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  • A magia e os vampiros – pt7

    A magia e os vampiros – pt7

    Barulhos de todos os tipos atingiam meus sentidos aguçados. Pedaços de madeiras, telhas, pregos, louças… Todos caiam sobre mim e alguns inclusive machucavam a ponto de fazer sangrar minha pele, que naquele instante estava mais grossa e recoberta por longos pelos, devido à transformação bestial. Durante esta metamorfose os pensamentos se tornam vagos e dispersos, como se estivéssemos em um sonho controlável, mas extremamente focado naquilo que queríamos antes de nos transformar.

    Meu objetivo era única e exclusivamente aniquilar aqueles dois peludos safados, que haviam nos sequestrado e atacado. Todavia, uma briga que envolva lupinos e magos nunca é algo linear e que siga uma sequencia lógica. Tanto que ao ser atingido pelos primeiros raios de sol, não aconteceu nada comigo, foi ali que alguns pensamentos relacionados aos ilusionistas vieram a minha mente.

    Escombros por todos os lados, mais tremores e de repente somos envoltos por uma densa e escura névoa negra, que silenciou absolutamente tudo, estabilizou os tremores e também bloqueou minha visão por completo. Naquele instante eu não sabia se ainda estava transformado ou se já havia voltado a minha forma humana, mas naquele momento eu descido ser menos agressivo e iniciei o ritual para transformação em névoa. Afinal, nesta forma eu pelo menos não seria atingido por armas físicas.

    Alguns minutos se passaram, eu achava que já havia me transformado e me locomovi sempre à frente, pois na minha cabeça em algum momento aquela nuvem negra iria ter fim. Perdi mais algum tempo nesta movimentação em câmera lenta, até que em fim e gradualmente voltei a ouvir alguns sons. Seguidos por raios de sol, que também não me machucaram e finalmente encontrei uma clareira em meio aquele lúgubre caos. Minha transformação em névoa não havia funcionado e ainda na forma bestial eu procurei pelos outros.

    Como faz pouco tempo que isto ocorreu eu ainda me sinto empolgado ao contar, o fato de que Hadrian deu uma bela surra nos dois peludos. Ele estava com o olhar diferente, parecia mais ofensivo e seus olhos estavam escuros tais quais as nuvens negras ao seu redor. Eram elas, aliás, que haviam bloqueado minha visão anteriormente, mas o que eu achei mais interessante e aterrorizador deste seu poder era o fato dele conseguir manipular graciosamente as sombras. Eu possuía conhecimento deste poder e já havia sido atacado por detentores deste dom antes, mas no caso de Hadrian era diferente, como se ele tivesse uma espécie de armadura de sombras ao redor de todo seu corpo. Algo espesso, denso ou palpável como cinzas de alguma cousa que fora queimada.

    E foi bonito ver os dois apanhando, sendo jogados de um lado para o outro, até que finalmente o velho foi o primeiro a cair inerte e esgotado, como o pobre do Sebastian anteriormente. Situação, aliás, que comprometera seus feitiços e desfez o lugar onde estávamos. O barraco, os raios de sol e até mesmo o campo ao nosso redor eram na verdade um galpão maior, típico de algumas fábricas abandonadas daquela região. Ainda era noite e o poder de ilusão deles era tão forte que fomos enganados por Claire desde o momento em que ela nos encontrou.

    Na sequência Claire baixou a guarda, tão logo percebera que seu pai havia sucumbido diante Hadrian. Ela na verdade parou tudo o que fazia e foi desesperadamente ao encontro do velho. Eu que ainda estava na forma de lobo gigante fui desfazendo minha transformação e percebi que Hadrian fazia o mesmo. Não vi Sebastian de inicio, mas ao procurar melhorar por ele, o vi sentado no chão e encostado a uma parede se recuperando.

    Feitiços desfeitos, olhei para Hadrian, que me sinalizou com a cabeça e nos aproximamos com cuidado dos dois peludos. O velho estava ofegante e com muitas escoriações, parecia que a famosa regeneração lupina não estava funcionando nele.

    – Ele usou todas as suas energias nesse teatro, era nossa segunda opção caso o Hadrian não quisesse ir pacificamente conosco. – Nos disse Claire, visivelmente abalada e prestes a chorar.

