi indicado como “seguro”. Estou tomando um Cosmopolitan, aguardando a Lilian e a Becky chegarem para a nossa tão esperada entrevista. Confesso que ficar frente a frente com as duas é algo excitante e ao mesmo tempo aterrorizador. Apesar de ter sido avisada pelo próprio Ferdinand pessoalmente de que ambas são simpáticas e totalmente sociáveis, a ansiedade estava me enlouquecendo. Além disso, agradeço a todos que enviaram suas perguntas pelas redes sociais para me ajudar!!!

    Depois de algum tempo esperando, como combinado, às 23h vejo Becky descer de um táxi. Trajada com um vestido bordô ao estilo Chanel, meias finas pretas, saltos bem altos do famoso Louboutin no mesmo tom das meias, trazendo consigo o que parecia uma Hérmes Birkin preta, completando o visual com um coque elegante que moldava seu belo rosto. A vampira se aproximou de mim com um belo sorriso e foi logo dizendo: – Olá Helena querida! Como vai? – Em seguida demos três beijinhos no rosto e continuamos a conversa. – Estou bem, é um enorme prazer lhe conhecer Becky! – Olhei em volta a procura da outra vampira e fui surpreendida por sua observação – A Lilian já vai chegar minha querida. Fica tranquila… Vamos nos sentar.”

    Alguns minutos se passaram, quando ouvi o som alto e grave de uma moto. Era Lilian, que guiava uma Harley com o tanque roxo e muita habilidade, em seu estilo “rock star”. Ela vestia shorts jeans rasgado, regata branca e curta com estampa da banda Motorhead. Calçava Sandee da Harley, que destacavam ainda mais os seus 1,80 de altura e o look final era composto por uma jaqueta Armani e as tatuagens que enfeitavam a vampira.

    Ao se aproximar, chamando naquele momento toda a atenção do bar para nossa mesa, a estilosa vampira, nos cumprimentou, dando um longo abraço em Becky e sorrindo também graciosamente para mim falou: – Helena, e ai tudo bom? – Foi quando ela se aproximou e me meus três beijinhos no rosto também e percebi seu perfume, algo adocicado, que fez minhas pernas virarem gelatinas. Depois dos cumprimentos iniciais e delas duas trocarem “sentimentos muito próximos”, eu arrumei uma brecha, pedi mais um Cosmopolitan, acendi mais um cigarro, liguei o app de gravação e comecei a entrevista.

    H= Helena / B= Becky / L= Lilian

    H: Então, vamos começar as tão esperadas perguntas?! Primeiramente, devo confessar que é um enorme prazer e privilégio estar aqui frente a frente com vocês duas.

    B: Igualmente Helena! Sinta-se à vontade, querida.

    L: O prazer também é nosso! É sempre bom poder sentar em uma mesa de bar e ter uma conversa agradável.

    H: A primeira pergunta é algo que mexe muito com a cabeça das leitoras e leitores… O que vocês sentem ao provar do sangue? Qual a sensação? É a mesma coisa para todos os vampiros?

    B: Bom, foram umas 3 perguntas na realidade, né? Começamos bem! (Risos). O sangue é nossa forma de alimentação, mas, sentimos prazer ao adquiri-lo direto da fonte. Não há nada melhor do que morder um belo pescocinho. Mas, claro depende de cada vampiro, e do tipo sanguíneo. Cada um deles reserva um sabor especial a cada gole.

    L: Olha isso é uma variável, que depende da situação, do vampiro, da pessoa, do sangue. Nada é exatamente igual, mas cada um de nós tem preferências pessoais.

    H: Outra direcionada para a alimentação de vocês, a sede por sangue pode lhes deixar, tipo loucos? A vontade de saciar a sede pode cegar um vampiro?

    B: Essa questão relaciona-se a falta do controle sobre si. Pode acontecer com vampiros recém transformados, mas em nada se assemelha ao que vocês assistem nos seriados. Com o tempo aprendemos a lidar e a organizar isso. Humanos não necessitam de alimentos ao menos 3 ou 4 vezes ao dia? Nós também temos nossa “cota” necessária e suficiente para sobrevivermos.

    L: Estamos falando de extremos…. Um vampiro que se permita chegar neste estado de sede, não deve estar no seu melhor momento. Devemos ter uma alimentação balanceada igual aos humanos, nada de ficar fazendo “dieta”, isto não existe para nós. Rs

    H: O desejo por sexo é muito intenso em vocês?

    B: Depende de cada um. Alguns vampiros nem necessitam de sexo, na realidade. O que nos dá prazer é o sangue, que não é somente um alimento, é de onde vem nossa energia e permite nosso corpo manter-se vivo. Mas, somos mais intensos quando nos permitimos as sensações humanas, afinal a maioria tem os sentidos aflorados depois da transformação. Porém, o sexo não é uma necessidade, já que não reproduzimos nossa espécie, somos inférteis, e não agimos por instinto quanto a isso.

    L: Bom tudo dependendo da situação e de quem for, mas como a Becky disse, não temos a mesma necessidade que vocês humanos possuem. Nosso caso é voltado exclusivamente ao prazer pelo prazer, pura e exclusivamente…

    H: Uma pergunta íntima agora… Meninas qual a orientação sexual de vocês?

    B: Digamos o seguinte: “não tenho orientação sexual, assim como não tenho religião”. Eu tenho preferências. Prefiro viver o momento e fazer o que tenho vontade, quando der vontade, sabe? (risos)

    L: Eu não sei por que mas eu já meio que esperava esta pergunta. Bom vamos lá, eu sou Bissexual e não tenho medo algum de falar sobre isso. Gosto de ambos os sexos, já tive relacionamentos com ambos e não tenho nenhum tipo de preconceito sobre isso… Acho toda forma de amor e afeto, válida, desde que haja honestidade e algum tipo de sentimento, mesmo que seja no momento.

    H: Outra pergunta que muitos morrem de vontade de saber, quem já pegou quem no clã de cada uma de vocês?

    B: (Risos) Bom, todos sabem que rolou algo entre mim e o Hector. Como falo sempre, trabalhamos bem juntos (Becky deu uma piscadela ao falar isso). E Franz até tentou, mas não faz meu tipo… (Mais risos!)

    L: Boa pergunta…. Não é novidade que eu e o Trevor tivemos um longo relacionamento… Agora pegar alguém do clã, que vergonha, mas eu ainda não peguei ninguém mais do meu e nem do da Becky ainda… Quem sabe em um futuro próximo eu não pego alguém dos clãs e conto para vocês?! Rs

    H: Qual o relacionamento de vocês com o criador do site, o querido Ferdinand? Momento puxa saco.

    B: Nos conhecemos já faz algum tempo, o conheci por meio de Eleonor (Pausa)… tanto que posso dizer que sei “quase” tudo sobre aquele tagarela. Somos grandes amigos, lhe considero um irmão mais velho e até mesmo conselheiro para alguns assunto mais importantes.

    L: Meu relacionamento com o Ferdinand…. Difícil essa pergunta, por que para mim é algo novo esse “relacionamento” que temos, foi algo do acaso. Mas o nosso relacionamento é mais amigável, por mais que eu o ache um vampiro totalmente atraente e sedutor, apenas existe amizade e uma aliança bacana. Não tenho a mesma intimidade que a Becky tem com ele, talvez um dia tenha, mas só o tempo dirá.

    H: Com qual dos vampiros vocês mais se identificam, além da óbvia amizade entre vocês duas e os parceiros que já tiveram?

    B: Só uma observação. Nem sempre nos identificamos em tudo com nossos “parceiros”. Mas, em questão de amizade nem preciso dizer que embora não demonstrarmos muito pelo site, o Fê e eu somos muito amigos, devido a nos identificarmos em assuntos em comum, gostos pessoais e por nossa parceria sempre que um ou outro precisa. Mas, sou um ser com muitos amigos, que sempre me ajudam e estão ao meu lado. Como a Lilian claro, Eleonor, que e agora está de “Férias”, a Claudinha, Pepe… Enfim, o clã todo!!

    L: Olha já me falaram que eu pareço o Ferdinand de calcinha, o que eu achei muito engraçado, já que não temos nada em comum além do gosto por algumas coisas como motos, talvez estilo de roupa ou as tattoos que muitos nos associam… Mas sinceramente esse lance não rola comigo, não associo ninguém a mim e sim mantendo boas amizades e carinho por todos que passo minhas noites. (Risos)

    H: Mudando um pouco o foco. O que movimenta o vampiro, é a sede por sangue?

    B: Como falei antes, nosso corpo “vive” por causa do sangue. Mas, não somos movimentados por ele. Igual aos humanos, temos objetivos, talvez sonhos, buscamos por algo. Se a vida precisa ter sentido, então imagina a “não vida”, a eternidade!

    L: O sangue é apenas a fonte de energia de um vampiro, não somos necessariamente movimentados por ele, somos mais do que isso e vamos além disso. Muitos acham que todos os vampiros são agressivos e agem sem freios… não é bem assim, não podemos generalizar, certo? Temos leis a seguir também deste lado da vida, onde a nossa existência pode deixar de acontecer.

    H: E sobre a interação de vocês duas com os fãs do site, como é?

    B: Eu as observo bastante. Compreendo suas atitudes e suas maneiras de pensar. A curiosidade de todos é algo normal, tanto é que aceitamos fazer essa entrevista. Apesar de não ter muito tempo para dar atenção a todos, sempre que posso estou disponivel para uma boa conversa. Gosto de saber das suas histórias, assim como exponho as minhas no site.

    L: No começo foi algo estranho sabe, vieram com várias perguntas sobre mim, meu clã, meus gostos, enfim, variados tipo de perguntas que com o tempo consegui saciar todas, ao menos eu acho! Mas ultimamente eu criei um laço com muitas delas (seguidoras), chego a ter um grande carinho por cada uma. Todas têm uma qualidade que contagia e eu gosto de levar isso no meu cotidiano. Confesso que todas me cativaram de um jeito gostoso e muito bacana, algo que eu não trocaria. Gosto dessa proximidade e desse envolvimento com todos do site.

    H: O Ferdinand postou uma pergunta interessante para ambas. O quanto vale a vida para vocês?

    B:  O Fê sempre vem com essas questões filosóficas… Se a vida não nos valesse, não lutariamos tanto para nos mantermos “vivos” dentro de nossas condições. Somos vampiros, alguns nos chamam de demônios. Houve épocas, que preferi estar morta, mas entendi com o tempo, que ser um vampiro não é escolha nossa. Somos escolhidos, porque sabem que teremos força para enfrentar isso.

    L: Eu não sou boa em filosofar, mas a realidade é essa, a nossa “vida” é tão importante que nos arriscamos frequentemente e de várias formas para que a nossa existência nunca acabe. Então sim a nossa “ não vida” é essencial sem sombra de dúvidas.

    H: Agora teremos perguntas voltadas especificamente para cada uma. Uma curiosidade geral, Becky e você e o Hector? Voltam? Não voltam? Foi apenas um caso e nada mais?

    B: Foi uma temporada apenas. Rolou uma quimica, então compartilhamos experiências, nada mais.

    H: Lilian, tens alguém em vista ou anda apenas curtindo tuas noites?