    – “Cof cof cof…” Estão vendo por que “cof”… Hadrian precisa ir conosco…

    Nesse momento Hadrian se aproximou do velho e interrompeu sua tosse ensanguentada com mais um de seus feitiços. Ele pôs a mão direita no peito do velho, murmurou algumas cousas em uma língua desconhecida para mim, depois mordeu um de seus dedos e despejou algumas gotas de seu próprio sangue na boca do moribundo. Este deu mais algumas tossidas, mas aparentava se recuperar mais rapidamente. O mago fez o mesmo com Sebastian e na sequencia veio a mim perguntando se também queria um gole, mas sorrindo recusei a proposta indecorosa.

    Sei que vai parecer estranho para alguns de vocês, mas depois de tudo isso e de quase nos matarmos, finalmente aconteceu uma conversa decente. Onde Hadrian pôde expor suas intenções e manifestar o seu direito de ir e vir como e quando quisesse. Na verdade ele acertou de viajar com os dois para conhecer a tal Labraid Lámh Dhearg e nós voltamos as nossas rotinas,  tendo como sempre mais uma história para vos contar…

  • A magia e os vampiros – pt5

    A magia e os vampiros – pt5

    Uma longa história que se iniciou nas épocas medievais e pelo que ela nos disse dura até hoje. Mais uma daquelas sociedades secretas Ferdinand? Sim, mancebo e uma composta em sua maioria por peludos. A tal Labraid Lámh Dhearg, cuja tradução remete à “Mão vermelha” e que além de todos os interesses lupinos, também exerce poder sobre o mundo dos magistas. Veio até nós na forma daquela loba loira de bumbum empinado…

    Eu assumo que Claire, não é apenas um pedaço, mas sim o mau caminho inteiro. Cheia de atitudes, original, forte brarinha do jeito que eu gosto. Porém, Sebastian foi quem literalmente babou e despertou um interesse maior que o meu na bela senhorita. Sendo ele membro da Ordo Dracul, obviamente não faltou assunto até o “local seguro” no qual ela estava nos levando.

    Apesar de tanta conversa Claire ainda não havia falado sobre os seus reais interesses em Hadrian e tanto ele como eu, estávamos receosos sobre os planos de tal organização. Então depois de alguns minutos chegamos a um galpão no meio do nada e bem longe do centro da cidade em que estávamos. Algumas poucas lâmpadas incandescentes amareladas iluminavam o lugar e aquele nevoeiro típico do inverno em regiões litorâneas, garantiram um clima ainda mais sobrenatural a situação.

    Logo na porta um velho com cabelos longos e cinza nos aguardava. Ele vestia uma camisa xadrez vermelha, calça jeans, botas longas de couro marrom e nas mãos exibia o que parecia ser uma 12 ou similar. Sem mais delongas desembarcamos e ele foi nos falando:

    – Já era em hora, mas precisava trazer os três?

    -Calma pai, era isso ou eu iria chamar muito a atenção para a o lugar.

    – Que merda, entrem então!

    Naquele instante percebemos a origem do jeito “nervoso” de Claire.

    Ao entrar vimos um lugar simples, alguns colchonetes, repleto de malas e algumas caixas de isopor. Alem disso, havia também muitas armas, inclusive algumas granadas, o que me levou a crer que eles estavam preparados para uma possível guerra.

    – Já contou a eles sobre a O.T.O.?

    – Não pai, eles estavam mais interessados em mim e na minha calça, não é mesmo Ferdinand?

    Naquele momento se eu fosse humano certamente estaria com as bochechas coradas. Então abri um sorrisão a fim de quebrar o gelo. Obviamente ninguém havia entendido a piada, além dela, então resolvi fuçar mais um pouco.

    – Ahhh, mas quer dizer então que a senhorita além de ser uma bela espadachim, também tem dons mentais?

    Apesar de meu jeito mais descontraído ela manteve o charme, talvez por estar perto do pai e apenas comentou me desdenhando.

    – Nem imaginas do que sou capaz…

    Depois disso tudo aconteceu muito rápido e tentarei não poupar os detalhes de que me recordo…. Conversamos por mais um tempo, lembro que eu comentei que estava para amanhecer dentro de alguns minutos e o senhor foi até gentil e disse que poderíamos ficar por ali até a próxima noite. Depois disso, a conversa foi para o rumo desejado e finalmente Hadrian virou o centro das atenções.

    – Imagino que minha filha tenha fugido do assunto e se o fez foi por que lhe pedi. Como vocês já devem ter percebido eu vou direto aos assuntos e é por isso que o Hadrian irá conosco hoje à noite.

    No exato momento em quem ele terminou a frase, Claire se movimentou muito rápido a ponto de meus olhos não acompanharem. Passou provavelmente por trás de mim e quando percebi estava preso por alguma espécie de corda ou fio extremamente forte. Com os braços imobilizados eu não pude fazer outra cousa se não empurrá-la para trás contra uma das paredes. Com a força do impacto uma das janelas abriu e iluminou parte da sala com vários raios de sol matinais.

    Praticamente ao mesmo tempo em quem Claire tentava me conter, o seu pai se transformou na forma diabólica Lican e incitava naquele instante uma luta épica, daquelas que certamente ficará por um bom tempo em minha memória.

  • A magia e os vampiros – pt4

    A magia e os vampiros – pt4

    Quando se está numa situação tal qual esta, não há muito que fazer se não aguardar o pior, que certamente virá da pior direção. Armas à mão, silêncio absoluto e o mínimo de luzes acessas. Seja lá o que viesse, teria de ser muito bom para enfrentar nós três e sair vivo – Pensei comigo.

    A porta foi aberta vagarosamente, deixando a mostra alguém de cabelos longos e que conforme foi adentrando, me lembrou a loira doutra noite. Por causa da penumbra foi muito difícil identifica-la de início e aquilo me deixou intrigado. Curiosidade, que foi sanada assim que ela se aproximou um pouco mais e nos sussurrou – Venham, venham logo, consegui limpar a saída, mas é provável que outros estejam vindo atrás de vocês.

    Ficamos sem reação e abismados diante tal situação completamente inesperada e inusitada. – Quem é você? – Soltei ao perceber que os outros dois não se mexeriam – Andem logo, se eu quisesse já tinha despachado vocês quando entrei. Depois se quiser aperto sua mão ou te dou um beijinho de “oi” – Disse-nos a misteriosa e irônica senhorita…

    Mochilas nas costas, malas nas mãos e saímos o mais rápido possível do lugar. A cada lâmpada acessa que iluminava o nosso caminho, eu percebia um detalhe a mais da misteriosa dama. Primeiro foi uma tatuagem tribal cobrindo um dos seus antebraços, depois foi a espada, que possuía uma lamina muito bem forjada e com diversos entalhes cravados na lâmina. – Tão bela quanto mortal – pensei comigo.

    Além disso, ela trajava uma calça de lycra preta, dessas com detalhes de escamas, coturnos bem justos e amarrados. Para te ser sincero eu perdi um tempo analisando o traseiro dela e não encontrei marcas de calcinha, mas isso é um mero detalhe… Tudo isso, era complementado por  um resistente e bem feito colete a prova de balas, coberto por um casaco de couro sintético vermelho e fosco.

    Não usava brincos, colares ou maquiagem. Apenas um anel em cada um dos anulares, representando talvez alguma espécie de compromisso com alguém. Enfim, eu poderia escrever mais alguns parágrafos  sobre ela, mas a história precisa continuar…

    Ao passar pelos outros cômodos do lugar, não havia ninguém, nem mesmo marcas de sangue e aquilo começava a soar como uma emboscada, até que em fim chegamos ao comércio, que disfarçava nosso esconderijo. Vários produtos jogados ao chão, algumas prateleiras quebradas e finalmente sangue por alguns lugares, porém nada dos corpos dos tais agressores que estavam atrás de nós.

    Logo na saída havia apenas uma caminhonete grande e foi para dentro dela que a tal loira nos “mandou” entrar rapidamente. Junto ao volante, muitos fios soltos deixavam claro que ela era roubada, mas isso são apenas detalhes, cousas que minha mente irrequieta costuma não deixar passar despercebido.

    – Aqueles malditos devem ter regenerado e fugido, devia ter cortados suas cabeças nojentas!

    – Ok, então quer dizer que você é uma mercenária e está usando todo esse charminho para nos prender e ir receber alguma recompensa, é isso madame? – Disse Sebastian.

    – Não viaja barbudinho, modéstia a parte como eu disse eu podia ter acabado com vocês naquele buraco! Meu interesse é apenas no Hadrian e se não fosse por vocês seria muito mais fácil ter levado ele de volta para um lugar seguro.