    L: Ultimamente, ando curtindo mais as minhas noites, por hora prefiro ficar solteira, caso surja alguém para ter algo estamos ai, mas por hora estou livre, leve e solta. Single lady!

    H: Becky veremos mais daquele teu lado sombrio ou não?

    B:  Não creio que isso deva ser algo atraente para alguém. Mas, “meu lado sombrio” está sempre aqui… Posso parecer meiga, mas se eu quiser, posso acabar com sua vida e ninguém aqui nesse bar irá perceber. Mas calma, jamais farei isso Helena, você agora é nossa protegida. (Naquele instante Becky mostrou muito bem seu lado sombrio nesse momento, mas seu sorriso fraterno depois me fez relaxar novamente.)

    H: Lilian ainda veremos você em ação por ai?

    L: Do que depender de mim a resposta é sim, vão ver muito ainda das minhas aventuras/confusões e até meus momentos de descontração.

    H: Becky o que pode nos falar do teu estilo?

    B: Meu estilo? Sou geminiana. Não tenho um estilo definido! Posso ser uma roqueira hoje, e uma mulher clássica amanhã. Depende do meu humor, do momento… Mas, sim, estou sempre antenada nas tendências e novidades que são lançadas.

    H: E você Lilian, qual teu estilo?

    L: Estilo? Sinceramente eu não sigo a moda e sim minhas vontades. E olha que por ser Libriana eu deveria seguir a moda e as tendências, mas quem me conhece sabe que varia do meu humor…Podemos dizer que peso para o lado Country Girl com uma pitada de gótico, dirigindo Harleys, V8’s e algumas Big Truck’s.

    H: Uma curiosidade, tem alguma época ou década na qual sente falta, Becky?

    B: Olha, não tem não. Mesmo por que não sou tão velha. Claro, que tem períodos que curto bastante, mas passei grande parte do tempo fugindo…

    L: Sinceramente, não tenho nenhuma época preferida, levo em conta momentos que valham a pena guardar e sentir saudades, nada de época preferida.

    H: Última pergunta e uma que está rolando por ai… Vocês já ficaram juntas?

    B: Humm? (Risos)

    L:  Hahahahah Vocês saberão sobre isso em breve!

    Depois dessa conversa agradável e engraçada, encerramos a entrevista com alguns papos off. Becky se ofereceu para me levar embora, mas como eu estava um pouco receosa acabei indo de taxi e ela foi de carona com a Lilian. Antes de pegar o táxi, fiquei observando elas irem embora até sumirem entre os carros e avenidas. Foi tenso, foi mágico, foi engraçado….

    Ao chegar em casa ouvi a gravação várias vezes e o que leram aqui foi um grande resumo, onde tentei repassar tudo o que obtive delas. Fiquei morrendo de curiosidade sobre vários outros assuntos e acho que vocês vão ter muitas dúvidas também. Será que consigo falar pessoalmente com o Ferdinand ou Franz ou quem sabe o Hector? #MorrendoDeMedo #MegaCuriosa #SuperExcitada

    Espero que tenham gostado!

    Beijos, Helena.

  • Fui traído! E agora? – pt4

    Fui traído! E agora? – pt4

    Assim que cheguei, Franz logo me explicou o ocorrido e o que Ferdinand precisava que fizéssemos. Todos, inclusive eu, estavam decepcionados com as últimas noticias e loucos para pôr as mãos na causa de todo o problema. Pepe com sua experiência em adquirir informações conseguiu uma lista de alguns locais em que possivelmente poderíamos encontrar a Débora.  Assim que anoiteceu, pegamos o carro e saímos para a “caçada”.

    – Becky e Franz, a gente já rodou a cidade e nenhum sinal da loira – Resmungou Pepe em certo momento afundada no banco de trás.

    – Talvez estejamos procurando de forma errada. É obvio que ela não está nos esperando com placa de “boas vindas” num desses lugares. – Eu já estava ficando sem paciência com a situação também.

    – Pode ser que tenha razão Becky,  mas o que sugerem garotas? – Questionou Franz.

    Resolvemos nos separar. Franz foi contatar mais alguns contatos e tentar falar com Ferdinand.  Eu e Pepe resolvemos ir há alguns outros lugares da lista. Paramos em uma rua próxima a um dos locais e seguimos a pé.

    Chegamos a uma boate, havia música alta e muitos humanos. Por um instante, tive receio de Pepe não conseguir controlar a vontade de morder alguém, mas ela estava sendo bem treinada, devo admitir e comportou-se direitinho. Pegamos uma bebida e começamos a circular pelo local em busca de algo, porém, agindo como se estivéssemos “curtindo” aquela festa.

    Com minha audição aguçada consegui prestar atenção em algumas conversar ao redor.  Em uma das mesas próximas a pista de dança, percebi que dois homens aparentemente bem vestidos, falavam sobre algumas informações que haviam obtido com uma garota. A descrição batia com as mesmas definições da procurada, além de mencionaram alguns negócios semelhantes aos que Ferdinand havia comentado. Segui meus instintos e lá estava nosso “alvo” inicial.

    Geralmente tenho algumas atitudes impulsivas. Mas, eu sabia que precisava ter cautela. Levando Pepe comigo, caminhamos até a tal mesa, sentamos e então falei:

    – Com licença, desculpem interromper o assunto de vocês, senhores. Mas, eu e minha amiga estávamos observando vocês dois e… Homens de negócio são tão charmosos. Será que poderíamos conversar e dividir uma bebida?

    Pobre Pepe! Acho que ficou constrangida e com receio de eu ter nos metido em encrenca. Mas, sim, eu sabia exatamente o que estava fazendo. Os dois homens, simplesmente sorriram e caíram em minha conversa feito dois idiotas. Na saída, gentilmente e “interessadamente” nos ofereceram uma carona. Foi então, que agimos. Pepe imobilizou um dos caras, ela tinha uma força incrível, e eu me livrei do outro individuo, que provavelmente nos levaria para onde não havia informações sobre a Débora.

    Quando conseguimos contato com Ferdinand demos as notícias, e a partir daí os jogos foram simples. Experientes em lidar com esse tipo de “gentinha”, que jura não abrir a boca para nada, Franz e eu que adorávamos nos divertir e Pepe que estava aprendendo a arte da “tortura”, arrancamos informações preciosas daquele pobre coitado.

    Finalmente, estava na hora de buscar “Deb”…

  • Ménage no pub

    Ménage no pub

    Acordo, tomo um belo banho quente, que inclusive me lembra por alguns instantes como era ter calor em minha pele e atrevo-me a ir em um pub. Noite fria de domingo com poucas pessoas na rua, porém nesta onde fica um dos pubs que tenho em sociedade com o Franz sempre há movimento. Estaciono a “BM” próximo do lugar e antes de chegar já sinto a presença de ao menos dois de nós, sendo um deles Franz.

    E para minha alegria lá estavam Franz e H2. O ex-mercenário, havia voltado a dois dias de um treinamento que meu irmão, seu mestre, havia lhe proposto. Então nada melhor que um pub para “brindar” a volta do “grandão”. Na verdade o pub era uma desculpa para uma bela jogatina de poker, que temos em algumas mesas nos fundos do lugar.

    Cinco ou seis mesas depois eu não estava me dando bem então resolvi sair um pouco para o salão/balcão. Quem frequenta pub sabe vai concordar comigo que um dos melhores lugares é no balcão, principalmente se tu fores igual a mim que é “amigo” do barman/gerente. O Sr. K. como o chamamos é um dos nossos Ghouls e apesar disso é uma bela companhia para um bom bate-papo.

    Entre gargalhadas, vaga uma banqueta ao meu lado e para minha sorte nela senta-se uma moreninha. Cabelos longos soltos, óculos de grau destes grandes Ray-Ban que estão na moda, batom vermelho, saia e um casaquinho que escondia por baixo uma bela blusa decotada. Um pint de Londom Pride, por favor – Disse ela depois de se acomodar na banqueta e de visivelmente me dar uma “secada”, antes de se concentrar em seu iPhone com capa de k7…

    Como naquela noite eu não estava para o jogo, tentei então o velho trocadilho do amor. Usei minha visão aguçada e disfarçando entre um comentário e outro com o Sr. K., percebi que ela falava sobre três na cama com algum tipo de amigo ou afair. Foi então que me aproveitando do tempo em que ela esperava resposta no Whatsapp, que eu comentei com minha voz rouca de sacana próximo do ouvido dela: Esse balcão é um belo lugar para um ménage!

    Então em poucos segundos em uma bela sequência de acontecimentos, ela se inclinou um pouco para o lado à medida que me olhava um pouco surpresa e com um sorrisinho sacana estampado na face. Porém no mesmo instante que ia me responder qualquer cousa o celular bipa em suas mãos e ela me ignora, concentrando-se no que havia recebido. Obviamente eu tinha planejado aquilo e lancei na sequencia: “Ainda mais se for com anões fantasiados estilo branca de neve…”.

    Novamente numa sequência rápida ela solta uma gargalhada, larga o celular na mesa e me fala: “Cara acho que tais vendo muito o Pânico na Band, todo programa eles sacaneiam aqueles anões coitadinhos…” E por mais que tenha sido sincero dizendo que não assistia a tal programa, ela não acreditou, mas começamos ali uma bela conversa. Como sempre fala o Franz: ”Fazer a garota/mulher rir no inicio de uma paquera abre muitas portas”.

    Tendo em vista minha recente solteirice (sim a Julie resolveu sumir novamente) começar a flertar é uma boa pedida, ainda mais que eu estava com fome. Noite adentro, rimos bastante, afinal fazer uma garota de vinte e poucos rir é muito fácil. Todavia, em certo momento Franz e H2 apareceram e cortaram um pouco do meu “barato”. Por vezes o Franz consegue ser bem inconveniente com suas brincadeiras de irmão mais velho, mas nada que eu não consiga contornar.

    Bom, resumindo um pouco a história, contei para a garota que o pub era nosso e isso fez ela ficar até que o Sr. K. fechasse as portas e nos deixasse mais a vontade perto das 2:30 da madrugada. Por sorte era apenas eu que estava com fome e depois de alguns pints não foi difícil realizar a vontade da garota. Casacos para um lado, sapatos para outro, calcinha, balcão… Brincamos um pouco, mas principalmente fiz o que eu queria naquela noite, desenferrujei meus galanteios e me alimentei. Franz também brincou com nossa refeição e na sequencia fez aquela tradicional limpeza de memória, no qual ele domina muito.

    H2 teve mais um belo aprendizado, Franz saciou suas vontades animais, a garota realizou seus desejos profanos e eu acalmei meu demônio. Sabem aquela história que eu sempre conto, que prefiro o sangue de bandidos? Isso nem sempre é verdade…