    Nesse momento eu parei de observar e falei um “Como assim?”. Hadrian também chegou a resmungar algo, mas a garota nos ignorou e continuou. – Já ouviram falar dos LLD? – Ao ouvir tais letras, foi Sebastian se coçou para responder, mas ela permaneceu cheia de si, manteve os olhos na estrada e nos contou sua história:

    – Podem me chamar de Claire, sou da Irlanda e como já deve ter reparado tenho sangue Lican correndo em minhas veias. Há muitos anos faço parte da Labraid Lámh Dhearg…

  • O totem desaparecido – Parte 5

    O totem desaparecido – Parte 5

    – Anda Ferdinand levanta, não podemos ficar aqui a céu aberto… – Dizia a voz preocupada de Carlos enquanto eu recuperava a consciência. Tudo bem que eu não sou acostumado a tais práticas, só que cabe aqui uma explicação sobre a viagem astral. Uma cousa é tu entrar pela “porta da frente”, outra é fazer o que fizemos e praticamente invadir o ponto de encontro de outro clã.

    Dois chutes nas costelas e três tapas na cara foram suficientes para recobrar minha consciência, a ponto de eu visualizar melhor o lugar. Percebendo que estávamos em um beco, onde uma densa e típica neblina londrina ocultava a maior parte do local e um forte perfume de Jasmim, que promoviam um clima extremamente diferente do cotidiano mundano.

    Carlos, que parecia não ter sofrido com o enjoo da viagem, ia à frente e eu um pouco cambaleante lhe seguia com afinco. Afim de logo chegar a algum lugar possivelmente seguro. Nesses ambientes não há digamos monitoramento, porém estávamos expostos a todo tipo de ocorrência, principalmente aquelas em que o subconsciente adora nos mostrar durante os sonhos.

    Enfim, depois de algum tempo encontramos o que parecia ser uma floresta as margens da cidade e foi ali que paramos para se recompor mentalmente, ao menos essa era a minha intenção. – Ferdinand, mil desculpas, não era minha intenção te trazer para essa faixa do plano espiritual, afinal dentre vários detalhes, tu não está completamente energizado para se manter por aqui… Pelo que pude perceber o local em que estamos é uma réplica de uma cidade antiga e que foi preservado de alguma forma, talvez por forças que eu provavelmente desconheça… Fique aqui até se recompor, que eu preciso saber com exatidão onde estamos. Caso algo te aconteça lembre-se que a morte é apenas o começo… – Depois de tais palavras ele simplesmente sumiu na minha frente.

    Sabe aquele momento em que tu pensas: – Onde diabos eu fui me meter? – Pois é lá estava eu imaginando por que Carlos havia me abandonado em meio aquele lugar inóspito? Por que eu estaria fraco, sendo que já havia viajado de tal forma antes e não tinha enfrentado tal fraqueza? Por que, porquê e porque, todos passaram pela minha mente.

    Entre tanto, já que eu conhecia o Wairwulf de outros carnavais e sei que ele é um tanto preocupado em excesso, eu comecei a confabular comigo mesmo. Ao meu redor a floresta parecia normal, porém ao observar melhor percebi que não havia o som típico dos insetos. A neblina permanecia densa para qualquer lugar que eu mirasse e aquele odor de Jasmim superava todos os outros cheiros, na verdade tudo tinha cheiro de Jasmim e minha respiração parecia ter voltado à época de humano.

    Não havia animais ou pessoas e o conjunto assemelhava-se muito a uma grande maquete em tamanho e proporções exatas a “realidade”.  Tendo em vista tais detalhes, não resisti e tão logo me senti mais forte, voltei à parte urbana. Para ser sincero eu não me sentia mais forte e é provável que eu estivesse apenas mais confiante.

    Deixando as descrições de lado, eu parti em meio ao desconhecido, vaguei por muitos lugares, entrei e sai de diversas casa, armazéns, porões, porém ninguém aparecia aos meus olhos. Nem mesmo as energias que sempre sinto com muita precisão indicavam qualquer ser vivo. Cansado de tentar achar respostas, sentei naquele mesmo chão no qual eu acordara e por lá fiquei por muito tempo. Ao menos eu achava que estava ali por muito tempo, até que finalmente ouço um ruído. Este foi ficando gradativamente mais alto culminando em uma espécie de zumbido estridente, tal uma britadeira se ligada ao lado do ouvido.

    O barulho era tanto, que de inicio me provocou um comedido pânico, tive vontade de sair correndo, esfreguei os olhos várias vezes, bati nos ouvidos. Todavia, ao perceber que conseguia ver nada, resolvi fechar os olhos… Concentrei-me e para minha surpresa o volume do barulhos foi diminuindo, só que nem tudo são flores, ao reabrir os olhos percebo que estou em minha forma bestial e com mais ou menos uns 20 Wairwulf a minha frente me olhando fixamente.

    Todos estavam em suas formas animais/humanoides. Havia um metamorfo felino, um que se parecia muito com um gorila, outros se pareciam com os tradicionais lupinos. Porém, meu mundo caiu quando reconheci Carlos entre eles, que dentre vários detalhes ostentava sua bela cimitarra…

  • Em busca da vampira assassina. Parte 2 de 2

    Em busca da vampira assassina. Parte 2 de 2

    Carlos começou a fazer o que sabe de melhor e nos levou mata a dentro atrás dos dois. Mesmo para nós que não somos rastreadores ficava evidente o cheiro do sangue perdido pela vadia. Os diabolistas tem um cheiro muito particular, fétido, que lembra carne podre e ácido. Tem como cheiro ser ácido? Ok…

    A cada passo que dávamos ficava mais evidente na cara de todos a vontade em terminar tudo logo para cada um poder voltar as suas rotinas. Apesar de termos nos recuperado parcialmente era agora o melhor momento para acabar de vez com a maldita sanguessuga diabolista. De nós cinco apenas Hector, Carlos e eu podíamos realmente cair no pau. H2 ainda estava sofrendo os problemas da transformação e Franz havia gasto muita energia, ou seja, na hora eu pensava somente em encontrar rápido a maldita e antes que ela viesse com outra surpresa.

    Carlos, manda todos se moverem em silêncio, mas nenhum de nos conseguiu fazer isso, afinal estávamos em meio a mata na escuridão total. Mesmo com a visão aguçada que possuímos os galho, folhas secas e arbustos formavam a sintonia perfeita para nos denunciar.

    Shiiiii insistiu ele… Mas antes que consiga terminar de falar uma granada de fumaça explode ao seu lado e o impacto o derruba. O forte barulho atordoou nossos sentidos e o susto nos dispersou. Olhei perdido para os lados e segui o que parecia ser o brilho da espada de Hector. No entanto antes que pudesse me aproximar do pirata sou atacado pelo maldito peludo, que em forma de humanoide agarra minha perna e me joga contra uma árvore.

    Sinto o estalar de algumas costelas e ao tentar me segurar em algo para pegar equilíbrio levo um chute na altura do ombro. Nos engalfinhamos então pelo chão, enquanto tentava começar minha transformação, mas não consegui haja vista que é algo que precisa de certa concentração. Nessas horas em meio a socos e agarrões é difícil concentrar e somente a sobrevivência fala mais alto.

    Consigo me levantar e enquanto tento aplicar um aperto em seu pescoço no infeliz ele me surpreende com um golpe de capoeira e me joga novamente contra outra árvore. Desta vez senti alguns ossos do braço esquerdo se quebrarem. Enquanto ele vinha para cima de mim, o que provavelmente resultaria em um belo estrago, vejo Carlos segura-lo e Hector aplicar um golpe certeiro com a espada de prata em seu coração. A besta peluda engoliu um uivo seco, seus olhos ficaram imóveis e ao levar as patas a espada ele se contorceu e ficou de joelhos. O velho pirata o empurrou para trás com o pé e usando sua rapidez deferiu um golpe que separou a cabeça do corpo. A rapidez do golpe foi tanta que certamente olhos humanos veriam apenas o pirata parado na frente da besta e sua cabeça caindo ao lado.

    Enquanto Carlos e Hector me ajudavam a se levantar somos surpreendidos por uma espécie de névoa escura. A névoa retardou nossos movimentos e reduziu a praticamente zero nossa visão. Mesmo utilizando a nossa velocidade e força superiores era difícil dar passos simples e por fim percebemos que estávamos presos no maldito poder de Tenébras.