  • Malandro é malandro, mané é mané…

    Malandro é malandro, mané é mané…

    Quão bestial é aquele que suga a vida de outrem? Não caro mancebo, não falo aqui de nos pobres dependentes que sujam sangue para sobreviver. Falo sim daqueles que não precisam dele, mas que o fazem por serem pessoas ruins.
    Ontem ajudei um amigo em seu restaurante, fiz o que gosto de fazer as vezes que é agir como alguém normal e trabalhei em uma cozinha. Meu amigo é dono de um dos bares que costumo ir para relaxar quando preciso do famoso papo de boteco com os amigos, então ontem não pude recusar seu pedido de ajuda haja vista que um dos chef’s estava doente. Mesmo por que é um local que eu costumo ir apenas uma vez quando visito minha terra natal.
    Alguns de vocês já me viram comentar por aqui que gosto de cozinhar para passar o tempo e ontem pela primeira vez pude fazer isso em larga escala. Confesso que cansei e achei em certos momentos muito chato o trabalho de cozinhar para muitas pessoas, todavia e como sempre gosto de sentir em momentos oportunos essa sensação de novos desafios.
    O papo ia muito bem e eu já estava na cozinha ao menos por umas 4 horas, quando o movimento baixou e eu pude aproveitar um pouco do tempo que ainda me restava com os amigos que lá estavam. O problema é que o bar fica próximo a uma região de favelas, um lugar muito bonito e cult, porém quando algo está perto de uma favela é inevitável que em determinados situações surjam alguns meliantes ou malandros. Malandros na verdade nem são tão problemáticos, pois apenas falam de mais, o problema são os bandidos disfarçados de “playboy”.
    Para resumir um pouco este inicio de história, digamos que eu estava no balcão admirando as pessoas em um momento meio filosófico olhando para o nada, quando entram dois caras que me chamaram a atenção, haja vista seu olhar perdido para todos os lados, indicando que provavelmente iriam fazer merda. Um deles sentou em cima do freezer e em poucos segundos eles levantaram a tampa e roubaram uma cerveja.
    Se existe uma coisa que não suporto é malandro metido a bandido e fiquei encarando o tal vagabundinho. Ele veio pra cima de mim deu uma risadinha e teve a coragem de dizer – Você não viu nada guerreiro! – Neste momento eu estava prestes a agarrar o pescoço do meliante, quando surge ao meu lado um amigo que preferiu conversar com os dois para não brigarmos na frente dos outros clientes.
    Neste momento eu continuei encostado n balcão vendo a frente a conversa e ouvindo tudo que eles cochicham. Por várias vezes o metido a marginal me xingou, falou que eles davam muito dinheiro para o bar e que uma cerveja não iria fazer falta. Então por fim meu amigo liberou os dois com a tal cerveja e veio até mim para dizer que não era para se incomodar com tal “coisa pouca”. Mesmo com os caras dizendo que eu estava marcado e que iriam me pegar mais tarde.
    Tudo bem, afinal eu estava cansado do trabalho e acabei aproveitando mais alguns minutos antes de pegar a moto e ir embora. O clímax desta história aconteceu quando eu estava na rua preparando a moto para ir para casa. Era um lugar bem escuro, com aquelas famosas ruas de paralelepípedo com vários lugares ocultos e as poucas lâmpadas nos postes deixavam um ar meio dark, quando me surgiram 3 caras armados de porretes e facas.
    Como já estou acostumando com pivetes, nem me estressei ao vê-los caminhando em minha direção, porém fiquei muito puto quando um deles chegou e logo de cara quebrou uma lanterna da minha moto com uma paulada……….
    Povo eu posso até frequentar lugares ruins, posso até ser um pouco esquentadinho, mas se chegou em mim com pé vai levar dois de volta!
    Depois daquela breve apresentação eu pulei rapidamente para trás. Eles ficaram impressionados com minha agilidade e ao retomar o impulso para frente cai em cima de um deles que errou em ficar me admirando. Pensei em quebrar seu frágil pescoço como se o fosse se uma ave, mas não queria matar ninguém próximo ao bar do meu amigo, então apenas soquei várias vezes seu estomago para ferir alguns órgãos internos.
    Nesse momento um deles bateu com o pedaço de madeira em minhas costas, confesso que até doeu um pouco, porém isto só aumentou minha fúria. O problemas deste é que ele era muito lento e depois de tomar o porrete de suas mãos o devolvi quebrando um de seus joelhos.
    Quando olhei procurando o outro ele estava assustado e estava prestes a sair correndo, quando dei mais um salto a sua frente, olhei em seus olhos e lhe disse: “Buh”…
    Adoro brincar com esses sociopatas juvenis, então enquanto ele se urinava eu ri e falei para todos em alto e bom tom:
    – Vocês foram marcados, se voltarem e eu estiver por aqui vocês não irão a nenhum outro lugar depois!
    Após o incidente, os meliantes estavam indo embora mancando e gemendo quando chega meu amigo dono do bar, empunhando um revolver com uma das mãos e acompanhado de mais 3 senhores que estavam no bar. Eles riram muito ao chegar e antes de ir embora meu amigo me disse:
    – Não sei que é o perigo que te atrai ou se é tu que o procuras em todos os lugares! Obrigado!

  • Vampiro de mal humor

    Vampiro de mal humor

    Esta noite aconteceu algo um pouco diferente comigo, mas nem tanto.

    Como a Beth ainda está longe eu tenho passado minhas noites vagando por ai em busca de novidades e indo a lugares no qual nunca vou normalmente. Costumo praticar aquela ideia de que quando andamos por ruas diferentes descobrimos coisa diferentes, o que acaba resultando por consequência em novos aprendizados.

    Nesta noite que passou de quinta-feira para sexta-feira, encontrei um bar novo em uma fábrica fechada e próxima a um viaduto. Sabe aquele lugar no qual sempre passamos mas nunca damos muita bola? Confesso que só percebi este em função de minha audição aguçada e de algumas luzes que piscavam por trás de algumas janelas escuras e sujas.

    Fiz alguns breves contatos e soube que era uma baladinha alternativa, mas sem perigos (aparentes) aos sanguessugas.

    Estacionei a moto, desta noite a HD, em uma rua próxima e fui para a baladinha. Sempre fico com um pé atrás quando a porta da balada é fechada e não tem nenhuma alma penada cuidando, mas resolvi mesmo assim me arriscar nesta investida.