    Depois de alguns poucos minutos sinto minha energia e força diminuírem, mas antes que eu vá ao chão alguma coisa forte me puxa para cima. Confesso que senti meu corpo flutuar como se a gravidade não existisse mais como em algo surreal. Na sequencia minha visão começa a melhorar e vejo ao meu lado Carlos me carregando junto de Hector para cima de uma árvore. Impressionado com a agilidade e força de um lobisomem? Tu nem imagina do que eles são capazes…

    Ele nos soltou em cima de um grande galho, onde ao longe era possível ver a fonte da névoa: a vampira bruxa com uma tênue aura alaranjada recobrindo o seu corpo.

    Antes que pudéssemos tentar falar algo Carlos foi em direção da luz e entre saltos chegou perto de um galho que ficava logo acima da feiticeira. Ele a fitou por alguns instantes, pois percebeu que abaixo de si vinha correndo Franz e H2 em direção da bruxa.

    Os dois vampiros deferiram vários golpes, mas não conseguiram desfazer o círculo mágico, que repentinamente se expandiu e os arremessou para muito longe em meio a mata.

    Enquanto achávamos que tudo ia dar errado, consigo descer da árvore com a ajuda de Hector e rumamos em direção a bruxa que já não conseguia mais manter a escura e espessa névoa.

    Ao chegar perto da vadia ví algo que nunca havia visto em todos os meus muitos anos como vampiro. Não vou conseguir transmitir em palavras tudo que ví, mas vou tentar… Carlos saltou da árvore de onde estava em forma de lobo humanoide, isso quer dizer que ele parecia uma besta de quase três metros de altura ou seja o máximo de poder que um lobisomem poderia ter, achava eu…

    Na verdade acho que a própria encarnação do lado mais nefasto de Gaia estava a nossa frente. Certamente o simples fato de olhar para Carlos faria um humano normal entrar em colapso e o que parecia grandioso aumentaria ainda mais com os atos posteriores da fera.

    Carlos precisou de poucas passadas para ficar frente a frente com a mulher e por algum tempo se encararam. A primeira a se manifestar foi a vadia que mudou cor da aura de energia que a envolvia para uma cor vermelho carmim e se preparou para receber algum tipo de golpe. O peludo em sua vez já estava a conjurar algo até que quando sua longa calda peluda que balançava muito ficou repentinamente parada. Ele abriu então os braços, dobrou um pouco os joelhos e como um relâmpago deferiu uma centena de garradas que perfuraram várias partes da  bruxa.

    Em poucos segundos  o corpo da mulher amaldiçoada foi ao chão e entre contrações e espasmos foi possível sentir o que lhe restava de não vida se esvaindo junto do seu sangue podre, até que restassem apenas um corpo seco.

    Carlos ainda de costas para nós e muito ofegante se ajoelhou em frente aos restos da diabolista agarrando sua cabeça com as duas patas. Ele resmungou mais alguma palavras em uma língua completamente desconhecida para mim e assoprou a face desfigurada do corpo. Com o ato o que ainda restara se desmanchou em cinzas até que não existisse mais nada em frente ao lobo.

    Nos aproximamos, ele estava mais calmo e já era possível ver seu rosto humano novamente. Antes que ele se levantasse diante de mim vejo algumas lágrimas esvaíram-se de seus olhos profundos. Solto então meu braço esquerdo que já estava um pouco melhor e apoio minha mão direita em seu ombro o encarando de frente.

    O peludo limpa o rosto e me fala pausadamente algumas frases que me deram mais confiança para continuar minha jornada:

    – Sonho todos os dias com o fim dessa guerra inútil… Gaia deu hoje mais um voto de confiança para o seu plano contra as trevas… Aproveite pois acabamos de pagar a minha dívida contigo e a alma do seu amigo está livre novamente!

    Voltamos todos para casa e já estamos recuperados, mas ainda fico no meu canto pensando nas palavras de Carlos. Voltei a pesquisar nossas origens e confesso que os últimos acontecimentos deixaram-me na dúvida quanto ao meu lado bestial. Será que meu lado agressivo é realmente demoníaco como insisto em idealizar sempre?

     

  • Lobisomens, licans, peludos – A verdade!

    Lobisomens, licans, peludos – A verdade!

    Hoje irei me aprofundar em algo que muitos falam, mas poucos explicam de verdade. Lobisomens! Os malditos peludos, odiados pelos vampiros e por tantos outros seres como as bruxas, os humanos e até alguns Sáwel (fantasmas).