    Bati na porta que era de ferro enferrujado com o bico da bota e poucos segundos depois  ouço passos e alguém na sequencia a arrasta lateralmente. Surge então uma mulher grande e forte quase do meu tamanho (1,90) trajada com um elegante terno preto, camisa preta e gravata preta. Óculos preto estilo Ray-Ban e sapatos cuidadosamente lustrados e brilhosos completavam o look da gigante.

    Ela me olhou de cima em baixo, baixou um pouco os óculos sobre o nariz para me ver melhor e me disse:

    –       Tem convite?

    Fiz um sorrisinho de canto de boca,  me aproximei dela e a uns 40 cm de distância de seu ouvido lhe digo:

    –       Preciso?

    Ela então se afasta um pouco para trás, abre o paletó e me dá um cartão verde escuro quase preto, onde havia escrito apenas “VP“ com uma tinta prateada e já um pouco gasta. Penso em perguntar algo, mas ela abre um pouco mais a porta para que eu entre e me acompanha por um corredor escuro que leva para uma escada até uma porta. Ela abre então a porta e lá estava a baladinha.

    O ambiente era de fábrica, muitos corrimões de ferro, dois bares, algumas mesas e cadeiras de ferro, alguns sofás, alguns coqueiros altos. Um DJ em uma pick-up e várias pessoas diferenciadas. Haviam góticos, play boys, patricinhas, gente sem definição e até alguns engravatados mais excluídos. Acho que depois de tanto tempo indo a lugares de gosto duvidoso eu já não vejo tanta coisa estranha.

    Enfim, fiz o procedimento Galego de sempre, olhei ao redor para perceber, imortais, fucei pelo bar, dei um pulinho pelos banheiros. Isso tudo vai parecer estranho para alguns, mas infelizmente é uma rotina necessária quando se possui muitos inimigos como eu e se está em um local diferente e ainda desconhecido.

    Para minha sorte era apenas um lugar diferente então resolvi sacudir um pouco o esqueleto, dancei por alguns minutos. Algumas meninas tentaram flertar comigo, mas não estava com cabeça para tal coisa, nem mesmo para brincar. Já faz algum tempo que venho pensando na Beth e em como nossa situação vai ficar e isso com certeza é o maior dos meus problemas pois realmente amo ela.

    Uma hora e pouco la dentro, já passava das 2 da manhã e resolvi ir embora. Passei no caixa, paguei a quantia mórbida de R$100 reais e fui para minha moto. Para quem achava que essa noite não ia dar em nada vejo ao longe um cara montado na minha moto, que conversava com um outro que estava encostado no muro fumando algo.

    Existem noites em que até uma briguinha não é bem vida e continuei normalmente até chegar perto da moto, onde parei e fiquei esperando o cidadão se levantar. Acontece que os dois continuaram conversando e nada de se levantarem. Sabe eu juro que tento ser paciente, mas nos últimos anos as pessoas insistem em fazer merda. Será que alguém pode me explicar por que alguns humanos precisam levar uma boa surra de vez em quando?

    –       Amigão preciso ir, será que tu se podia levantar dai?

    Para encurtar um pouco a história, o cigarro do outro cara foi parar dentro do ouvido do babaca que estava infectando o banco da minha moto. Já que ele parecia ser surdo nada melhor do que usar os ouvidos deles para apagar a bosta do maldito cigarro que estava me incomodando.

    Sim estou numa fase ruim…

  • Depósitos de sangue

    Depósitos de sangue

    Estava tranquilo em casa vendo alguns e-mails, gravando um podcast com o som ligado e preparando uma jantinha leve para o meu amor. Acontece que ao longe o maldito perfume de plasma a precedeu a sua chegada. A medida que ela se aproximava do cômodo onde eu estava era nítido que havia acontecido alguma coisa. Abri a porta e ao longe ouço a descarga do banheiro. Falo:

    –       Boa noite amore tudo bem?

    Ela então responde com uma voz que deixa perceptível o seu cansaço entrelaçado com um sofrimento comedido:

    –       Oi bebê… Nossa quase que eu passo vergonha no ônibus…

    Antes que dela terminar o seu rito, me vêm a cabeça o que havia ocorrido. Mais que depressa sio de perto e vou para a varanda mudar os ares. Por mais que nossa respiração não seja automática igual aos humanos, nesse momento ela insiste em farejar o que havia sentido anteriormente… Maldito demônio sempre me surge nas horas mais inoportunas…

    Enquanto eu me acalmava, coisa rápida de uns 3 min ela me surge dando um abraço caloroso pelas costas e me fala.

    –       Nossa amor que dia… Ixe está nos teus dias de novo?

    –       Pois então, (respondo eu) estava tentando permanecer mais alguns dias sem ir atrás de comida, mas acho que vou ter de sair hoje. Os teus “dias” romperam minha rotina, melhor eu fazer algo para não termos nenhum contratempo.

    Cara que ódio que tenho de mim nessas horas. Que ódio que eu tenho quando ela me olha com aquela carinha de pena… Que ódio…

    Fiz algumas ligações e lá fui eu para um Riv`s. Riv`s é abreviação de Red River, alguns chama de bar outros de depósito, pra mim é um grande problema. Pois o local é mantido por uma máfia vampiresca. Um sub grupo de sanguessugas que tem contatos no submundo e que tem nesses lugares uma fonte de renda, para manter os seus negócios.

    O Riv`s mais perto de onde estamos fica a uns 20 min de moto e lá fui eu. Tendo em vista que é um local frequentado pela escória de nossa sociedade eu fui preparado da mesma forma como se estivesse indo a uma caçada.

    Paro a moto, desta vez a Harley em uma rua próxima e vou para o local a pé. Uma porta marrom enferrujada em meio a tantas outras oculta um mundo desconhecido a maioria dos transeuntes que alí passavam. Dou três batidas e logo ouço uma voz grave no interfone: “Quem?”.

    Respondo a senha e a porta é destrancada. Desço uma escadaria escura e ao final do corredor uma outra porta também de metal é aberta, mas esta é lenta e dá a vontade de empurrar.

    Espero que a porta se abra e o local vai ficando visível. Algumas mesas, um modesto palco com um pole dance. Alguns vampiros se misturam a alguns carniçais e humanos. Gente de todos tipo mas em sua maioria marginais. O local devia ter algo em torno de uns 100 indivíduos. Algumas garçonetes que mais pareciam putas de filme policial serviam as mesas e em um balcão duas meninas faziam o papel de barman. Aproximo-me do balcão e peço logo de cara o que eu queria:

    –       Sangue!

    Ela chama a outra menina do balcão e esta por sua vez me leva até um quarto. Neste quarto, longe do barulho da música alta ela me fala das opções:

    –       Gatinho, cê quer bolsa ou uma das garotas?

    Estava esquecendo de comentar que neste lugar acontece outro tipo de prostituição. Ali algumas pessoas vendem o seu próprio sangue aos que tiverem dinheiro para pagar. Confesso que isso é sempre uma proposta tentadora, mas eu resolvi ficar com as bolsas mesmo.

    Então a garota, sai e depois de alguns minutos volta com uma sacola térmica. Nela 4 bolsas de sangue, um copo e guardanapo vermelho de pano. Dou-lhe o dinheiro que deve ser em espécie e faço o meu desjejum.

    Quem bom seria se eu sempre pudesse fazer isso não é mesmo? O Problema é que o dinheiro que eu dei provavelmente vai financiar algum grande assalto, pode ser usado para armar gangues, para comprar drogas. Sem contar o fato de que um Riv nunca é um lugar seguro. Quase sempre são feitas batidas policiais, muitas histórias são contadas de caçadores e até peludos que invadiram esses lugares e não deixaram nada nem ninguém vivo…

    Por sorte volta para casa tranquilo e termino minha noite na cama tranquilo com a patroa. Ela saiu agora a pouco e resolvi escrever para não perder os detalhes de mais essa minha incursão no mundo oculto que existe por trás do que os humanos acham que é realidade.

  • A bruxa me ajudou na caçada

    A bruxa me ajudou na caçada

    Frequentemente quando digo à patroa que vou sair para me alimentar é algo chato e trabalhoso. Alguns de vocês irão concordar comigo que mulheres sempre são excessivamente preocupadas. A Beth, por exemplo, é daquelas a moda antiga que sempre querem ir a eventos sociais acompanhando seu homem e faz de tudo para isso. Teve até uma história engraçada de uma vez que ela se escondeu no porta-malas do carro e só fui descobrir quando abri para colocar um defunto dentro e dei de cara com ela e com seu sorrisinho sínico… De qualquer forma eu sempre fico receoso em leva-la junto.

    Coloquem-se na minha posição, eu sempre saiu para caçar meliantes, obviamente sempre dá merda pois cutuco onças com vara curta e ter alguém junto comigo é algo delicado. Talvez esse seja um dos motivos para os vampiros caçarem solitários? Não sei, mas dessa última vez não resisti aos encantos da bruxinha e a levei comigo. Depois dizem que os vampiros são irresistíveis… É por que você não viu uma mulher de minissaia, deixando um pedaço da cinta-liga a mostra, sentando no teu colo e sussurrando em teu ouvido…

    Pois bem, relutei de início, mas fui convencido a leva-la, inclusive a deixei escolher aonde iríamos. Como tinha de ser um local diferente aos que sempre frequentamos, ela deixou seus pudores de lado e fomos a uma casa noturna diferente apelidada de inferno por seu frequentadores. No lugar nada de muito diferente se não fosse pelo fato do local ser um ex-açougue, inclusive algumas das paredes brancas machadas e alguns ganchos haviam sido mantidos em suas posições originais.

    Para estacionar já foi aquele drama, detesto ir de carro, mas por sorte achamos uma vaga próxima ao bar. Ao entrar a influência sempre ajuda e como eu conhecia um dos seguranças ele nos conseguiu uma boa mesa próximo ao palco. Papo vai e papo vem surge obviamente por parte da Beth a conversa: “E ai, já sabe quem vai ser o lache?” Quando ela falou dessa forma fria eu me senti um pouco constrangido. É uma sensação parecida com aquela em que o cara é pego em flagra com outra ou quando uma criança é pega roubando doces… Comecei Então a ensaiar uma respiração, para parecer mais humano e lhe respondi: “Então amor, nem percebi ninguém ainda, alguma sugestão?”. Ela olhou em volta e apontou um cara no balcão que já estava meio alto. Obviamente ela não iria escolher nenhuma das “gatinhas” que lá estavam…

    De início fiquei meio assim, mas aquele cara realmente era uma boa presa: sozinho, alcoolizado. Bom, deixa ele lá, se não achar mais ninguém de interessante durante a noite lhe convenço a vir conosco na hora de ir embora e faço um lanche no banco de trás enquanto a Beth nos leva para casa.