    Claro que nenhum dos grupos de seres citados acima gosta ou sabe lidar bem com seus rivais, mas os Peludos com certeza são os mais odiados. Por quê? Pelo simples fato de que eles talvez sejam os verdadeiros Heróis. É difícil para um vampiro assumir isso, mas todos os grupos com exceção dos licantropos são vistos como predadores de humanos, diferente dos peludos que são a forma de defesa encontrada pela grande mãe ou simplesmente natureza de se defender.

    Sim meus caros, Gaia também tem suas armas além dos humanos, dos verdadeiros magos, fauna e flora para se defender dos seres tidos como vindo das trevas. No entanto não adianta respirara aliviado, e sair por ai tranquilo, pois até mesmo a Grande mãe também tem defeitos e o problema começa quando houve um lupino que experimentou o que foi o manjar divino para eles, a carne humana.
    Desde então existem dois tipo de Licans os filhos de Gaia e os corrompidos. É provável que dentro de cada um desses grupos existam subdivisões, como os clans ou famílias de vampiros, mas isso é entre eles e infelizmente nunca me ofereceram esse tipo de conhecimento.

    O que são os Licantropos?
    Engana-se quem acha que os peludos são apenas meio humanos meio lobos, quem dera fosse isso, pois eles também podem ser “cruzas” entre vários outros mamíferos, sendo os mais comuns os lupinos dai o nome lobisomem ser o mais “visto”. Todavia já ouvi falar de meio humanos com boi (minotauro), meio humanos com cavalo (centauro) entre outros. Há quem diga que a combinação entre os mamíferos é infinita inclusive entre animais, afinal ainda temos muitas áreas inexploradas na terra e nos oceanos, fato que se for revelado em sua total complexidade irá com certeza assustar muita gente.
    Como ser transformado em Licantropos?
    De acordo com o que me foi contado por um deles, sim eu tenho contato com alguns, a transformação envolve a linhagem de sangue e se você teve algum na família com certeza poderá desenvolver as habilidades mediante alguns treinamentos. Fala-se muito que se o animal ou o humano for mordido por um se transformará e isso não passa de lenda urbana. Já imaginou? É a mesma coisa que falo sobre nossa transformação, o mundo acabaria pois seriam todos licantropos e faltaria alimento. Apesar que os humanos estão acabando com muita coisa então os boatos de ocorra uma guerra entre todos os seres torna-se uma realidade maior a cada dia ou noite que passa.

    Quem foi o primeiro Lican?
    Não faço a menor ideia, se alguém tiver alguma teoria apresente-a que discutimos. Todavia o xamanismo sempre possui algumas histórias e lendas interessantes sobre os Lican e seus Totens, quem sabe são eles os verdadeiros guardiães das leis de Gaia.

    Por que os Lobisomens não gostam dos vampiros?
    Além do fato óbvio de que somos vistos como uma doença, não nos damos bem também por que brigamos em alguns casos pelo mesmo alimento: os Humanos. Sem contar que isso já é coisa antiga e existem muitas discussões paralelas a isso que envolvem briga por território, propriedades e o velho dinheiro. Sem contar que o sangue dos Licans nos é bem mais nutritivo que o dos humanos então também somos vistos como uma ameaça, afinal nenhum deles gosta do sabor de nossa carne morta.

    Como é a transformação de um peludo?
    Sem sombra de dúvidas o maior poder de um peludo é sua transformação e algo que sabemos são três estágios: Forma humana, forma animal e bestial. Ao contrário do que muitos pensam a transformação pode ocorrer a qualquer momento e não precisa ser em determinadas fases da Lua. Mas pelo que sei envolve algo como um ritual, não algo tradicional, mas algo simples que o Lican decore e faça rapidamente quando necessitar. Pelo que sei envolve a utilização de um amuleto, algumas palavras e o uso de muita força de vontade.

    Como se livrar de Lican?
    Corte a cabeça, ateie fogo, utilize alguma arma mágica ou faça o mais fácil não tente mata-los e fuja como uma menininha. E a prata galego? Papo, ou a que eu já tentei usar era falsificada, por que não fez o que era preciso. Na verdade essa história da prata tem um certo lado histórico e data os anos de 1700 e alguma coisa. Quem souber inglês tem um artigo interessante aqui sobre a Besta de Gévaudan.

    Como sempre quem tiver algo a acrescentar a esta e outras histórias que conto, mencione abaixo nos comentários e se for muito relevante eu adiciono aqui no texto.