    A banda começou a tocar, abriram um espaço entre as cadeiras e local foi tomado por adolescentes viçosos, com energia acumulada e que precisava ser liberada. Depois de alguns drinks a patroa disse que ia ao banheiro. Ela se se levantou, e ia em direção ao reservado quando foi parada por um cara cheio de dedos. Cara como detesto esse tipo de cara que já chega pegando… Ela com toda sua classe, deu um chega pra lá no cara, abriu sua pequena bolsa e pegou o que parecia ser de longe um pó ou base, não sei o nome. Quando o cara tentou se aproximar de novo ela assoprou um pouco do que tinha dentro na cara dele. Fiquei surpreso ao ver a reação dele ao ficar imóvel, dar meia volta, pegar uma cadeira e ficar sentado olhando para o nada. Nesse momento, percebi um uso público e sutil de magia bruxólica. É aquela situação em que você fica de queixo caído diante do poder que elas têm. Quando ela voltou para a mesa lhe perguntei o que era, ela disse: “Ah nada demais só uma coisinha que aprendi na Escandinávia, no último semestre”…

    Enquanto o tempo passava e nos divertíamos como se fossemos um casal normal meu relógio disparou e vibrou no meu pulso informando que faltavam apenas duas horas para o amanhecer. Merda, pensei comigo. Olhei para o balcão e não ví mais o bêbado, eu precisava agir rápido, tinha de me alimentar e ainda precisava de pelo menos uma hora para chegar em casa tranquilo.

    Fui ao banheiro, mas ele era muito pequeno e individual, então tentei usar a audição aguçada para perceber algum temperamento mais exaltado, mas a música atrapalhou. Então, chamei a Beth e saímos em busca de alguém pelas ruas.

    Sair pelas ruas nesse horário é ruim, pois elas estão muito vazias, foi então que a Beth sugeriu que eu a usasse como isca. Meio cabreiro com a ideia relutei de inicio, mas tendo em vista as circunstancias acabei deixando-a ajudar.

    Paramos o carro em uma rua um pouco maior. eu fiquei dentro e ela do lado de fora esperando. Não demorou muito para que alguém parasse, era um cara de caminhonete um pobre coitado indo para o trabalho. Ele perguntou o que ela precisava e ela disse que o carro tinha parado do nada. Ele então desceu e ela mais que rapidamente assoprou o “pozinho” nele que ficou estático olhando para o nada também.

    Ela o levou até o carro e me alimentei ali mesmo, pois a fome já era grande. Passado o tempo limite para mantê-lo vivo, parei lambi a ferida e lhe levamos até o caminhão onde o deixe encostado no banco do carona.

    Ainda estava com fome e íamos com o carro para casa quando vejo sentado em um ponto de ônibus o bêbado do bar. Até pensei em consumi-lo, mas hoje era o dia de sorte dele.
    Moral da história: Poções mágicas de bruxas podem ajudar muito, mas ainda prefiro caçar bandidos sozinho, à pessoas corretas acompanhado de minha bruxinha…

  • Ainda atrás de informações

    Ainda atrás de informações

    Acredito ter encontrado um caminho a seguir depois da conversa que tive com o tal Ávila. Era um sujeito sujo e mal encarado, típica pessoa que se olha de longe e se desvia para não arrumar rolo passando perto.

    Como eu sabia que ele não ia se abrir fácil eu o surpreendi enquanto ia ao banheiro no tal Bar. Tranquei a porta principal rapidamente e o prendi por trás, segurando com uma mão os braços e com a outra pressionei sua cabeça sobre o balcão da pia.

    – Algumas horas depois que tu saiu da casa do Zé ele foi morto, o que aconteceu por lá cara?

    Ele me xingou de várias coisas e se fez de mole, então comecei uma tortura leve, usei minha habilidade para aumentar as unhas e com o indicador pressionei o seu pescoço…

    – Eu não fiz nada eu não fiz nada eu não fiz nada seu maluco…

    Detesto quando me chamam de doido ou algo do tipo, soquei com o cotovelo as costas dele o que proporcionou um breve gemido.

    – Calma loco eu falo eu falo…

    Geralmente as pessoas falam as coisas mais facilmente que nos filmes, basta ser um pouco mais brabo e ter voz firme. Ele se sentou então ao chão e olhando para baixo disse:

    – Véio eu vendo uns barato, teu amiguinho comprava uns bagulho de mim só isso…

    Antes que ele terminasse a frase lhe dei um tapa corretivo com as costas da mão, o que lhe fez deitar e cuspir nos meus pés.

    – Eu sei da merda que tu vende seu babaca, quero saber o que tu fazia lá um tempo antes dele ser morto.

    Ele tossiu um pouco, mas em seguida soltou:

    – Véio eu só fui lá deixar um bagulho, não sei de nada véio… Ele tava com pressa parecia que ia vazar pra algum pico sei lá. Entreguei o lance ele me pago e fui embora loco só isso…

    Dei outro tapa corretivo nele, mas agora para o outro lado o que lhe fez cuspir um pouco de sangue.

    – E na hora que tu foi embora não viu ninguém diferente chegando ou passando perto do ap?

    De imediato ele disse:

    – Não véio nad… Humm pera, tinhas umas duas gostosa subindo as escada, duas xereca perfumada… Eu até dei uma brincadinha, ta ligado, mas elas nem olharam loco. Uma tava com um casacão preto e a outra tinha uma mala. Acho que elas não morava ali não, mas não vi se foram lá pro teu amigo…

    Nessas horas um pensamento rápido sempre atormenta minha mente, será que mato o f.d.p. rápido ou o deixo sofrer um pouco. Como eu estava com pressa quebrei o pescoço dele, transformei-me em névoa e fui embora dali até o meu carro.

    Saindo dali, era impossível não pensar que as duas mulheres estivessem envolvidas com a morte, mas elas podiam ser qualquer coisa, bruxas, lobas. Nessas horas até de alguns vampiros pode-se desconfiar. E estou indo atrás de um amigo do Zé, um cara que tem todo tipo de informação e talvez possa me informar se alguém estranho de fora estava circulando pela região.